terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Concessão Argentina de trens falha. E no RJ? Autoridades de governo estadual e municipal omissas no RJ.

Hoje, 28/02/2012, o Jornal O Globo publicou o artigo on line denominado "Governo Argentino anuncia intervenção em linha de trem". Seleciono o seguinte trecho do artigo:

"O governo argentino anunciou nesta terça-feira a intervenção estatal das concessões das linhas de trem Sarmiento e Mitre, em poder da empresa Trens de Buenos Aires (TBA). A medida foi confirmada pelo ministro do Planejamento, Julio De Vido, e pelo Secretário de Transportes, Juan Pablo Schiavi, quase uma semana após o trágico acidente da estação de Once da linha Sarmiento, que matou 51 pessoas e deixou 700 feridos." (Acesse o original integral em http://oglobo.globo.com/mundo/governo-argentino-anuncia-intervencao-em-linha-de-trem-4092413)


É claro que não vi o contrato de concessão argentina. É claro que não ponderei o efeito de uma economia vacilante. Mas é importante notar que privatização ou concessão de serviços públicos não é panacéia ou formula mágica para a solução de problemas de investimentos públicos em serviços essenciais, pura e simplesmente.

Não bastasse toda a desgraça econômica que a argentina vive há dezesseis anos, ainda isto.

Voltando ao Brasil, em especial no RJ, eu sei que a legislação regulatória das concessões públicas (Lei 8987/95) prevê que toda concessão pública deve respeitar o conceito legal de "adequado serviço público", conforme determina seu artigo 6º:

" Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço."


Senhores, eu pergunto, a concessão de trens e do Metrô no Estado do Rio de Janeiro está respeitando esta determinação legal que inclusive integra todo e qualquer contrato de concessão de serviço público no Brasil? E a Light (tudo bem, diminuíram as explosões de bueiros, por enquanto e o Ministério Público processou a Light)? E o desrespeito ao passageiro de ônibus? E o desrespeito aos passageiros de ônibus que são cadeirantes? E o desrespeito aos sinais de trânsito pelas concessionárias de ônibus? E o desrespeito à continuidade e adequação do serviço de transporte pelas barcas?

Senhores, quero que vocês vejam como a Argentina sofre pela incompetênmcia adminstrativa dos governos, pela liberdade de atuação de concessionárias, sem fiscalização e sem multas lagais e/ou contratuais e pensem no Brasil e no RJ, em especial, para fins desse artigo.

As autoridades estaduais e municipais são omissas na fiscalização das concessionárias de serviços públicos no Rio de Janeiro. Multas não são cobradas ou aplicadas. A lei manda cobrar a continuidade e adequabilidade da prestação de serviços via concesão pública, a bem do atingimento das finalidades da concessão pública e a bem da qualidade e quantidade da prestação de serviço público via concessão. Mas as autoridades do Executivo, Governador Sérgio Cabral e Prefeito Eduardo Paes, não multam. Também não fiscalizam. Ou se o fazem, ninguém fica sabendo.´

Só o que vejo e o que é noticiado são as desgraças que os cariocas e fluminenses passam cotidianamente na mão das concessionárias. Dependemos quase que exclusivamente das atuações judiciais do Ministério Público Estadual, propondo Ações Civis Públicas, para tentar arrancar Termos de Adequação de Conduta (TAC) das faltosas concessionárias do Estado do Rio de Janeiro, como foi o caso da Light.

Chamo a atenção de todos para o abandono da fiscalização dos serviços de concessionárias no Estado e Município do Rio de Janeiro, principalmente na área de transporte, serviço de longe o mais ridículo de todas as concessionárias. Aponto a falta especial do Executivo, na pessoa do Governador Sérgio Cabral e na do Prefeito Eduardo Paes. Exijo, caso minha acusação esteja equivocada, o direito, como cidadão, de que seja apresentado à nossa sociedade qual é o quadro de fiscais responsáveis pelas fiscalizações de cumprimentos de contratos de concessão do Município e do Estado, em especial na área de transporte. Deixo aberto o espaço no Blog para esta resposta.

E chamo a atenção para o caso Argentino, prejudicado tanto no serviço de fornecimento de águas como agora no caso de serviço de transporte por trens. Não deixemos nossas concessões virarem fumaça como ocorre na Argentina. Exijam já a fiscalização e cumprimento do artigo 6º da Lei 8987/95 nas concessões públicas do Estado e do Município do Rio de Janeiro.

p.s. de 29/02/2012 - Esclareço que não sou insensível ao fato de que o Governo Estadual de Sérgio Cabral se dedicou à segurança com as UPPs e com menos ênfase na área da saúde com expansão de UPAs. Da mesma forma houve no Município do Rio de Janeiro expansão de UPAs e obras de recapeamento de estradas, choques de ordem a aluns melhoramentos urbanos perpetrados pelo Prefeito Eduardo Paes. Entretanto, isso não justifica não haver fiscalização eficiente de concessionárias públicas de transporte, que são essenciais para o di-a-dia da população. É impossível melhoria na qualidade e quantidade de transporte público sem fiscalizaçao, elaboraçao de pareceres e relatórios apontando falhas e necessidads de investimentos públicos, das concessionárias e ainda apontando ilícitos contratuais e aplicando multa. Multas de trânsito a empresas de ônibus muitas vezes não são cobradas, quando há a autação. o Metrô do Rj previa que chegariam 111 composições da China em fevereiro de 2011. Cadê essas composições? O Estado teria de comprar 60 trens para a Supervia, mas ouvi recentemente que a respectiva licitação foi cancelada pelo Estado do Rio de Janeiro. Não sei se foi por pressão orçamentária com o recente aumento antecipado dos Policiais Militares, Civis e agentes penitenciários.., nao sei se por garantia em relação ao risco de perda de orçamento por causa da discussão de roubo dos royalties do petróleo do nosso Estado pela Federação,.. não sei ainda se a criação do piso nacional dos professores (que saiu, graças a Deus!) que demanda reserva de valores orçamentários,.. mas o fato é esse, eu não sei. E ese assunto é grave demais para ninguém saber de nada. Não sabendo a causa da falta de investimento público e de fiscalização e punição das concessionários de transporte, o que resta é culpar, até que prove o contrário, as autoridades responsáveis eleitas para cuidar, investir, fiscalizar e punir desvios, falhas e omissões das concessionárias de serviços públicos. É isto que estamos fazendo.

Caso escabroso: resultado da privatização do fornecimento de Águas na Argentina

Pessoal, este material está incluso no texto reproduzido no artigo anterior sobre o FMI e o Sistema Financeiro Mundial, de autoria de Patrick M. Wood, do site www.augustreview.com. Mas o caso é tão escabroso, à falta de outra palavra, que reproduzirei como novo artigo, para facilitar pesquisa e acesso.

É um caso de falência de uma concessão forçada à Argentina pelo FMI em troca de empréstimos. A concessão seria de fornecimento de águas e tratamentode esgoto para 10 milhões de habitantes, 1/3 da população Argentina à época, a maior privatização de sistema público de fornecimento de águas no mundo. Depois de 10 anos fornecendo água mal tratada e cara aos argentinos, quando a concessão passou a não mais dar lucros, a concessionária estrangeira, no caso a Suez francesa, informou não ter interesse na continuidade e deixaria em um mês o país, que fiocu com o serviço ruim e ainda teria de retomá-lo, permanecendo com a dívida do empréstimo tomado junto ao FMI, para desespero dos argentinos e dos políticos.

Isso não é divulgado para você. Assim como também não é publicado para você o fato de que o sistema financeiro internacional existe para garantir investimentos de empresas européias, japonesas e americanas nos demais países que precisam de ajuda para melhorar a máquina estatal e serviços à população.

Leia o trecho abaixo e tenha acesso a um caso, ao menos.

"Argentina: Estudo de um Caso de Privatização
Em 2001, o FMI entregou um pacote de ajuda financeira à Argentina, no valor de 8 bilhões de dólares. Os maiores beneficiários foram os grandes bancos europeus, que detinham cerca de 75% da dívida externa do país. O rio do dinheiro fluiu da seguinte forma: O FMI entregou 8 bilhões de dólares (aproximadamente 1,6 bilhão era dinheiro suado dos impostos pagos pelos contribuintes americanos) para a Argentina; a Argentina comprou títulos do Tesouro dos EUA (o governo americano recebeu os dólares de volta após estes serem 'monetizados'); a Argentina entregou os títulos do Tesouro dos EUA aos bancos credores, que gentilmente concordaram em aposentar os inúteis títulos argentinos.

Menos de uma década antes, o FMI e o Banco Mundial apoiaram a Argentina no maior projeto de privatização das águas no mundo. Em 1993, Águas Argentinas foi formada entre a Secretaria de Recursos Hídricos da Argentina e um consórcio que incluía o grupo Suez, da França (a maior empresa de águas no mundo) e Águas de Barcelona, da Espanha. A nova empresa cobria uma região povoada por mais de dez milhões de pessoas.

Agora, após dez anos de tarifas mais altas para a água, menor qualidade na água e no tratamento do esgoto, e melhorias na infra-estrutura negligenciadas, o consórcio está rescindindo seu contrato de trinta anos e saindo fora. A amargura entre Águas e os oficiais do governo se aprofunda por causa das promessas quebradas e das reações políticas.

A seqüela de Águas Argentinas é registrada na edição on-line de 21 de novembro de 2005 do jornal britânico The Guardian:
Mais de um milhão de residentes na província rural argentina de Santa Fé estão enfrentando uma ansiosa espera para saber se haverá água em suas torneiras e na descarga da privada nas próximas semanas.

Desde 1995, a província tem seu fornecimento de água potável e os serviços de saneamento realizados por um consórcio liderado pela multinacional francesa Suez; agora, o gigante grupo do setor de serviços quer sair e planeja fazer isso no prazo de um mês.

A decisão, que segue o colapso ruidoso de outros esquemas de privatização das águas em países incluindo Tanzânia, Porto Rico, Filipinas e Bolívia, levanta novamente questões sobre a viabilidade de privatizar serviços públicos nos países em desenvolvimento.

O grupo Suez também está se preparando para abandonar antecipadamente sua antigamente lucrativa concessão na capital argentina, Buenos Aires. O contrato, firmado em 1993, marcou o maior projeto de privatização de águas no mundo.

Em ambos os casos, a empresa francesa está rescindindo seu contrato de trinta anos com apenas um terço do período cumprido. O grupo Suez não consegue fazer a concessão gerar lucros - pelo menos não dentro dos termos do acordo atual.

O gigante grupo francês conseguiu ambos os acordos de serviços em meados dos anos 1990, quando a Argentina fez uma gigantesca reforma em seu setor de serviços públicos, em grande parte por ordem do Banco Mundial e de outras agências de empréstimo. [19]

A companhia Águas Argentinas explorou o mercado enquanto pôde e depois simplesmente deu o fora. E por que não? Os lucros cessaram e aquele não é o país deles!

As estatísticas globais mostram que cerca de 460 milhões de pessoas em todo o mundo agora dependem da empresas privadas para o fornecimento de água potável, como a Águas Argentinas, em comparação com apenas 51 milhões em 1990. O FMI (e o Banco Mundial) alavancaram os 400 milhões de clientes adicionais para os contratos de privatização com as megaempresas de abastecimento de água da Europa e dos EUA. Agora que toda a gordura já foi retirada do leite, essas mesmas empresas estão dando desculpas e saindo da festa - deixando os clientes furiosos e os governos trôpegos, incapazes e ainda sobrecarregados com os bilhões de dólares da dívida incorrida (por insistência delas) para iniciar a privatização.

Nota: Em fevereiro de 2003, a CBC News, no Canadá, produziu uma ampla reportagem intitulada "Lucro com a Água: Como as Multinacionais Estão Tomando o Controle de um Recurso Público", que foi apresentada em partes, durante um período de cinco dias. [20]"


Acesse o original integral em http://www.espada.eti.br/fmi.asp

Não sou principiologicamente contra privatização. Mas já falei a todos meus familiares e amigos: cada caso é um caso e devemos ver as garantias e benefícios para a sociedade, em primeiríssimo lugar.

p.s. de 29/02/2012 - texto revisto.

A origem e função do Fundo Monetário Internacional e o Sistema Financeiro Mundial

Pessoal, esbarrei com este artigo e fui obrigado a copiá-lo para cá integralmente. Naturalmente, sugiro a leitura no próprio site original o "Espada", pois além de mais recursos de imagem, há mais artigos e fontes interessantes sobre o tema SIstema Internacional Monetário.

Vale a pena ler. O texto é tão importante que copiei, pois algumas vezes pude perceber que alguns sites ou artigos podem ficar inacessíveis depois de um tempo, mesmo com o endereço correto. Mas o original é acessível no endereço http://www.espada.eti.br/fmi.asp

Não concordo com 100% do texto, mas concordo com 95%. Quando por exemplo diz o autor que a maioria das teorias de Keynes estão desacreditadas, naturalmente ele se referia a péríodo anterior à crise de 2008, pois então houve retomada de princípios keynesianos. E também quando diz que "plena recuperação não está em vista (da atuação do FMI), nem é algo que já tenha acontecido", também fica evidente que o autor escreveu antes de pagarmos a dívida com o FMI, em 2010. O Brasil é o único exemplo de restabelecimento financeiro, tendo tido "ajuda" do FMI. Mas o cerne do que diz é verdade, o empréstimo tomado do FMI vem com condicionalidades e subordinação da política econômica do País devedor, com objetivos verificáveis de sujeição de sua soberania e com evidente interesse em induzir privatização de todas as empresas estatais que existam no País. Mas confira você mesmo. O texto é ótimo e com indicação das fontes. Importante salientar que os pequenos momentos em que o autor especula ele não tem tanto êxito sobre quando informa. Foco na informação, portanto. A conclusão do autor também é acompanhada por mim 100%.

Pinço, no entanto, para efeito de importância do conteúdo escrito a seguinte declaração de um congressista americano, chamado Sanders, que apontava a ineficiência do FMI para o bem de países subdesenvolvidos e para o próprio EUA. Segundo sua declaração o FMI sómente atuou para garantir investimentos arriscados de bancos norte-americanos contra o interesse da diminuição da pobreza no país devedor e aumentando riscos e despesas orçamentárias para os EUA que deveria se preocupar com suas crianças e idosos. Vejam esta declaração contra o empréstimo do FMI ao Brasil em 1998 (empréstimo, diria, essencial para a normalização da nossa economia na época - 30 bilhões de dólares, mas que não invalida a afiormaçaõ de Sanders numa perspectiva geral e histórica de atuação do FMI):

"As políticas do FMI nos últimos vinte anos defendendo o livre comércio sem restrições, a privatização, desregulamentação e o corte súbito dos investimentos dos governos em saúde, educação e previdência social foram um fracasso total para as famílias de baixa renda e da classe média no mundo em desenvolvimento e nos Estados Unidos. Claramente, essas políticas somente ajudaram as grandes empresas em sua busca constante por mão de obra mais barata e regulamentações ambientais mais frouxas. O Congresso precisa trabalhar em uma nova política que proteja os trabalhadores, aumente os padrões de vida e melhore o meio ambiente."



Vejamos, então, o artigo:

"O Sistema Financeiro Global - Parte 1: O Fundo Monetário Internacional (FMI)
Fonte: The August Review, http://www.augustreview.com

A tríade dos controladores do sistema monetário global inclui o FMI, o Banco Mundial e o Banco de Compensações Internacionais (BIS, do acrônimo em inglês). Conforme evidenciado pelos crescentes protestos que ocorrem nas ruas durante todo encontro do FMI, esta é uma organização que as pessoas aparentemente acham fácil odiar. Financiado pelos contribuintes de todos os países do mundo, o FMI distribui dinheiro aos bilhões para manter viva a globalização. O mundo é a colônia de ostras e os membros da elite globalista são os pescadores de pérolas.


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Introdução
O Fundo Monetário Internacional (FMI) é:

"Uma instituição pública, estabelecida com o dinheiro fornecido pelos contribuintes de todo o mundo. É importante observar isto porque o FMI não se reporta diretamente aos cidadãos que o financiam ou àqueles cujas vidas ele afeta. Ao contrário, ele se reporta aos Ministros da Fazenda e aos bancos centrais dos governos em todo o mundo." [1]
Essa declaração é de um especialista, Joseph Stiglitz, que serviu durante sete anos como presidente do Conselho de Assessores Econômicos de governo Clinton e como economista-chefe do Banco Mundial. Stiglitz é um globalista da corrente dominante, mas ainda é honesto o suficiente para ter se tornado desiludido com as práticas corruptas do FMI e do Banco Mundial. O testemunho de primeira mão dele é muito instrutivo:

"Burocratas internacionais - os símbolos sem face da ordem econômica mundial - estão sob ataque em toda a parte. Encontros antigamente rotineiros de tecnocratas obscuros, que discutem assuntos mundanos como a concessão de empréstimos e cotas comerciais, agora se tornaram a cena para furiosas batalhas de rua e enormes passeatas de protesto... Virtualmente toda importante reunião do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio é agora cena para conflitos e protestos." [2]

Por que o FMI é uma organização que as pessoas gostam de odiar? Este relatório tentará lançar um pouco de luz sobre o assunto.

O Início do FMI
De acordo com sua própria literatura, o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi "estabelecido para promover a cooperação monetária internacional, a estabilidade do câmbio e ajustes organizados para o câmbio, para patrocinar o crescimento econômico e altos níveis de emprego, para oferecer assistência financeira temporária aos países e ajudar a facilitar o ajuste da balança de pagamentos."

Dificilmente se pode dizer que essa descrição inócua descreve as funções críticas que o FMI fornece para o processo da globalização. De fato, o FMI é um dos principais agentes de transformação na economia global e na governança global.

O FMI foi na verdade criado em dezembro de 1945, quando os primeiros 29 países-membro assinaram seus Artigos do Acordo, e iniciou suas operações em 1 de março de 1947. (NT: Atualmente existem 185 países-membro.)

A autorização para o FMI veio alguns meses antes na famosa Conferência de Bretton Woods, em julho de 1944.

Bretton Woods: - A Conferência de Bretton Woods e o Acordo de Bretton Woods definiram o cenário para uma nova ordem econômica e monetária internacional para o período após a Segunda Guerra Mundial. Reunidos em Bretton Woods, estado de New Hampshire, EUA, em 1944, os delegados se comprometeram com o Acordo de Bretton Woods, instituindo o Banco Internacional para a Reconstrução de Desenvolvimento (BIRD, melhor conhecido como Banco Mundial) e o Fundo Monetário Internacional.


Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, os Acordos de Bretton Woods estabeleceram um sistema de procedimentos e regras, junto com as instituições para impô-lo, que propunha que os países-membro adotassem uma política monetária que era fixada em termos de ouro. Embora o sistema de Bretton Woods tenha entrado totalmente em colapso em 1971, quando o presidente Nixon suspendeu a conversibilidade do dólar em ouro, as instituições criadas em 1944 continuaram sem interrupções.

Embora qualquer país possa se tornar membro do FMI, o caminho para o ingresso é digno de observação. Quando o pedido de ingresso é apresentado à diretoria executiva do FMI, um "Compromisso de Participação" é feito à Junta de Diretores, que trata a cota do membro, os direitos de subscrição e de votação. Se aprovado pela diretoria, o país candidato precisa fazer emendas em suas próprias leis de modo a permitir que assine os Artigos do Acordo do FMI e cumpra as obrigações requeridas dos membros. Em outras palavras, o país-membro subordina certa porção de sua soberania nacional ao FMI. Isto arma o cenário para o FMI assumir um papel ativo nos assuntos do país-membro.

Soberania: O princípio que o Estado exerce poder absoluto sobre seu território, seu sistema de governo e sua população. De acordo com esse princípio, a autoridade interna do Estado se sobrepõe a de todos os outros organismos.


O FMI é visto por alguns como uma organização global, mas é preciso observar que o governo dos EUA tem um poder de voto de 18,5% na diretoria do FMI, ou três vezes mais do que qualquer outro país-membro. Além disso, a organização está sediada em Washington DC.

Os Fundadores do FMI: Harry Dexter White e John Maynard Keynes
Os principais arquitetos do sistema de Bretton Wood e, portanto, do FMI, foram Harry Dexter White e John Maynard Keynes.

Keynes foi um economista inglês que sempre teve um enorme impacto no pensamento econômico global, a despeito do fato que muitas de suas teorias econômicas já tenham sido totalmente desacreditadas. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele propôs a dissolução do Banco de Compensações Internacionais pelo fato de ser dominado por agentes nazistas. Entretanto, após a guerra, quando desmantelar o BIS foi realmente mandado pelo Congresso, ele argumentou contra a dissolução até a criação do FMI e do Banco Mundial. Seu último argumento era a lógica freqüente e bastante surrada: "Se o fecharmos cedo demais, o sistema financeiro internacional entrará em colapso." Os instintos globalistas de Keynes o levaram a propor a criação de uma moeda global, chamada Bancor, que seria administrada por um banco central global. Essa idéia fracassou totalmente.

Harry Dexter White também era considerado um economista brilhante e foi indicado em 1942 como assistente de Henry Morgenthau, o então Secretário do Tesouro. Ele permaneceu como o assistente de maior confiança de Morgenthau durante todo o mandato dele, e argumentava verbosamente contra o Banco de Compensações Internacionais. Como Morgenthau e a maioria dos americanos, White era fortemente antinazista. Entretanto ele NÃO era pró-EUA. [3]

Em 16 de outubro de 1950, um memorando do FBI identificou White como um espião soviético, cujo codinome era 'Jurista'.

Seguindo o colapso da União Soviética em 1991, documentos antigamente secretos vieram ao conhecimento público e lançaram nova luz na questão. White não apenas estava entre os 50 espiões identificados, mas provavelmente era o principal espião da URSS nos EUA.

Em 1999, o Hoover Digest escreveu:

"Em seu novo livro Venona: Decoding Soviet Espionage in America, Harvey Klehr e John Haynes argumentam que dos cerca de cinqüenta americanos que espionaram para Stalin (muitos outros nunca foram identificados), Harry Dexter White foi provavelmente o agente mais importante."

"As interceptações Venona revelaram que na Conferência em San Francisco, que fundou a Organização das Nações Unidas em 1945, White se reuniu com um oficial soviético da KGB e o informou da posição de negociação do governo americano em diversas questões. (O codinome de White na KGB foi em vários momentos 'Advogado', 'Ricardo' e 'Reed') Outra mensagem da KGB observava que White estava pensando em renunciar ao seu alto cargo no Tesouro e ingressar no setor privado porque precisava de uma renda maior para conseguir pagar as despesas com a instrução de sua filha na universidade. White era considerado tão importante para o Kremlin que seus controladores propuseram pagar as despesas com instrução para que White pudesse continuar no Tesouro." [4]

Tivesse White vivido além de 1946, ele provavelmente teria sido processado por alta traição contra os EUA, a pena para a qual é a execução.

Tais eram a fibra moral e as credenciais intelectuais dos criadores do FMI: Um deles era um economista e ideólogo inglês com uma inclinação marcadamente globalista, e o outro era um funcionário de alto escalão do governo americano e que era também um espião soviético.

Tentar descobrir onde esses dois homens realmente estavam aos olhos da elite global tem mais reviravoltas do que um livro de mistérios do Sherlock Holmes. Isto pode ser mais facilmente percebido pelo resultado final - a bem-sucedida criação do FMI e do Banco Mundial, ambos os quais foram calorosamente endossados por tipos como J. P. Morgan e o Chase Bank, entre outros banqueiros internacionais.

Particionando: O FMI Versus o Banco Mundial e o BIS
Existe uma tríade de potências monetárias que dominam as operações financeiras globais: O FMI, o Banco Mundial e o Banco de Compensações Internacionais. Embora eles trabalhem juntos de forma muito íntima, é necessário ver qual é o papel de cada um no processo da globalização.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial interagem somente com os governos, enquanto que o BIS interage somente com outros bancos centrais. O FMI empresta dinheiro para os governos nacionais e freqüentemente esses países estão enfrentando alguma crise fiscal ou monetária. Além disso, o FMI arrecada dinheiro recebendo contribuições das cotas dos seus 185 países-membro. Embora os países-membro possam pedir dinheiro emprestado para fazerem suas contribuições de cotas, ela é, na verdade, dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes. [5]

O Banco Mundial também empresta dinheiro para os governos e tem 185 países-membro. Dentro do Banco Mundial existem duas entidades separadas - o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e a Associação Internacional para o Desenvolvimento (IDA, do acrônimo em inglês). O BIRD enfoca os países de renda média e países merecedores de receber créditos, enquanto a IDA enfoca os países mais pobres do mundo. O Banco Mundial é auto-suficiente para as operações internas, emprestando dinheiro por empréstimo direto dos bancos e pelas emissões de títulos flutuantes, e então emprestando esse dinheiro por meio do BIRD e da IDA para os países em dificuldades. [6]

O BIS, como o banco central para os outros bancos centrais, facilita o movimento do dinheiro. Ele é bem conhecido por fazer "empréstimos-ponte" para os bancos centrais dos países em que o dinheiro do FMI ou do Banco Mundial foi prometido, mas ainda não liberado. Esses empréstimos-ponte então são devolvidos pelos respectivos governos quando ocorre a liberação dos fundos que foram prometidos pelo FMI ou pelo Banco Mundial. [7]

O FMI ficou conhecido como "emprestador do último recurso". Quando um país começa a fraquejar por causa de problemas com os déficits comerciais ou com o peso excessivo da dívida, o FMI pode interferir e oferecer socorro financeiro. Se o país fosse um paciente em um hospital, o tratamento incluiria uma transfusão de sangue e outras medidas para manter o paciente vivo - a plena recuperação não está realmente em vista, nem é algo que já tenha acontecido.

É preciso lembrar que as operações de resgate não seriam necessárias se os bancos centrais, os bancos internacionais, o FMI e o Banco Mundial não emprestassem dinheiro e levassem esses países a contrair dívidas que eles não poderiam pagar.

O Propósito e Estrutura do FMI
De acordo com o panfleto do FMI, "Uma Instituição Global: Uma Visão Rápida Sobre o Papel do FMI":

"O FMI é a instituição central para o sistema financeiro internacional - o sistema de pagamentos internacionais e taxas de câmbio entre as moedas nacionais que permite que negócios ocorram entre os países."

"Ele tem o objetivo de evitar crises no sistema encorajando os países a adotarem políticas econômicas sólidas; ele também - como seu nome sugere - é um fundo que pode ser utilizado pelos membros que precisarem de recursos financeiros temporários para lidar com os problemas na balança de pagamentos."
O FMI trabalha para a prosperidade global promovendo

Expansão equilibrada do comércio mundial;
Estabilidade das taxas de câmbio;
Evitando a desvalorização competitiva das moedas e
Fazendo a correção ordeira dos problemas na balança de pagamentos.
"Os propósitos estatutários do FMI incluem promover a expansão equilibrada do comércio mundial, a estabilidade das taxas de câmbio, evitar a desvalorização competitiva das moedas e fazer a correção ordeira dos problemas na balança de pagamentos de um país." [8] [Nota: A ênfase é deles]

Embora o FMI tenha mudado significativamente ao longo dos anos, sua literatura atual deixa bem claro que os propósitos estatutários hoje são os mesmos que na época em que eles foram formulados, em 1944:

Promover a cooperação monetária internacional por meio de uma instituição permanente que forneça a estrutura para consultas e colaboração a respeito dos problemas monetários internacionais.

Facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio internacional e, assim, contribuir para a promoção e manutenção de altos níveis de emprego e da renda real, e também para o desenvolvimento dos recursos produtivos de todos os membros como objetivos principais da política econômica.

Promover a estabilidade do câmbio, manter os ajustes de câmbio de forma ordeira entre os membros e evitar a desvalorização competitiva da taxa de câmbio.

Ajudar no estabelecimento de um sistema multilateral de pagamentos referente às transações correntes entre os membros e a eliminação das restrições que dificultam o crescimento do comércio internacional.

Dar confiança aos membros, tornando os recursos gerais do Fundo temporariamente disponíveis para eles dentro de salvaguardas adequadas, proporcionando-lhes a oportunidade de corrigirem os desajustes em sua balança de pagamentos sem que precisem recorrer à medidas destrutivas para a prosperidade nacional ou internacional.


De acordo com o acima descrito, encurtar a duração e diminuir o grau de desequilíbrio nas balanças de pagamentos internacionais dos membros. [8]

Por mais elevado e nobre que isso possa parecer, pode-se interpretar os significados conferindo suas ações. Por exemplo, "consultoria e colaboração" freqüentemente significa "imporemos nossas políticas ao seu país" e "salvaguardas adequadas" significam "exigiremos garantias e concessões para emprestarmos nosso dinheiro".

O FMI tem sido comparado a uma cooperativa de crédito internacional, em que os países-membro que contribuem para a formação das reservas têm a oportunidade de tomar empréstimos quando surgir a necessidade. O FMI também é capaz de arrecadar fundos tomando empréstimos dos países-membro ou dos mercados privados. No entanto, até aqui o FMI afirma não ter arrecadado fundos junto aos mercados privados.

Este relatório examinará quatro aspectos das operações do FMI: Moeda e funções monetárias, riscos morais, operações de socorro financeiro durante as crises monetárias e condicionalidades.

Moeda, Função Monetária e Ouro
Dois anos antes do colapso do sistema de Bretton Woods, o FMI criou um mecanismo de reserva chamado Direito Especial de Saque (Special Drawing Right, ou SDR).

"O Direito Especial de Saque não é uma moeda, nem é um item do passivo do FMI, mas ao contrário, é basicamente uma requisição potencial em moedas livremente utilizáveis. Moedas livremente utilizáveis, conforme determinado pelo FMI, são o dólar americano, o euro, o iene japonês e a libra esterlina." [9]

Como o valor das moedas componentes muda com relação umas às outras, o valor do Direito Especial de Saque muda com relação a cada componente. Em 29 de dezembro de 2005, um SDR estava avaliado em US$ 1,4291 e sua taxa de juros estava fixada em 3.03%.

Não deve haver engano na mente do leitor que o FMI corretamente vê a si mesmo como o "controlador da moeda" para todos os países que pegaram carona no Expresso Globalização. De acordo com uma publicação oficial:

"Portanto, o FMI está preocupado não somente com os problemas dos países individuais mas também com a operação do sistema monetário internacional como um todo. Suas atividades estão direcionadas a promover as políticas e estratégias por meio das quais seus membros podem trabalhar juntos para garantir um sistema financeiro estável e o crescimento econômico sustentável. O FMI oferece um foro para a cooperação financeira internacional e, portanto, para uma evolução ordeira do sistema e submete uma ampla área das questões monetárias internacionais aos convênios da lei, da persuasão moral e do entendimento.

O FMI trabalha bem de perto com o Banco de Compensações Internacionais na promoção da harmonia nos mercados monetários, nas taxas de câmbio, nas políticas monetárias, etc. O BIS, como o banco central dos bancos centrais, mais provavelmente diz ao FMI o que fazer e não o contrário. Essa noção é confirmada pelo fato que em 10 de março de 2003, o BIS adotou o SDR como seu ativo de reserva oficial, abandonando totalmente o franco suíço em ouro de 1930.

Essa ação removeu todas as restrições para a criação de papel-moeda no mundo. Em outras palavras, o ouro não lastreia mais nenhuma moeda nacional, deixando os bancos centrais com o campo totalmente aberto para criar dinheiro conforme eles somente acharem apropriado. Lembre-se que quase todos os bancos centrais no mundo são entidades privadas ou mistas, com uma franquia exclusiva para obter empréstimos para seus respectivos países.

Isto não quer dizer que o ouro não tenha função atual ou futura no dinheiro internacional. Dentro do sistema de Bretton Woods, o ouro era o ativo de reserva central e os subscritores originais contribuíram com grandes quantidades de barras de ouro. O ouro foi abandonado totalmente em 1971, mas o FMI continua a possuir e manter ouro até o presente: 103,4 milhões de onças (3.217 toneladas) com um valor atual de mercado de aproximadamente 45 bilhões de dólares. Não é uma quantia pequena de ouro!

O Tesouro dos EUA afirma ter 261.5 milhões de onças de ouro, mas nunca houve uma auditoria oficial e física em Fort Knox e em outros depósitos para confirmar essa afirmação. Somente para comparação, a Grã-Bretanha afirma ter 228 milhões de onças em ouro.

O BIS, o FMI e os principais bancos centrais (notavelmente o Federal Reserve Bank de Nova York, e o Banco da Inglaterra) têm coletiva e metodicamente vendido porções de suas reservas em ouro ao mesmo tempo em que afirmam que "o ouro está morto". Essa manipulação provocou a redução do preço do ouro desde o início dos anos 1970. O livro de Anthony Sutton de 1979, The War on Gold (A Guerra Contra o Ouro), trata desse assunto. Mais recentemente, o grupo Gold Anti-Trust Action Committee (GATA) foi fundado em 1999 essencialmente com o mesmo argumento: o ouro tem sido manipulado de forma desleal.

É suficiente dizer que se tantas organizações conspiram para manter "o ouro como dinheiro" longe da mente do público, então o ouro não está morto, mas foi apenas temporariamente colocado de lado. Quando as moedas fajutas criadas a partir do nada tiverem sido totalmente drenadas e exauridas pelo cartel global, o ouro provavelmente será trazido de volta pelas mesmas pessoas que nos disseram que ele estava morto.

Risco Moral
Este é um termo técnico jurídico com um significado bem preciso, mas pode ser compreendido com facilidade. Risco moral é o termo dado ao risco aumentado de um comportamento imoral que resulta em um resultado negativo (o "risco"), porque as pessoas que aumentaram o risco potencial em primeiro lugar não sofrem conseqüência alguma, ou se beneficiam dele.

Embora o FMI esteja repleto de exemplos específicos de risco moral, sua própria existência é um risco moral.

O eminente economista Hans F. Sennholz (do Grove City College) resume as operações do FMI da seguinte forma:

"O FMI na verdade incentiva os banqueiros e investidores a tomarem riscos imprudentes fornecendo fundos criados com o dinheiro do contribuinte para socorrê-los. Ele incentiva os governos corruptos a adotarem políticas de expansão e retração econômica, vindo em resgate sempre que eles ficam sem reservas em dólar." [11]

A movimentação do dinheiro ocorre da seguinte forma: O Banco Mundial e o BIS desenvolvem os mercados para crédito incentivando os governos a contraírem empréstimos. Eles (e os bancos privados juntamente) são incentivados a tomarem empréstimos arriscados por que sabem que o FMI está pronto para resgatar os países que não estiverem honrando os empréstimos - o risco moral. À medida que os juros devidos se acumulam e finalmente ameaçam toda a estabilidade financeira do país afetado, o FMI intervém com uma operação de "socorro". Os empréstimos atrasados são substituídos ou reestruturados com empréstimos do FMI (fornecidos com o dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes). Dinheiro adicional é emprestado para pagar os juros e permitir uma maior expansão da economia. No fim, o país desesperado está ainda mais endividado e agora está sobrecarregado com todos os tipos de restrições e condições adicionais. Além disso, debaixo do falso escudo da "redução da pobreza", os cidadãos invariavelmente acabam ficando em uma posição pior do que estavam no início.

Condicionalidades
Este também é um termo técnico que tem um significado específico: Uma condicionalidade é uma condição vinculada a um empréstimo ou a um alívio da dívida concedido pelo FMI ou pelo Banco Mundial. Tipicamente, as condicionalidades não têm uma natureza financeira, como por exemplo, requerer que um país privatize ou deixe de controlar serviços públicos fundamentais.


Condicionalidades - Os países precisam adotar políticas econômicas especificadas como condição para receberem um empréstimo das instituições financeiras multilaterais como o FMI e o Banco Mundial. Exemplos de condicionalidades são os Programas de Ajuste Estrutural, que incluem medidas rígidas de austeridade que em muitos casos têm efeitos devastadores na economia do país que já luta com dificuldades.


As condicionalidades são mais significativas dentro dos assim chamados Programas de Ajuste Estrutural, criados pelo FMI. Os países são obrigados a implementar, ou prometer implementar, as condicionalidades vinculadas para que o empréstimo seja aprovado.

Programa de Ajuste Estrutural - Um processo imposto sobre os países pobres em que eles precisam privatizar o setor de serviços, exportar mais e reduzir o papel do governo na economia de modo a obter os empréstimos do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Os programas de ajuste estrutural produzem devastação para os cidadãos vulneráveis dos países pobres, uma vez que eles perdem mais de suas poucas proteções e serviços.


Os efeitos das condicionalidades são notáveis. O centro de estudos e debates globalista Foreign Policy in Focus publicou o relatório "Socorro Financeiro do FMI e Fluxos Financeiros Globais", do Dr. David Felix, em 1998. A introdução apresenta os seguintes pontos-chave:

O FMI foi transformado em um instrumento para espreitar e abrir os mercados do Terceiro Mundo para o capital estrangeiro e para coletar as dívidas externas.

Essa transformação viola o espírito e a substância da Carta do FMI e aumenta os custos para os países que solicitam ajuda financeira do FMI.

A crise operacional do FMI deriva da crescente resistência dos devedores às suas exigências de política, aumentando os custos fiscais e acumulando evidências do fracasso das políticas do FMI. [12]

O público geral não tem visto essas "críticas internas" do FMI. Se alguém de fora fizesse as mesmas críticas, seria colocado em ostracismo e considerado parte de um grupelho radical.

Portanto, as condicionalidades são um instrumento para forçar a abertura dos mercados nos países do Terceiro Mundo e coletar as dívidas atrasadas das organizações públicas e privadas. O resultado acumulado das condicionalidades é o aumento da resistência a essas exigências, chegando perto do ódio em muitos países. Os países que menos podem pagar são forçados a arcar com custos crescentes, dívida adicional e redução de sua soberania nacional.

Talvez o relatório de mais alta credibilidade sobre essa questão tenha sido produzido em 2002 por Axel Dreher, do Instituto de Economia Internacional de Hamburgo, intitulado "Desenvolvimento e Implementação das Condicionalidades do FMI e do Banco Mundial".

Dreher observa que não houve consideração de condicionalidades na fundação do FMI, mas ao contrário, elas foram acrescentadas gradualmente em número cada vez maior ao longo dos anos e principalmente por interesse dos bancos americanos. [13] As condicionalidades são arbitrárias, não-regulamentadas e impostas em graus variados em diferentes países de acordo com a vontade dos negociadores. Os países recipientes têm pouco ou nenhum poder de barganha.

O August Review já observou diversas vezes que 1973, com a criação da Comissão Trilateral, foi um ano pivô na correria para a globalização. Não é surpresa então, que as condicionalidades tenham se tornado uma prática comercial padrão em 1974 com a introdução da Facilidade Estendida do Fundo (EFF). [14] A EFF criou linhas de crédito que poderiam ser usadas conforme necessário por um país que estivesse enfrentando problemas, criando assim mais riscos morais.


Comissão Trilateral: - Uma organização privada fundada em 1973 por David Rockefeller e Zbigniew Brzezinski. Existem cerca de 300 membros, que são vitalícios e provenientes da Europa, Japão e América do Norte. Esses membros elitistas consistem de diretores de grandes empresas, acadêmicos e políticos de alto escalão.


Dreher também salienta a rígida coordenação com o Banco Mundial:

"As reformas sob os programas do FMI são criadas principalmente pelos economistas do Banco Mundial. As condicionalidades do Fundo freqüentemente reforçavam as medidas contidas nas operações de reforma de empresas públicas suportadas pelo banco. A seleção de empresas públicas a serem reformadas bem como as modalidades e os cronogramas também eram desenvolvidos pelo Banco Mundial." [15]

Portanto, vemos que o FMI não atua sozinho na aplicação das condicionalidades e que, em alguns casos, essa aplicação é claramente orientada pelo Banco Mundial.

A meticulosa pesquisa de Dreher revelou outra estatística interessante: A condição mais freqüente incluída é a privatização dos bancos - incluída em 35% dos programas analisados! Os banqueiros internacionais sempre tiveram desdém pelos bancos administrados pelos governos, em vez de pela iniciativa privada, ou empresas de capital aberto. Assim, eles usam o FMI e o Banco Mundial para forçar a privatização do que resta nas mãos dos governos no Terceiro Mundo.

Se tudo isso não fosse preocupante o suficiente, Dreher diz que existem conexões diretas entre as condicionalidades e vários bancos privados que trabalham em sintonia com o FMI e o Banco Mundial.

"Como os credores privados estavam dispostos a emprestar ainda mais somente se os programas do FMI estivessem sendo implementados, a alavancagem do Fundo foi aumentada... como para a solução das crises algumas vezes mais dinheiro é necessário do que pode ser fornecido pelas instituições financeiras internacionais, o FMI e o Banco Mundial dependem desses credores privados que devem, portanto, ter o poder de pressionar por condições que atendam aos seus interesses." [17]

Com o FMI, o Banco Mundial e outros bancos internacionais forçando os governos a administrarem seus países de modos que não são de sua escolha, e com os EUA vistos como o controlador principal dessas organizações, não é de se admirar que o Terceiro Mundo tenha desenvolvido um ódio tão intenso pelos EUA e pela globalização em seu próprio interesse que eles exportam sempre que possível. O processo de globalização é muito freqüentemente antidemocrático e totalmente ineficaz para cumprir seu elevado objetivo declarado de redução da pobreza.

Deve estar evidente agora que o "abridor de latas" para a globalização ocorrer é o poder do dinheiro. O dinheiro emprestado escraviza o devedor e coloca-o na dependência daquele que empresta. Quando o presidente Bill Clinton finalmente reconheceu o erro de suas atitudes durante o caso com a estagiária Monica Lewinski, ele declarou que foi pela pior das razões: "Por que eu podia". Por que essas organizações financeiras se aproveitam daqueles a quem eles sistematicamente colocam em risco? Porque elas podem.

O Socorro do FMI ao Brasil
Em 1998, a crise com a moeda brasileira foi causada pela incapacidade do país de pagar os juros acumulados excessivos sobre os empréstimos feitos por um período prolongado de tempo. Esses empréstimos foram feitos por bancos como Citigroup, J. P. Morgan, Chase e FleetBoston e eles poderiam sofrer a perda de uma imensa quantidade de dinheiro.

O FMI, o Banco Mundial e os EUA socorreram o Brasil com um pacote de 41,5 bilhões de dólares, o que salvou o Brasil, sua moeda e, incidentalmente, alguns bancos privados.

O congressista Bernard Sanders (I-VT), membro do Subcomitê de Política Monetária e Comércio Internacionais, alertou sobre essa operação de lavagem de dinheiro.

Vale a pena ler toda a declaração de Sanders para a imprensa:

Socorro do FMI ao Brasil é Mamata Para os Bancos, Mas Desastre Para os Contribuintes Americanos
Burlington, Vermont - 15 de agosto - O congressista Bernard Sanders (I-VT), um membro influente do Subcomitê de Comércio e Política Monetária Internacionais, propôs hoje uma investigação imediata do Congresso sobre o recente socorro de 30 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Brasil.

Sanders, que se opôs vigorosamente ao socorro financeiro e o considera uma forma de fornecer facilidades às empresas, quer que o Congresso descubra por que os contribuintes norte-americanos estão sendo solicitados a fornecer bilhões de dólares ao Brasil e quanto desse dinheiro será canalizado para os bancos americanos, como o Citigroup, FleetBoston e J. P. Morgan Chase. Esses bancos têm aproximadamente 25.6 bilhões em grandes empréstimos a tomadores brasileiros. Os contribuintes americanos financiam o FMI por meio de uma linha de crédito de 37 bilhões de dólares.

Sanders disse: "Em uma época quando temos um déficit nacional de 6 trilhões, um déficit federal crescente e um número cada vez maior de necessidades sociais não atendidas para nossos ex-combatentes, idosos e crianças, é inaceitável que bilhões de dólares de dinheiro do contribuinte sejam gastos para o FMI socorrer o Brasil."

"Esse dinheiro não irá ajudar de forma significativa os pobres naquele país. Os verdadeiros beneficiários nesta situação são os grandes e lucrativos bancos americanos, como o Citigroup, que ganharam bilhões de dólares em investimentos arriscados no Brasil e agora querem ter certeza que seus investimentos serão recuperados. Esse socorro representa uma flagrante forma de criação de facilidades para as empresas que precisa terminar. Interessantemente, esses bancos fizeram contribuições substanciais para a campanha de ambos os partidos políticos, o congressista acrescentou.

Sanders observou que as políticas neoliberais do FMI desenvolvidas nos anos 1980, empurrando os países em direção ao livre comércio sem restrições, à privatização e ao corte abrupto das redes de segurança social foi um desastre para a América Latina e contribuiu para o crescimento da pobreza em todo o mundo. Ao mesmo tempo em que certos países da América Latina, como o Brasil e a Argentina seguiram essas políticas neoliberais impostas pelo FMI, de 1980 a 2000, a renda per capita na América Latina cresceu a somente um décimo da taxa das duas décadas anteriores.

Sanders continuou: "As políticas do FMI nos últimos vinte anos defendendo o livre comércio sem restrições, a privatização, desregulamentação e o corte súbito dos investimentos dos governos em saúde, educação e previdência social foram um fracasso total para as famílias de baixa renda e da classe média no mundo em desenvolvimento e nos Estados Unidos. Claramente, essas políticas somente ajudaram as grandes empresas em sua busca constante por mão de obra mais barata e regulamentações ambientais mais frouxas. O Congresso precisa trabalhar em uma nova política que proteja os trabalhadores, aumente os padrões de vida e melhore o meio ambiente." [Ênfase acrescentada]

O Socorro Financeiro do FMI à Ásia
A crise das moedas asiáticas estourou em 1998, mas o FMI estava a postos para um gigantesco socorro. Vozes críticas do FMI naquele tempo incluíram George P. Schultz (membro da Comissão Trilateral), William E. Simon (Secretário do Tesouro nas administrações Nixon e Ford) e Walter B. Wriston (ex-presidente do Citigroup/Citibank e membro do CFR, o Conselho das Relações Internacionais). Eles escreveram conjuntamente "Abolir o FMI?" para a Instituição Hoover, onde Shultz também era um membro de destaque. O artigo diz:

"O socorro de 118 bilhões à Ásia, que poderá chegar a 160 bilhões, é de longe o maior já feito pelo FMI. Um segundo distante foi o socorro ao México, em 1995, que envolveu cerca de 30 bilhões em empréstimos, a maior parte do FMI e do Tesouro dos EUA. Os defensores do FMI freqüentemente citam o socorro ao México como um sucesso porque o governo mexicano pagou os empréstimos dentro dos prazos previstos. Mas o povo mexicano sofreu um grande declínio em seu padrão de vida como resultado daquela crise. Como é típico quando o FMI intervém, os governos e os emprestadores foram socorridos, mas não a população." [18; ênfase adicionada]


O ataque virulento continua por todo o artigo e conclui assim:

"O FMI é ineficaz, desnecessário e obsoleto. Não precisamos de outro FMI, como George Soros recomenda. Uma vez que a crise asiática terminar, devemos abolir aquele que temos." [18]

É interessante que esses membros centrais da elite global estejam apedrejando sua própria instituição. O que é causa indignação é vê-los se esquivarem totalmente de sua própria culpa pessoal por terem usado o FMI para dirigir a globalização com todos os seus malfadados efeitos colaterais. O fato que eles descrevem sucintamente o dano feito pelo FMI dispensa claramente sua típica afirmação de "ignorância". Estariam eles armando o cenário para o futuro desmantelamento do FMI para que ele seja substituído por outra autoridade monetária ainda mais poderosa? Somente o tempo dirá.

Argentina: Estudo de um Caso de Privatização
Em 2001, o FMI entregou um pacote de ajuda financeira à Argentina, no valor de 8 bilhões de dólares. Os maiores beneficiários foram os grandes bancos europeus, que detinham cerca de 75% da dívida externa do país. O rio do dinheiro fluiu da seguinte forma: O FMI entregou 8 bilhões de dólares (aproximadamente 1,6 bilhão era dinheiro suado dos impostos pagos pelos contribuintes americanos) para a Argentina; a Argentina comprou títulos do Tesouro dos EUA (o governo americano recebeu os dólares de volta após estes serem 'monetizados'); a Argentina entregou os títulos do Tesouro dos EUA aos bancos credores, que gentilmente concordaram em aposentar os inúteis títulos argentinos.

Menos de uma década antes, o FMI e o Banco Mundial apoiaram a Argentina no maior projeto de privatização das águas no mundo. Em 1993, Águas Argentinas foi formada entre a Secretaria de Recursos Hídricos da Argentina e um consórcio que incluía o grupo Suez, da França (a maior empresa de águas no mundo) e Águas de Barcelona, da Espanha. A nova empresa cobria uma região povoada por mais de dez milhões de pessoas.

Agora, após dez anos de tarifas mais altas para a água, menor qualidade na água e no tratamento do esgoto, e melhorias na infra-estrutura negligenciadas, o consórcio está rescindindo seu contrato de trinta anos e saindo fora. A amargura entre Águas e os oficiais do governo se aprofunda por causa das promessas quebradas e das reações políticas.

A seqüela de Águas Argentinas é registrada na edição on-line de 21 de novembro de 2005 do jornal britânico The Guardian:
Mais de um milhão de residentes na província rural argentina de Santa Fé estão enfrentando uma ansiosa espera para saber se haverá água em suas torneiras e na descarga da privada nas próximas semanas.

Desde 1995, a província tem seu fornecimento de água potável e os serviços de saneamento realizados por um consórcio liderado pela multinacional francesa Suez; agora, o gigante grupo do setor de serviços quer sair e planeja fazer isso no prazo de um mês.

A decisão, que segue o colapso ruidoso de outros esquemas de privatização das águas em países incluindo Tanzânia, Porto Rico, Filipinas e Bolívia, levanta novamente questões sobre a viabilidade de privatizar serviços públicos nos países em desenvolvimento.

O grupo Suez também está se preparando para abandonar antecipadamente sua antigamente lucrativa concessão na capital argentina, Buenos Aires. O contrato, firmado em 1993, marcou o maior projeto de privatização de águas no mundo.

Em ambos os casos, a empresa francesa está rescindindo seu contrato de trinta anos com apenas um terço do período cumprido. O grupo Suez não consegue fazer a concessão gerar lucros - pelo menos não dentro dos termos do acordo atual.

O gigante grupo francês conseguiu ambos os acordos de serviços em meados dos anos 1990, quando a Argentina fez uma gigantesca reforma em seu setor de serviços públicos, em grande parte por ordem do Banco Mundial e de outras agências de empréstimo. [19]

A companhia Águas Argentinas explorou o mercado enquanto pôde e depois simplesmente deu o fora. E por que não? Os lucros cessaram e aquele não é o país deles!

As estatísticas globais mostram que cerca de 460 milhões de pessoas em todo o mundo agora dependem da empresas privadas para o fornecimento de água potável, como a Águas Argentinas, em comparação com apenas 51 milhões em 1990. O FMI (e o Banco Mundial) alavancaram os 400 milhões de clientes adicionais para os contratos de privatização com as megaempresas de abastecimento de água da Europa e dos EUA. Agora que toda a gordura já foi retirada do leite, essas mesmas empresas estão dando desculpas e saindo da festa - deixando os clientes furiosos e os governos trôpegos, incapazes e ainda sobrecarregados com os bilhões de dólares da dívida incorrida (por insistência delas) para iniciar a privatização.

Nota: Em fevereiro de 2003, a CBC News, no Canadá, produziu uma ampla reportagem intitulada "Lucro com a Água: Como as Multinacionais Estão Tomando o Controle de um Recurso Público", que foi apresentada em partes, durante um período de cinco dias. [20]

Conclusão
Este relatório não pretende ser uma análise exaustiva do FMI. Existem muitas facetas, exemplos e estudos de casos que poderiam ser explorados. Na verdade, muitos livros com análises críticas já foram escritos sobre o FMI. O objetivo deste relatório foi mostrar de forma geral como o FMI se encaixa na globalização como um membro crítico na tríade de potências monetárias globais: O FMI, o BIS e o Banco Mundial.

Apesar das propostas para a dissolução do FMI, algumas vindas até mesmo de dentro do próprio sistema globalista, ele continua a operar sem impedimentos e virtualmente sem prestar contas a ninguém. Isso lembra a continuação da operação do BIS mesmo após sua dissolução ser determinada oficialmente após a Segunda Guerra Mundial.

Para os propósitos deste relatório, é suficiente concluir que:
Dos dois fundadores do FMI, um era um americano traidor de seu próprio país e o outro era um cidadão britânico totalmente dedicado ao globalismo.

O FMI, em coordenação com o BIS, controla rigidamente as moedas e as taxas de câmbio na economia global.

O FMI é um canal para o dinheiro do contribuinte ser usado para socorrer os bancos privados que fazem empréstimos questionáveis a países já sobrecarregados com muita dívida.

O FMI usa condicionalidades como uma alavanca para forçar a privatização das indústrias básicas, como bancos estatais e serviços de água e saneamento básico.

As condicionalidades são freqüentemente estruturadas com a ajuda dos bancos privados que emprestam junto com o FMI.

As políticas de privatização atingem exatamente o efeito oposto do que é prometido.

A elite globalista não ignora e nem se arrepende dos problemas e aflições que o FMI tem causado a tantos países do Terceiro Mundo.

Quando o clamor público torna-se alto demais, a elite globalista simplesmente junta-se aos críticos (desse movo esquivando-se de toda a culpa) ao mesmo tempo em que caladamente cria novas iniciativas que permitam à elite dar continuidade aos negócios - isto é, aos seus negócios!

"O rico domina sobre os pobres e o que toma emprestado é servo do que empresta." [Provérbios 22:7]

Notas de Rodapé
1. Stiglitz, Globalization and its Discontents (Norton, 2002), pág. 12.
2. Ibidem, pág. 3.
3. Ladd, FBI Office Memorandum, 16 de outubro de 1950.
4. Beichman, Guilty as Charged, Hoover Digest 1999 No. 2.
5. Sítio do FMI na Internet: http://www.imf.org.
6. Sítio do Banco Mundial na Internet: http://www.WorldBank.org.
7. Baker, The Bank for International Settlements: Evolution and Evaluation,(Quorum, 2002), págs. 141-142.
8. IMF, What is the International Monetary Fund?, 2004.
9. IMF, Overview of the IMF as a Financial Institution, pág. 11.
10. Ibidem, pág. 3.
11. Sennholz, IMF Bailouts Make Matters Worse.
12. Felix, IMF Bailouts and Global Financial Flows, Vol. 3, No. 3, Abril de 1998.
13. Dreher, The Development and Implementation of IMF and World Bank Conditionality, Hamburg Institute of International Economics.
14. Ibidem, pág. 9.
15. Ibidem, pág. 17.
16. Ibidem, pág. 18.
17. Ibidem, pág. 21.
18. Shultz, et. al, Who Needs the IMF?, Hoover Institution Public Policy Inquiry on the IMF.
19. "The trickle-away effect", The Guardian, 21 de novembro de 2005.
20. CBC News, Water for Profit: how multinationals are taking control of a public resource."


p.s. 28/02/2012 - revisto e ampliado

p.s. 29/02/2012 - Quero deixar claro que a despeito de concordar com as conclusões finais do artigo acima, que segundo a fonte mencionada seria texto de autoria de Patrick M. Wood, do site www.augustreview.com, publicado em 2007, eu discordo da idéia de desfazimento do FMI, BIRD, IDA e BIS, assim como de qualquer organismo multilateral de função relevante mundial, como a ONU, Unesco e o Greenpeace. Entidades internacionais não são prejudiciais por si só. Qualquer empresa, associação, instituição ou organização pode ser usada para fins bons ou ruins. O FMI até hoje foi usado como um braço de organizações e empresas gigantescas americanas, européias e japonesas, através de governos americano, japonês e europeus, para avançar sobre a infra-estrutura e empresas dos países subdesenvolvidos, prejudicando-se os contribuintes europeus, americanos, japoneses e de todos os países que contribuem pra o FMI, tanto quanto prejudicando a soberania e autonomia dos países que tomaram empréstimos e a qualidade de vida da população desses mesmo países tomadores de empréstimos. Entretanto, a forma de atuação do FMI pode ser mudada. Criar um organismo dessa dimensão que funcione não é simpes e o desfazimento do FMI para criar outro é uma sugestão no mínimo infantil, afinal, quem faria esta outra instituição? Quais países fariam parte desta outra instituição? Os mesmos de hoje. E e que proporção de investimento par ter direito de voto? Provavelmente na mesma proporçao de hoje. E quais as forças polítias e econômicas por detrás dos govenos que atuariam nesta nova instituição substituta ao FMI? As mesmas de hoje. Portanto, não adianta acabar com o FMI que tem função interessante a todos, caso fossem cumpridos os pressupostos e finalidades estatutárias. Não importa que aqueles que o organizaram, à época tivessem interesse em prejudicar paises pobres tornando-os servos dos países credores. Não importa que somente o Brasil tenha conseguido ser o único que se levantou, e somnete depois que desenvolveu plano econômico próprio (Palno real) exitoso que organizou a econmia e junto com a Lei de Responsabilidade Fiscal organizou as finanças públicas. Durante o período de vacas magras, o dinheiro do FMI foi importantíssimo a nós. Não importa que o FMI tenha errado em diagnósticos (intencionalmente ou não) e que tudo o que exigiu de devedores pobres agora não o faça da mesma maneira com países devedores ricos. Essa alteração de postura servirá para alteração de conduta para próximos empréstimos a pobres de novo. Todas as sociedades bem representadas e de boa-fé, como o nosso país, devem tentar aumentar sua participação no Fundo e aumentar seu poder de voto para que a maioria e o interesse da maioria prevaleça, como o Brasil está fazendo. Se isso ocorrer, cada vez mais o FMI será instrumento usado de forma positiva, de acordo com o interesse não só de empresas americanas, européias e japonesas, mas poderá atuar de acordo com o interesse de todos os 185 países que o compõem. Esta é minha opinião. Um FMI com atuação positiva será bom para contribuintes americanos, europeus, japoness, brasileiros e de todos os países participantes, mas depende de se querer o embate político para dirigir esse novo FMI. O Brasil está nesse caminho exigindo aumento de cota, e respectivo direito de voto, proporcional ao aumento de aporte de capital pedido pelo FMI para ajudar os países que passam pela atual crise internacional financeira que iniciou em 2008 no epicentro econômico mundial ou seja, nso EUA, EUROPA e JAPÂO. É isso aí.

p.s. de 09/09/2014 - Desculpem o atraso deste post script, mas ainda não temos um serviço constante e ativo de criação de links entre artigos que se complmentam no Blog. Entretanto, a cada vez que vemos acessos a artigos e fazemos a conexão com os temas de outros artigos, realizamos estes posts para que você tenha acesso a mais informação conexa e realmente importante sobre o tema do artigo lido. Sendo assim, este artigo sobre o FMI deve ser lincado obrigatoriament com a maior promessa de mudança da geo-política econômica mundial que é a criação do Banco dos Brics. Leia sobre este tema em http://www.perspectivacritica.com.br/2013/03/fundo-de-us100-bi-dos-bricsa.html
Nôa se esqueça que há outros artigos no Blog sobre o tema FMI e Banco dos Brics. Fique à vontade para pesquisá-los dentre os atuais mais de 714 artigos disponíveis. Abraços do Blog Perspectiva Crítica. E boa pesquisa.

Saiba os parâmetros corretos para uma economia saudável no Brasil e no mundo

Pessoal, para evitar que você fique atônito e perdido em relação a parâmetros econômicos que sejam ideais para a economia do Brasil e do mundo, eu preparei uma tabela simples, com dados já consolidados e discutidos, originários da época pré-crise financeira mundial de 2008.

Isto será tão mais importante quanto os jornais venham a passar a publicar uma salada de números que somente são uma adaptação dos números antes vigentes simplesmente pelo fato de que as economias da Europa, EUA e Japão (centro do capitalismo mundial com PIB conjunt de 36 trilhões de dólares) não apresentarão mais tais numeros pelos próximos 10 a 20 anos.

Os números considerados saudáveis não mudaram, portanto. Mas as agêncis internacionais, o BIS, e todos os organismos financeiros e econômicos terão, a partir de agora, após a crise de 2008, de lidar com números econômiocs reais muito piores dos que existiam antes da crise. E como voltar para os parâmetros pré-crise demorará de 10 a 20 anos, não faz sentido em curto prazo se falar em tais valores, a despeito de aqueles números pré-crise terem sido alcançados a partir da análise econômica em um período de tranquilidade econômica, sem ânimos afetados pela quebra de bancos e instituições financeiras que tiveram de ser resgatados pelos respectivos Estados, inchando a dívida pública destes países e nos trazendo ao mundo de hoje.

Os números corretos indiscutíveis são:

Relação Dívida/PIB: 40%
Déficit Público: 3%


Por quê? Porque estes foram os parâmetros básicos a que a União Européia chegou para admitir que um país europeu integrasse a União Européia. Estes números não são cabalísticos nem derivam de numerologia, mas foram estudados a fundo e concluídos como os ideais para manter estabilidade econômica, um ambiente saudável para o Estado e para a área privada.

Além disso, qual seria a carga tributária ideal?

A média dos países da OCDE é de 34,8%, sendo a média na Alemanha de 37% e na França de 41,9%. Nos EUA, apesar de a carga tributária geral ser informada como 24% do PIB, para a classe média e média alta é de 40%, sendo de 17% para bancos, financeiras e investidores. A carga tributáia européia mantém há décadas uma qualidade de vida única, com assistência social, ensino público gratuito e acessível a todos de qualidade e saúde pública gratuita e acessível a todos de qualidade, não tendo impedido de com tal carga tributária o Estado Europeu perseguir Relação Dívida/PIB de 40% e déficit Fiscal de 3%.

Portanto chegamos a mais um número interessante. A carga tributária ideal é de 40% o valor do PIB, em média, para ter assistência social, previdência social, saúde pública gratuita para todos e escola pública gratuita para todos.

Juros Básicos, devem ser adotados os das economias maduras antes da crise e 2008, que eram em torno de 2% a 3% ao ano, para uma inflação de 0,8 a 2,2% ao ano, ou algo que garanta 0,5% a 1% de juros reais ao ano para o investidor em dívida pública (este é o normal e 0,5% ao ano é a remuneração real normal da poupança no Brasil). Esses são os números ideais para inflação e juros públicos, portanto.

E a dívida privada? Essa já tem peso diferente para países que praticam juros básicos normais (de 2% ao ano) e países como o nosso que praticam 10,5% ao ano. E mais, é diferente para que os juros bancários é de 4% ao ano e, para nós é de 40% a 121% ao ano. Esse dado é novo e menos consistente. As economias maduras,antes da crise de 2008, já tinham dívidas privadas altas, bem maiores do que as nossas, pois os juros bancários já eram e ainda são muito menores do que os nossos. Mas acredito que oscilavam entre 75% e 90% do PIB dos países. Ouvia-se falar muito nesses números quando se falava da rellação crédito/pib, a qual chegava a 100% do PIB,no máximo. Mas estas informações eram menos divulgadas e nunca chegou a ser publicada em massa na midia. Então, considerando que a previsão atual de limite de dívida privada/PIB está inchada em 90% do PIB, vamos fechar em 75% e igualar a relação dívida privada/PIB (endividamento das famílias) à relação crédito/PIB (relação entre quanto crédito há na economia em relação ao PIB). Para mim poderia ser de meros 45%, podendo o Brasil expandir em pouco menos de 50% seu índice atual de dívida privada/pib de 33%, mas vamos adotar o parâmetro mais baixo praticado nas economias maduras antes da crise de 2008.

A inflação também se mostra diferente nos países de economia madura e nos países emergentes, que estão aquecidos por altos crescimentos. A inflação pré-crise nas economias maduras oscilava em torno de 0% a 2%. Adotemos este parâmetro, pois inclusive ele anda casado com a fixação de juros públicos e, naturalmente, os juros reais, que são equivalentes à subtraçao entre os juros públicos e a inflação.

O desemprego histórico nos EUA, Europa e Japão, em épocas normais pré-crise oscilava entre 4 e 6%. Vamos adotar isto. Apesar de ser parâmetro social, tem óbvios efeitos econômicos, por impactar na arrecadação tributária e previdenciária e no gasto público com assitênica social (auxílio-desemprego).

Pois bem senhores, assim temos a tabela de parâmetros ideais econômicos seguinte:

Relação Dívida Pública/PIB ideal: 40%
Déficit Público/PIB ideal: 3%
Carga tributária/PIB ideal: 40%
Relação Dívida Privada/PIB ideal: 75%
inflação ideal: entre 0% e 2% ao ano
Juros públicos ideais: entre 2% a 3% ao ano
Juros públicos reais ideais: entre 0,5 a 1% a ano
Relação crédito/PIB ideal: 75%
Desemprego ideal: entre 4% e 6% da população economicamente ativa


E quais são os números atuais do Brasil?

Relação Dívida Pública/PIB: 40,3%
Déficit Público/PIB: atualmente há superávit primário de 2,7% e déficit nominal de >2,5%
Carga tributária/PIB: 33,4%
Relação Dívida Privada/PIB: 33%
Inflação: 6,5% (nossa meta é de 4,5%, podendo variar entre 2,5% e 6,5%)
Juros públicos: 10,5%
Juros públicos reais: 5% ao ano
Relação crédito/PIB: 48%
Desemprego: 6% da população economicamente ativa (o mês de dez/2011 chegou a 4,7%)

Estou satisfeito de passar isto para você. É importante não perder os paradigmas econômicos verdadeiros. A perspectiva momentânea e de curto prazo não te informa. A adaptação de números econômicos ideis para a realidade atual de uma Europa, EUA e Japão em desordem econômica não pode apagar a memória do qu é o correto e o que deve ser perseguido. Esta adequação de parÂmetros econômicos, sem que se aponte a situação excepcional que obriga a esta adaptação parametral, é para criar a idéia de uma outra normalidade, a normalidade possível para a Europa, EUA e Japão, para irmos nos acostumando, e assim os investidores, à idéia de que estes números vieram para ficar pelos próximos 10 a 20 anos e portanto, nao adinata os investidores exigirem juros demais para financiar a dívida pública dos EUA, Europa e Japão, porque nada de melhor há e e números econômicos melhores também não haverá por muito tempo.

Mas existirão sim, e isso não poderão evitar, no Brasil, China e Índia. Hoje de todos estes países citados somente o Brasil teria condições de participar da União Européia. Ontem, 27/02/2012, foi publicado no Jornal o Globo que o governo pagou mais R$76 bilhões de dívida, diminuindo a dívida pública interna. Nós estamos indo muito bem. Adotemos e persigamos os parâmetros econômicos corretos para uma economia realmente e duradouramente saudável, com baixo índice de desemprego, com assitÊncia e previdência social, com saúde pública e gratuita de qualidade para todos e com Educação Pública e gratuita de qualidade para todos os cidadão brasileiros.

p.s. 28/02/2012 - revisto e ampliado

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Como se baixar juros bancários no Brasil?

Gente, há pouco tempo houve a publicação no Jornal O Globo de que Dilma, Mantega e o Banco Central estariam focando forças em entender e adotar medidas para diminuir os juros bancários no Brasil.

Sim, já baixaram bem em relação ao passado próximo, mas ainda são extorsivos e dos maiores do mundo passando os praticados pela máfia italiana, por exemplo, que pelo que me lembro, foi publicado há anos atrás como sendo 8% ao ano (Deus queira que abram estabelecimento bancário por aqui!!! rsrsrs).

Mas o crédito pessoal chega facilmente a 40% ao ano e até a 121% ao ano, como no caso de cartões de crédito que cobram 10% ao mês, calcados na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça de que são instituições financeiras e que, portanto, não estão submetidas à Lei da Usura que impõe cobrança civil de no máximo 12% ao ano.

Na verdade o entendimento jurisprudencial no Brasil foi esquisitíssimo quanto à natureza das Administradoras de Cartão de Crédito, pois elas não são bancos, mas simplesmente têm outorga contratual para tomar empréstimo em nome do titular do cartão, e financiar sua compra. Se têm outorga para tomar empréstimo em nome do titular, só poderiam repassar o custo. Portanto, como é tomadora de grande porte, é sabido que pagam em torno de 1% ao mês às instituições bancárias, financiam a compra, recebem sua remuneração de parte da operação repassada pelo lojista, mas ainda cobram 10% ao mês em média por isto (e não aquele 1% de custo da operação de empréstimo que tem autorização do titular para fazer), sem realizar a atividade de uma instituição bancária (intermediar valores entre poupadores e tomadores de empréstimo e ganhar nesta operação). Mas tudo bem... fazer o quê? Se os tribunais interpretassem corretamente, tudo o que foi cobrado de juros equivocadamente e ilegalmente pelas adminstradoras de crédito deveria ser devovido em dobro, o que quebraria com todas elas e poderia criar um caos de valores talvez aquivalente à crise financeira européia.. então, elas ficaram grandes demais para quebrarem por causa de aplicação correta da lei.

Mas vamos em frente... como baixar o juros bancário no Brasil?

Pessoal, é difícil.. mas seriam de quatro formas: (a) abrir o mercado de capital brasileiro para a concorrência estrangeira, (b)diminuir tributos, juros públicos e implementar cadastro positivo, (c) diminuir tomada de empréstimo governamental ou (d) induzir a queda por concorrência forçada de Bancos Públicos.

A concorrência estrangeira seria interessante, mas quando eles entram aqui, a prática demonstra que adaptam seu spread (diferença entre o valor que paga pelo dinheiro que toma e o que empresta) ao estrondoso spread brasileiro. Preferem, ao invés de praticarem o juros que praticam em seus países, cobrar o mesmo que bancos brasileiros extorquem de seus concidadãos. Então, uma opção que seria a concorrência estrangeira não funciona aqui. Além de que para abrir mais o mercado de capital deveríamos exigir contrapartida nos países beneficiados, e eles não parecem muito interessados em concorrer com nossos gulosos e eficientes bancos, ainda mais hoje em dia em que os bancos brasileiros são uns dos mais seguros em todo o mundo. Então, essa medida até hoje foi ineficaz e impraticável adequadamente no Brasil.

A diminuição de tributos, juros públicos e o cadastro positivo são medidas interessantes... mas não surtirão muito efeito no sentido de diminuir juros bancários, infelizmente. Nossos bancos já passaram pela experiência de redução de juros e IOF. Sabem o que fazem? Embolsam a diminuição do custo de juros público e tributos e não diminuem na mesma proporção concedida pelo governo na ponta do crédito. Claro.. demonstram cálculos de que essa diminuição é relativa e portanto não pode ser repasssada integralmente em pontos percentuais ao consumidor, mas todo mundo sabe que o que fazem é apropriarem-se da diminuição de custos com juros públicos e com tributos e engordam os lucros. O cadastro positivo, senhores, vocês verão... nada mudará.. desculpem o ceticismo. Ou se mudar, não será na proporção que dizem. Este argumento foi criado pelos bancos para justificar ao governo o alto spread sob o argumento etéreo mas real da inadimplência. Existe a inadimplência, mas ninguém diz, porque é impossível, qual o peso da inadimplência exatamente na composição dos juros bancários cobrados do consumidor. A inadimplência gera uma desconfiança de não recebimento de pagamento, o que é elemento subjetivo e, portanto, imensurável objetivamente. Os bancos não contavam é que os legisladores realmente criariam isto, inclusive criou-se celeuma grave sobre se isso feria direito de privacidade, mas está aí, quase regulado... a regulação e aplicação demorará o quanto os bancos puderem adiar, pois cria-se uma base de dados objetivos que deveria baixar juros para os bons pagadores, mas o componente desconfiança de inadimplência que sustentam é subjetivo, portanto, não acredito que será o santo graal o cadastro positivo.. os bancos são muito criativos e a desconfiança geral da inadimplência é dado subjetivo, além de que cada empréstimo sofre influência da inadimplência geral, mesmo que diminuído em virtude do cadastro positivo para o bom pagador.. então...

Agora, sobram dois elementos reais e aí sim, decisivos: tomada de empréstimo pelo governo e indução de juros mais baixos por bancos públicos.

Se o governo diminuir a sua dívida interna, hoje em 1,780 trilhão de reais, isso faz com que sejam necessários menos reais para financiar a dívida pública. Assim, não pegando mais valores, o Governo tanto pode continuar a baixar juros a serem pagos (juros selic) como deixam dinheiro nos bancos que, para não os deixar parados, deverão emprestar aos indivíduos e empresas. Assim, a diminuição de tomada de empréstimo por parte do governo federal gera ampliação de oferta de dinheiro no mercado que gera pressão de baixa nos juros bancários praticados no mercado brasileiro de forma efetiva e contundente. Os bancos deverão concorrer por tomadores privados, gerando baixa de juros. Isso já acontece em relação aos juros consignados para servidores públicos, que estão em 1,65% ao mês, em média.

E outra medida efetiva de verdade é a indução de baixa de juros bancários através da determinação governamental para que os bancos públicos baixem juros cobrados ao consumidor. Isso, durante a crise de 2008, além de salvar a liquidez do mercado financeiro nacional (aliado à injeção de capital do tesourto no BNDES para concessão de empréstimos a empresas), acabou gerando um aumento de credit market share (participação no mercado de crédito) a favor do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

Isso porque o cidadão verá que pode refinanciar sua dívida que tem juros altos no banco particular através de transferência dessa dívida ao banco público, mudando para taxas menores. Isso é um medo absoluto dos bancos privados pois eles terão de baixar juros para não ficar sem clientes!!! Agora, essa baixa, no Banco do Brasil, tem que ser mais comedida no que na Caixa Econômica Federal, por quê? Porque o banco do Brasil é Sociedade Anônima Aberta com ações em bolsa. Medidas de determinação de diminuição de juros por imposição governamental mexerá com sua lucratividade e baixará o valor das ações. É bem claro que o aumento de market share possa elevar o valor das ações de novo em futuro próximo, mas isso é um pouco delicado. Já A CEF é 100% do Estado e não tem ações negociadas em bolsa, portanto, baixar juros na CEF é mais fácil e pode ser mais agressivo do que no Banco do Brasil.

No final, baixando o juros no Banco do Brasil e mais agressivamente na CEF, gerará uma concorrência a que os bancos privados não poderão se furtar de enfrentar e, como já aconteceu em 2008 e 2009, deverão baixar para níveis semelhantes aos praticados pelos bancos públicos. E isso pode ser feito até se chegar a níveis normais internacionais, observando-se a adaptação do mercado e a sanidade do sistema durante o processo, logicamente.

Assim, segundo esse Blog, as medidas que podem efetivamente gerar diminuição de juros bancários praticados exorbitantemente no mercado bancário extorsivo brasileiro, são principalmente o PAGAMENTO DE DÍVIDA INTERNA E SUA DIMINUIÇÃO CONSTANTE e a DETERMINAÇÃO GOVERNAMENTAL DE PRÁTICA DE JUROS AO CONSUMIDOR MAIS BAIXOS PELOS BANCOS PÚBLICOS.

p.s. 27/02/2012 - atualizado e ampliado

p.s.2 - Qualquer argumento teórico será relativizado pelos especilistas de alto nível e regiamente pagos pelos bancos. Só fatos práticos podem mudar o valor de juros bancários no Brasil. É secar a fonte governamental de tomada de empréstimo e criar concorrÊncia real com players grandes que baixem juros ao consumidor. Temos de parar de engolir esse blá blá blá de economista, senhores. É muito glamour e muita pesquisa.. banqueiros são práticos como verdureiros. Banqueiros, senhores, são vendedores de seguros de porta em porta, mas é que muito dinheiro faz glamour e a atividade é tão gigante que você vê colunas, portas gigantes, estrutura em madeira, gerentes educados e bem vestidos e acha que isso é algo além de um feirante... aí você perde o raciocínio de que o negócio é simples. Se um verdureiro vende todo mês oito alfaces para o governo, e isso é constante, ele pode separar as outras duas alfaces para cobrar o que quiser porque alguém vai comprar. Se o governo passa a comprar somente três alfaces, o verdureiro que precisa manter a venda, terá que se livrar de sete alfaces, e vai ter que baixar o preço. O mesmo acontece se o governo coloca dois verdureiros do governo vendneo mais barato.. menos pessoas procurarão as alfaces dos verdureiros privados e eles terão que baixar o preço da alface para não ver encalhada sua alface... entendeu? É simples assim. Banqueiros são feirantes glamourosos. Se vocÊ pensar assim e esquecer a estrutura do banco, vocÊ pensa melhor. A única diferença é que não vendem alface, mas dinheiro. E você paga em dinheiro, mas o preço se chama juros bancários.

Brasil tem menor relação dívida privada/PIB comparado à Europa, EUA e Japão

Ontem 26/02/2012, domingo, o Jornal O Globo (papel) publicou artigo sobre a dívida privada européia. Dado relevantíssimo para demonstrar a capacidade de essas economias se recuperarem via consumo. O arigo intitula-se "Excesso de dívida privada ameaça a Europa", acessível em http://oglobo.globo.com/economia/excesso-de-divida-privada-ameaca-europa-4069629

Reproduzo abaixo uma lista sintética para comparação das relações dívida privada/pib em 2010 desses países e o Brasil:

Irlanda – 341,3%
Brasil – 33%
Portugal – 248,5%
Holanda - 223,4%
França- 159,8%
Itália - 126,4%
Alemanha - 128,2%
Reino Unido - 212,2%
Áustria - 165,7%
Bélgica - 232,8%
Finlândia - 177,7%
Espanha - 227,3%
Grécia - 124,1%
Suécia - 236,9%
Dinamarca - 244,2%
(fonte: Jornal O Globo de 26/02/2012, pg. 33)


Enquanto no Brasil a média de endividamento das famílias está em 33% do PIB brasileiro (com juros altos, bom que se diga), EUA, Japão e Europa estão com não menos do que 120% e com média européia de 165% o valor do PIB de cada País!!! Bem, isso mostra mais um dado positivo da situação econômica brasileira, possibilidade de crescer a mais de 4% ao ano e demonstra que, a não ser que se decrete calote nesses países, o crescimento econômico de Japão, EUA e Europa e a diminuição da relação Dívida/PIB evoluirá lentamente por ao menos 10 a 15 anos, no mínimo, para voltar a uma situação normal. Neste quesito o Brasil também está muito bem obrigado.

É bem verdade que um dos motivos de nossa dívida privada/pib ser tão baixa é o fato de os juros bancários no Brasil serem muito maiores do que juros cobrados pela máfia italiana. Mas a questão fática é que o endividamenteo privado europeu, americano e japonês atingiu níveis irresponsáveis para o sistema. E isso mostra que tentar incentivar o consumo será difícil, em tese, nessas economias, portanto, a recuperação de todos esses países será lenta mesmo, pois hoje em dia grande parte dessas economias depende justamente do consumo, que chega a ter peso de 66% a 75% em vários países, incluindo EUA, Japão e Alemanha.

E nós não. Nós temos folga para que, com juros ao consumidor compatível com o resto do mundo civilizado, possamos manter crescimento de 5% ao ano facilmente e sem pressão inflacionária, adotando medidas macroprudenciais mais do que aumjento de juros. E por que a mídia diz que crescimento nesse nível é impossível? Por que dizem que gerará inflação? Porque repetem, como sempre repetiram, as soluções estrangeiras aqui, a sugestão de soluções estrangeiras para o Brasil, porque querem ser reconheciods por suas opiniões no exterior e naõ no Brasil e porque têm uma simbiose com as instituições bancárias que cooptaram intelectualmente as grandes empresas de mídia há décadas e para instituição financeira crescimento do País á base de baixa de juros bancários, a curto prazo não faz sentido, pois a baixa de juros bancários levará à imediata baixa de lucratividade que justifica a manutenção das presidências e diretorias das instituições financeiras, ano a ano.

Bom, senhores, outra informação interessantes é a de que o crédito total no Brasil em proporção ao PIB está ainda em 45 a 48% do PIB, enquanto nos EUA, EUROPA e Japão está entre 100% e 200% do PIB desses países, às vezes mais. É lógico que muito disso refere-se ao fato de os juros serem baixos e de ter havido crescimento irresponsável do qual agora os mercados americanos, japoneses e europeus se ressentem.

Isto mostra que Europeus, japoneses e americanos viveram acima de suas possibilidades. Portanto, não temos de chegar aos números não saudáveis eurpeus, americanos e japoneses, neste particular sobre relação dívida privada/PIB e relação crédito/PIB, mas é bom que entendamos que nossas possibilidades econômicas em gerar riqueza e proporcionar conforto ao brasileiro são melhores do que já foram e são totalmente possíveis. Devemos realizar esse potencial.

É importante eu mencionar um dado que realmente me surpreendeu quando li o artigo que comento. Lá estava dito que o nível de relação dívida pública/PIB considerado razoável seria de 85%. O trecho do artigo reproduzo abaixo:

"Artigo publicado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), no fim do ano passado, mostra que, no caso das dívidas privadas, o limite entre o bom o e mau é cerca de 90% do PIB. Para as dívidas públicas, esse limite está em 85% do PIB."
(acessível em http://oglobo.globo.com/economia/excesso-de-divida-privada-ameaca-europa-4069629)

Por quê? Porque a Alemanha que é a economia avançada que está com melhores contas econômicas está neste patamar. EUA está acima (mais de 100%), Japão está com mais de 200% e muitas economias européias estão acima deste patamar. Agora saiba, que quando a dívida desses países era de 25% a 45% a relação Dìvida Pública/PIB, o Brasil chegou a 55% e esta dívida era tida como impagável pelos mercados internacionais se atingisse 56%!!! Esse número fatídico foi informado à época (1995/1998) pelo Delfim Neto.

Por que agora o número é 85%? Porque interessa à Europa, EUA e Japão. Quando publicou a menção a este númeor, em seu artigo, o Jornal o Globo não mencionou que no passado recente com o Brasil se aproximando de 56% de relação dívida pública/PIB a dívida era considerada virtualmente impagável.

Quero que você veja como aqui há reprodução de concepções do centro do capitalismo e do sistema financeiro mundial. Infelizmente só quem acompanha e compara informações de cinco a dez anos para trás acaba tendo condições de ver isto. Mas eu compartilho aqui com você, para que ao menos você e eu saibamos.. porque só são precisos poucos que conheçam para apontar a verdade para o resto que tem sonegada informação de qualidade com a qual possa entender os fatos sociais, econômicos e políticos que o circundam e regem suas vidas e a de suas famílias.

O Brasil está bem, mas pode ficar ainda melhor, mas não repetindo o estrangeiro aqui e muito menos repetindo as concepções estrangeiras aqui. Temos de ter visão e concepções brasileiras, autônomas, para desenvolver nossa realidade em nosso inteiro benefício, para crescimento do Brasil, para melhoria de qualidade de vida de nós, brasileiros.

p.s. 27/02/2012 - revisto e ampliado

p.s. de 13/01-2014 - Hoje e dia, após a política de governo de tentar manter crescimento econômico e empregos através de estímulo ao consumo (política anti-cíclica que foi corretamente aplicada, segundo entendemos, mas cujos efeitos positivos esgotaram-se em meados de 2013), o índice de endividamento da família brasileira subiu para pouco mais de 45%. A Europa começou a ter problemas quando esse índice atingiu 75%, pelo que vi. Mas isto é uma questão para ser melhor analisada. Os índices de endividamento americanos e europeus parecem ser historicamente maiores que os nossos por eles usarem muito o crédito hipotecário, até mesmo para consumo. O excesso dessa prática é que gerou os títulos subprime e o íníico da crise financeira mundial que agora parece estar com reflexos negativos mais amenos.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Bibliografia e Cinematografia Objetiva Comentada do Blog Perspectiva Crítica

Pessoal,

acho muito importante compartilhar as fontes de cujas águas pude beber e que me levaram às múltiplas reflexões para eu forjar minhas perspectivas que apresento a vocês cotidianamente.

Naturalmente, a formação da perspectiva individual é extremamente complexa e creio ser mesmo impossível aquilatar a proporção de um ou outro livro, um ou outro filme, artigos de jornal, artigos de revistas, troca de idéias com amigos e familiares na definição da perspectiva individual de alguém. Da mesma forma é difícil entender e definir a importância de tantos outros meios, através dos quais foi possível exercitar idéias, destilar argumentos, contrapor perspectivas na formação da perspectiva individual que me direciona na compreensão da análise de fatos políticos, sociais e econômicos.

Da mesma forma que perguntado pelo Imperador Augusto, Virgílio informa que não é possível saber se o homem trilha um destino pré-definido ou ele mesmo cria esse destino, concluindo que "o fato é que o homem não tem paz enquanto não alcança aquilo que entende compatível com suas perspectivas", sinto que a perspectiva tem um misto de propensão inata ou inclinação a enxergar fatos de uma forma aliado à influência de informações, educação e cultura que lhe chegam por sua sociedade, que a influenciam, mas não de forma passiva, pois você pode escolher dar ênfase a uma perspectiva outra. Você define no final das contas aquilo que o convence do que é o melhor para você e para a sua sociedade. E todas as concusões são legítimas, mas umas são mais defensáveis do que outras e quem for mais bem informado terá mais condições de sustentar sua perspectiva, pois teve a oportunidade de expor suas teses mais vezes, corrigindo-a, complementando-a, destilando-a.

Dessa forma, ciente de que em ninguém a bibliografia e cinematografia que indico gerará o mesmo efeito do que em mim, a bem da relatividade da realidade e para bem da sociedade, inclusive, que ganha com tantas mais conclusões diferentes se possa obter de mesmas fontes de pesquisa, apresento fontes destacadas de altíssima importância para minha formação pessoal e amadurecimento de minha perspectiva individual, ou seja, apresento algumas das mais importantes fontes que exerceram forte influência na construção da minha perspectiva sobre o mundo como ele é e como ele deveria ser.

Apresentarei os livros, artigos e filmes com pequeno comentário. São eles:

1 - "Comissão Trilateral - A Nova Fase do Capitalismo" - Este livro publicado em 1979 foi escrito com base no estudo de relatórios da Comissão Trilateral (EUA-Europa-Japão) com sede nos EUA que discutia interesses de política econômica mundial sob a perspectiva de países centrais e países periféricos. Depois da publicação do livro nos EUA as reuniões passaram a não ser públicas e não mais houve publicações de seus relatórios. Há menção específica ao cuidado com o crescimento do Brasil. Há cópias de documentosd. Estão lá todos os elementos de que nossos professores de geografia e história falavam mas nunca provaram sobre haver uma "conspiração" internacional para manter ricos de um lado e manter pobres (mais países do que pessoas) na sua condição de pobres. Foram criados argumentos de taxação de produção industrial comercializada internacionalemente com base em argumentos de direitos humanos (liberdade, respeito a direitos civis, etc..) e com base em argumentos ecológicos. Quem ler o livro ficará chocado completamente, mas terá dificuldade em achar, pois depois da publicação brasileira em 1979 nunca mais foi publicado. Eu tenho três originais comprados em sebo pela internet e tenho uma cópia xerox que me foi dada por um advogado da Petrobrás antigo, ex-militar, com quem trabalhei na Governadoria do Estado do Rio de Janeiro. Obrigado pelo livro, George Barbosa.

2 - "Brasil na América" de Manoel Bonfim - Publicado em 1939, este livro deste valoroso nordestino, traz uma historiografia do nosso País muito diferente do que você ouviu no colégio. Apesar de um tom um pouco ufanista (não sem razão), suas conclusões sobre a formação única de nossa sociedade é extremamente lúcida, baseada em relatórios de Padres Jesuítas em suas missões e de relatórios e diários de Naus Capitânias da época do descobrimento e não em interpretação de cientistas estrangeiros sobre o que acharam do Brasil quando aqui aportaram para estudar nossa sociedade (visão até hoje preponderante mesmo por parte de historiadores brasileiros, fato que tem revertido tendência finalmente e fortemente nos últimos quinze anos). Você encontrará a informação lógica e fundamentada de que os portugueses a aportarem aqui foram os mais criativos, nobres e intrépidos de sua época, pois investimentos em expansão marítima eram caros e, sem resultados, poderiam quebrar as finanças de Portugal. Sem contar o fato de os Comandantes não saberem com o que se deparariam os induzia a procurar os melhores oficiais, e estes os melhores sub-oficiais e marinheiros. A América Portuguesa também não foi conquistada dos índios como ocorreu na América Espanhola, pois os dois milhões (censo jesuíta - mas que poderia estar subestimado e existir 9 milhões de índios no Brasil) não se assustaram com cavalos, mas sim deram ensejo a alianças para estabelecimento contra as tribos inimigas (dos índios) e os estrangeiors inimigos (dos portugueses), no caso os franceses que já estavam negociando por aqui antes de Cabral chegar. Essas alianças eram profundas e geraram, à falta de mulheres portuguesas e para garantir a tranquilidade e laços de confiança, uniões de portugueses e índias, gerando os primeiros brasileiros. E séculos depois o abuso por parte de Governadores, gerando reclamação dos índios por escravizamento de integrantes de suas tribos, era levado tão a sério para a manutenção da paz com esses milhares e milhões de índios, já brasileiros, que gerou o enforcamento deste governador na presença do chefe da tribo indígena para pacificação da situação. Assim, você observará que se um brasileiro não parece nem bem negro, nem bem europeu, isto é normalíssimo, pois praticamente todos os índios brasileiros foram absorvidos em nossa sociedade que se miscigenou entre negros, europeus e índios. Vale a pena.

3 - "Relações Perigosas Brasil x EUA - De Collor a Lula", de Moniz Bandeira. Lamento, não comentarei. Leia a verdade sobre interesses norte-americanos sobre as terras brasileiras desde a época de Dom Pedro II. Tire suas próprias conclusões. Moniz Bandeira foi perseguido durante a Ditadura, que primava por boas relações com os EUA, mas decidiu ficar aqui, sob risco de vida, para escrever e pesquisar sobre a relação entre Brasil e EUA. Ele faz isso desde ao menos 1960 e seus livros condensam seus estudos e pesquisas. Ele é um cientista brasilianista e americanista... brasileiro.

4 - "Presença dos EUA no Brasil", Moniz Bandeira. Leia. É um profundo trabalho altamente documentado da presença americana no Brasil e suas atividades comerciais, políticas e de interesse geral. Não é sórdido. Não é apelativo, como nada que Moniz escreve é. É o que é. É um trabalho árduo de pesquisa e te põe na mãos muito documento para você avaliar as relações entre Brasil e EUA por dois séculos. É bom ver algo autônomo, fundamentado, parcimonioso e informativo. É diferente do que você vê nos filmes,ok?

5 - "A melhor democracia que o dinheiro pode comprar", Greg Palast. Um dos muitos americanos preocupados com os crimes políticos, militares e sociais que os EUA perpetram no mundo (e internamente também) lança este livro interessantíssimo que conta várias histórias que a mídia não reproduz, como o fato de que o Chile cresceu também a partir de uma política de valorização de salário mínimo, tendo hoje uma das melhores economias e IDH da América do Sul. E vou reproduzir de um site um resumo sobre o capítulo específico sobre o Brasil que te deixará estarrecido: "Em 1998, às vésperas das eleições presidenciais no Brasil, um real valia um dólar. A moeda brasileira permaneceu supervalorizada até FHC se reeleger. O responsável por essa façanha foi Robert Rubin, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, juntamente com o FMI e o Banco Mundial. Antes da desvalorização do real e logo após a reeleição do presidente Fernando Henrique, o Tesouro dos EUA articulou com os bancos norte-americanos o enxugamento de seus depósitos no Brasil, fazendo com que as reservas internas despencassem de US$ 70 bilhões para US$ 26 bilhões, conta Greg Palast no livro" (obtido em http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_711.html). Acesse também http://www.gregpalast.com/

6 - "Economia ao Alcance de Quase Todos", John Kenneth Galbraith. Trata-se de uma entrevista da jornalista francesa Nicole sobre economia com um dos maiores economistas contemporâneos, falecido em 2006. Neste livro pequeno e simples (vários livros excelentes que li eram assim, pequenos, curtos, simples e diretos na informação a ser passada), é explicada a diferença entre política fiscal e política monetária, dentre outras questões essenciais econômicas que farão você possuir uma capacidade de analisar medidas de governo na área econômica de forma diferente da que você tem hoje, com certeza,... na hipótese de você não ser formado em Economia, claro.

7 - "1421 - O ano em que a China descobriu o mundo", Gavin Menzies. Este oficial de submarinos britânicos conta como descobriu que a China em 1421 havia mandado, por ordem do recém-empossado imperador Zu-Dhi (libertador dos chineses do jugo mongol e primeiro chinês a quebrar a tradição de líderes mandarins originários de Nankim), uma esquadra gigantesca (falam em mil navios), de galés até cinco vezes maiores do que as maiores galés existentes em Gênova ("País" ou Região autônoma da Itália medieval - A Itália só se unificou em 1870 por obra do Primeiro-Ministro João Cavour e na pessoa do Imperador Victor Emmanuele) de Marinha mais avançada à época, inclusive com armas de pólvora, ainda não empregadas na Europa desta época em grande escala,.. se é que já era conhecida. O objetivo era conhecer os povos e incluí-los no sistema tributário chinês, fazendo-os pagar tributos aos chineses. A China mapeou o mundo inteiro, chegou à Antártica, ao Ártico, à América do Sul e à Oceania. Anotaram 3000 (isso três mil) países na África (naturalmente povos organizados e não países como vemos hoje). Esse número em especial pode ter chegado errado aos registros caóticos desta expedição gigantesca, pois ao fim houve mudança de governo e vários registros foram queimados e/ou destruídos. Tais comandantes quando chegaram de suas expedições encontraram um país diferente do que os ordenou realizar a expedição. O autor reúne muitos dados, muitas provas e muitas informações no sentido de sua tese, inclusive reputa a descoberta do Brasil a um mapa chinês chegado a Portugal por um italiano negociador de especiarias com os árabes, árabes estes que fizeram chegar às mãos do italiano um mapa antigo chinês (chineses negociavam com árabes nesta época - 1480 d.c.) com a indicação da existência de terras conhecidas hoje como América do Sul. Este livro fará você pensar que o mundo todo poderia ser diferente, caso o grupo político dos mandarins não tivessem deposto Zu-Dhi, cooptando seu filho, e determinado o fechamento da China ao mundo por séculos até praticamente a fundação de uma colônia portuguesa, seguida da invasão inglesa (Hong Kong) e depois até a Segunda Guerra Mundial, condenando um grande e avançado povo ao ostracismo histórico completo. E se o presente poderia ser diferente, em função do passado e por escolhas políticas dos chineses, a idéia de que o mundo pode ser diferente no futuro por conta de suas opções e as efetuadas pelo nosso povo, no Brasil, também se apresenta como algo real. Interessante ver que isto é possível e que a História, como se nos é ensinada em colégios e em universidades, é um amontoado de convenções que podem ser mudadas por descobertas de verdades que estavam incógnitas. Por que acreditar cegamente no que te escrevem? Por que acreditar na mídia como "ser" onipotente de disseminação da "verdade"? Se senhores que estudaram a vida inteira para tecer a história erram no que é a verdade histórica que te apresentam, qual a chance de um jornalista que faz trabalho diário de informações te passar uma informação distorcida? Este livro abre fronteiras mentais que você talvez não tenha experimentado.

8 - Artigo "O Selvagem e a História. Heródoto e a questão do Outro", escrito por Klaas Woortmann, professor do Departamento de Antropologia da UnB. Interessantíssima desconstrução da idéia que é formada sobre o outro, em especial, o estrangeiro, como forma de compreensão do mundo e de construção de identidade nacional e pessoal. Este artigo te fornece meios para você se livrar de estigmas, preconceitos e rotulações por parte de sua própria sociedade, por parte de sociedades estrangeiras (rotulações de tipos de pessoas propagandeadas por filmes), e faz você despir sua mente (ou o mais próximo disso) de condicionalidades a que você é sujeito pela sua história, pelo seu tempo, por sua família e sua sociedade em ver pessoas e fatos. Acesse em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012000000100002&script=sci_arttext

9 - "Mongóis: um povo bárbaro (Magnífico)", de Danilo José Figueiredo, à época aluno do 3º ano de História da USP. É exatamente a mesma experiência pela qual você passa ao ler "1421 - O ano em que a China descobriu o mundo". Os mongóis influenciaram demais a história da Ásia e por pouco toda a Europa não foi conquista e devastada por eles, o que teria resultado em provavelmente o Brasil permanecer até hoje com índios, quem sabe.. ou nossos índios evoluírem ao ponto de hoje a civilização indígena da América do Sul atingir patamares fantásticos.. ou seja, a história seria diferente. Mas o melhor é ver que ninguém sabe o quanto estivemos próximos de ter um outro mundo. A China não existiria como vemos hoje, pois sua cultura teria sido queimada completamente, o que não ocorreu pelo respeito que um imperador mongol nutria por seu "professor" chinês que pediu pelas cidades chinesas e mostrou que era mais fácil e melhor explorá-las do que destruí-las. O Japão quase foi destruído por mongóis que sofreram o mesmo que ocorreu à Espanha contra a Inglaterra séculos depois: maremoto e fortíssimos ventos (chamados posteriormente de ventos protetores ou ventos assassinos - "kamikazes") dizimaram as embarcações mongóis por duas vezes salvando os japoneses que puderam ter, assim, por mérito em organizar a sociedade japonesa contra a invasão, a dinastia Bushi a levar o Japão para a fase medieval dos samurais que só foi alterada com a chegada de portugueses no século XVI e mais profundamente com a posterior chegada de ingleses no século XIX. Os mongóis acabaram com a dinastia russa de Kiev e implantaram a disnastia de Vassalos Russos de Moscou (moscovitas), dinastia esta que só foi expulsa/extinta em 1917 pelos Bolcheviques (Era a Suserania sobre o que seria a Rússia atual exercida pela "Horda Branca" até 1480 - ver também item "Dominação sobre a Rússia" em http://pt.wikipedia.org/wiki/Canato_da_Horda_Dourada). O início da Idade Moderna não seria possível como e quando ocorreu, se o avanço da "Horda de Ouro" (Reino -"Khan"- Mongol na Região Persa) não tivesse empurrado os turcos sobre o Império Bizantino que caiu com a tomada de Constantinopla em 1453, obrigando os Portugueses e Espanhóis a realizarem as expansões marítimas para compensar a perda da rota de especiarias do Oriente, via Constantinopla, acabando com a Idade Média de sistema feudal. Importante ver que a história é mutável e que o presente poderia ser diferente, assim como pode ser o futuro, que depende dos fatos e atos no presente, então, também depende de você. Acesse estupefacto o endereço http://www.klepsidra.net/klepsidra9/mongois5.html (ver p.s. de 28/02/2012)

10 - "Grandeza e Decadência dos Romanos", Montesquieu. Este livro é um manual sobre como ser um grande povo. Muito interessante. Curto, fino, objetivo, claro e didático, como todo bom livro deveria ser. Lendo-se-o tem-se a impressão que os EUA o segue como a uma Bíblia. Mas é claro que essa é minha impressão... mas nesse sentido, sigam os americanos tais preceitos ou não, nós deveríamos fazer o mesmo, para sermos uma grande civilização. A grande lição é de determinação e orgulho cívico (não moral, gente). Uma grande mensagem que gravei é a de valorizar a idéia de cidadania. Exigir respeito como cidadão, exercer seus direitos como cidadão e atuar de forma a garantir a grandeza do seu País diante de qualquer povo, mesmo diante daquele que aparente e momentaneamente se apresente como maior e mais forte. Mas há muito mais ali. Fique à vontade para descobrir.

11 - "O discurso sobre o objeto", José Wanderley Guilherme dos Santos. Interessante o estudo sobre a "mão invisível" em sociedade e a diferenciação entre "sujeito" e "agente" em sociedade, indicando que alguns entendem o que ocorre em sociedade ("sujeito"), mas não atuam alterando a realidade. Estes que atuam seriam os "agentes", mas muitas vezes não sabem como atuam. O ideal, ao meu ver, senhores, é tantos quanto puderem serem sujeitos e agentes em sociedades, sabendo avaliar a composição e alteração das forças sociais e agir para que essas relações evoluam, a bem de nossos familiares, a nosso bem e a bem de toda a sociedade. Eu procuro fazer isso. Bom livro.

12 - "Perspectivas Sociológicas", Peter Berger. Você é o que é? Ou você é aquilo em que a sociedade te molda? Interessante analisar essa questão. Entendendo a mecânica da identificação individual e social, fica mais fácil visualizar que a forma como você se vê ou vê o outro na sua sociedade ou na sociedade estrangeira não é a realidade, mas a mera forma como você vê essa pessoa e a si mesmo. Quem é você? Defina-se e seja.

13 - "O que é a Dialética", Leandro Konder, Coleção Primeiros Passos. Dialética é um instrumento de debate e construção de realidades, a partir da crítica de uma realidade ou argumento que se põe primariamente a você. Aprenda o básico (e nada além disso é necessário, lhe garanto), e use a dialética para definir questões, conceitos e aprender a debater.

14 - "Filosofia do Direito", Miguel Reale. Este livro tem umas 700 páginas. Ignore tudo e leia somente a parte sobre "ontognoseologia". Na edição em que li estava nas primeiras 40 páginas. Ontologia é o estudo sobre o objeto. Gnoseologia é o estudo sobre o sujeito. Ontognoseologia é o estudo do objeto enquanto ente cognoscível (passível de ser estudado e conhecido) e do sujeito enquanto ser cognoscente (pessoa que estuda o objeto). Como o sujeito que escreve ou fala sobre determinado assunto? Quem ele é? quais são suas condicionantes de raciocínio que limitam sua prespectiva sobre o tema do qual fala ou escreve (questiona-se o sujeito)? E sobre o que ele fala (questiona-se o objeto)? Há mais de um a^ngulo sobre aquilo que está sendo escrito? Posso ver de outra forma ou só existe essa forma de escrever ou falar sobre esse assunto? Dificilimamente há uma só forma de se ver, falar ou escrever sobre um assunto, portanto, não existe verdade real. É como um provérbio escrito num Dojô de Samurais no filme "Depois da Chuva" de Akiro Kurosawa, "Não há a verdade, só fatos". Estude o objeto sobre o qual se fala ou escreve. Estude o sujeito que fala e escreve sobre algo, para ver se você tem informação de qualidade quando lê ou ouve. Isto você aprende aqui.

15 - "Uma História dos Povos de Língua Inglesa", Churchil. Os ingleses, nessa narrativa didática de Sir Winston Churchil, têm história iniciada nos povos celtas, em Bretões, depois subjulgados por Romanos, posteriormente por tribos saxãs, seguido de domínio Dinamarquês, depois Normando etc.. sempre com miscigenação de povos e raças já mencionadas. É claro que o que direito qualquer pessoa com noções de história sabe, mas vou falar mesmo assim: Raça pura, senhores, não existe. Roma, em sua fundação, foi constituída com grande parte de escravos fugidos de outras cidades-estado à sua volta, ao Centro-Sul da península itálica. Depois foram agregados os sabinos (ver "O rapto das Sabinas") e outros povos que primeiramente ocuparam o Palatino e depois outros montes de Roma. O ápice da sociedade romana é marcada pelo convívio de diversas etnias em sua capital, muitos dos quais obtinham cidadania romana com dinheiro e muitos após serem libertos da condição de escravo. Alemães, Franceses, Portugueses, nenhum europeu e nenhum povo foi imune às diversas movimentações de povos na história. Daí, se você tem alguma dúvida sobre capacidade de um indivíduo ou povo, com base em raça ou etnia (muitos têm, por mais incrível que pareça), liberte-se e exercite a realidade do mundo em que você vive, neste livro.

16 - "A Monarquia", Tito Lívio. Não sei se você conseguirá o livro. Eu dei sorte. Tito Lívio escreveu 150 obras e somente dez chegaram inteiras a nós. Consegui a tradução de "A monarquia". É só para você exercitar a mesma idéia de que raça pura é balela. Já falei sobre a formação de Roma no texto acima. Ver isso escrito é interessante. Como homens de várias "raças" para a época da fundação de Roma e muitos dos quais escravos fugitivos das cidades à volta, conseguiram produzir uma cidade tão fantástica desde o início? Tão fantástica que nos primeiros anos de vida atraiu cidadãos nobres (os sabinos) de uma cidade de alta reputação à época para comparecer aos dias festivos determinados por Rômulo? O homem é dotado de energia, saber e determinação, senhores. Todos os homes são iguais. É só dar condições para que eles cresçam e eles crescerão. Esta é uma grande lição tirada deste livro, fora, é claro, todo o resto de cultura e divertimento. Se tiver sorte, leia. É uma história de 500 anos (mais ou menos), durante a época dos reis.

17 - "A Arte de Escrever", Schopenhauer, Editora L&PM. Na verdade é uma coletânea de cinco artigos escritos por Schopenhauer sobre como escrever, criticando as práticas de escritores e diaristas (os jornalistas - jornal, vem de journaux (jornada), que se origina de jour (dia em francês), portanto jornalista é aquele que escreve diariamente) de sua época. No decorrer de suas considerações nesses artigos, escolhidos pelo organizador, é possível identificar e acumular técnicas de escrita sugerida por Schopenhauer para melhor focar a informação a ser repassada ao leitor, com o objetivo de ser mais claro, mais facilmente identificável ao leitor, para atingir uma escrita mais honesta e eficiente. Uso, naturalmente, algo dali. Uma regra importantíssima foi a de que o título deve dizer ao leitor ao que se destina o texto. Isso parece óbvio, mas não é. Em textos complexos e longos, é difícil por vezes você saber qual informação focar para rotular o texto. Eu mesmo já tive de mudar o título de artigos e passei a observar maior acesso a um artigo ótimo, mas que por ter título ruim não estimulava a leitura. Talvez você também queira se utilizar de algumas técnicas de Schopenhauer, enquanto se diverte vendo-o criticar seus colegas de época de produzirem textos superficiais e de má qualidade com maior interesse na remuneração do que na produção de textos e na informação adequada,.. e então como eu, verá que que os tempos não mudaram tanto desde 1850, neste particular.

17 - Os outros. Os elencados acima fizeram muita diferença na forma de ver o mundo para o autor deste Blog, mas não posso deixar de mencionar outros importantíssimos que ficarão aqui arrolados para um acesso de curiosidade dos leitores do Blog sobre livros interessantíssimos. São eles "O Colapso" (teoria da causa do colapso de grandes impérios ou proto-impérios a partir do mal relacionamento destes com o meio-ambiente, esgotando recursos naturais disponíveis e deixando-os à mercê de outros povos ou de intempéries naturais) e "Armas, Germes e Aço" (teoria sobre o porquê de os Europeus colonizarem as Américas ao invés dos índiso americanos terem colonizado a Europa - demais) de Jared Diamond; "Os escravos nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX "(pode-se constatar a força e a rebeldia dos escravos, mudando a imagem de negros brasileiros vitimados e passivos, meramente, idéia que é explorada por grupos sociais defensores de teorias racistas e de vitimologia do negro brasileiro e que dão embasamento para grande parte de movimentos exagerados de exigência de cotas, fragmentando a sociedade brasileira, reproduzindo burramente um grande mal da sociedade americana fragmentada no Brasil automática e burramente); "Manifesto do Partido Comunista", Marx e Engels, Edição da L&PM (vocÊ verá que o comunismo como imaginado por Marx neste manifesto era excelente e genial.., para a economia e a realidade do ano de 1880, mas como hoje todos são proprietários, a aplicação da mesma principiologia somente faz sentido nos mais rústicos países Africanos e Asiáticos; se tanto, já que os instrumentais de capitalismo moderno disponíveis hoje tornam essa opção pelo comunismo obsoleta); "John M. Keynes", Edição L&PM, (apresentação rápida sobre a vida e obra do autor, com a explicação de principais teses, aí o mais interessante, pois te dá capacidade para análise de políticas econômicas; como por exemplo o fato de estar certo, por prisma eminentemente econômico, o aumento de valores de bolsa família e salário mínimo ao invés de incisiva redução de impostos e aumentos de remuneração de salários de servidores públicos com bons salários, a priori, como forma de melhorar a desigualdade social e dinamizar a economia com menos impacto inflacionário)e "Desutopias" de Gilberto Moorg (questionando e debatendo os "ismos" em sociedade).

18 - Como debates da atualidade, o "Brasil Pós-Crise" (viés de centro-direita), "Dicionário Lula" (neutro), "Privataria Tucana" (denúncia/investigativo), "OS ANOS LULA Contribuições para um balanço crítico 2003-2010" (viés de centro-esquerda), com o qual concordo plenamente) e "Segunda Chance do Brasil" (neutro), de Lincoln Gordon são interessantíssimos e acreescentadores, com toda certeza a quem os ler. Principalmente o de Lincoln Gordon que faz análises objetivas sobre nosso comércio, produção e capacidade energética.

19 - Gostaria de citar que as colunas de Antonio Machado e Allan Feuerwerker, do Jornal do Commercio, da Miriam Leitão e Flávia de Oliveira, no Jornal o Globo, os artigos do George Vidor e Paulo Nogueira Batista Junior, no Jornal O Globo, juntamente com artigos do Delfim Neto, publicados no Jornal do Commercio e no Jornal O Globo, como fontes excelentes de debates sobre política e economia atual.

20 - A Riqueza das Nações de Adam Smith - Uma biografia - Autor P.J. O'Rourke - Editora Zahar

21 - O Capital no Século XXI - Thomas Piketty

22 - O Futuro Chegou - Modelos de vida par uma sociedade desorientada - Domenico De Masi

23 - O Mito do Estado - Ernst Cassirer

24 - O Estado Empreendedor - Mariana Mazzucato

Deixei de fora os livros de técnicas de evolução pessoal, vários muito interesantes, mas que não se aplicam ao rol em questão, nem os de administração financeira pessoal, que me são caros, mas que não se aplicam aqui, além dos sobre história antiga, interessantíssimos, mas isso é de gosto altamente pessoal também e não tem aplicação imetdiata para a formulação do Blog.

Cinematografia

No quesito cinematografia, a cada dia melhor no que concerne a produções que questionam a realidade social, citarei aqueles com enfoque informador de realidade social atual e com fins de gerar debate e alteração da realidade e não meramente induzir o leitor a uma viagem pessoal sobre si mesmo e o mundo. As obras que mencionarei têm em sua produção o objetivo concreto de mudar relações sociais hoje e debatem fatos concretos com honestidade, a meu ver. São eles:


1 - "$O$ $AÚDE $ICKO", Michael Moore. Estonteante. Um soco na imagem mentirosa de mundo maravilhoso dos EUA. Dá pena dos americanos vendo este filme. Vejam um senhor e sua senhora de classe média virarem pobre e morarem de favor com os filhos, após ter de vender todos os bens e casa, por ter tido três ataques cardíacos e não ser coberto pelo plano de saúde e nem pelo sistema de saúde público americano, que não é gratuito. Veja uma pessoa co um corte gigante e profundo, de ponta-a-ponta, no joelho, no início do filme, se negar a ir ao hospital e se costurar com linha de costura em casa para "não ter mais dívidas". Veja um americano escolher entre ficar com o dedo indicador ou o dedão da mão, por não ter mais de US$30 mil para pagar a cirurgia indicada pelo Hospital público que o atendeu!!!!! Isso, senhores, é o que te espera e a teus familiares, caso você não apóie o investimento na saúde pública.. e assim em outros serviços públicos, como educação e segurança. Mas nada mais aterrador do que a "liberdade de mercado" e a "diminnuição do Estado" pode fazer do que você assistirá nesse filme.

2 - "Tiros in Columbine", Michael Moore. Veja o documentário sério sobre as causas de crianças americanas matarem colegas e professores e a base da teoria "sistema social winner/loser" estudado e apresentado pelo Blogger.

3 - " Ao Sul da Fronteira", Oliver Stone. Veja o falecido Presidente Kirchner declarando que Bush Filho sugeriu como melhor instrumento para levantar uma economia a guerra.

4 - "Código de Honra", 2011, Adam Kassen/Mark Kassen. Veja como é importante existir o Estado para fiscalizar as empresas privadas e como a ausência do Estado e o apogeu e liberdade de mercado matam americanos e podem matar você e sua família no futuro. O filme não é sensacional. A história e sua importância política e informativa é. Ver esse tipo de filme como uma curiosidade, sem comparar com a tentativa cotidiana da mídia e das empresas em diminuir o Estado, em tentar implantar preceitos diários de liberdade econômica e liberdade total de mercado, com supressão de investimentos na área pública, inclusive no que se refere à máquina do Judiciário e na máquisa reguladora (agências reguladoras) e de fiscalização (cargos de fiscais e auditores do Estado), é perder uma oportunidade de ver o risco que se corre todo o dia ao não se alertar para o que o mundo no Brasil pode se tornar, caso você relaxe.

5 - "Utopia e Bárbarie", Silvio Tendler. Interessantíssimo ver debates sobre evolução política recente brasileira e mundial, sob o prisma de jornalistas, políticos e estudiosos brasileiros.

6 - "A Era Vargas 1930-1945", Jayme Monjardim. Limitado. Uma perspectiva, até porque não é possível em um filme ou uma série aboradar a profundidade deste tema, ainda mais sobre os 15 anos, mas interessante. É bom ter contato co propduções brasileiras sobre nossa história.

7 - "Green Zone". Veja como os EUA se desculparam com a opinião pública mundial pelo erro de invadir o Iraque sob a falsa acusação de que este País produzia armas de destruição em massa nucelares ou químicas. Este filme é tipicamente de encomenda do governo norte-americano. Saiba que os EUA têm um gabinete da indústria do cinema no governo. Os EUA é o único país no mundo que tem autação de mobilização de massa nacional e interncaional constante através de produção cinematográfica. Há um livro no Brasil que já tratou do tema de aproximação dos EUA com o Brasil através de produções cinematográficas específicas. Veja http://www.revistacontemporaneos.com.br/n2/pdf/politicadeboavizinhanca.pdf
Veja também http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_da_Boa_Vizinhan%C3%A7a
Esse filme, "Green Zone" é exemplo da política de adminsitração de legitimidade internacional e da imagem de "good guy" americana para a comunidade internacional, após o "erro" querido de invadir o Iraque sob argumento falso. Este tema de filmes com este objetivo é amplo e dá margem a muita besteira, mas este é um caso clássico que considero real. Vejo elementos claros de justificação do Estado e da sociedade, personificados no excelente ator Matt Damon. Sim, a sociedade americana foi enganada pelo Governo Americano, assim como a sociedade internacional, mas isso não diminui o crime internacional de invasão contra determindações da ONU e, mais importante de tudo, evidencia o interesse e a forma de atuar, usando filmes para lavar a imagem do País de erros flagrados pela sociedade americana e internacional. O importante é constatar o movimento de atuação do governo norte-amercinao através de fabricação e encomenda de filmes. O mesmo ocorreu, por diferentes motivos, com o filme "O Patriota", de Mel Gibson, para enaltecer internamente o patriotismo americano, sempre cuidado com carinho, mesmo que seja para manter a população soba a situação atual de terem sua política interna e internacional determinada por interesses quase exclusivamente de empresas, em especial, bancos, petróleo, armamento e aço. E o mesmo ocorreu com uma produção americana sobre a independência ou algo semelhante do Cazaquistão. Não acheiu o filme mais, mas eu o vi. Quem faz filme nos EUA sobre o Cazaquistão, sem ser documentário, com trama semelhante a do "Patriota"? Os EUA, para se aproximarem de país na região deflagrada entre o Afeganistão e o Mar Morto, para facilitar a presença americana e o escoamento de produçãod e petróleo por tal região como uma opção à restrição que pode sofrer no oriente Médio com a deflagração generalizada de problemas políticos e estratégicos. Lamneto, senhores, mas é isso. Não é viagem conspiratória. Eu procuro saber, eu pesquiso, eu vejo e compartilho. Só. Essas mobilizaçãoes merecem artigo próprio, mas nao sei se vale à pena. Prefiro deixar patente a partir de constatações pontuais.

Há mais, o filme "Gran Turino" é exemplo do sistema "winner/loser", como paradigma sócio-cultural-comportamental norte-americano, quando Clint Eastwood ajuda um asiático completamente "loser", ou seja, fora do sistema social de reconhecimento e identidade de sucesso americano a insertir-se nestes parâmetros e nessa sociedade até o ponto de merecer e ganhar um exemplo de troféu de "winner" norte-americano, um carrão Gran Turino (carrão não pra mim, claro). A intenção de Clint Eastwood é excelente: chamar a sociedade a ajudar na inserção social. O problema que vejo é que quer inserir pelo sistema "winner/loser" e não enaltecendo a qualidade do asiático como pessoa. Ele precisa se adaptar às exigÊncias de conduta agressiva social, impositiva, como forma de mostrar firmeza de caráter e coragem para obter respeito. Não se trata de uma sutil mudança interna, mas mais uma crassa mudança da imagem do asiático para a sociedade. Óbvio que isso significaria que ele mudou internamente e que agora é americano. Mas o filme reproduz um conceito psicossocial que prejudica a sociedade americana, mas que é muito enraizada em sua cultura.

Há outros filmes, mas este mencionados são os mais importantes que influenciaram e ajudaram o Blogger a formar convicções e a formar prespectivas que influenciam sua visão de mundo e ajudam cotidianamente na formulação dos artigos sobre política e sociedade.

Desculpem o tamanha do artigo. Foram 9 (nove) dias organizando as idéias, explorando a memória e escrevendo para vocês. Mas agora estou mais tranqüilo por ter terminado isto. Exponho-me para aqueles que se identificam com os temas que são abordados no Blog Perspectiva Crítica e o maior objetivo é cada vez mais aproximar o artigo pronto apresentado a vocês dos fundamentos que levaram à sua criação, para sua crítica, para debate, para a análise do raciocínio por trás dos artigos e para que você tenha acesso, já mastigado, à toda a coletânea de artigos, livros e filmes que fizeram diferença conceitual no desenvolvimento e formação da perspectiva do Blogger.

Abraços a todos.

Mário César Pacheco

p.s. de 24/02/2012: veja o estudo sobre o poder dos filmes de hollywood sobre a pedagogia do modelo de herói em http://www.curriculosemfronteiras.org/vol10iss1articles/fabris.pdf
p.s. de 28/02/2012: Uma reconferida no texto dos mongóis (item 9 da bibliografia) me demonstrou que incidi em um erro grave de informação que agora corrijo para você. Não foram os mongóis que empurraram os turcos contra Constantinopla em 1453. O texto é claro em mencionar que os ataques constantes dos mongóis aos turcos prejudicou a organização e reforço militar turco, possibilitando que a tomada de Constantinopla fosse atrasada por 50 anos. Assim, a situação ocorreu diferentemente do que mencionei, mas deixando clara a influência dos mongóis sobre o evento que marcaria o início da Idade Moderna, ou seja, a queda de Constantinopla. Por outro lado, verifiquei outros sites e a denominação de Horda de Ouro já foi usada para todo o império mongol e as cores azul, branca, amarela (para alguns esta é a única de Ouro) e outra cor de que não me lembro, marcavam subdivisões geográficas e políticas desses subreinos (o correto é falar subcanatos, pois o soberano mongol era o Khan). Essa denominação de cores, portanto, não facilita a exata compreensão, pois não vi um tratamento específico, por vezes uma cor sendo apresentada como subjulgando uma região e depois a mesma Horda aparecer em outro texto subjulgando outra região. Pode derivar de erro ou de desencontro de informações, sendo certo que falamos de um império fora dos moldes convencionais, de nômades, e mais propenso a fluidez de limites territoriais. O importante é apreender a importância que o Império Mongol (o primeiro originado em Gengis Khan e o Segundo, em Tamerlão) para nossa história mundial. Este fato é sonegado e isso demonstra que devemos desconfiar da história que nos é apresentada, seja histórica, seja jornalística, sempre.

p.s. de 18/04/2012: texto parcialmente revisto.

p.s. de 25/06/2012 - texto revisto e ampliado, em especial o item 7, sobre o livro "1412 - O ano em que a China descobriu o mundo".

p.s. de 17/03/2015 - Adicionados os livros dos itens 20 a 24 da lista da bibliografia.