segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Carta aberta a Arnaldo Jabor: Resposta às perguntas de Jabor em "O voo da galinha"

Sexta feira passada Arnaldo Jabor fez interessantes perguntas sobre a situação do Brasil, dizendo que o The Economist, "mídia super técnica e respeitada internacionalmente", estava questionando nossa situação e evidenciando equívocos do governo e que isso deveria ser respeitado e não criticado como Dilma fez ao argumento de que "The Economist" não estava bem informada.

Assim, Jabor teceu seu artigo superficial chamado "O Vôo da galinha" e fiquei estimulado a respondê-lo, já que ele busca essas respostas e não as têm. Como nós do Blog Perspectiva Crítica temos quase todas, fizemos esse favor para que ele não ficasse sem suas respostas e pudesse entender porque a The Economist errou e porque que, nesse caso, a Presidente Dilma estava correta em criticar a Edição inglesa que é técnica, mas tem se mostrado mais política do que técnica, a nosso ver.

Perguntas de Jabor em seu artigo "O Voo da Galinha":

"Por que, entre os países emergentes, nós temos o pior desempenho? Terá sido apenas um voo de galinha (chicken flight?), pois aproveitamos muito mal a enxurrada de dinheiro que entrou aqui nos últimos anos? Por quê? Por que o governo não ataca os problemas principais, enunciados por qualquer economista sério do mundo, e se detém em remédios demagógicos, como buscar médicos medíocres em Cuba para fazer propaganda socialista nas cidades pobres, como o ridículo trem-bala, como os estádios bilionários para a Copa, que até nosso povo “futeboleiro” condenou nas manifestações? Por que o famoso PAC, com seu “desenvolvimentismo tardio”, não consegue terminar nem 20% das obras propostas? Por que o governo não consegue privatizar (opa: “fazer concessões”) nem rodovias, nem ferrovias, nem aeroportos, sem errar várias vezes, sem conseguir redigir contratos decentes, atraentes? Por que o Rio São Francisco continua parado, com grandes regos secos que o Exército fez? Por que não explicam à população as causas dos atrasos, em vez de gastarem bilhões em propaganda enganosa? Por que o número de carros dobrou em dez anos e as estradas continuam podres e paralisadas? Por que a China acaba de cancelar a compra de 2 milhões de toneladas de soja por causa da dificuldade do “gargalo Brasil”? Por que a maior produção de soja no mundo fica na fila infinita de caminhões porque não há silos, detidos pela burocracia mais atrasada do planeta? Por que a inflação pode se descontrolar de novo? Por que contrataram mais de 100 mil pelegos para boquinhas no governo, em vez de cortar custos da atividade-meio? Por que estimular o consumo, sem estimular o aumento da oferta? Por que os preços no Brasil são o dobro de qualquer país do mundo, sendo que o chamado “Big Mac Index”, a ferramenta de comparação de preços, mostra que nosso Big Mac é 72% mais caro que em qualquer lugar e carros custam 45% mais caro que no México, nos EUA? “Ah... porque a carga tributária é de 36% do PIB e nos outros países semelhantes não passa de 21%”. Então, por que não lutar por uma reforma tributária profunda, em vez de jogadas periódicas premiando uma ou outra atividade? Por quê? “Ah, porque é muito difícil passar no Legislativo...” Mas, por que não usar toda a força da maioria que tem para isso? Por que a agroindústria, tão esquecida pelo governo (que gosta mais do MST), salva-nos todo ano com sua lucratividade? Será que vai bem justamente porque o governo não se meteu? Por que o SUS é a porta do inferno? Por que a educação-zero está impedindo a produção nacional, sem mão de obra para nada? Por que temos o recorde mundial de analfabetismo funcional? Por que será que os investidores internacionais têm medo de vir para cá, ultimamente? Será que é porque eles sabem que nós mudamos regras, não respeitamos contratos nem marcos regulatórios e porque nós queremos lhes enfiar o Estado goela abaixo? Por que será que, de todo o dinheiro arrecadado para as aposentadorias no país, 50% são para pagar apenas 20% dos aposentados (setor público, claro), enquanto a outra metade é para pagar os 80% restantes? Por que somente 1,5% do PIB é investido em infraestrutura, quando no resto do mundo são por volta de 4%? Por quê? Nossa infraestrutura é a 114ª pior entre 148 países." Acesse a íntegra em   http://oglobo.globo.com/cultura/o-voo-da-galinha-10204449#ixzz2gapaFDfR

Respostas do Blog:

Por que, entre os países emergentes, nós temos o pior desempenho?
R. Porque nós temos sistema previdenciário público, leis trabalhistas exigentes, leis previdenciárias exigentes, gasto grande com o Sistema de Saúde Público (SUS), e temos uma indústria nacional variada e que demanda proteção até que haja justiça comercial internacional, o que fica claro que não existe quando o Brasil ganha um painel atrás do outro contra empresas e subsídios americanos e europeus. Isso tudo gera uma pressão orçamentária e no crescimento desfavorável em relação aos emergentes, mas garantem projeto de nação brasileira, autonomia de política industrial e comercial com foco em criação e desenvolvimento de indústrias e empresas nacionais e crescimento de mercado nacional para os brasileiros, enriquecendo empresas e cidadãos brasileiros e não nos transformando em plataformas de exportação de produtos estrangeiros.

Terá sido apenas um voo de galinha (chicken flight?), pois aproveitamos muito mal a enxurrada de dinheiro que entrou aqui nos últimos anos? Por quê?
R. Já foi respondido por Stiglitz que o Brasil apresenta, hoje (final de 2012), excelente estrutura econômico-financeiro-orçamentária. A melhor do mundo rico. Segundo Stiglitz, prêmio nobel em economia, estão mantidas condições para um crescimento anual em no mínimo 3% ao ano para o Brasil. O ideal era conseguir alavancar a taxa de investimento que está em 18,6%, mas nosso histórico médio é de 19% (incluindo o período de Fernandão, o onipotente da mídia de mercado). Seria ideal chegar a 24%. Para catapultar isso o governo está apresentando uma série de concessões (portos, rodovias, ferrovias, aeroportos, leilões de petróleo e outras) que pode conseguir deslanchar essa taxa de investimento. A ver.

Por que o governo não ataca os problemas principais, enunciados por qualquer economista sério do mundo, e se detém em remédios demagógicos, como buscar médicos medíocres em Cuba para fazer propaganda socialista nas cidades pobres, como o ridículo trem-bala, como os estádios bilionários para a Copa, que até nosso povo “futeboleiro” condenou nas manifestações?
R. Os problemas principais não enunciados pelo Jabor, demandam uma reflexão para a resposta. Se se referem às questões estruturais eocnomômicas, o câmbio é livre, o Bacen atua livremente (aumentando o juros básico em demasia, aliás), a relação dívida/pib é declinante (ao contrário de europeus e americanos), os empregos estão protegidos por enquanto (relação de desemprego baixa garante mercado brasileiro comprador e, portanto, ajuda crescimento econômico), há previsão de crescimento econômico, de superávit da balança comercial e fiscal primário, com déficit fiscal nominal menor do que europeus e americanos, ou seja, 1,5%. Tudo bem na economia. Se se refere a saúde, educação e transporte, não há como subir a relação médico por habitante brasileira de 1,8 para 2,7 (inglesa, p.ex.) da noite para o dia. Mas as pessoas precisam de médicos da noite para o dia. Assim, importar cubanos, portugueeses, espanhóis  e brasileiros formados no exterior parece resposta imediata a problema essencial de falta de prestação de serviço médico à população. O que deveria é haver a política de substituir esses quadros temporários por quadros definitivos  de médicos brasileiros concursados e integrantes de um quadro de médicos públicos federais (o que foi pedido pelo Blog). O governo abriu mais 150 mil vagas para cursos de medicina no Brasil.. mas ainda demorarão a se formarem. Em relação à educação, o governo petista criou 214 escolas técnicas, quatro universidades federais, programas de financiamento de estudos no Brasil e no exterior (no exterior já forma mais de 53 mil estudantes bancados intetgralmente pelo governo brasileiro). Metade de todos os funcionários públicos contratados durante os dois governos Lula foi para a educação. E agora o pré-sal terá seus royalties destinados 75% para educação e 25% para a saúde. Veja que Dilma foi quem propôs 100% para a educação. A oposição não apresentou essa proposta. O Parlamento mudou para 75% para a educação e 25% para a saúde. Então, a parte de educação, em que convém citar que 17 milhões de crianças estão estudando por conta do Bolsa Família, parece que está atendido, apesar de faltar o piso nacional de professores. Já sobre transportes, foram liberados ainda em julho de 2013, como resposta às movimentações patrióticas de ruas de junho de 2013, 50 bilhões para projetos de transportes estaduais e municipais. Esse valor já aumentou e depende dos projetos apresentados. Então, Jabor parace desinformado, como o The Economist... Adiciono que Copa do Mundo e investimentos exigidos pela Fifa ajudam no crescimento econômico imediato e na propaganda turística, gerando receita potencial futura. Ainda trará melhorias paras as cidades sedes em seus entornos e atrairá tursitas que viajam o País inteiro. E por fim o trem-bala não é ridículo. Para um país continental, o investimento em trem (e seria ótimo se desse para apreender a tecnologia do trem-bala) seria essencial e está defesado no tempo e em valores, inclusive com omissão da própria a´rea privada que privatiza mas não investe. Mas hoje, o custo do trem-bala exigido pela área privada está tornando-o quase inalcansável mesmo. Uma pena... 

Por que o famoso PAC, com seu “desenvolvimentismo tardio”, não consegue terminar nem 20% das obras propostas?
R. Aqui eu apóio Jabor. O índice parece estar equivocado e desinformativo. parece que 80% do PAC está em andamento, mas as usinas de Belmonte e de Santo Antônio que estão atrasadas por causa de questões judiciais são um bom percentual do PAC, assim, quando estas duas obras estiverem prontas, com o que já está pronto do PAC se chegaria a quase 100%. Mas várias obras estão atrasadas sem essa justificativa, como o Arco Rodoviário do Rio de Janiero. Há falha no implemnto do PAC e do PAC 2.

Por que o governo não consegue privatizar (opa: “fazer concessões”) nem rodovias, nem ferrovias, nem aeroportos, sem errar várias vezes, sem conseguir redigir contratos decentes, atraentes?
R. O governo vem testando configurações de concessões que onerem menos o consumidor e contribuinte. Isso cria tensão no investidor mas a favor de um maior benefício para o contribuinte e cidadão. Por outro lado, somente uma concessão rodoviária não foi exitosa e foi mencionado que um grande motivo não era somente a intenção do governo de parametrar o lucro (o que não prejudica o cidadão, veja), mas sim o fato de que várias concessões iguais sendo licitadas ao mesmo tempo impediria as empresas de se debruçarem sobre todas as licitações, por falta de pessoal e tempo para analisá-las, obrigando as empresas pretensas licitantes a escolherem uma ou outra, esvaziando, naturalmente a concessão que teria menos probabilidade de lucro maior. Então, somos novos nestes tipos de concessões, mas os problemas com concessões derivam de o governo querer forçar as empresas licitantes a abrirem mão de lucros exorbitantes, em prol de tarifas mais baixas para cidadão.. isso não é recriminável principiologicamente, mas pode gerar uma perda de tempo sim, pois não se sabe até onde as empresas admitem abrir mão de lucros, a não ser na hora do lance licitatório. Vale o risco? Acho que a bem da modicidade tarifária, sim. Mas é de cada um essa avaliação.

Por que o Rio São Francisco continua parado, com grandes regos secos que o Exército fez?
R. Quem abandonou as obras foram, até onde sei, foi a área privada. O Exército fez metade das obras que está pronta e por causa do abandono  das construtoras privadas terá de fazer a outra metade. O Exército, inclusive, como publicado na mídia, devolveu mais de 150 milhões de reais após fazer sua parte. Então, Jabor, a informação nesse caso foi até criminosa contra a imagem do Exército e foi mentirosa quanto ao abandono das obras que ocorreram pela área privada. Escrevemos artigo sobre o tema.

Por que não explicam à população as causas dos atrasos, em vez de gastarem bilhões em propaganda enganosa?
R, Se explicassem o atraso da Transposição do Rio São Francisco, o governo teria de acusar a área privada, enaltecer o Exército e ainda gastaria dinheiro com isso. Já imaginou como você pularia e diria que é propaganda bolivariana?

Por que o número de carros dobrou em dez anos e as estradas continuam podres e paralisadas?
R. Isso você tem razão. A falta de invesimento em infraestrutura rodoviária é ridícula, mas sofrem mais os grandes centros do RJ e SP, além de Salvador, Recife, Fortaleza  e Rio Grande do Sul. Então, o problema de carros de passeio e estradas é mais municipal e estadual, talvez. Mas há grande parcela federal, mas há muitas obras em curso e duplicações de rodovias federais. É importante que cobremos a conclusão. Mas ela ficaria mais fácil de ocorrer se a mídia não recriminasse diminuição de superávit fiscal, no caso de essa redução ocorrer com investimentos. É um grande problema quando o governo quer fazer desonerações e investimentos vocês não admitirem que seja descontado do superávit.. aí dificulta, né?

 Por que a China acaba de cancelar a compra de 2 milhões de toneladas de soja por causa da dificuldade do “gargalo Brasil”? Por que a maior produção de soja no mundo fica na fila infinita de caminhões porque não há silos, detidos pela burocracia mais atrasada do planeta?

R. Caso grave e complexo. Uma grande culpa é da área privada. A RFFSA teve vários trechos privatizados e ao invés de investiramem no desenvolvimento das linhas, as concessionárias só exploraram os trechos bons, e desativaram os trechos não tão lucrativos de imediato. Assim, linhas que poderiam estar disponíveis para portos também não chegaram aos portos e são necessárias filas de caminhões, das quais você reclama. Mas o governo tem culpa em não terminar os Arcos Rodoviários do RJ e SP. Também foi publicado que se os portos funcionassem 24 horas as filas sumiriam e contratos como o de soja para a China não seriam rompidos. Mas para isso o Jornal O Globo já publicou que para o Porto de Santos seria necessário contratar mais 400 servidores públicos federais. E para todos os portos seriam necessários mais de três mil. Assim, alguma hora vocês terão de parar de dizer que servidor é gasto público e passar a falar a verdade de que são investimento que garante retorno para a área privada e para o País. Portanto, a culpa dessas filas também é sua, Arnaldo, e da mídia de mercado, que mente sobre a importância de contratar servidores inteligentes, hábeis (que têm um custo...rsrs) e em quantidade suficiente para tornar a atividade portuária mais eficiente (na Europa há três vezes mais servidor por habitante do que no Brasil.. e veja como é eficiente a máquina européia.. fantástico não?).

Por que a inflação pode se descontrolar de novo?
R. A inflação desce desde janeiro de 2013 até hoje. Desceu de 0,86% em janeiro até 0,03% em julho de 2013. Houve pique de 0,55% em abril e agosto está em 0,24%. Não há qualquer sombra de descontrole de inflação. Índice de 0,37% mensal resulta em centro da meta em 4,5% de inflação em doze meses para frente. Somente a mídia de mercado e o The Economist vêem risco de descontrole de inflação. Mas isso é mentira plantada por vocês (repetida, repetida e repetida no estilo Goebbels), e das grandes, para legitimar aumento de juros selic para enriquecer bancos e prejudicar a evoluçao atualmente declinante da relação dívida/pib brasileira. Importante salientar que inflação baixa, hoje, importa em menos crescimento e menos geração de emprego e que é isso que está criando uma situação social caótica na Europa. Inflação baixa somente não é tudo na vida de uma sociedade e nem de uma economia. Obama falou que para escolher o novo Presidente do FED haveria que o candidato se preocupar com a tríade, inflação, emprefgo e crescimetno. Por que no Brasil a preocupação tem que ser só com a inflação? Porque você já tem o emprego, né, Arnaldo? Que egoísmo...

Por que contrataram mais de 100 mil pelegos para boquinhas no governo, em vez de cortar custos da atividade-meio?
R. Aqui não estou sabendo. Foi acusação genérica, né? 100 mil para trabalharem onde? Pelo que sei há 25 mil cargos em comissão, que até existiam na época de Fernandão (dizem que houve aumento de 10% nesses cargos pelo PT, mas o que vi foi substituição de cargos em comissão por cargos efetivos, como ocorreu com todas as Agências Nacionais Reguladoras). Então.. quem está na boquinha? Acusação genérica é a notícia desinformativa mais rastereira e de baixo nível perpetuada pela mídia de mercado... e você junto nessa né Jabor?.. triste.

Por que estimular o consumo, sem estimular o aumento da oferta?
R. SIm, Arnaldo. Estimular somente o consumo pode chegar a ser populismo econômico (até pode ter ocorrido um pouco..). Mas em crise finaceira internacional isso mantém empregos e crescimento econômico. Europeus estão austeros.. o desemprego médio de seus jovens está em 62%, como publicado recentemente pelo Jornal O Globo. E foi o governo e o Mantega que falaram que no primeiro semestre a inflação resistente existia por falta de oferta (nós do Blog também falamos isso). Não venha agora posar de águia que vê ao longe. Você questiona isso hoje, mas os analistas econômicos só queriam aumento de selic para atacar pressão inflacionária derivada de falta de oferta. Mantega, portanto, desde o segundo semestre de 2012 e até antes, na verdade desde o início da crise (medidas em 2008), está injetando valores no BNDES porque nenhum banco privado (a não ser agora e por impulso do governo) participa de investimetnos de longo prazo de empresas. Assim, é difícil criar oferta sem investimentos financiados. Peça para que os bancos privados emprestem mais para o setor produtivo ao invés de investirem em títulos do governo que pagam uma selic alta. Assim você ajudará a melhorar a oferta de serviços e produtos no nosso mercado , se é o seu interesse.

 Por que os preços no Brasil são o dobro de qualquer país do mundo, sendo que o chamado “Big Mac Index”, a ferramenta de comparação de preços, mostra que nosso Big Mac é 72% mais caro que em qualquer lugar e carros custam 45% mais caro que no México, nos EUA? “Ah... porque a carga tributária é de 36% do PIB e nos outros países semelhantes não passa de 21%”. Então, por que não lutar por uma reforma tributária profunda, em vez de jogadas periódicas premiando uma ou outra atividade? Por quê? “Ah, porque é muito difícil passar no Legislativo...” Mas, por que não usar toda a força da maioria que tem para isso?
R. Quando Fernandão ficou oito anos no Poder, com maioria, não fez reforma tributária, né Arnaldão? Falar é mole... Por outro lado, o nosso problema não é só carga tributária, mas os lucros das empresas no Brasil é tr^s vezes maior do que os de uma empresa igual que atue nos EUA e na Europa. O conteúdo LUCRO, que vocês nunca questionam, é inflacionário e é trêrs vezes maior aqui do que nos EUA e Europa. Também o custo de transporte públco (ônibus, p. ex.) na Europa, por exemplo, é rateado pro igual entre Estado, empresa e cidadão (que paga a passagem). Aqui, 70% é custo do cidadão, 20% é do Estado e 10% da empresa. Então, se acertássemos essa correlaçõ, a passagem de ônibus no Brasil poderia cair pela metade. Mas por que você não fala sobre isso apra avaliar o custo de preços de serviços e produtos no Brasil? Porque não quer falar a verdade, né? triste. E Arnaldo, por favor.. que países têm carga tributária inferior a 21%? Pode declinar? França tem de 42%. Alemanha, de 37%. Noruega, de 48%, como a Dinamarca. Você está falando dos EUA de 24% de média mas com pib de 14 trilhões de dólares? Ou do Panamá que não tem política industrial ou indústrias e enm previdência pública e leis trabalhistas e previdenciárias que protegem o cidadão (e nem Forças Armadas!!)? Gostaria de saber seus países paradigmas para o Brasil em relação a carga tributária...

Por que a agroindústria, tão esquecida pelo governo (que gosta mais do MST), salva-nos todo ano com sua lucratividade? Será que vai bem justamente porque o governo não se meteu?
R. Grande parte da lucratividade da agroindústria vem de dois fatores governamentais: financiamento do Banco do Brasil (não é do Citibank nem Itaú, veja.. mas poderia ser) e pesquisas e tecnologia desenvolvida pela EMBRAPA. Você tem o que na cabeça? Sinceramente? Como dizer que a agroindústria é abandonanda!?!? Só se for pela área privada, meu amigo. Agora, o governo poderia terminar a reforma agrária logo, apesar de já não ser o melhor para diminuir pobreza. Mas não sei nem se o MST quer o fim da reforma agrária.. já pensou? O MST iria acabar. Mas cobrar o término da reforma agrária seria legal.

 Por que o SUS é a porta do inferno?
R. Por falta de médico e servidor para atender. Então precisamos de contratar mais servidores médicos, enfermeiros e agentes adminsitrativos para a área pública de saúde. Você e a mídia de mercado deixam ou dirão que é aumento de custo? Ou preferirão gastar o mesmo dinheiro público para contratar mais ongs, oscips e cooperativas? Aí fica difícil acabar com o problema... mas garante-se mais manchetinhas sobre a ineficiência da prestação de serviço de saúde pública, né? Não resolver o problema não é bom pra jornal? Também há prejuízo na gestão pública.. ms cobrem que os gestores públicos (cargo recém-criado) sejam contratados e cobrem os resultados deles. Por qûê você naõ faz isso? Porque se eles acerta, acabou manchete sobre ineficiência do Estado e acabou mamata de cooperativas, ongs e oscips, não é mesmo?

Por que a educação-zero está impedindo a produção nacional, sem mão de obra para nada? Por que temos o recorde mundial de analfabetismo funcional?
R. Tinha analfabeto no governo FHC? Então o problema é atemporal, né? Está diminuindo? Atingimos as metas do milêncio neste sentidfo? Antes de 2015? Então o que reclamar? Acabar com o analfabetismo cultuado por 500 anos demorará mais um pouco, creio. Principalmente sem investimetno em salário de professor, né? mas quando professor quer salário o que a mídia diz? Que é aumento de custo. E tome paulada no professor. Fica dífícil..

Por que será que os investidores internacionais têm medo de vir para cá, ultimamente? Será que é porque eles sabem que nós mudamos regras, não respeitamos contratos nem marcos regulatórios e porque nós queremos lhes enfiar o Estado goela abaixo?
R. Jabor, eu sei que você queria a Exxon no leilão do Pré-sal em 21 de outubro... mas veja, das 50 que podiam participar, participarão 11. Isso não é concorrência? E isso não é atrair investimentos? Quem não quiser pagar os draconiamos preços instituídos pelo governo, não pague. Mas se alguém paga, me parece que o governo faz bem em vender caro. Não sei se você prefere que um corretor venda barato suas coisas.. O Brasil respeita contratos. A questão da energia elétrica nós já explicamos nesse Blog. Sugiro que procure e leia. Quem não quis baixar preço de tarifa ficou com o contrato até ele expirar. Quem aceitou baixar tarifa conseguiu renovação antecipada. Isso é rasgar contratos?!? A concessão é do governo, e não propriedade eterna da empresa concessionária. E como investidores não querem vir? O Brasil em 2012 foi o terceiro destino de investimento direto estrangeiros em todo o mundo, somente atrás de China e EUA. Não foi Alemanha, França, Suécia, Austrália.. foi Brasil. 60 bilhões de dólares de IED. E esse ano a previsão é a mesma, podendo aumentar muito em 2014. Você sabe do que está falando?

Por que será que, de todo o dinheiro arrecadado para as aposentadorias no país, 50% são para pagar apenas 20% dos aposentados (setor público, claro), enquanto a outra metade é para pagar os 80% restantes?
R. Aqui o Arnaldão surtou, tadinho. Existem duas aposentadorias no País: a do setor público e a do setor privado. A primeira é bancada com contribuição dos servidores públicos (à razão de 11% do salário do servidor, ativo ou inativo e pensionistas!!) e complementada pelo governo, sendo grande parte do déficit advindo de folha de previdência de militares, ainda, mas está se corrigindo isso, já que o perfil do sistema de contribuição está mudando. Mas não há dinheiro privado aqui.  A outra Previdência é o do INSS que se financia com dinhiero da área privada e é complementada pelo governo!!! Igual ao setor público. Então as duas previdências não se comunicam, mas são complementadas pelo Governo Federal. Então de onde veio a pergunta mais do que infantil do nosso amigo? De gratuita e irresponsável sanha em atacar a previdência e o setor público, a mal da sociedade e da higidez das contas de previdência e sem qualquer informação sobre a evolução histórica das duas previdências que existem no País. Mas neste Blog você encontra essa abordagem histórica.

Por que somente 1,5% do PIB é investido em infraestrutura, quando no resto do mundo são por volta de 4%? Por quê? Nossa infraestrutura é a 114ª pior entre 148 países
R. Aqui eu concordo. Falta investimento em infraestrutura no Brasil, mas se bancos privados quisessem financiar isso ao invés de somente investir em títulos de dívida pública, os investimentos já poderiam ter ocorrido. A média desse investimentos em infraestrutura não deve ter sido diferente em Fernandão, mas com os bancos privados  (11 bancos atenderam ao chamado do Governo) entrando no financiamento de infraestrutura, aí devemos deslachar nos próximos anos!! Tomara. Será a primeira vez que isso acontece.. no governo petista... tsc, tsc, tsc... por que Fernandão não conseguiu isso?!?!? Me pergunto.


Assim, temino as respostas ao grande Arnaldo Jabor, que se não explica com neutralidade muita coisa, pelo menos fez perguntas boas, para quem não é técnico em nada sobre o que perguntou. Pelo menos criou a oportunidade de que, senão toda a população, pelo menos quem lê o Perspectiva Crítica fique ciente de muita coisa que tratada de forma omissa, superficial e irresponsável pela mídia de mercado.

Obrigado por essa oportunidade Arnaldão!! Espero que tenha gostado das respostas!!! rsrsrsr

Abs a todos!!

p.s. de 08/10/2013 - texto revisado e ampliado.

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