quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Comunicação do Blog: Revistas e Revisões da semana

Pessoal, tenho de ressaltar um detalhe metodológico. Não posso me dedicar exclusivamente para o blog. trabalho nele antes e/ou depois do meu horário de trabalho. Também não tenho profissionais para revisão. Faço tudo. Mas faço questão de que tudo seja bem fundamentado, bem escrito e revisado.

Sendo assim, não tenho o tempo suficiente para analisar todas as matérias sobre as quais acho que deveria escrever. Para tentar impedir que os fatos me atropelem, às vezes sou obrigado a fazer um artigo em que comente mais resumidamente fatos que eu não deveria deixar passar em branco por serem muito importantes. Prefiro tecer logo as considerações e publicá-las do que esperar mais tempo, em que poderia reunir mais informação sobre o tema, e não conseguir apresentar o artigo por perda de timing e surgimento de outros temas importantes. Aplico a regra de "o ótimo é inimigo do bom", nesses casos, principlamente.

Assim são escritos os artigos que denomino "Revista da semana" ou "Revisão da semana". Notei que pela segunda vez, apesar de sintetizar temas importantes, o acesso a essas revistas ou revisões ficou bem abaixo da média. O título chama menos atenção, pois não trata de um tema somente, não podendo ser melhor dimensionado nem mais informativo, mas aviso que são artigos rápidos com informação sintetizada de pontos importantes abordados pela mídia na semana anterior.

Portanto, é isso. Informo só para que eu tenha a certeza de que vocês estão cientes da metodologia informativa que adotei e para que não percam acesso a informações que pincei para vocês por falha comunicativa minha.

Abs

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Exatos 7.163 acessos! Tem algo por aí... ou melhor.. por aqui! rsrs

Galera, eu estava me segurando para apresentar os números só no dia 27, para fechar oito meses, mas não tô conseguindo.. 7.163 acessos em 8 meses!! 100 artigos!! Vários acréscimos qualitativos com os comentários dos nossos leitores, acrescentando e dando mais do que vida ao blog.

Vai ser o primeiro mês que fechará com mais de 2000 acessos!! Já são 1.986 acessos em fevereiro de 2011!!

Para vocês terem uma noção melhor da dinâmica do crescimento do acesso ao blog, até 30/12/2010, em seis meses de vida, houve 3.705 acessos... em dois meses quase dobramos esse acesso!!!

O sentimento que eu tenho é o seguinte: há muito mais gente interessada em economia e política e em questionar os problemas da nossa sociedade e buscar soluções do que somos levados a crer, inclusive em mesas de bar!

Acho algo curioso o que está acontecendo conosco. Comecei escrevendo como forma de desabafar as injustiças cometidas pela mídia contra assuntos de interesse nacional e da Administração Pública, sobre o que falam, escrevem, mas pouquíssimos realmente conhecem.. e vejam aí!

Vamos em frente! Vamos construir nosso canal de voz. O canal em que NÓS e NINGUÈM MAIS escolhemos nossa pauta de assuntos. NÓS e NINGUÉM MAIS dizemos o que é certo e o que é errado para nós mesmos, nossos familiares e para o desenvolvimento do nosso País. NÓS E NINGUÉM MAIS.

Muito obrigado pela confiança em acessar, ler, sugerir temas e criticar o blog. Eu comecei, vocês continuaram, e agora eles (todo aquele que quiser manipular informação e fazer nossa sociedade de bucha) vão ter que nos aturar!

Abraçosssss e Parabéns para você também leitor!

Seguimos juntos! Meu próximo artigo, para comemorar, será desvendar o porquê que José Sarney não sai da Presidência do Senado. Veríssimo tocou no assunto no artigo "Realpolitikinha", publicado no Globo de 20/02/2011, Miriam Leitão também, mas ninguém explicou nem explicará a verdade.

Ninguém não. A questão vai muito além de Sarney.

Aguardem.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Os melhores artigos do globo em 10 anos

A leitura do artigo publicado no Jornal O Globo de 20/02/2011, intitulado "Petrobras burla a lei e usa terceirizados como fiscais", me lembrou que quando o Jornal O Globo quer faz trabalho de alto nível profissional e informativo, fiscalizando a coisa pública no sentido de proteger o interesse brasileiro e contribuir para a melhora da Administração Pública e da eficiência do nosso Estado, a bem de toda a sociedade.

Quero parabenizar o artigo acima mencionado publicado pelo O Globo. Todos os elementos informativos se apresentaram perfeitos. A manchete chamou atenção para o fato desenvolvido no corpo da matéria, ou seja, o fato de haver muito terceirizado fazendo serviço que deveria ser feito por concursados. Fazer concurso e não chamar os concursados, colocando em seus lugares terceirizados é jogar fora o dinheiro público gasto com a realização do concurso, impedir o fortalecimento de quadro necessário, que tem comprometimento total com o sucesso da empresa federal, e ainda é baixar a qualidade dos serviços da Petrobrás, podendo piorar a eficiência da empresa e a segurança dos processos de produção, podendo, aí sim, haver uma catástrofe como ocorreu com a BP no Golfo do México, cujo motivo principal foi exatamente o excesso de terceirização e economia com processos de segurança na extração de petróelo. Além de tudo isso, o crescimento excessivo e injustificado de terceirizados dá margem a desvio de verbas, comissões, corrupção e criação de feudos.

A notícia publicada ainda baseou-se em dados públicos em ações do Ministério Público e relatórios do TCU, sites da empresa e de seus prestadores de serviços, ao invés de ser baseado em cogitações e interpretações de dados. Não foi artigo acusativo e defennsor de tese. Foi objetivo e informativo. Tinha um vetor, claro, mas não pode ser considerado tendencioso. Informou muito mais do que conduziu/induziu o leitor.

A redação teve o enfoque não de atacar a empresa, mas de defender seus próprios interesses, a bem dela mesma, que é patrimônio do Brasil, a bem da eficiência de sua governança, a bem do respeito ao investimento de dinheiro em concursos públicos e em respeito aos milhares de brasileiros que se prepararam para esses concursos, passaram e estão injustamente afastados de seus cargos que são necessários para a empresa. E por fim, para coroar tudo, na mesma matéria publicou resposta da Petrobrás, ou seja, deu direito ao contraditório! Irretocável.

Eu reconheço o potencial construtivo da grande mídia. Não quero que a grande mídia defenda isso ou aquilo, mas quero que sempre defenda o interesse brasileiro, as empresas públicas que são patrimônio público (racionalmente e não preconceituosamente), os processos de gestão legítima de recursos humanos e materiais dessas empresas que têm grande importância estratégica para o nosso País. E o mais importante, que seja objetiva informativa e dê direito ao contraditório sempre. Sempre que fizer isso a grande mídia, a pequena mídia, a gigantesca mídia ou a ridícula mídia sempre receberá palmas de mim e da sociedade.

Só para mostrar que sei que às vezes a Globo faz isso e mostrar reconhecimento, quero elencar outros casos que para mim são modelos de atuação investigativa e informativa do Globo, com benefícios inquestionáveis para a melhora de nossa sociedade nos últimos dez anos, do que me lembro.

São eles:

1 - reportagem sobre descumprimento de metas pelas concessionárias de serviço de transporte público, incluindo trens, metrô, empresas de ônibus e barcas, no Estado do Rio de Janeiro.

2 - reportagem sobre a descamação das receitas com royalties de petróelo, exposição do real e pequeno valor percentual da riqueza do petróleo que fica com os produtores a título de royalties em relação ao total de tributos que incidem sobre a atividade exploratória petrolífera e a denúncia do ataque federativo aos produtores de petróleo, enfraquecendo a idéia e sentimento de Federação.

3 - coluna da miriam leitão em que denunciou que não há exatamente falta de mão-de-obra, mas as empresas não contratam pessoas jovens supergraduadas mas sem experiência e nem pessoas mais velhas superexperientes mas sem pós-graduação, limitando preconceituosamente suas opções de trabalhadores e jogando no desemprego pessoas altamente capazes de trabalhar.

4 - reportagem sobre a existênica de oito tributos incidentes sobre a energia elétrica, mas que mesmo quando perdem a motivação e razão de exitir não são anulados e continuam sendo cobrados.

Não tenho esses links e o site do Globo é péssimo para pesquisa de artigos antigos, mas esses foram os artigos que me deram orgulho de ler o Jornal e alimentaram meu sentimento de gratidão e admiraçao pelo veículo de informação O Globo.

O primeiro citado foi resultado de um amplíssimo trabalho investigativo de metas definidas em edital para cada concessão de transporte público, demonstrando como não atingiam as metas de qualidade e universalização de serviços. Incluiu transportes de todos os modais e acho que inclusive serviço de telefonia. Assim que eu li eu pensei "cara, investiram muito tempo e dinheiro pra fazer isso e nem a sociedade vai dar o valor que esse artigo merece, mas isso não tem valor que pague para o bem da sociedade... esse jornalista é maluco, talvez receba ameaça de morte, mas é herói, assim como a chefia de redação que deixou publicar". É isso que se quer! Expondo a realidade com foco no bem público e na melhora de vida da população, amigos, é só palmas.

O segundo citado, foi igualmente objetivo, expôs o criminoso contra a Federação Brasileira, chamado Ibsen Pinheiro, que se aproveitou da carestia por verbas dos Estados e Municípios mais pobres para angariar sucesso e visibilidade em ano eleitoral, esgarçando os direitos compensatórios dos Estados e Municípios produtores, contra a Constituição Federal. Mostrou a real dimensão percentual do valor arrecadado que vai para os produtores que é de 10% no máximo, ficando 90% de toda a tributação incidente para o País, Estados e demais Municípios não produtores. Essa notícia objetiva informou o País, ajudou no debate, protegeu a Federação e expôs os autores da lei e algozes da Federação. O povo gaúcho não reelegeu Ibsen Pinheiro e muitos que votaram a favor do ataque federativo. Discussão sobre remuneração a partir de petróleo tudo bem, mas roubo dos produtores e transformação de entes autônomos da federação em colônias de exploração NÃO! E abre precedente para fazer isso com qualuqer Estado ou Município queamanhã tenha uma riqueza considerada estratégica..absurdo.

O terceiro citado foi uma sacada fantástica da Miriam leitão a que eu não tinha me atentado até ela denunciar: as empresas ficam procurando o namorado dos sonhos e não aproveitam os excelentes quadros que se apresentam a ela, desperdiçando-os e jogando-os no desemprego por puro preconceito. Antes deste artigo da Miriam, a vítima do desempredo era o candidato a emprego, por não ter "empregabilidade": ou era doutorado sem experiência, com 30 anos (não serve), ou com 50 anos, muita experiência mas sem pós-graduação (não serve)! Brincadeira! Era um canal vicioso sem saída! Quem sempre trabalhou e não pôde se graduar era preterido e quem se dedicou aos estudos e não teve tempo de trabalhar também! Ridículo. Depois disso, tudo ficou esclarecido e notícias de mudança de perspectiva sobre empregabilidade surgiram. Parabéns Miriam. O alcance da notícia foi incalculável.

E o quarto senhores, ao meu ver, foi o sobre a existência de oito tributos (taxas, imposto e contribuições) sobre a produção e comercialização de energia elétrica. Alguns existiam para financiar uma determinada expansão ou necessidade do setor e mesmo depois disso ocorrer (ou ser satisfeito) o tributo continuava. Não é só o caso em si, mas o fato de que isso pode estar acontecendo em diversos outros casos (telefonia, transporte, qualquer serviço público objeto de concessão ou não). Essa matéria abriu o caminho para a discussão da eficiência tributária, protegendo o bolso dos contribuintes, sem prejudicar os atingimentos de metas dos serviços de energia elétrica. Ótimo trabalho.

Não quis mencionar casos de grandissíssimo vulto e que qualquer um pode compreender o significado e principalmente que não exijam grande trabalho investigativo, tais como corrupções, eleições, planos econômicos de governos (Cruzado, Collor, Real), surgimento da nova Constituição Federal e afins. Quis mencionar os que deram trabalho investigativo e tiveram grande importância, mesmo que não tenha sido notada ou que não tenha tido tanta visibilidade em proporção à sua importância no mundo informativo.

Isso é para mostrar que é possível fazer excelente trabalho informativo. A Globo sabe disso, mas ela tem que dar o que o cliente quer, portanto, senhores, vamos cobrar qualidade e ela nos dará de bom grado (assim espero - do contrário estamos aqui para apontar o erro)!!!

Abraçossssssssssss

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Revista da semana: Caças, Corte de Gastos Governamentais, Inflação, Dìvida Pública bruta e líquida americana e brasileira

Pessoal, tenho alguns pontos sobre os quais gostaria de falar com mais profundidade, mas posso deixar uma abordagem mais profunda para depois e apresentar logo algumas perspectivas mais rápidas sobre alguns fatos importantíssimos, para não deixar passar muito tempo do fato e perder o timing da crítica. Selecionei os fatos abaixo:

1 - Reabertura da licitação de caças - reabrir por ver que há possibilidade de que sejam melhoradas as propostas,ou porque os caças em licitação ficaram defasados (como ocorreu do programa FX para o atual FX2), ou porque as empresas não podem manter o preço pela demora da decisão, tudo bem. Eu entendo também que a Dilma, acusada pela grande mídia de ser mera continuadora do Lula, queira marcar posição, mostrar independência. Agora, daí a vir a escolher o F-18 pra satisfazer os críticos, preterindo o Rafale, vai uma grande distância. Eu admiro o Obama. Acho que os EUA têm sorte de terem escolhido ele como Presidente. É um democrata e pode resgatar os EUA dos absurdos econômicos e sociais em que vivem e está fazendo isso (vide reforma do sistema público de saúde). Mas ele não pode garantir transferência de tecnologia. Isso só pode passar pelo Congresso, então, não se enganem não haverá transferência de 100% de tecnologia americana conforme promete a França. Se a Austrália e Canadá não receberam a transferência de 100% da tecnologia para construção de aviões americanos que usam para sua defesa, vocês realmente acham que isso será cedido para o Brasil?!?! Piada. A mídia que apóia os EUA é irresponsável. Além de não poderem garantir a transferência de tecnologia, o F-18 já é ultrapassado para os EUA que usam F-35 (significa que também não terão interesse em desenvolver novos aviões conosco por causa dessa compra). E além disso, o histórico norte-americano é de restrições de venda de aviões de guerra que tenham componentes americanos, como ocorreu com os Super Tucanos brasileiros que não pudemos vender para a Venezuela porque tinha componente americano. O Rafale somente está sendo vendido nessas condições excepcionais porque se a França não fizer isso fica difícil manter a produção desse excelente avião. Ela quer ganhar escala de produção e manter seus aviões fazendo parceria conosco. É uma oportunidade, além de os pilotos brasileiros já estarem acostumados com esse tipo de avião, pelo uso dos Mirage por décadas. Espero que Dilma não queira marca posição satisfazendo a mídia e os grupos interessados em aproximação irrestrita com os EUA. Nós temos de ver o que é melhor para a nossa independência produtiva de aviões de caça. País como o nosso não pode admitir ser mero comprador de vetores defensivos de nossa soberania, nem limitações de uso e propriedade por parte do vendedor. Os franceses não têm histórico negativo como os EUA e a liberdade em relação à transferência de tecnologia é mais fácil de ser exercida do que em relação ao sistema americano, portanto, a transferência de tecnologia que nos torne independentes tecnologicamente na produção de aviões de caça é mais garantida com os franceses. Para mim, isto é o importante.

2 - Corte de 50 bilhões pelo Governo - A mídia tanto falou, tanto cobrou, que a Dilma teve que apresentar uma informação tentando satisfazer e amainar críticas do mercado e da mídia. Aí, em seguida a inflação teve aumento de expectativa e a Miriam publicou que "o corte não convenceu o mercado". Rsrsrsrs Gente, não tem jeito. Nâo foi a falta de convencimento do mercado em relação ao corte que aumentou a expectativa e inflação. O dólar está derrentendo no mundo, o que já deveria ter acontecido há uns sete anos, porque o mundo vê o déficit fiscal e em conta corrente americano (chamado déficit gêmeo que acaba com qualquer país). E sempre viu, mas não achava que prejudicaria a economia americana, mas a crise dos subprime evidenciou a fragilidade econômica e fez os credores internacionais pensarem mais racionalmente. A China chegou a cogitar pedir garantia real aos EUA para manter os títulos de dívida americana (hoje em 3 trilhões de dólares). Então, o dólar derretendo gera inflação no mundo todo, pois os produtos são indexados informalmente e de fato em dólar, pois o comércio interncaional é em dólar. Assim, hoje há pressão inflacionária em todo o mundo por causa da desvalorização do dólar. Ainda houve problemas com produção agrícola no mundo por desordem climática (China, Austrália, Argentina e Brasil) e aumento de preço desses produtos. Além disso há essa ebulição política no Oriente Médio que pressiona o preço do petróleo (por causa do risco de alteração do fornecimento normal). Portanto, corte de 50 bilhões não pode, ante tudo isso, baixar expectativa de inflação! O que fico fulo é que a mídia trata o governo como único algoz da inflação e coloca toda a esperança de controle inflacionário em medidas restritivas à produção, crédito e consumo. Não sei se por causa de excesso de influência da elite financeira, que vê nesta abordagem uma oportunidade de justificar aumento de juros Selic, aumentando seus lucros às custas do aumento da dívida pública, ou se por burrice. Juro. Hoje em dia fico na dúvida. Mas de qualquer forma estão errados os que querem que o governo pare de investir e os juros continuem crescendo, pois isso não resolve a desordem climática ou a eblição no Oriente Médio. O correto é tratar as causas de inflação de forma correta e compartimentada. Inflação da desvalorização do dólar, aumento de petróleo e commodities e gêneros agrícolas devem ser entendidos e tratados corretamente, para não sacrificarmos a economia brasileira de forma burra. Já tratei disso no artigo sobre a inflação de janeiro de 5,99%, comparando inflação de demanda e inflação de oferta.

3 - Contra o argumento de que as medidas restritivas de Dilma corroboram exageros e erros de Lula na economia e gastos públicos - Espero que a Dilma, que está fazendo umas concessões para a mídia, não coloque sua vontade de firmar posição e registrar sua independência em relação ao governo anterior à frente do interess público e condução desenvolvimentista da economia. A medida de corte de 50 bilhões é uma resposta para a mídia e o mecado em relação à acusação de falta de esforço governamental para conter gastos e despressionar a expectativa de inflação. A Dilma ainda determinou a não contratação de funcionários esse ano. E o resultado? Aumentou a expectativa da inflação. Rsrsrs Já expliquei acima que isso não leva a lugar nenhum. A mídia ainda aporveitou o anúncio do governo para validar sua antiga tese, na época da eleição, de que os gastos de 2009 e 2010 foram irresponsáveis. Espero que a Dilma veja e aprenda. Apesar de aumento de 10% da dívida pública, enquanto os EUA, Inglaterra, França e Alemanha tiveram de mais de 100%, o objetivo foi debelar uma crise financeira internacional e proteger a economia e empregos de braileiros. E com sucesso. Amigos meus que moravam nos EUA estão voltando para o Brasil por melhores condições de arrumar emprego. Hoje o desemprego aqui é de 6,6% e nos EUA fechou 2010 em 10%. E mais: a dívida pública 10% aumentou nominalmente, mas desceu percentualmente ao PIB em mais de 10%!! Se em 2009 a relação dívida/PIB era de 46%, no final de 2010 fechou em 41%!! E Dilma pretende fechar 2014 em 31%!! Isso é o que interessa. Se o País fica mais rico pode investir em prestação de serviço público que nós precisamos, inclusive. Para termos mesmopercentual de servidores públicos que nos EUA deverimaos dobrar nossos funcionários, sabiam? Lá 22% dos trabalhadores são da área pública. Aqui, somente há 11% de servidores públicos, em todo o grupo de trabalhadores. É duro a desinformação perpetuada pelos jornais da grande mídia, em especial o Globo. Mas nós estamos acompanhando e fazendo as devidas críticas para que os leitores desse blog, seus amigos e familiares não percam a noção do que realmente acontece epossam administrar suas vidas e interesses com base em informação de qualidade e facilmente constatável.

4 - Dívida pública americana atual e dívida brasileira - Prestem atenção. Ante a queda da relação dívida/PIB, a mídia descobriu o percentual de relação dívida bruta/PIB, que é composta também por investimentos públicos na economia. Se fosse só isso, para nos informar com mais qualidade, tudo bem. Mas o que está ocorrendo é abordagens homeopáticas misturando esses número para induzir a sociedade em erro e poder continuar dizendo que o Governo não está tão bem assim no quesito dívida/pib. Agora, só falam na dívida/pib do Brasil em 66%, a qual é dívida bruta/PIB. E vi tratarem, em um recente artigo sobre os cortes que Obama fará no Déficit americano, a dívida/PIB americana como em 76%! Agora veja: essa é a dívida líquida/Pib americana, pois a dívida bruta americana, que inclui investimentos nos bancos salvando-os da falência na crise, é de mais de 90% e acho que já chegou a 100% do PIB!! Então você vê a mídia falando que a dívida americana é 76% do PIB e a nossa é 66% do PIB e acha que os EUA não está tão mal e que o Brasil não é tão eficiente, mas foi induzido em erro. Agora só falam em dívida/pib só que retratam a dívida bruta/pib brasileira e a relação dívida líquida/PIB estrangeira. Fique atento. Os números não mudam facilmente. A relação dívida líquida/pib brasieira é de 41% e decrescente, o que mostra que o governo administra bem suas contas, mesmo investindo em serviço público. A relação dívida líquida/PIB americana é de 76%. A relação dívida bruta/PIB brasileira é de 66% e a americana é de quase 100%. Só para você ter uma idéia de valores: a dívida bruta brasileira é de 1,7 trilhão de reais ou mais ou menos um trilhão de dólares. A dívida bruta americana é de uns 12 trilhões de dólares ou 20 trilhões de reais. A dívida líquida americana é de uns 9 trilhões de dólares.

Abraços

p.s. de 24/02/2011 - o artigo sobre Obama mencionado no último parágrafo, ou seja, no comentário ao quarto artigo, intitula-se "Obama: corte de US$1,1 tri", publicado no Jornal O Globo de 14/02/2011, pg. 17. Os valores da dívida americana bruta estimada em 12 trilhões de dólares e dívida líquida estimada em 9 trilhões de dólares foi conservadora. O PIB americano não fechou 2010 em mais do que 14 trilhões de dólares, com certeza não passando de 15 trilhões. Assim, a dívida bruta poderia chegar nominalmente em 14 trilhões de dólares e a líquida em mais de 10 trilhões. O que importa são os percentuais apresentados na relação dívida/pib americana. O valor absoluto do PIB americano fechado em 2010 é verificável no google. A menção à dívida nominal teve o objetivo de evidenciar o buraco em que os EUA estão e demonstrar como a nossa dívida brasileira está totalmente administrável e responsável.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Investimento social e retorno em renda familiar e crescimento do PIB

Uma coisa que sempre me chamou a atenção é que os investimentos sociais (educação, saúde, aumento de salário mínimo, aumento de remuneração de servidores) sempre são encarados pelo lado da despesa pública. Nunca se fala do retorno social. Por exemplo, se você emprega mais na área privada e paga melhor, o INSS recebe mais valores e pode garantir todos os benefícios previdenciários imediatos e futuros. Se vocÊ contrata mais funcionário público ou aumenta sua remuneração, de forma responsável e sustentadamente, vocÊ aumenta recolhimento de imposto de renda e ainda garante mais e melhor atendimento na área pública.

Isso é até mais fácil de ver, apesar de nunca os jornais publicarem isso, mas e a educação? Quanto há de retorno para a economia com investimento em educação pública?

Pessoal, fico extremamente satisfeito com o artigo publicado pelo Globo intitulado "Cada R$ 1 gasto em educação pública gera R$ 1,85 para o PIB, diz Ipea‏". Resumidamente, informa que o retorno para renda familiar e cresimento do PIB do investimento em educação é muito maior, por exemplo do que o mesmo retorno proporcionado pelo investimeno em atividade exportadora!!!!

Enquanto um real investido na atividade exportadora repercute em aumento de 1,04 reais de renda familiar, 1 real em educação gera 1,85 para o PIB e 1,45 em renda familiar!!

É isso. É esse tipo de informação que nos interessa. Se não podemos convencer a sociedade e o Estado em investir em educação por princípio, porque proporciona o desenvolvimento da capacidade plena intelectual e humana de nossos cidadãos, então que se veja que também é um excelente negócio!!! Agora, se o IPEA fosse privado, vocÊs acham que este tipo de pesquisa apareceria para nós? Até hoje nenhum instituto de pesquisa privado tinha se interessado sobre este tipo de pesquisa, não é?

Acessem o artigo do globo: http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/02/03/cada-1-gasto-em-educacao-publica-gera-1-85-para-pib-diz-ipea-923728279.asp

E fiquem com esse trecho do artigo: "Nenhum gasto público social contribui tanto para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) quanto o que é feito em educação e saúde. Cada R$ 1 gasto com educação pública gera R$ 1,85 para o PIB. O mesmo valor gasto na saúde gera R$ 1,70. Os valores levam em conta gastos de União, estados e municípios." (artigo em comento, publicado em 04/02/2011, no Jornal O Globo)

Investimento em Saúde e Educação já!!!

A precarização da saúde no setor privado

Pessoal, isso é muito grave. Compartilho com vocês tema que foi objeto de carta minha a um Deputado Federal como sugestão de projeto de lei para melhora de prestação de serviço médico na área privada.

Os planos privados estão sendo inchados pela ascenção da clásse média baixa (o que é ótimo sob perspectiva social) e não está havendo regra que obrigue a manutenção de estrutura proporcional à demanda, gerando pagamento de plano e não prestação de serviço médico através do plano de saúde!!!!! A solução é obrigar aos planos a manterem ofertas de leitos, quartos, ctis, enfermarias, médicos e enfermeiros em proporção ao número de segurados do plano de saúde, ou potencial paciente. Essa a sugestão de um médico amigo meu. O mesmo pode ser pensado para hospitais. Deveriam ser obrigados a manter número proporcional de leitos, Utis, enfermarias, médicos e enfermeiros, consoante o número de pacientes, por plano com o qual fecham contrato.

Esse descasamento entre pacientes/segurados e número de médicos/ctis/quartos/enfermarias está precarizando o serviço médico particular. Eu passei mal e fui ser atendido no Quinta D'Or, há duas semanas, através do plano Unimed. Fiquei 2 horas e 45 minutos e não consegui ser atendido por médico algum. Fui atendido por uma enfermeira depois de uma hora, e aguardei um clínico geral por 1h45min, quando desisti, às 00:00h!!! Se eu me dispusesse a esperar, seria atendido pelo clínico, e depois aguardaria para ser encaminhado para um especialista, o qual, depois, me sugeriria exames, pelos quais eu também aguardaria!!!! Processarei o hospital por negativa de prestação de serviço médico e perda de tempo livre.

A solução definitiva, para mim é investimento na saúde pública, mas enquanto não vem, regras para tornar viável a prestação de serviço de saúde contratado são necessárias e urgentes!!!

Também soube que os representantes da Rede D'Or pediram audiÊncia para se encontrar com o Governador Sérgio Cabral para pedir que sejam baixados os salários dos médicos contratados para as UPAs, pois estava acarretando a saída de médicos da área privada.

Senhores, é isso que digo. Tem que investir na área pública para dar dignidade para o médico e dignidade para o seu atendimento. Ao invés de se reunir com o Governador para pedir baixa do salário do médico público, a área privada deveria diminuir seus lucros e aumentar o salário do médico, concorda? É isso que a área privada mais teme, acompanhada pela mídia que é remunerada por seus anúncios: a concorrÊncia da área pública por profissionais qualificados.

Fiquem atentos aos seus próprios interesses senhores. Precarização do serviço público é tudo o que a área privada quer, só que quando há ascenção social como houve nesses últimos oito anos, a área privada não se programou para te atender bem e agora quer que o programa de melhora da saúde pública pare para ele não ter de pagar melhor os médicos. Isso interessa a você?!?!

Sérgio Cabral, continue os investimentos na saúde pública. Não baixe o salário dos médicos das UPAs!!! E mande os representantes da rede D'Or ou outra rede privada de saúde, bem como as seguradoras, aumentarem o salário dos médicos. Nâo me importa o aumento dos planos de saúde (o que se resolve com concorrência na área privada), se eu tiver a opção de ser bem atendido na área pública. Além disso esta área pública é a única saída para pobres, portanto, a recuperação do investimento na saúde pública é essencial para a defesa da cidadania e é a única resposta ética de um governo comprometido com o bem comum.

ps.: texto revisto, corrigido e ampliado em 10/02/2011, sem qualquer alteração de sentido, como sempre.

Sobre a inflação de 5,99% em janeiro de 2011: Inflação de demanda x inflação de oferta

Demorou, mas chegou? A economia desandou? É o fim do mundo? É a demonstração de que está tudo errado e só depois da eleição ficou patente?

Pessoal, vejo os comentários no Globo on line e vejo que o trabalho de se manter bem informado vai muito além de ler jornalzinho em determinado dia. As pessoas ficam maluquinhas com manchete e entram fácil no clima que o jornal quiser criar. É impressionante.

Parte da culpa é dos jornais, que não informam imparcialmente e tentam fazer alarde com fatos totalmente compreensíveis. Mas parte é do leitor que se acomoda em somente ler um jornalzinho e transferir a responsabilidade da compreensão dos fatos para quem cria a manchete, a qual existe para incentivar a venda do jornal. Mas, pelo menos a vida dessas pessoas é mais emocionante, não é?

Serei brevíssimo e colocarei aqui o que postei no Globo on line, na esperança de colocar os pingos nos "is".

A inflação de 2010 somente foi de 5,6% por causa da inflação de 10% dos alimentos no ano passado. Só que alimento depende de clima e isso nada tem a ver com inflação de demanda; tem a ver com oferta. Sem contar a inflação de alimentos, a inflação de 2010fechou em 4,6%, exatamente na meta. Isso foi publicado em jornal, mas a manchete ficou com o 5,6%, pois dá a impressão de que tudo desanda, cria pânico e vende jornal.

Subir juros, controlar a inflação, isso é sempre para a inflação de demanda. Inflação de demanda depende de haver dinheiro na mão das famílias para consumo. Portanto, aumentar juros Selic, encurtar prazos de contratos de empréstimo, exigir aumento de compulsório de bancos e aumentar exigência de capital próprio de bancos em operações de empréstimo diminui dinheiro na mão das famílias, encarece crédito e diminui inflação de demanda.

Mas nada disso adianta se o aumento do petróleo deriva de guerra ou clima de guerra no Golfo Pérsico, ou queda de produção de petróleo por decisão da Opep, ou desastre e quebra de produção por sabotagem industrial ou por furacões no Golfo do México. Nesses casos, há o aumento do preço do petróleo, ele repercute na inflação, mas é passageiro e só adianta esperar que seu efeito suma nos números, com o tempo.

O mesmo acontece com produção agrícola. Se houve seca ou geada ou se as chuvas destruíram as colheitas, o que acontece? Haverá menos oferta desses alimentos e como a procura é a mesma de antes, pois a população não diminuiu na mesma proporção em que morreram os pés de alface, o preço dos alimentos aumenta. Essa inflação não é passível, como no caso do petróleo acima mencionado, de controle via Banco Central, ou diminuição de gastos do governo. É claro que se o Bacen diminuir prazos de empréstimo ou tomar as medidas mencionadas mesmo em caso de inflação aumentada por problemas com a oferta, pode haver uma diminuição de inflação, mas será sacrificando a demanda desproporcionalmente à necessidade, já que o problema foi a oferta! Inflação de oferta se resolve aumentadno a oferta: importando e/ou incentivando maior produção.

A inflação de 5,99% referente aos últimos 12 meses, incluindo janeiro de 2011 tem embutida muita inflação de alimentos, petróleo e minério de ferro. O primeiro por problemas climáticos que afetaram a produção na China, Brasil, Austrália e Argentina; o segundo por tensão no Golfo Pérsico (Irã e agora esse problema com Egito se espalhando pelo Oriente Médio gerando dúvidas sobre regularidade de fornecimento de petróleo) e o terceiro com a contínua demanda de minério de ferro pela China, Índia e Brasil e recuperação de preços do minério de ferro no mercado internacional. Isso é inflação de oferta, portanto, não demonstra descontrole inflacionário no Brasil e não exige mais aumento de Selic ou medidas do Bacen. É trabalhar para normalizar a oferta.

Em janeiro ainda há, todo o ano, acostumem-se, reajuste das escolas e dos contratos públicos de transporte (concessões de transporte público), portanto, isso ajuda a aumentar o índice de janeiro. Mas não ocorrerá de novo durante o ano. POrtanto, não alterou a curva inflacionária de médio prazo, mas só do mês de janeiro, com um pequeno reflexo em fevereiro.

Em março (ver p.s. 09/05/2011), com a medida de corte de 50 bilhões do Governo Federal ou não, os índices de inflação começarão a diminuir, a não ser que haja mais desgraça climática ou guerra ou degradação de condições políticas no golfo Pérsico que prejudiquem a produção petrolífera.

Agora, como o mercado trabalha só com números e os jornais, exceto o Jonral do Commercio, não tratam o tema de maneira mais objetiva, alimentando o pânico somente pela perspectiva de gastos de governo e descontrole inflacionário, o governo tem que anunciar medidas que desfaçam a desinformação causada pela mídia sobre inflação, pois esse tipo de desinformação, se não for combatida, pode alimentar a espiral inflacionária, pois pode mudar o comportamento das pessoas que achando que a inflação sairá do controle passaria a comprar e fazer estoque alimentício, por exemplo, gerando aí sim, inflação de demanda. Aí transforma-se inflação de oferta, que normalmente sumiria com a normalização das coisas, em inflação de demanda e, nesse momento, o jornal tendencioso que plantou vento, colhe tempestade e vira o jornal de visão de futuro, o Mr. Apocalipse, que sempre disse que tudo estava errado e que agora se confirmou.

Então senhores e senhoras, não se alarmem. E anotem aí: inflação de oferta, ataca-se com mais oferta. Somente o núcleo de inlfação de demanda é que deve ser atacado com repressão de demanda, Bacen e contenção de gastos de governo. Resolver um problema com a solução do outro problema alivia, mas não resolve e sacrifica o lado econômico que está saudável.

p.s.: Isto tudo sem contar a desvalorização do dólar que ocorre em todos os mercados mundialmente. Como quase tudo, principalmente commodities (soja, petróleo, carne e minério de ferro), é lastreado em dólares, se esse se desvaloriza, gera inflação em todos os mercados que negociam e consomem estes produtos. Para saber a real inflação brasileira, deve-se excluir o impacto da desvalorização do dólar, e o aumento pontual de alimentos e petróleo, fora da curva por problemas climáticos e políticos. E para janeiro, além disso, deveria se separar o impacto de reajuste de contratos de transportes e o reajuste de educação. Tem que haver a descamação da inflação, considerando o que é fora da curva e sazonal ou pontual com o que é inflação de demanda real. Não que se ignore os efeitos pontuais, mas para que se saiba as causas de aumento e se admita entender e tomar a atitude correta entre esperar passar o efeito inflacionário de causas excepcionais ou atacar causas de reais efeitos de demanda.

p.s. 09/05/2011: A queda da inflação (índice mensal) começou em fins de abril, como apurado e publicado em início de maio de 2011. O IPCA marcou 0,77%, quando era esperado 0,89%. E a previsão para os próximos meses é de contínua queda do índice mensal até 0,45%, estabilizando aí. Nossas informações anteriores foram confirmadas, juntamente com Mantega, George Vidor e o Presidente do Banco Central Alexandre Tombini. Não se confirmou previsão do Boletim Focus (previsão do mercado condensada em Boletim do Banco Central)nesse mês abril de 2011, ou informação em mesmo sentido de recrudescimento inflacionário como apregoado por outros jornalistas econômicos do apocalipse. O Boletim Focus terminou corrigindo também a previsão para o final do ano de 2011 de 6,39% para 6,33%. Parece que terão de fazer outras correções durante o ano.. rsrs Mantega ganhou de novo contra o mercado. E nós, blog e cidadãos, idem.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Crítica ao artigo “O Guia Essencial dos Imóveis”, da revista A Época

Pessoal, a Revista A Época, na sua edição recente de 31/01/2011, às fls. 46 a 57, publicou um excelente artigo sobre o tema “Bolha Imobiliária”. O artigo conclui que não há Bolha Imobiliária no Brasil “ainda” (como menciona explicitamente na chamada na capa), mas que pode ocorrer. Na Revista você pode ver inclusive os gráficos publicados, mas o texto do referido artigo você pode acessar pelo link informado por um leitor nosso, Felipe, em comentário ao artigo “Como se comportar em uma bolha imobiliária?”. O link é http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/o-guia-essencial-dos-imoveis
Meu objetivo neste artigo é ponderar sobre este excelente material e tentar encontrar as melhores informações a partir de sua crítica. Devo dizer que ao fim da leitura, que fiz com atenção, vejo apenas a confirmação do que já discutimos: a bolha está aí e eu não colocarei o meu dinheiro nesses imóveis hipervalorizados. Manterei meu crédito intacto e meu dinheiro no banco até ver uma oportunidade de compra.
Veja. Para começar eu pergunto: Já pensou o que ocorreria com o mercado de imóveis caso a Revista A Época publicasse que estamos vivendo uma bolha imobiliária? Quem compraria imóvel? Seria uma previsão auto-realizável, não? Mesmo que se tivesse dúvida sobre existência ou não de bolha, senhores, uma publicação dessas teria impacto direto e real nas compras, ainda mais estando hoje o preço nas alturas como estão e sendo isso constatável por qualquer um.
Faço agora outra pergunta: vocÊ já viu alguma vez uma publicação em jornal ou meio de comunicação escrita ou televisiva declarando a existência de bolha econômica, seja de imóveis, seja de ações, seja de commodities? Não. E você nunca verá isso. Nunca haverá uma publicação de reconhecimento de bolha econômica seja ela qual for por meio de comunicação, antes que a bolha estoure. Foi assim com o sub-prime e a crise financeira internacional de 2008, foi assim com o estouro da bolha das “pontocom”, nos EUA, foi assim até com a crise de 1929 e será assim sempre. Por quÊ? Porque primeiro esses canais não são feitos por economistas. Não é o André Esteves ou o Pérsio Arida que escrevem, mas jornalistas, formados em comunicação, quando são formados (hoje praticamente todos os jornalistas são formados, mas ainda há os que não são).
Então, senhores, eles publicam notícia. E não poderia ser diferente. Eles não podem “bancar” uma notícia que pode assustar o mercado e serem responsáveis por isso, lógico. Além do mais, sua função é de informar a população. Criando o fluxo de informação sobre o tema, já cumprem seu papel social. Cabe a você enxergar se há ou não bolha de forma a fazer seus movimentos defensivos ou ofensivos de investimento, de acordo com seu interesse e admissibilidade de exposição a risco.
Nouriel Roubini era tratado como idiota, antes de a crise de 2008 realmente acontecer. Ele viu algo errado, apontou e quem o seguiu se defendeu antes. Mas foi jogada de marketing dele também. Grandes consultores econômicos vêem e não dizem, pois se disserem perdem oportunidades de investimento para si e para seus clientes.
Então, amigos, desculpe ter de dar esta notícia, mas se você está esperando um artigo de jornal ou de revista te dizer que a Bolha se instalou, você ficará esperando. Eles só publicarão quando ficar constatado que a bolha explodiu. Isso sem contar que alimentando a dúvida, vende-se mais notícia. Então os jornais não sabem sobre bolhas, não podem ter a responsabilidade de alardear isso e também não têm interesse comercial nisso.
Agora, por que a minha leitura do artigo em questão corrobora meu entendimento de que estamos numa bolha, apesar de o artigo ser enfático em responder que não estamos numa bolha?
Apesar da resposta à pergunta 3, na folha 52 do artigo de Revista em comento (“Há uma bolha imobiliária? Não.” ), não me interessa a resposta em si, mas se o artigo traz alguma notícia contrária aos fundamentos do que entendo que seja essencial para reversão do movimento de bolha. Não houve notícia de que o endividamento das famílias brasileiras baixou (nem poderia). Não houve informação de que os fundos estrangeiros pretendem realizar seus lucros em imóveis e que estejam voltando a seus países de origem, nem de que estão entrando mais forte. E não há notícia de que mais crédito esteja sendo colocado à disposição de brasileiros, a juros menores, a prazos mais longos. Não há notícia de desinflação dos imóveis, nem de fato que justifique a contínua e apressada valorização dos imóveis. Não foi desfeita a impressão de que a capacidade de pagamento dos brasileiros está chegando no limite.
Nada mudou. A não ser o fato de que, agora, discute-se se há bolha imobiliária ou não. Veja que nem se cogitava isso há pouco tempo atrás. Isso em si já é um indicativo de que algo não está normal.
Já que nenhum fundamento mudou, parti para a pesquisa sobre se existia, então, alguma informação que confirmasse meu receio de haver bolha imobiliária. E o que eu encontrei? Encontrei um artigo de 11 páginas sobre o tema, tratado por uma Revista de peso na economia nacional brasileira (não é revista econômica da Tanzânia). Encontrei as informações de que “nos últimos meses, depois de cinco anos de alta, surgiram sinais de acomodação no mercado”, além de queda no volume de imóveis novos em São Paulo e mais expressiva ainda na venda de imóveis usados (25% de queda). Estas informações estão na resposta à pergunta 2 do artigo “A Alta chegou ao fim?”, na página 51.
Encontrei no artigo a opinião do economista Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do governo Lula e ex-diretor do Iedi, de que ‘já houve uma boa valorização e está na hora de tomar algum cuidado’ (pg. 51). Encontrei também a opinião da pesquisadora da Secovi, Crestana, de que ‘o bolso é o limite (para o movimento de alta) e este está perto’.E Pompéia, da Embraesp, afirmou que ‘muitos investidores apostam que os preços subirão mais, mas não sabemos. Já tem gente com medo de não vender o que construir’. Tudo isto na resposta á pergunta 2 do artigo, na pg. 51, dentre outras informações neste sentido.
A resposta à pergunta 3, negando a existência de bolha tem como argumento principal o de que os imóveis no Brasil estão a preço abaixo dos imóveis estrangeiros. Mas qual é o tamanho da economia e a renda per capita destes países cujos imóveis estão mais caros? Eu imagino que eles falam dos EUA e Europa, mas a renda per capita desses lugares é de 45 mil dólares e a nossa é de 10 mil dólares.
A resposta à pergunta quatro, se há risco de que se forme uma bolha imobiliária foi positiva: “Sim”. O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, “embora concorde que não há bolha em formação”, afirma, na página 52 que ‘há impressão de que um crescimento rápido do setor (de construção de imóveis) só tem pontos positivos – não é verdade. Uma bolha entorpece a visão, como um lança-perfume. Mas na hora da verdade, não pede licença para entrar”. E por fim o artigo ressalta que na opinião deste economista “o Brasil é propenso à formação de uma bolha imobiliária porque o brasileiro em geral é consumista, o sistema bancário é ágil e as construtoras são capazes”.
Existem muitas outras informações interessantes e aconselho mesmo a leitura. Está muito boa. Mas não procure a conclusão feita e definitiva de ninguém. Junte suas informações e vamos seguir acompanhando. Para mim não mudou nada. Estamos numa bolha de preço e quando começarem a negar as ofertas de venda, senhores, iniciará o movimento de baixa. Para mim, as conclusões dos artigos “Bolha Imobiliária no RJ em 2010” e “Reconhecendo a bolha imobiliária, demorou mas chegou” ainda estão válidas e os fundamentos não mudaram. A alta de preços continua, mas diminuiu o ritmo porque está esbarrando na falta de renda do brasileiro... portanto, vai ter que ceder.

Agora, as onze dicas sobre compra de imóvel, na última parte do artigo ficaram ótimas e concordo cem por cento com elas. Importante salientar que em meio a estas dicas estão as de que imóveis de certos bairros e ruas podem valorizar-se menos do que a média e que "o momento, porém, é do vendedor". Aqui no RJ vejo isso em São Conrado e Barra da Tijuca, que ainda apresentam oportunidades de compra por preço bom. As dicas são responsáveis e todas corretas e úteis, a meu ver, tanto para o comprador quanto para o vendedor.

POr fim, os gráficos não dão uma real dimensão da valorização, pelo menos no RJ. O aumento aqui em trÊs anos em muitos imóveis passou de 300%. Mas os gráficos apresentados informam aumento de 59% em trÊs anos e 240% em 10 anos. O artigo informa que o gráfico é para lançamentos em São Paulo e explicita en passant o método para se chegar àqueles números, mas o resultado é que, mesmo que informe a média, dá impressão de que o aumento é alto mas normal, quando na verdade, todo mundo sabe que é muito mais do que aquilo e é anormal. Eu vi um viés do artigo efetivo no sentido de negativa da bolha mesmo. Mas não dá pra esperar muito mais do que aquele artigo para avaliar o que ocorre, não. É continuar ligado nas informações e comprar algo bom, por preço justo, desde que não te sufoque. Isto é o mais importante e também está nas dicas do artigo, óbvio.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

200 bilhões de custeio e 82 mil servidores contratados: onde está o erro na informação do Globo?

Desta vez vou conseguir ganhar uma aposta entre amigos!!! Finalmente!!! Eles disseram que eu não conseguiria escrever um artigo com menos de 415 páginas e 320 remissões!!!

Pois é só esperar que o Globinho do nosso coração sempre me proporciona todas as oportunidades que posso pedir a um veículo de mídia, para escrever artigos grandes, pequenos, com remissões, sem remissões, da forma que eu quiser, ao gosto de todo mundo.

Vocês já viram essas duas publicações, não é? Num período de duas semanas de hoje, 01/02/2011, para trás, as publicações que ora critico foram uma que destaca a previsão de custeio do Governo com funcionalismo público: 200 bilhões de reais (na verdade acho que são 199 bilhões, mas enfim..) e o outro que ressaltava, com teor de horror público, que o Governo Lula contratou 82 mil servidores públicos!!

VocÊ lê as duas manchetes e o impacto é, com o contexto trabalhado pelo Globo através de meses de artigos sobre inchaço de máquina, aparelhamento do Estado (nunca tendo apontado onde foi há o inchaço nem explicada como prestar serviço público sem aparelhamento), de que há lambança geral, irresponsabilidade de gastos públicos e "inchaço de máquina pública", tudo, evidentemente, sem nenhum sentido com o interesse público.

Mas onde está o erro? Como eles te enganaram? Como te informaram mal? Como sempre fazem, senhores e senhoras, na omissão. Vou passar uma dica que sempre acaba com o Globo, mas que pouca gente sabe. Pergunte o percentual do gasto público em relação ao PIB, para verificar se 200 bilhões de custeio é historicamente absurdo. E pergunte qual o percentual de servidores públicos em relação aos habitantes na Alemanha, França e, pasmem, nos EUA!!

Você sabe qual a resposta? Tan, tan, tan ,tan... No governo FHC, com menos funcionários do que hoje, o gasto do PIB com funcionários públicos chegou a 5,4% do PIB. Hoje, esses 200 bilhões, chega a 5,1% e no Governo Lula esse percentual já cehgou a 4,9%!!! Tá mais barato o custo de funcionário no Governo Lula por causa do crescimento do PIB. E nós temos um avanço na desestruturada máquina pública brasileira para tentar melhorar prestação de serviço público. Já percebeu que ao invés de três a quatro meses o passaporte sai em até 10 dias agora? Você acha que é milagre? Não, gente, é mais servidor na Polícia Federal.

E vocÊ sabia que mesmo com 82 mil servidores a mais, nós temos ainda um servidor para cada 32 habitantes, enquanto a Alemanha tem um servidor para cada 18 habitantes? Sabia que a França tem um servidor para cada 12 habitantes? Sabia que a Inglaterra tem um servidor para cada 29 habitantes? Para chegarmos no nível da Inglaterra, berço do liberalismo, tínhamos de aumentar nossos funcionários públicos em 10%!!

Agora, vocÊ sabia, ainda, que os EUA tem 22% de sua força de trabalho no funcionalismo público? E sabe qual é esse percentual no Brasil? 11% (onze por cento), amigo. É... a metade. POrque estes países podem investir em serviço público e nós não? POrque podem oferecer mais serviçospúblicos para seus cidadãos e nós não merecemos? A média dos trinta países europeus é de um funcionário público para cada 15 habitantes. O dobro de funcionários por habitante que há no Brasil. Mas nós somos a oitava economia no mundo, deveríamos pelo menos ter a oitava relação servidor por habitante no mundo, não?

Viu como você leu o artigo do Globo e ficou mal informado sobre o que te interessa e sobre o tema que ele publicou? Mas agora você já sabe.

Bem, não sei se ganhei a aposta do artigo curto... mas foi um prazer de novo! rsrsrsrs

Para que vocês fiquem com uma informação melhor sobre o funcionalismo no nosso País, selecionei um artigo da ONG Contas Abertas. Não gostei do título, mas o teor está ótimo e vocÊ poderá averiguar que Lula tentou reestruturar os quadros estratégicos do Estado para melhor prestar serviço público, tentando desfazer o mal que Collor e FHC, seguindo cartilha do FMI, tentaram realizar que foi o desmonte do Estado. Confira também a importância estratégica de um corpo de funcionários públicos de alto nível e bem remunerado e saiba que nenhuma nação importante cresceu sem isso.

Veja por você mesmo em texto confiável no link abaixo:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:vG0Ppl_n22kJ:contasabertas.uol.com.br/WebSite/Noticias/DetalheNoticias.aspx%3FId%3D195+contrata%C3%A7%C3%A3o+servidores+a+mais+governo+lula&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br

abraços

p.s.: Vi também um artigo publicado recentemente que diz assim, mais ou menos: "dívida pública cresce dez porcento em 2010, no fim do Govenro Lula, chegando a 1,654 trilhão". Cadê o erro? Ou melhor, cadê o engôdo? A resposta é mesma: Nominalmente cresceu. Mas o PIB não cresceu 8% em 2010? Só aí, se fosse simples assim, você matava 8 pontos percentuais, ou 80% da conta que o Globo apresentou como "crescimento de dívida". Mas o correto, como a arrecadação não cresce exatamente na proporção do PIB, é você perguntar qual é o percentual dívida/pib do Brasil? Fechou em decréscimo em 2010, em 41% do PIB. No FHC chegou a ser superior a 50%! É isso. É mole!

p.s. em 02/02/2011: Pessoal, só pra ficar claro e fácil. Há previsão no orçamento para 2011, elaborado e aprovado em 2010, de que o custo com funcionalismo federal iria para 199 bilhões. Houve crescimento nominal em relação ao gasto previsto para esta mesma conta de 2009 para 2010. Mas houve manutenção do percentual em relação ao PIB em torno de 5%. Está pois dentro de nossa capacidade de investimento em prestação de serviço público. A notícia do Globo de hoje, dia 02/02/2011, informa que houve aumento de dívida pública em 200 bilhões em 2010 e que haverá outro aumento de gasto em 2011 neste mesmo valor. Informou que houve aumento da dívida em 13% (pra ser exato). Mas em 2010 houve aumento chinês de PIB (7,9%) e recorde absoluto em arrecadação (à razão de 10% ao mês durante todo o ano, com arrecadação final de 809 bilhões de reais), assim como em 2011 já é previsto aumento de 4,5% a 5,5% do PIB e, consequentemente, de arrecadação. E observe, o aumento de 5% em média sobre o PIB, em 2011, é sobre base de cálculo que já considera o PIB de 2010, sobre o qual já houve crescimento de 8% sobre o PIB de 2009. Tratam-se de juros progressivos, enquanto a previsão de aumento de gasto ficou congelada em 200 bilhões de reais. Por isso só dá para acompanhar se a conta fecha ou não, se há irresponsabilidade, acompanhando a variação desses aumentos de dívida em relação ao crescimento do PIB, assim como acompanhando o crescimeno de gastos em relação ao PIB ou arrecadação, e vendo se está dentro dos limites de responsabilidade fiscal. Enquanto houver menos servidor público por cidadão no Brasil do que ao menos a nona maior economia do mundo, acho que, se não gerar custo maior que a receita, o investimento não é, a priori, irresponsável. Afinal, precisamos de médicos e professores, além de Juízes, policiais, controladores de voo, enfermeiros, professores universitários, professores de creche, assistentes sociais para todo o Brasil e ainda em quantidade suficiente para a demanda brasileira, ou o serviço público está bom?

Como se comportar em uma bolha imobiliária?

Esse tema é essencial, pessoal. A idéia surgiu das perguntas e comentários de Tatiana Vieria Assumpção Richard e do Dr. Vitor Miranda ao artigo "Bolha Imobiliária no RJ em 2010". Vou até aproveitar trechos da resposta que dei ao Vitor e à Tatiana.

Vejam, Benjamin Steinbruch, Presidente e controlador da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), acabou de comprar um imóvel na Quinta Avenida, em Upper East Side (lado mais valorizado), em Nova York, de 450 m², ao custo de US$18 milhões. Isso só ocorreu depois de seis meses de negociação com a família que queria vender por US$32 milhões (http://www.focoregional.com.br/page/plantaodtl.asp?t=STEINBRUCH+COMPRA+APARTAMENTO+NA+5%AA+AVENIDA+POR+US$+18,875+MILH%D5ES&id=25028).

A família Safra acabou de comprar, por US$295 milhões, um prédio na Madison Avenue, em Nova York, de propriedade de uma adminstradora imobiliária italiana, prédio conhecido por ter no térreo a loja de departamentos conhecidíssima Barney's. Há três anos os italianos tinham comprado esse mesmo prédio por US$385 milhões. Perderam US$90 milhões em três anos.
(http://economia.ig.com.br/bilionario+brasileiro+compra+predio+em+rua+chique+de+nova+york/n1237947656633.html)

Se imóveis abaixam nos EUA, em Nova York, em centro de milionários, entre milionários, por que não pode ocorrer aqui? E se os milionários pechincham, por que você também não faz isso? Por que temos de comprar ao preço que pedem? Qual a necessidade de afagar o nosso ego? É por nós, para realizar o que é melhor para nós ou para alimentar uma imagem social? Por que você faz isso? Por que vocÊ se sente de determinada maneira? É sabido que 90% das compras são realizadas por impulso, mas isso é o melhor para você?

É claro que não vou pedir para você morar até morrer no mesmo local, como um dos maiores milionários do mundo está fazendo. Sim, aos oitenta anos, Warren Buffet mora na mesma casa em que nasceu. E quando fez seu primeiro milhão de dólares parece que ainda andava de fusca, seu primeiro carro. Não vou pedir isso pra vocÊ. Eu não concordo com isso. A vida é pra ser vivida. Mas tem preço, senhores. E você tem que pensar antes de pagar para ver se é o que você quer pelo preço a ser pago.

Os milionários pechincham porque não têm nada a provar para ninguém. Mas você pode ainda me dizer: mas Mário, e se os imóveis atingirem valores que nunca mais poderemos pagar, nem eu nem meu filho? Tenho que me depauperar agora, que ainda posso entrar na casta de proprietários de imóveis no RJ!!! É agora ou nunca!!! Jesus me ajude!!

Gente, por favor....

Primeiro: Pense. Se pessoas que ganham acima da média, de classe média alta, não conseguem comprar os imóveis, quem vai comprar? Por quanto tempo? E se todos os milionários do Brasil e do mundo resolveram comprar, vocÊ acha que pode competir? Se um imóvel de dois quartos em Botafogo chegar a três milhões de reais e isso for sustentável, não haverá revisão de valor venal do imóvel? Como vai ficar esse IPTU? Você vai se endividar todo para comprar qualquer imóvel na Zona Sul, a qualquer preço e sofrer grandes limitações em seu orçamento familiar por anos a fio?! Vale a pena? Você vai deixar de viajar com seus filhos? Você vai piorar a educação deles? Tudo isso para pagar o que quer que peçam por imóveis moribundos na Zona Sul ou outro lugar de seu sonho?

Se você vai fazer isso, amigo, vocÊ não é dos meus. Você também não está fazendo o que Benjamin Steinbruch, Safra e Warren Buffet fazem. Quem é sua companhia nesse magnífico investimento? Há que se pensar.

Repetindo um caso concreto já comentado em outro artigo e altamente pertinente, soube de uma pessoa na fila da loja Zara no Rio Sul, cujo cunhado comprou um imóvel caro na Zona Sul, e ainda fez uma obra de um pouco mais de 100 mil reais. Não que o imóvel fosse fantástico, mas comprou caro e o imóvel precisou de uma obra e mesmo na obra eles capricharam. A família não podia passar o fim de semana em Teresópolis!! Palavras da moça. O dinheiro era contado em casa por trÊs anos. Nada podiam fazer de lazer. Fim da história: depois de três anos e muitas brigas, o apartamento ficou lindo, o casamento acabou e eles estavam vendendo o imóvel.
Eu não sei o que faz as pessoas pesarem mal bens materiais e qualidade de vida. Por que não valorizam o dinheiro que ganham? Por que acreditam que são pobres só porque alguém oferece um imóvel em preço estratosférico e depois faz cara de que você não tem dinheiro para comprar? Onde vive seu corretor de imóvel? Porque esses compradores desesperados fazem de tudo para se encaixar num perfil em determinado momento, mesmo que esteja o mercado em alta e seu orçamento fique apertadíssimo? Isso é necessário? Alguém vai ter que começar a dizer não, não compro. Tenho tanto, se quiser, me ligue.

Mencionando outro caso concreto pertinente referente à resposta a comentário de Dr. Vitor Miranda, há pouco tempo vi um apartamento de um quarto na Barão de Ipanema, em Copacabana, sem vaga de garagem pelo qual estão pedindo 450 mil reais. Você paga? Mesmo com vaga, você paga?
Falei com uma corretora há uma semana. Gostei de um apartamento no Humaitá. Dois quartos, somente banheiro de empregada, pois o quarto de empregada foi destruído para transformar um dos quartos em suíte. Play, vaga de garagem, sem piscina, sem sauna, eu acho até que era sem play. Apartamento bom, inteiro, o que é raridade na Zona Sul. R$570 ou 590 mil. Ofereci 420 mil. Antes os corretores riam, dessa vez tentou me convencer do preço. E acabou dizendo que o proprietário tinha comprado um apartamento maior com eles por um preço mais elevado e queria vender rápido o imóvel, por isso tinha dado aquele preço que já estava há 20 dias (como se fosse muito) e que ele ia mudar o preço porque a faixa daquele imóvel é de 700 mil reais.
Perguntei: mas se ele precisa de vender rápido para não pegar empréstimo e não vendeu a esse preço, qual a lógica em aumentar para 700 mil? Facilita a venda? E mais, se ele comprou mal o imóvel dele, o que eu tenho a ver com isso? Eu tenho que validar a besteria que ele fez?

Gente, eu digo: valorize a sua vida. Valorize o seu dinheiro. Tem muita gente dando o imóvel antigo para comprar o imóvel novo!! Aí, o cara pega mais trezentos mil e aceita pagar um imóvel de 700 mil ou 800 mil porque a prestaçao de empréstimo de 300 mil cabe no bolso dele.. mas o preço do imóvel não é 800 mil, é seiscentos. Mas ele não pechinchou, comprou mal e quer vender o dele por preço alto. Isso não é problema seu.

VocÊ tem na sua cabeça, por mais que não acredite, um sininho. Ele sempre sabe quando há pechincha e quando está caro. O mercado dita o preço? Ok. Mas quem é o mercado? Você é um integrante do mercado, sabia? Se você e vários disserem aos corretores o preço do imóvel, mesmo que ele te diga que o preço é outro, você está influenciando o preço, assim como o proprietário e o corretor fazem.

E se não baixarem? Não compre. Para mim não vale a pena me endividar por apartamento que não vale o dinheiro que pago. Eu não sou especulador. Eu quero encontrar um imóvel descente. Eu quero fazer uma simples compra. Eu quero trocar meu dinheiro pelo apartamento de alguém, que equivalha ao preço pago por mim. Entendeu?

E se não for possível no momento? Prefiro ficar sem a dívida. Pago aluguel. E tenho um custo menor pelo mesmo local. Ao invés de prestação mais alta na compra, tenho dispêndio menor agora, vivo no mesmo local e junto a diferença (importante este último detalhe, gente!).

Nenhum corretor sério com quem conversei disse que os imóveis estão com bons preços. Nenhum disse que sabe quando pára de subir. Mas já vi um corretor e uma pessoa, que não precisavam vender imóvel próprio, vendendo e botando o dinheiro no banco, para morar de aluguel e achando que o preço de venda era ótimo. Os dois têm intenção de comprar imóvel de novo.

Quem está certo? Quem está errado? Eu acho errado eu pagar preço alto. Se milionários estão tomando o RJ (rsrrs) sei que não posso competir. Quero garantir dignidade de moradia, viagens, restaurantes, festas e bares com os amigos e uma educação de qualidade para meus filhos. Isso é o mais importante para mim. Mais importante do que a casa própria, a ser comprada seja em que estado for, e a que preço for (se for boa e a preço justo ok). Eu já mostrei questões objetivas para esse movimento de alta. Motivos em que acredito. Fiz minha opção.

Tive um grande amigo que fez uma oferta para um imóvel. 60% do que pediam. Depois de 6 meses, o proprietário aceitou vender pela oferta. Vou seguir esse meu amigo, Benjamin Steinbruch e Safra. Valorizo meu dinheiro e pechincho. O proprietário tem direito de pedir alto? Eu tenho direito de oferecer mais baixo. O apartamento é dele, mas o dinheiro é meu. Ou dinheiro não é patrimônio? Se você não dá valor ao seu dinheiro, amigo, quem dará?

Perguntas inteligentes, Resposta publicada 4 - Bolha imobiliária RJ

Pessoal, o debate nos comentários do artigo mais popular do blog está quente: "Bolha Imobiliária no RJ em 2010".

Colocações inteligentes nos proporcionando o questionamento deste movimento/problema especulativo imobiliário. A troca de idéias é tudo. Acho que estamos atingindo nosso objetivo e posso compartilhar com vocês que o acesso ao blog está aumentando muito. Já são mais de 5.150 acessos em sete meses de existência do blog. Só no mês passado foram mais de 1400 acessos de vários países.

Como um comentário ótimo deu oportunidade para uma resposta que reputo muito boa, vou publicar aqui como artigo, para facilitar o acesso. Trata-se do comentário de Tatiana Vieira Assumpção Richard questionando a falta de controle do governo sobre esse movimento especulativo, bem como comentando a sensação de ameaça que o cidadão acaba vivendo de talvez não poder morar em sua cidade, cujos preços de imóveis, e de tudo em geral, vive uma alta não questionada pela própria sociedade. Muito interessante. Vejam e fiquem à vontade para criticar e comentar.

Tatiana Vieira Assumpção Richard comenta:

"Tenho provocado-quase que diariamente- uma discussão sobre esse e outros assuntos referentes ao custo de vida para o carioca.
Fico muito impressionada como não ha qualquer movimento de regulação do governo quanto a isso,e por outro lado como a sociedade não está se organizando e parando para pensar a respeito.
A sensação que tenho é que a cidade passa por um momento de grande euforia mas que isso não vem sendo trabalhado de forma sistêmica, o que pode fazer com que daqui a algum tempo o carioca não possa mais viver aqui- simplesmente por não dar conta do custo de vida, uma vez que sua renda de forma alguma aumentará na proporção do voraz mercado imobiliário- e ainda, que estamos preparando uma cidade para o investimento estrangeiro, sem a responsabilidade e devida atenção que se deve ter- quando se trabalha para reurbanização e desenvolvimento econômico local- para a qualidade de vida da população que habita a cidade.
A sensação de "Fica quem pode pagar" é assustadora."


Minha resposta:

"Tatiana, excelente comentário. Sua preocupação está certíssima. Li um artigo no Le Monde Diplomatique (vou ver se ainda tenho) em que um cientista social francês fez uma ponderação sobre a valorização de imóveis em determinadas cidades e o benefício para sua população.
Ele conclui que quando há uma real valorização excessiva de uma área, que tenha sustentabilidade e se mantenha no tempo, a cidade melhora, mas não para os seus habitantes originais (achei o artigo. Acesse: http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=635)
.
Eu vi isso com a onda de valorização imobiliária na Califórinia, há uns dez anos. Os aluguéis aumentavam porque ricos compravam o local ou faziam grandes ofertas. As pessoas que não conseguiam pagar saíam e viabilizavam a venda, ao final. E aqueles que eram proprietários, com a revisão do imposto de propriedade imobiliária, por alteração do preço venal, acabando vendendo também, se já não o tivessem feito pela oferta alta anterior. Ou seja, a cidade ia melhorando, mas não para os habitantes originais.
Podem sustentar que isto estaria acontecendo aqui. Mas não vejo assim, ainda, no nosso caso. Pois lá nos EUA a renda é enormemente maior. Aqui estamos vendo pessoas que têm bons salários incapazes de pagar. Aí a diferença, ao meu ver.
Quanto ao Estado regular isso, como você diz, isso (a que você se refere) seria o mercado. Regular expectativa de valor não dá. Mas você tem razão em dizer que o Estado se omite. Acho que se omite em controlar o cadastro de imóveis e de compra e venda de imóveis.
Se houvesse um cadastro nacional regularizado e centralizado, se houvesse controle das compras e vendas, além de se combater lavagem de dinheiro, você controla a quantidade de estrangeiros que adquirem imóveis nas cidades. Muitos estrangeiros estão comprando através de brasileiros testa-de-ferro (inclusive na Região Amazônica, Norte e Nordeste rural - mas isto é outra história).
Isso é grave, pois nesse caso, realmente, como você reclamou, poderia estar em curso especulação imobiliária estrangeira no Brasil (e está!), desterrando brasileiros, ou seja, por via oblíqua, e contra lei brasileira (soube de lei que impede concentração de estrangeiros superior a 40% das cidades no Brasil), estrangeiros estão se apropriando de imóveis de brasileiros.
Isso deveria ser controlado.
Mas por outro lado, nós brasileiros, não poderíamos endossar compras e vendas por valores estratosféricos. Parem de comprar. Não adianta se deixarem espoliar. Você se endividar não garante qualidade de vida. É ilusão. Você deixará de viajar de educar melhor seus filhos para comprar imóvel? E se ficar nos seus limites mensais e o Município rever o IPTU? Já pensou?
Acho que colocarei nosso papo como outro artigo. O tema é sensível e merece."


Só fiz correção de digitação, pois no comentário não tenho essa chance.

Esses questionamentos não são demais? Acho que aos poucos chegaremos em muitas e boas conclusões. Pretendo escrever um próximo artigo sobre como se comportar nesse movimento de alta de imóveis. O comentário do Dr. Vitor Miranda me deu essa idéia e estímulo. Isso é muito importante para a gente parar com essa sensação de impotência.

abraços a todos

p.s. em 01/02/2011: consegui fazer a revisão total do texto. Fiz pequenos acréscimos no texto e no meu texto citado entre aspas. Na maioria das vezes coloquei entre parênteses. As alterações foram para dar melhor compreensão e não alteraram em nada sentido e conteúdo, principalmente porque era uma reprodução de resposta escrita por mim a comentário, a qual pode ser conferida em sua forma original no artigo "Bolha Imobiliária no RJ em 2010".

p.s. em 01/02/2011: Achei o artigo sobre o movimento de crescimento de cidades e expulsão de habitantes originais no Le Monde Diplomatique. Acesse: http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=635
Quero dizer que não acho que seja o que nos ocorre. Ocorreu isso com a população pobre que vivia no Leblon/Lagoa e foram para Cidade de Deus, na época de Carlos Lacerda. Aconteceu na Califórnia há dez anos (como vi em reportagem), com os mais pobres e classe média baixa. No nosso caso a dificuldade está atingindo classe média alta. Aí a diferença. Não é sustentável por não ser compatível com a renda do carioca que é uma das maiores do Brasil. Por isso a bolha.