sábado, 28 de maio de 2011

Propaganda Homossexual, Efeito contrário e Fernando Haddad

Pessoal, apesar de ter sido com atraso, Dilma falou bem em relação ao chamado "kit gay". O objetivo do Estado deve ser informar a sociedade e não admitir propaganda de opção sexual. Também acho que o objetivo das minorias deveria ser em informar à população e desfazer preconceitos e não chocar a sociedade em que vive e agredir aqueles que não compartilham de suas escolhas, pois o efeito dessas ações políticas propagandísticas da opção homossexual (em muitos casos não é nem opção, segundo recentes descobertas genéticas e de desenvolvimento do feto, bem como sobre diferenças biológicas entre homossexuais e heterossexuais homens ou mulheres) pode ser contrário ao desejado.

De qualquer forma, como em sã consciência pode ter sido feito material de propaganda homossexual para ser veiculado para crianças de 11 anos no Brasil?! Bolsonaro chegou a acusar que o material era para crianças de 6 a oito anos, mas o Jornal O Globo publicou ontem, dia 26/11/2011, que seria para crianças de 11 anos. Isso passa pela cabeça de alguém? Isso é normal? Uma criança de 11 anos tem a capaciade de entender a complexidade desse tipo de escolha? Isso não é algo de foro íntimo?

Gente, vou falar uma coisa, cadÊ a oposição nestes casos? Eu vejo que as bandeiras politicamente corretas estão se tornando movimentos de mão única e autoritárias... devemos ver isso, inclusive os integrantes das minorias que estão sendo objeto de "tutela" estatal. É de novo o problema da inexistência de um núcleo de valores que possa direcionar os atos dos responsáveis políticos e sociais por essas bandeiras sem gerar exageros e efeitos indesejáveis (ver o artigo "Razões da IntolerÂncia:...").

Compartilho com vocês um email que enviei ao meu amigo Fábio quando me perguntou o que eu achava sobre o "kit gay", quando ele achava um absurdo.

Vejam:

"Com certeza está tendo exageros na pretensa defesa das minorias... do jeito que esses temas vem sendo conduzidos há o estímulo à segregação, há a criação de tratamentos anti-isonômicos com o resto da população e daqui a pouco branco, heterossexual que não seja pobre será visto como causa do mal da sociedade!!!! Isso é ridículo.... o respeito às minorias não pode ser desculpa para se desconsiderar outros brasileiros que não sejam integrantes dessas minorias, sob pena de haver preconceito às avessas.

O erro das abrodagens "protetivas" das minorias está muito inflamado, e está perdendo a medida que o foco que deveria haver seria no combate ao preconceito, seria para tornar a imagem dos representantes dessas minorias mais comum e aceitável socialmente sem preconceito. mas por ser moeda eleitoral fácil, o exagero dessas "ações protetivas" estão adquirindo caráter de confronto social aos parâmetros sociais conservadores e mais comuns, bem como uma afronta à sociedade em seus valores mais antigos e enraizados, além de um embate por espaço social a ser admitido a partir do confronto, com cotas em faculdades e empregos públicos ou privados, com super-exposição dos parâmetros de conduta dessas minorias, em atitude não de congragação, mas de sectarização social.

Não se está focando esses atos em parâmetros informativos para compreender-se o diferente e se aceitar o diferente. Está se partindo para atitudes de agressão moral, de super-exposição, de tomada de espaço social com base em determinações legais. isso não é construtivo. Se essas ações focassem em difundir a comnpreensão da natureza humana do homossexual, do negro, do judeu, do cigano ou de qualque outro integrante de minoria, seja lá qual fosse (hippies, punks, grunge, artistas, emmo, carecas, baixinhos, gordos, feios... ninguém fala que estes também sofrem preconceitos), a difusão dessa compreensão iria abrir a sociedade naturalmente para vê-los como integrantes da sociedade como qualquer outro.

Mas não é o que está ocorrendo. Muitas vezes repetindo ações adotadas pela sociedade americana, em função de situações e problemas sociais distintos dos nossos, está se adotando posturas de conflito aberto com o status quo e até mesmo agressivo, o que pode surtir efeito contrário ao almejado e ao invés de aceitação gerar movimentos conservadores de repressão a esse movimento que se apregoa libertário das minorias."


Uma coisa que muito me impressiona, meus amigos, é a multiplicidade de coisas esquisitas que estão ocorrendo no Ministério de Educação, mas a oposição nem ninguém, nem mesmo a presidente Dilma faz nada em relação ao Fernando Haddad.

Os erros tem sido recorrentes e graves no Ministério da Educação e ninguém responde!! Vejam: manipulação de exames do ENEM e atraso de meses no concurso, colocando em risco o sistema do ENEM; admissão de distribuição nacional de livro com erro de português admitido como forma de português a ser ensinado ("nós pega o peixe"); criação de kit propagandístico de opção homossexual para ser distribuído e passado em escolas públicas por todo o País para crianças de 11 anos; e, como se fosse pouco, admissão de inclusão automática de crinaças com deficiÊncia em turmas e escolas regulares de ensino, sem estrutura física ou humana que possa dar conta desta educação fora de ambientes especiais de educação, inclusive com a tentativa de fechamento de institutos seculares de educação especial que são o Instituto Benjamin Constant e o INES!!

Desculpem-me, mas ninguém vai reclamar com o Ministro da Educação Fernando Haddad?!?!?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Assine a petição pública em defesa do IBC e da Educação Especial

Pessoal, reproduzirei email que chegou a mim e que explicita muito bem a situação de ataque a que estão submetendo a educação especial, em especial no caso o Instituto Benjamin Constant, escola centenária especializada em educação de cegos.

O email disponibiliza endereço para assinatura de petição pública a ser entregue ao Ministro Fernando Haddad e à Presidente Dilma Roussef. Além disso, descreve muito bem a importância da existência de escolas especiais, a influência positiva desses meios especiais sobre o desenvolvimento de crianças especiais e põe por terra a ignorÂnica de todos nós sobre a realidade de crianças especiais em escolas e turmas regulares, na minha maneira de ver e de acordo com minha experiência direta com relatos de mães de deficientes.

A política de inclusão automática de deficientes em turmas ou escolas regulares é um crime contra a dignidade e a educação dessas crianças. O processo responsável de inclusão em turmas regulares é mais complexo do que se imagina e exige ótima infraestrutura humana e de coordenação psicopedagógica, que hoje é inexistente no Brasil e na maioria de países no mundo (ainda não soube de um que esteja em nível ótimo). Soube, inclusive, que países europeus que tentaram essa inclusão em massa estão reavaliando a Declaração de Salamanca e os métodos de inclusão. Mas precisamos sempre estar atrás? Precisamos sempre dar passos a reboque dos europeus? Não temos condições de avaliarmos por nós mesmos? É uma pena que nossa elite político-educacional somente se sinta de vanguarda quando copia a última opinião de estrangeiros.

É necessário que haja grupos de psicólogos e pedagogos que avaliem a capacidade intelectual de deficientes cognitivos*, o estágio de educação de cada criança portadora (sim, o atendimento tem que ser individual), assim como deve haver preparação de professores de turmas regulares para educar as crianças especiais.

Deve haver acompanhamento psicopedagógico dos poucos deficientes que conseguem participar ativa e produtivamente de turmas regulares, para ver se estes podem se manter na classe regular (às vezes é indicado psicopedagogicamente que voltem à classe especial para posteriormente voltar à turma regular), além de que deve poder voltar à classe especial se assim for necessário para seu desenvolvimento pedagógico.

Ah, .... mais um detalhe, não há sistema educacional misto existente!!! Não há currículo universitário em que esteja disponível técnica pedagógica mista, ou seja, não há ninguém no País e no mundo que possa, hoje, dizer que é formado para cuidar de crianças normais e especiais ao mesmo tempo!!!!

Bem, .. só daí vocês já podem ter idéia do que está sendo esta política do MEC de inclusão automática.

Segue o email. Assine você também a petição pública. Eu já assinei.

"REPASSEM, POR FAVOR !!!!!!

Assunto: Contra o Fechamento do IBC - Importante, não ignore!!

Como poucos sabem, o MEC decidiu fechar até o final do ano o Instituto Benjamin Constant, uma Escola de Ensino Regular Especializada na Educação de Cegos, com turmas que vão desde a Estimulação Precoce até o 9º ano (antiga 8ª série) do Ensino Fundamental, e com atendimento especializado realizado com os reabilitandos (videntes - pessoas que enxergam - que ficaram cegos por alguma razão).

O fato saiu no jornal O Globo inclusive, mas não chegou a ser a grande notícia da semana, pois poucos sabem o significado da instituição para o país. Não somente querem fechá-lo, mas também ao INES (para surdos) e ir aos poucos acabando com as escolas especializadas em educação especial, qualquer que seja a necessidade.

Nenhum problema haveria nesse projeto se nossas escolas regulares tivessem a estrutura adequada a esse tipo de educação inclusiva que tanto se fala nesse país, mas só fica na teoria. Os alunos especiais sofrem preconceitos dos outros alunos e acabam sendo deixados de lado por professores que não são capacitados a atendê-los. Um aluno especial em uma turma regular dificilmente tem a atenção necessária para desenvolver-se no mesmo ritmo que os demais alunos de sua classe e o método de ensino tem de ser diferenciado.

Em nosso país o sistema de ensino não consegue suprir as necessidades dos alunos regulares, quem dirá dos especiais. Cansamos de ver escolas com falta de material, falta de professores e que carecem de meios para que se tenha controle dos alunos e lhes ensinem valores morais já esquecidos na sociedade atual, e ainda entra em cena o "bullying" (palavra tão usada ultimamente) que emerge desta impotência moral iniciada no ambiente escolar.

Como uma criança ou adolescente especial vai conseguir sobreviver no ambiente mais hostil conhecido pelo homem: a escola? Quem tem filho, irmão mais novo, é professor ou de alguma forma convive com um grupo de crianças ou adolescentes (e se você não se aplica as condições, pense quando era você uma criança ou adolescente que frequentava a escola) sabe que eles são "cruéis" e não perdoam qualquer tipo de coisa diferente do seu radar de certo e errado, ainda em formação.

No Instituto, as crianças se sentem parte de um todo, não sofrem preconceitos mas saem de lá prontas para enfrentá-los, prontos para enfrentar nosso mundo de videntes egoístas. Lá elas aprendem a andar sem cair ou bater em objetos, aprendem a comer, têm esportes específicos, desde pequeninos são estimulados. Alguns dos alunos inclusive passam a semana no Instituto, são alunos internos do Benjamin constant. Alguns alunos são Internos porque os pais não têm condições de levar e buscar, seja por dificuldades financeiras ou de trabalho (as aulas são em tempo integral). Com cuidadores para auxiliá-los a semana toda, dormitórios estruturados, refeições bem preparadas pelas "tias da cozinha" e elaboradas por nutricionistas.

Algumas crianças só têm na vida o Instituto. A maioria das crianças não são somente cegas, algumas têm doenças degenerativas , ou seja, a doença vai piorando a um estado...que...enfim. No IBC é onde elas são aceitas e têm assistência de profissionais capacitados. Só tentar descrever pelo e-mail é complicado, aconselho que tirem um dia e visitem o Instituto. Estar presente e até mesmo fazer trabalho voluntário lá pode mudar o jeito que temos de ver a vida, e com sorte nos tornar pessoas melhores.

Geralmente só percebemos diferentes situações fora de nosso círculo social quando nos afeta de alguma maneira. Quem tem alguém especial por perto sabe das dificuldades que enfrentamos, bate de frente com o preconceito, a desigualdade e o descaso que cai sobre eles.

Meu principal objetivo com este e-mail é conscientizar as pessoas, principalmente os cariocas, da importância desse centro de referência para cegos de todo o Brasil. E é um motivo de orgulho para nós termos tal instituição que capacita tão bem seus alunos. Vamos lutar contra esse absurdo de fechar o IBC, se quiser colaborar agradecemos muito.

Abaixo assinado:http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N8365


O Instituto Benjamin Constant fica na Av. Pasteur - Urca (Próximo a Botafogo, na calçada do campus Praia Vermelha da UFRJ e Unirio) caso queira conhecer ou participar da passeata.

e o site: http://www.ibc.gov.br/

Te esperamos lá!"



Ajudemos a Educação Especial. Ajudemos o IBC e o INES. Ajudemos as APAES, todas as classes especiais e todos os professores das turmas e escolas especiais. E defendamos todos os professores das redes de ensino municipal, estadual e federal, além dos alunos de todas as classes regulares que podem ter prejuízo na execução da grade curricular por conta da ignorância e açodamento dos nossos políticos em abraçarem uma bandeira que não entendem com fins, ao meu ver, meramente eleitoral.

abs

Mário César Pacheco

* - Os deficientes visuais e auditivos ainda podem ter aulas em grandes grupos, pois seu intelecto é perfeito, mas os deficentes cognitivos não. E mesmo os deficientes auditivos e visuais precisam da troca de experiências e da solidariedade comum àqueles que passam pelos mesmos problemas e dificuldades. Esse apoio de grupo de classe é importantíssimo para o desenvolvimento intelectual pleno, pois transmite paz e sensação de verdadeira inclusão em sociedade. Está se ignorando que educação e inclusão não é meramente estar fisicamente em uma sala de aula. Também não é meramente ser submetido a uma torrente infromativa de uma determinada grade curricular. O processo educativo passa pela experiênica social e relacional entre o aluno e sua classe, a interação cotidiana com amigos de sala e amigos do colégio, além de uma troca intelectualmente ativa entre o alunos e o professor. Colocar um tradutor de libras, por exemplo, em uma sala em que foram inseridos automaticamenbte três surdos, não facilita sua interação com amiguinhos de turma nem a comunicação entre o aluno e o verdadeiro professor. Somente isola os trÊs meninos especiais na sala, em uma relação aluno e tradutor de libras. É ridículo. É vil. É burro e é criminoso.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Razões da Intolerância: Mec e o português popular, Sérgio Cabral, Bombeiros e Parada GLST

Um dos artigos mais impressionantes que já li foi o "Razões da Intolerância", escrito por Norberto Bobbio, em sua obra "A Era dos Direitos".

Talvez tenha sido um texto que muito me influenciou porque naquele artigo fica patente que Bobbio não foge de tema sensível, não tem medo de ser mal interpretado porque acredita naquilo sobre o que discorre e na forma como o faz. Mas talvez o mais importante de tudo seja que a coragem na forma como ele escreve se fundamenta na concepção que ele tem do mundo que é clara e muito firmemente determinada. Seus valores são sólidos e, assim, mesmo transitando sobre temas sensíveis, em meio a terreno pantanoso, Bobbio dá passos firmes e equilibrados, mostrando ao seu leitor o caminho que ele segue e dando a opção de o leitor fazer o mesmo, talvez com a mesma segurança.

Naturalmente pessoas como Norberto Bobbio nascem em poucas unidades por século, mas se nós não temos a sorte de ser um, ao menos temos o desafio de reconhecer sua importância, sua luz, e pegar um pouco dela para nós mesmos e tentarmos viver com valores fortes, definidos e com uma boa segurança de como transitar por terrenos não tão bem definidos assim. É o que eu tento fazer.

Bobbio, Montesquieu, Voltaire, Confúcio, Lao Tse, Noam Chomsky, Joaquim Nabuco, Gilberto Freire, Gilberto Moog, Jacques Le Goff, Moniz Bandeira, Cícero, Sêneca, Suetônio. O que é certo e o que é errado? Cerco-me de alguns senhores que têm mente prodigiosa para me ajudar a entender os limites dos valores e definir o meu núcleo central que me permite afirmar com certeza que algo está certo e algo está errado.

Assim, devo comentar dois casos relevantes atuais em que fica evidente que a sociedade está sem alguns parâmetros de valores: O MEC admitiu livro com uso de português vulgar para educar todas as crianças desse País e o Governador Sérgio Cabral admitiu que bombeiros usassem farda em momento de folga, em parada homossexual e de simpatizantes.

Contendo minha tendência à prolixidade, senhores, ambas as hipóteses são um absurdo. Ambas as hipóteses são demonstração de que líderes, autoridades e a sociedades estão perdendo a razão e os limites. Portanto, vou explicar tranquilamente, sem qualquer problema a gravidade das duas decisões.

É permitido Bombeiro, heterossexual ou homossexual ou transexual ou seja lá qual seja sua preferência sexual (Serguei gosta de árvores e se declara pansexual, parece), mas é permitido a algum Bombeiro usar farda depois do expediente e ir beber uma cerveja no botequim da esquina? Não. Por quê? Porque a farda é símbolo da autoridade do Estado, símbolo da unidade militar e portanto deve haver respeito no uso da farda exclusivamente em serviço. A farda não é do militar, é do Estado. Se o militar deixar de ser militar deve devolver armas, distintivos, documentos e a farda.

O que o cidadão faz em sua hora privada não pode ser confundida com o que ele faz na condição de bombeiro, quando representa o Estado e sua Unidade Militar. Seu momento de descontração não pode ofender a imagem da corporação se por algum acaso houver excessos, como por exemplo ficar embriagado.

O cidadão comum não pode olhar para um bombeiro de farda e o ver em situação que não seja no trabalho, momento em que desenvolve e exerce as atribuições do cargo de bombeiro e deve ser julgado caso não aja de acordo com as regras de conduta profissional que dele se exige. Caso contrário, flagrantes de descontrole pessoal podem manchar a imagem da corporação e sua respeitabilidade em sociedade.

Da mesmíssima forma não pode ser admitido que qualquer bombeiro use farda em festa de qualquer natureza, inclusive em parada gay. Não porque o bombeiro seja homossexual, não porque não se admita a parada gay, que foi autorizada, mas porque é um momento privado de descontração, não é momento de desenvolvimento de serviço militar de bombeiro e o mesmo problema pode ocorrer. Não se pode confundir o cidadão em sua hora privada com o bombeiro em trabalho militar.

Claro que foi uma movimentação simpática à causa gay, por parte do Governador. Claro que ganhou uns votinhos a mais, mas a que custo? Ao custo, ao meu ver, do sacrifício da imagem da Corporação Militar dos Bombeiros do RJ e ao custo do sacrifício do princípio de conduta em que um bombeiro não pode usar farda em momento privado, fora do quartel e despido da obrigatoriedade do exercício de suas atribuições públicas de bombeiro militar. Se um bombeiro heterossexual quiser ir para o carnaval com sua farda agora, fora do expediente? Poderá o COmando Militar negar? E a isonomia?

Por outro lado, os bombeiros homossexuais, na minha maneira de ver, que não são crianças nem cidadãos sem valores, mas cidadãos normais, como querem ser admitidos e reconhecidos em sociedade, deveriam se negar a usar sua farda fora de expediente, instrumento de trabalho, símbolo de sua corporação militar que juraram honrar, e mostrar para o Governador que os homossexuais são cidadãos sérios e querem respeito e não indulgências anti-isonômicas para terem liberdades de exercer frivolidades sem qualquer sentido. Homossexuais não deveriam aceitar excessos com viés eleitoreiro, pois isso, na minha modesta maneira de ver, parece rebaixá-los ao nível de crianças.

Se o Governador do Estado não consegue ver seus limites e o núcleo de valores que deve seguir para demonstrar que o Estado do Rio de Janeiro nõa admite homofobia, ao menos os próprios bombeiros, cidadãos responsáveis, deveriam possuir esse núcleo de valores, e não aceitar a indulgência, rechaçando o tratamento infantil concedido pelo Estado.

Da mesma forma, as tendências de cunho político da liderança do MEC, mesmo sendo socialistas ou até comunistas, tanto faz, não podem perder o cerne de valores educaionais básicos. A liderança no MEC deve perceber que o português vulgar ou popular, aquele falado pelo povo carente de educação formal, não deve ser institucionalizado, pois seria abdicar-se da educação. Uma criança não pode ser educada a ler "nós pega", porque ao ler no jornal "nós pegamos" poderá encontrar dificuldade em compreender o que está escrito.

Poesia é uma coisa. Educação formal é outra. E falar português erroneamente porque não teve acesso à educação formal é outra e é triste. Todos sabem que os socialistas e comunistas têm um carinho especial por todas as características naturais e originais do popular e que todas as características que evidenciam sua natural adaptação à falta de atenção do Estado são as mais admiradas, dentre elas o desenvolvimento local de técnicas de agricultura rudimentar, de pesca artesanal e da linguagem portuguesa adaptada à falta de educação formal.

Também acho bonito. Também acho engraçadinho. Também tenho interesse sobre como ele processou informações precárias e adaptou sua capacidade de comunicação, sobre quais saídas encontrou sozinho para problemas de linguagem que a língua culta resolve de forma diferente. É uma viagem antropológica, sem dúvida. Quem é que não gosta da abordagem (ufanista, óbvio) que Manoel Bonfim dá em seu livro "Brasil na América" à adaptação linguística do brasileiro humilde e sem instrução?

Mas daí a querer que as crianças repitam o erro e institucionalizar essa dificuldade está muito além da simpatia com o popular. Para mim isso é a perpetuação da deseducação, um desrespeito com os filhos daquele popular que não teve acesso à educação, desrespeito à língua portuguesa, que é símbolo da nação brasileira.

O Ministério Público Federal está certo em apurar esse absurdo. E, por total incompetência do Ministro da Educação ou daqueles em quem confiou para a escolha do livro com português errado, a oposição tem agora mais uma coisa para bater no Governo Federal, pois ficou evidente que a escolha do livro foi consciente e considerou a hipótese, com fundo ideológico de esquerda (esquerda burra, nesse caso), de ensinar a milhões de brasileiros português contra as regras gramaticais cultas, prejudicando símbolo da nação brasileira e "mancando" o português desses milhões de brasileirinhos. Um absurdo e mais uma vez falta de clareza de valores.

Em ambos os casos, como Bobbio fala em seu artigo "Razões da Intolerância", não se está a dizer que não se deve ser tolerante, mas não ter limites no ato de tolerar evidencia simplesmente que você não tem princípios claros, que você não tem valores.

p.s.: Esse artigo deriva de sugestão inconsciente de um grande amigo que deve ter grandes conflitos sobre as razões de me tolerar. Abraço Gustavo. AHUAHUHAUAHA
p.s.: Como me tolerar é um processo complexo e ato de curiosidade antropológica por parte dos meus amigos e de vocÊ leitor, dedico a vocês este artigo sobre as razões dos limites à tolerância. Obrigado pela tolerância, gente! rsrsrs E ainda tem quem me incentive.. vocês perderam as razões da intolerância há muito tempo!! rsrs

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Reforma Trabalhista: Lei do Home Office

Há menos de um mês tive a oportunidade de conversar com uma alta funcionária de Recursos Humanos de uma grande multinacional estrangeira sobre os rumos do trabalho do funcionário de empresa, sobre o que poderia ser alterado na relação entre empregado e empresa que surtisse efeito positivo para ambos. Questionei porque não há uma adesão maior ao Home Office, com controle de trabalho mais baseado em meta do que baseado em horas. Falei que achava um absurdo com tanta tecnologia não haver bônus para o empregado em tempo ao mesmo passo em que a empresa poderia se aproveitar da exploração do potencial do bio-horário/bio-ritmo de cada funcionário, aumentando sua produção mensal para a empresa.

Ela disse que o grande problema é a legislação trabalhista. Não há regulação do trabalho controlado por metas e as empresas ficam com grande dificuldade em enquadrar isso nas regras trabalhistas de forma que amanhã não possam ser processadas.

Interessante. Eu entendo. Se o trabalhador tiver combinado trabalhar por metas, ele pode trabalhar a hora em que quiser e em que é mais produtivo. Para ele não faz diferença. Mas se esse horário for de madrugada, amanhã poderá alegar trabalho noturno e a empresa terá de indenizá-lo, eventualmente. Se trabalhar no domingo, idem, mesmo que não tenha trabalhado na terça e na quinta! O mesmo aconteceria caso quisesse trabalhar em dia de feriado, mesmo que a empresa nada tenha a ver com essa escolha do profissonal que está em regime de home office. Assim, este sistema é admitido muito pouco, em poucas empresas e para pouquíssimos cargos.

Verificamos também que os Sindicatos, segundo ela, têm interesse mais de acordo com o chão-de-fábrica e que muitas vezes não está interessado nos profissionais de características mais intelectuais, justamente aqueles que poderiam trabalhar em regime de home office. E não há outra organização com a qual negociar e que tenha legitimidade para pleitear pelas alterações contratuais e legais para que seja possível a adoção de trabalho em regime de Home Office ou regime de metas, pois os profissionais de uso preponderante de força intelectual não se organizam e nem são bem representados pelos Sindicatos, no tocante a este tema em especial.

Bem, achei muito interessante. Mas vejam a situação em que nós ficamos: os métodos de produção melhoram, a eficiência melhora, a produtividade por habitante melhora e não há ganho de qualidade de vida para o trabalhador. Quem ganha nisso?

Devemos pensar em opções de relação e regras que garantam o aumento de produtividade, aumento de lucros, mas que garanta o aumento de qualidade de vida dos funcionários também.

Assim, minha sugestão é a seguinte, como reforma trabalhista não precisamos de menos direitos. Não se pode admitir que direitos trabalhistas conseguidos após décadas de luta sejam diminuídos. Ponto e não se fala mais nisso. Quem deseja isso é empresa mas empresa não tem família, empresa tem sócios e sócios querem menos custos e mais lucros. Portanto, o que podemos fazer para manter aumento de produção, aumento de lucros e melhora de qualidade de vida para o trabalhador? A maior reforma trabalhista possível seria a regulação do Home Office.

Os trabalhadores estão certos em não admitirem diminuir encargos trabalhistas e previdenciários sem que haja o retorno para o trabalhador em menos horas de trabalho. Isso é o que está em discussão hoje no Congresso: diminuição de encargos trabalhistas e previdenciários na folha de pagamento (custo de contratação) em troca de jornada de trabalho de 40 horas semanais. Ótimo. Mas isso não traz uma reforma de cunho trabalhista real. São mudanças importantes, com efeito concreto na vida da empresa e do trbalhador, mas não entra no cerne da relação.

O que seria revolucionário no Brasil seria a regulamentação do Home Office, em que o trabalhador pudesse optar por este regime, comprometendo-se por metas ao invés de por horas de trabalho. Isso daria maior autonomia ao trabalhador para organizar suas horas diárias. Talvez todo trabalhador que optasse por trabalhar em regime de Home Office pudesse levar seus filhos ao colégio, por exemplo. Romperia-se a barreira física e de estrutura das empresas. Se todos quiserem trabalhar às 13h, ao mesmo tempo, o fariam do computador de casa, independentemente de revezamento ou de turnos de trabalho. Uma empresa poderia contratar mais pessoas do que sua estrutura física comporta e isso seria menos custos para a empresa e menos impacto na demanda por imóveis. Os imóveis poderiam ficar mais baratos.

Mas essa liberdade de horário teria de gerar alguma suspensão de direitos trabalhistas, talvez não infelizmente, para quem optasse pelo regime de metas ou home office. Veja: você pode ser mais produtivo às 02:00h (duas da manhã). E você pode querer trabalhar toda a madrugada para ficar com o dia livre para algo que queira fazer. O problema seria seu, mas a empresa não pode pagar hora noturna, concorda?

Lógico que deveria haver alguma forma de controlar esse tempo para que a empresa também não abuse do funcionário. Mas poder-se-ia usar tempo de trabalho definido no "tolken trabalhista". Assim como hoje entramos em conta corrente e fazemos transferências bancárias com auxílio de "tolken", que é um identificador eletrônico, algo semelhante poderia ser pensado para a relação laboral de Home Office. Na hipótese de descumprimento das regras do Home Office, por qualquer das partes, uma das penas poderia ser a volta obrigatória ao regime de trabalho por horas, caso o descumprimento não importasse em pena mais grave (demissão por justa causa, por exemplo). E a qualquer momento qualquer das partes poderia renunciar ao regime de metas e voltar ao regime de horas. Temos que pensar. Tem que ser algo bom, seguro e não assustador para nenhuma das partes.

A meu ver, isso seria encarar o futuro. Esse questionamento leva a uma verdadeira revolução trabalhista. Fica aqui a sugestão para debate.

Peço também aos sindicatos que não vejam só o trabalho manual, mas que protejam criativamente como fazem e com a mesma firmeza os profissionais de trabalho preponderantemente intelectual. Mas também peço a esses trabalhadores que se aproximem de seus sindicatos. Não adianta o trabalhador que não participa das reuniões de seus sindicatos chorar porque o sindicato nunca abarca as pretensões que sua classe de trabalhadores pretende. O sindicato só vai defender o seu interesse, trabalhador intelectual, quando vocÊ comparecer e participar das reuniões sindicais. Quem sabe você toma gosto, faz novas amizades e até se interessa em ajudar seu sindicato, integrando-o?

Por fim, não se esqueçam, sindicatos e trabalhadores intelectuais, que seus caminhos cedo ou tarde se cruzarão definitivamente, já que o trabalhador brasileiro está cada vez mais educado tanto quanto os processos de trabalho exigem cada vez mais capacidade intelectual. Em Cingapura, parece que o que antes seriam estivadores, hoje são trabalhadores com exigênia de terceiro grau, para mexer em máquinas altamente complexas e fazer o trabalho que antes era braçal. Na Justiça Federal no Rio de Janeiro, já são raros carimbos e juntadas de petiçoes físicas pelos funcionários. Cada vez mais cursos e cursos são dados como condição para ascenção na carreira e tarefas mais complexas estão sendo exigidas, a bem da melhoria da prestação de serviços públicos. Muitas coisas estão mudando. Nós também temos de ver e mudar.

Abraços.

Ação Global e Amigos da Escola: até onde o voluntariado é bom e a partir de quando é ruim para a sociedade?

Há pouco tempo, nesta última semana de maio (entre 09 e 13 de maio de 2011), houve a publicação de artigo com o título "Voluntariado no Brasil", no Jornal do Commercio. Ressaltou todos os lados positivos para a sociedade e para os participantes em movimentos de voluntariado. Aumento de criatividade, aumento de sensação de civismo e de felicidade por realizar algo para o próximo. Problemas sociais amenizados pela participação da prórpia sociedade, através da intervenção direta da própria sociedade, ou seja, problemas sociais e vidas concretas melhoradas pela minha, pela sua, pelas nossas mãos diretamente. Alcançar diretamente aqueles que a burocracia do Estado não consegue e resolver seus problemas realmente, efetivamente e.. melhor,..pessoalmente. Difícil pensar em algo tão gratificante, útil e realizador para o próximo, para você e para a sociedade.

Mas, como sempre, o erro está no excesso. Mas pode haver excesso de doação de meu tempo? Mas ele não é meu? E pode haver excesso em cuidar dos outros? Pode haver excesso em alcançar aqueles que o Estado não alcança? Em ser útil à sociedade?

Doar nunca será excesso,... para quem faz a doação, individualmente considerada. Entretanto devemos entender que não se trata só de você que participa do movimento de voluntariado. Todas as atividades de voluntariado que partem diretamente do indivíduo sempre ajudam a sociedade, mas hoje está crescendo o número de movimentos de voluntariado instituídos por empresas e ONGs, as quais, diferentemtne de você, têm interesses próprios.

Vou direto ao ponto. O voluntariado somente é útil de verdade à sociedade quando ele não se apresenta como substituto do Estado. O voluntariado útil e honesto contigo e com a sociedade não pretende substituir o Estado definitivamente e totalmente (ou mesmo parcialmente) em uma área de prestação de serviço público. Isto porque é impossível que de um voluntário, por mais capacitado e mais entusiasmado que ele esteja, seja exigido horário por anos a fio, além de que não se lhe pode exigir metas ou cuidar da capacitação de um voluntário que hoje pode estar ajudando e amanhã talvez não esteja mais. Prestação de serviço público perene é para servidores públicos de carreira. O voluntariado deve ajudar, deve trazer o plus e não substituir a prestação de serviço do Estado.

Vamos aos casos concretos. Não pude ver qualquer equívoco no "Ação Global". O movimento "Ação Global" me pareceu extremamente útil com todas as qualidades elencadas pela autora do artigo que mencionei acima, publicado no Jornal do Commercio. Não há como aquelas atuações individuais substituírem atuação perene do Estado. Ótimo. É claro que duvido que a Rede Globo de alguma forma não abata do imposto de renda o que gasta com esta atividade, mas mesmo isso é útil. Primeiro porque a previsão de abatimento de imposto de renda existe para incentivar a sociedade a investir na própria sociedade e segundo porque, pelo menos esse dinheiro se transforma em prestação real e direta de algum serviço social. Então, tudo bem por aqui.

Entretanto, o "Amigos da Escola" me deixa algumas dúvidas. Como estou envolvido no Movimento pela Educação Inlusiva Legal e Responsável, estou tendo contato com a prestação de serviço público de educação e estou surpreso com os limites que estão, na prática, chegando a atingir na prestação de serviço voluntário a este título. Parece que voluntários podem chegar a dar aulas e ouvi sobre casos em que imaginam voluntários tomando conta de crianças com deficiência. Pessoal, isto não pode acontecer.

Observem, enquanto o "Amigos da Escola" se destinar a realizar brincadeiras lúdicas, com incentivo à coordenação motora e aquisição de conhecimentos gerais ou amadurecimento cívico e psicopedagógico, tudo bem. Se o voluntariado quiser realizar atividades extra-classe, com visitas a museu, com teatro, com laboratório, com supervisão de profissional da escola pública, tudo bem. Mas temos de estar atentos sobre os excessos e a tentativa de legitimação da substituição da organização estatal para a prestação de serviço público perene pela organização social e voluntária, o que não pode acontecer sob pena de evidente perda de qualidade de prestaçao de serviço público, frustração de determinações constitucionais sobre ingresso em carreira pública, frustração de determinações constitucionais e legais sobre indelegabilidade de atividades-fim do Estado e desestímulo do investimento em salário e carreira pública de professores.

Eu entendo que em determinada escola, por falta de salário atraente, por falta de estrutura, professores não sejam contratados, pessoas não se interessem pela carreira de professor e não participem de concurso público para preencher as vagas. E nesses casos eu entendo que, estando ali, os voluntários acabem assumindo a educação destas crianças abandonadas intelectualmente por sua Prefeitura e Governo Estadual e Federal. Mas isso deve ser entendido em seus exatos termos: isso é errado.

A solução para falta de prestação devida de serviço público de educação não está no voluntariado, óbvio. Está em tomarmos consciência da realidade dos investimentos em estrutura e na carreira de professores públicos que ganham salários miseráveis para realizar uma função tão nobre de educar nossos filhos.

É muito importante você entender que há movimento internacional por substituição de prestação de serviços públicos pelo serviço privado, seja por terceirização, seja por privatização, seja por Organizações Sociais ou ONGs. Não quer dizer que todos esses movimentos criativos e mecanismos e engenhos de produção não podem ser utilizados para ampliar a prestação de serviços públicos, prestar serviços sociais adicionais aos prestados pelo Estado e que não devam ser incentivados pelo Estado. Mas temos de estar atentos para não embarcarmos em uma bandeira que não é nossa e que não resolve a falta de quantidade ou qualidade de prestação de serviço público em determinada área (educação e saúde principalmente).

Seja voluntário. Participe de todo e qualquer movimento voluntário que exista. Crie até seu próprio serviço voluntário. Mas fique atento para não ser usado em uma cruzada para a substituição do serviço público por serviço privado, de que hoje você participa, mas amanhã pode não estar participando. Crianças e doentes precisam de educação e saúde de forma perene com profissionias presentes, gabaritados, com salário digno, por anos a fio para a realização do bem público.

p.s.: Voluntariado é muito útil e nos faz sentir bem. Mas ninguém vive de voluntariado e por isso não podemos admitir a substituição de servidores públicos profissionais e capacitados por voluntários em qualquer área e por mais capacitado que seja o voluntário, simplesmente porque ele não pode prestar indefinidademnete o serviço, nem responde por metas ou horário. Vejam esse exemplo: meu irmão ajudou por uns cinco dias na Região Serrana após o desatre com as chuvas do verão de 2011. Por ser dublê e já ter dado aula de resgate em selva para o Exercito Brasileiro, integrou uma equipe de aguerridos que chamo de "malucos" e ficaram indo de pickup no meio da lama e de encostas para tentar salvar pessoas e resgatar corpos. Quase morreram algumas vezes, o carro quase caiu em uma encosta... mas conseguiram realizar o trabalho dentro de suas limitações (muito menores do que as minhas por exemplo) e tiveram de voltar a trabalhar. Ficaram muito felizes com a contribuição que puderam dar. Para mim, ele e seus amigos são heróis reais. Mas as pessoas que não puderam ser ajudadas por eles continuavam lá, tendo de ser ajudadas. O Exército, os Bombeiros, a Defesa Civil e a Polícia estavam lá dia e noite para isso. Entenderam a diferença?

p.s. 17/05/2011: Vejam o que descobri em total consonância com o teor do meu artigo e ainda com o conteúdo. Acesse: http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/trabalhos/GT05-3709--Int.pdf

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Crítica ao artigo "Libertar a alma negra do Brasil", publicada no Globo On Line de 13/05/2011

Pessoal, hoje foi publicado no Jornal Globo On Line, um artigo sobre suposta defesa a movimento de valorização de afro-descendentes. Como ficou muito bem escrito e com conteúdo clássico no sentido errôneo adotado pelos movimentos de defesa da "cidadania negra", eu, amigo de negros e mulatos, vendo a evidente e mera cópia de tese de movimentos pela valorização social de negros americanos para o nosso País, que tem característica social totalmente diferente, e verificando um grave potencial danoso da difusão deste tipo de tese para a coesão social brasileira, repasso a vocês o conteúdo do que respondi on line como comentário ao referido artigo.

O conteúdo do artigo pode ser acessado no endereço http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2011/05/12/libertar-alma-negra-do-brasil-924446991.asp

Acredito que a tese defendida no artigo pode ser defluída dos dois trechos que seleciono agora. Veja:

"Acho que chegou o momento de nós, negros e mestiços, cobrarmos do Estado o reconhecimento da dívida econômica e cultural que este tem em relação aos escravos e aos afrodescendentes. O Brasil só será uma grande potência mundial quando a raça negra e os mestiços se incorporarem ao seu pleno potencial econômico."

"A luta por justiça socioeconômica e racial dos negros deve ser a base dos movimentos negros na atual agenda política do Brasil. Se queremos participar do bolo econômico devemos buscar não apenas a igualdade como um direito teórico, mas igualdade como um fato e como resultado prático, a fim de cultivar um conjunto de líderes talentosos com legitimidade aos olhos desta nação de pretos. A revolução negra humanista, iniciada pelos heróis abolicionistas de 1888, precisa ser concluída na alma da nação brasileira que a abolição não libertou." (http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2011/05/12/libertar-alma-negra-do-brasil-924446991.asp)


A seguir meus comentários, organizados para esta publicação.

"Fico preocupado com este tipo de texto que cultua uma diferença entre cidadãos brasileiros, diminui a história negra de resistência à escravidão e não ressalta que a escravidão foi terminada por brancos no Brasil. O grande problema é que normalmente quem se predispõe a escrever esse tema só o faz repetindo as teses de consciência negra que vigoram nos EUA. Mas a sociedade lá é realmente segregacionistas e não há paralelo conosco neste particular. A inclusão negra se dará com educação pública (aliás, de negros ou brancos pobres).
Quem quiser ter real noção sobre a história da escravidão no Brasil, sem adotar essas mentirosas e simplistas teorias de vitimização dos negros brasileiros, leia "Guia politicamente incorreto da história do Brasil", de um jornalista brasileiro, Leandro Narloch, editora Leya. Negros escravizaram negros na África muito antes de os brancos chegarem lá. Assim como brancos escravizavam brancos na Europa. Alimentar o maniqueísmo de brancos devedores e negros vítimas, no Brasil, é um atentado contra a história e repete os EUA aqui, em total dissonância com nossa realidade social, histórica e cultural.
Era comum, antes da abolição da escravatura no Brasil, o assassinato de feitores que abusavam do direito de punir os escravos. Os próprios escravos os matavam. E também era comum um escravo libertado, se tivesse oportunidade de ascenção social e econômica, comprar outros escravos negros. Há inventário de uma negra baiana liberta que libertou vinte escravos seus após sua morte. Vinte escravos somente quem era rico possuía. 80% dos proprietários de escravos tinham apenas um escravo e ambos, proprietário livre e escravo, trabalhavam juntos!! Leiam o livro que apontei acima e libertem-se das teses vitimizantes e de fundo segregacionista.
Esses dados que repasso a vocês mostra um lado cultural, referente a um estágio de nossa sociedade anterior ao momento abolicionista. Quero que vocês vejam o brasileiro descendente de negro sem vitimizá-lo. Quero que eles se vejam como pessoas cujos antepassados não foram coitadinhos nem se deixavam abusar sem revolta e tomada de atitudes. A estrutura social com escravidão existiu desde sempre e acabou recentemente e brancos e negros foram escravos em seus tempos e épocas.
Peço a todo brasileiro que se informe sobre nossa história. Se informe sobre a história e sociedade americana. Não é porque fazem movimentos sociais lá para tentarem resolver seus problemas sociais de uma sociedade doente, que devemos copiar isto aqui. Lá houve um grupo de negros, os Panteras Negras, que atacavam seu país porque sentiam exclusão efetiva cotidiana dos negros naquele país que nunca os aceitou a não ser quando começaram a fazer dinheiro. Aqui a história é totalmente diferente.
A sociedade americana é segragacionista por natureza. Estude-a como eu e você concluirá o mesmo. Eles são assim culturalmente, sem se darem conta. Winner e Loser. Branco e Negro. Rico e pobre. Nas faculdades há as frátrias ou irmandades que segregam os alunos. Se você é de uma turma ou irmandade, não pode se misturar com o de outra turma. Nerds e Mauricinhos e Patricinhas. Lá isto é sério e não há paralelo com o que temos aqui. Respeitem a história e a sociedade brasileira. Vejam a diferença entre Brasil e EUA. Não dá para copiar diretamente para cá.
Minha noiva é descendente de portugueses, italianos e tem uma bisavó negra. Se você a visse nunca advinharia que há contribuição negra genética. Minha amiga de trabalho é loira de olhos azuis e a avó é negra como ônix. Daqui a pouco vão discriminar os brancos descendentes de negros sem saber. A filha dessa minha amiga é loira de olho azul também. Isso é uma irresponsabilidade. Mas líderes sociais, políticos e de ONGs ganham votos e apoio com isso....
Vocês não entendem que nos EUA é muitíssimo difícil um branco namorar uma mulata ou negra. Aqui quem resiste a uma mulata?!?! Sendo bonita, para a percepção do homem brasileiro, não interessa se é branca, negra ou mulata!! Todo mundo sabe disso. Agora há uma dívida social com negros pobres como há com brancos pobres. A todos deve ser dado acesso à educação pública de qualidade e possibilidade de formação superior e técnica a todos que assim quiserem. Isso é resgate de cidadania.
E por fim, digo o mesmo em relação aos homens negros. Quando eu era adolescente, no bairro da Tijuca, um dos caras que ficava com as mulheres mais gatas das festas, era um garoto negro, de quem não lembro o nome. O cara era respeitado e admirado por todos nós, conhecidos ou não por ele. As meninas mais gatas, loiras, morenas, de olhos claros ou não, ficavam com o cara. Então não me venham com esse "racismo brasileiro". Não é compatível com a minha experiência pessoal. Tenho vários amigos negros e de sucesso.
Me desculpem, mas eu trabalho com brasileiros que são negros ou mulatos que são meus amigos e tenho amigos pessoais negros ou mulatos. Fico fulo quando toca-se nesse assunto como se eles tivessem um passado histórico de que devam se envergonhar. São inteligentes, brasileiros como também os são os descendentes de europeus e de japoneses e chineses. Nós estamos fazendo nossa história. Nós somos um povo só. Se há negros e mulatos pobres, também há os brancos. Temos de cuidar de todos."


Acho muito grave este tema e acho que esta exploração da teoria da vitimização de negros e de outras minorias (homossexuais, ciganos, judeus, e outras) é prejudicial para o sentimento de cidadania, para a construção do sentimento de cidadania brasileira. Há o mero transplante de problemas e soluções da sociedade norte-americana para a nossa, não resolvendo os problemas reais de nossa sociedade e plantando a semente da segregação, da desagregação social, exercitando a prática e o incentivo de pensamentos por setores sociais, em separado do todo, ao invés de trabalharmos a coesão de todos, pensando os problemas sociais de forma ampla. Assim, institui-se a segragação a contrario senso, da seguinte forma: protejo e pego o que é meu e o que a sociedade me deve... você, diferente de mim, que faça o mesmo. Isso é um absurdo.

p.s. 13/05/2011 21:39h: Duas pessoas leram este artigo antes de eu adaptar o texto. Está agora adaptado e revisto.

p.s.: Espero que esta tese da vitimização negra perca cada vez mais força, ante a verdade. Isso é bom para quem quer votos de desinformados, de brasileiros que acreditam na sua culpa histórica ou na culpa histórica do Estado. O Estado é o que a sociedade é. Os tempos mudam. O que sobra, com o passar dos tempos, são problemas sociais que devem ser resolvidos. E incentivar o segregacionismo social ou tratamentos diferenciados com base em cor, sexo ou religião não ajuda na coesão social. Em respeito aos negros, à nossa sociedade e à história do Brasil, meu futuro filho, que será descendente de negro, ouvirá a história verdadeira, sem vitimização e será educado para conseguir as coisas e não esperar cotas raciais. Quem quiser descobrir a verdade, sugiro a leitura de três livros: "O Abolicionismo", de Joaquim Nabuco, branco, rico e proprietário de escravos que lutou pelo abolicionismo; "O Escravo nos Anúncios de Jornais Brasileiros no Século XIX", de Gilberto Freire, informando crueldades com os escravos, mas porque eles se rebelavam, portanto eram guerreiros e não gado; e "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" de Leandro Narloch, com informações sobre índios e negros que te darão uma outra idéia da realidade, menos romântica, sem vítimas, mais verdadeira e com base em documentos e fatos e não na história da carochinha. Brasileiro é brasileiro, seja índio, branco, negro, mulato, descendente de negro, de asiático ou de europeu. Problema de brasileiro deve ser encarado junto com o de todos os demais brasileiros em condição sócio-econômica idêntica e não com base em cor, opção de sexo, altura, peso ou religião.

p.s. veja também o artigo sobre a ineficiência do combate à discriminação através do atual sistema de cotas em http://perspectivakritica.blogspot.com/2011/04/o-abuso-social-e-politico-em.html

domingo, 8 de maio de 2011

A confirmação da queda da inflação em maio de 2011

Pessoal, enquanto Miriam Leitão se espanta com a queda de 10% no preço do petróleo essa última semana, e com a da inflação, como comentou na sua coluna no Jornal O Globo, datada de 07/05/2011, nós, do blog, já anunciávamos isso em 18 de abril de 2011. Observem o seguinte trecho da coluna: "O vasto mundo que nos cerca é uma incerteza só. Do nada os preços do petróleo caíram 10% na quinta-feira, e despencaram várias outras commodities. O bom da economia é que tudo tem explicação. Oruim é que elas surgem depois dos fatos."

Observem que a diferença é só uma: falamos das reais causas da inflação. Procuramos as notícias que realmente interessam, como recentemente (leia o artigo "A standardização da análise econômica...", publicada em abril de 2011) a que informou que a Arábia Suadita, país que aumentou produção de petróleo para regularizar o mercado por causa da conflagração política do Oriente Médio, estava baixando a oferta por verificar que a demanda já estava regularizada. Bom.. isso não gera a presunção de baixa de petróleo? E a notícia dos cortes fiscais americanos, não baixam pressão sobre petróelo, já que diminui o giro do PIB americano? E o corte anunciado chegou a ser entre 4 e 6 trilhões de dólares... Surpresa é guerra, conflagração política, clima.. fora isso os fatos que refletem na economia vão se mostrando e vocÊ vai avaliando. Nunca acertará em cheio, mas dá para ver a tendência.

Bem, Mantega está vencendo de novo. O que ele falou sobre controle de inflação e inversão de movimento de alta de inflação para queda e retorno aos limites da meta inflacionária está acontecendo. Isso não é por poder mediúnico, mas por análise real e verdadeira e não para vender jornal. Todas as vezes que Mantega falou que algo aconteceria, mesmo com todo mercado berrando o contrário, foi só esperar e se realizou.

Para nós do blog, essa inversão, que esperamos tenha começado de forma definitiva (desde que não apareçam mais surpresas..), já era esperada. Estamos dizendo há tempos que os rumos estão corretos e que o mercado aterroriza o Governo e o Banco Central para obter mais juros selic para seus bolsos.

Além de termos tido a companhia de George Vidor e outro economista de renome em relação a devermos parar de tentar controlar a inflação só por choque de juros, e devermos passar a dar mais importância às medidas macroprudenciais, inclusive com sugestão minha para recrudescer essas medidas ao invés de usar mais juros na nossa situação econômica atual, agora temos a companhia declarada de Delfim Neto, em artigo publicado na sexta-feira passada, dia 06 de maio de 2011, pg. A-13, intitulado "Falcões e Governo" em mesmíssimo sentido e até dizendo que "as medidas macroprudenciais se apresentam como instrumento substituto ao juros para controle da inflação" (citação livre).

Inflação que depedende de excesso de fluxo financeiro mundial, alta de petróleo e alta de alimentos e commodities no mundo, não pode ser combatida com juros. Nesse caso, aumento de juros somente prejudica a parte saudável da economia, aumenta a distância de nossos juros básicos dos juros praticados em todo o mundo, atrai dólares, prejudica a administração do câmbio, e prejudica a competição da indústria brasileira com a indústria estrangeira. Mas, por outro lado, o aumento de juros aumenta lucros de bancos....

Acesse esses dois artigos abaixo, e constate a continuidade da evolução dos fatores econômicos que não nos surpreendem, mas surpreendem alguns jornalistas econômicos renomados brasileiros.

Acesse: http://www.jcom.com.br/noticia/132739/Mantega_afirma_que_gasolina_e_etanol_devem_ficar_mais_baratos_este_mes_

p.s.: Não consegui o link para o artigo do Delfim Neto "Falcões e Governo", pg. A-13, do Jornal do Commercio de 06/05/2011. Quem conseguir acessar o artigo verá a defesa do BACEN e das medidas macroprudenciais ao invés do aumento de juros que outros jornalistas e o mercado financeiro tanto defendem. Economia de verdade, pessoal, é Jornal do Commercio... é difícil barrar a seriedade da publicação e a comparação com as notícias econômicas do Jornal O Globo é até covardia. Salvam-se invictos de minhas críticas, no Jornal O Globo, George Vidor, Flávia de Oliveira e Paulo Nogueira Batista Junior. Desses eu ainda não tive oportunidade de flagrar erros de raciocínio, erro de informação, omissão ou indução informativa.

Tente acessar o artigo de Delfim Neto no endereço: http://flip3d.jcom.com.br/flip/index.php?playerType=double&idEdicao=5aa5c426806c87b5e56e02f9ee07bd5e&idCaderno=692dc7d77e30f4ee1d994260db29ec24&page2go=13

Não sei se, não sendo assinante do Jornal do Commercio, você terá acesso à matéria que aparece na versão do Jornal Digital deles.

p.s. final: anote mais uma coisa que não será surpresa para nós e até a Miriam já viu e publicou: a tendÊncia da inflação mensal é continuar diminuindo até o fim do ano, por conta do endividamento das famílias, por conta das medidas macroprudenciais e manutenção de juros altos, encarecendo o crédito, por conta das excelentes safras no Brasil e regularização de safras no mundo e por causa da normalização de demanda/oferta de petróleo no mundo. O IPCA mensal deverá descer dos atuais 0,77% até chegar a 0,45% ao mês. Mas nesses próximos três meses, haverá aumento em valor de inflação acumulada nos últimos 12 meses, pois nos meses de maio, junho e julho de 2010 o índice mensal ficou em torno de 0%. Assim, no acumulado, o índice ficará aumentando até agosto/setembro. Daí para frente, a descida da inflação para o último trimestre, até mesmo em taxa anualizada é certa. Portanto, senhores, mesmo que saiamos do limite da meta anual de 6,5%, nos próximos três meses, haverá conversão no índice acumulado de doze meses a partir de setembro/outubro de 2011, já tendo começado a reversão de aumento de índices mensais de inflação esse mês, abril de 2011, como noticiado por todos os jornais.

p.s. 09/05/2011: Vejam também o artigo publicado no Blog da Miriam, de hoje, 09/05/2011, que o Boletim Focus diminuiu sua previsão de inflação ante a queda do mês de abril de 2011... não previram a queda.. só previram aumentos.. agora que a queda se apresenta, o Boletim Focus recalcula suas previsões.. fácil, não? Acesse: http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2011/05/09/mercado-reduz-para-6-33-previsao-para-inflacao-379219.asp

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Uma dúvida sobre a questão Roger Agnelli/Vale

Roger Agnelli tinha o maior salário do País: 15 milhões de reais (ou dólares) por ano. Pergunto, se isso ocorresse enquanto a Vale era estatal, mesmo com os mesmos resultados, a mídia apoiaria? E se ainda fosse estatal, os excelentes números da Vale seriam reputados à competência do Presidente em exercício da Vale ou justificado com base na sorte pela elevação, nesses últimos dez anos, do valor do minério de ferro no mercado internacional em virtude do crescimento de China e Índia e pelo crescimento econômico mundial e do próprio Brasil? Interessante imaginar...

p.s. 06/05/2011: texto corrigido

terça-feira, 3 de maio de 2011

Crítica ao artigo "Capitalismo de Estado" publicado em 03/05/2011 no Jornal O Globo

Sou obrigado a responder ao artigo do economista Rodrigo Constantino publicado hoje, 03/05/2011, no Jornal O Globo, pg. 07 intitulado "Capitalismo de Estado".

Ele explana que o Governo Federal, desde Lula, vem implementando um Capitalismo de Estado, entendido este como um capitalismo protagonizado pelo Estado, em que o Estado exerce seu poder econômico, com o dinheiro de impostos, induz o crescimento econômico conforme seus planos e não de forma a estimular o mercado, elegendo seus vencedores e, portanto, apadrinhando os empresários que se aliam ao Governo. Como prova disso, elenca o crescimento dos bancos estatais no mercado de crédito, o aumento em cinco vezes da capacidade de empréstimos do BNDES (150 bi) em comparação ao Governo de FHC (30 bi), gerando o que chama de "bolsa-empresário", pois com esses valores o Governo escolhe os empresários que quer agraciar. Como resultado disto tudo, além de se distorcer a função do Estado, segundo nosso analista, "metade do crédito do país já depende do governo, o maior banqueiro do país!", a arrecadação beira 40% do PIB, a dívida pública beira R$2 trilhões de reais, "pressionando a taxa de juros", e a inflação já passa de 6% ao ano.

O artigo pode se resumir a isto e a este trecho que trascrevo: "Jamais tivemos um modelo efetivamente liberal, mas 'nunca antes na história deste país' tivemos um capitalismo de Estado tão evidente. O aparelhamento da máquina estatal tem sido assustador. A ingerência no setor privado, como no caso da Vale, aumentou exponencialmente. E, talvez o exemplo mais sintomático, O BNDES foi transformado numa gigantesca máquina de transferência de riqueza dos pagadores de impostos para os grandes empresários aliados ao governo."

Onde nosso amigo economista errou? Eu pergunto: Quando FHC privatizou o sistema de telefonia, um dos agraciados não foi a hoje Oi (desculpe, Grupo Telemar), que era ou é do grupo empresarial de Tasso Jereissati, Presidente do PSDB no Ceará? O FHC não apoiou também com dinheiro do BNDES grupos econômicos brasileiros para que se transformassem em players no mercado internacional, nossas trasnacionais brasileiras? E não foi certo? Foi. Isso é o que os EUA faz há décadas e olhem o tamanho da economia deles, mais de 7 vezes a nossa, ou seja 14 trilhões de dólares contra o nosso de nem 2 trilhões de dólares.

Não quer dizer que emprestar à JBS, Bertin, incentivar grupos de construção civil a realizar obras gigantescas para o Brasil como hidrelétricas, tenha de ser feito de forma a impedir o crescimento dos concorrentes ou a privilegiar uns em relação a outros. Os empréstimos também não podem ser feitos sem projetos financeiros sólidos para aumentar a garantia de pagamento desses empréstimos, mas qual dos casos o nobre articulista aponta como ilegal ou ilegítimo ou contrários às regras de empréstimos do BNDES? Nenhum. Quantas empresas brasileiras se predispõem a tentar construir a Usina de Belmonte? Poucas. Essas não têm que ser ajudadas ou mesmo estimuladas a realizar o empreendimento? Isso não é bom para o país? Ou o articulista quer entregar as obras para estrangeiros? Gerar renda e emprego para estrangeiros ao invés de para os brasileiros?

Se os empréstimos do BNDES fossem espúrios, como o analista superficialmente tentar sustentar, não poderia haver uma apresentação de como houve o privilégio de projetos de financiamento econômico em detrimento de outros e apresentar isto ao Ministério Público Federal/Procuradoria da República ou aos congressistas para instalar uma CPI? As empresas prejudicadas por eventualmente não obterem empréstimos, apesar de satisfazerem as exigências do BNDES para tanto (hipoteticamente), não poderiam entrar na Justiça? Mesmo que não diretamente para não se expor com o BNDES, mas através dos Conselhos Econômicos, como a FIRJAN, FIESP e o CNI? Mas estes órgãos não são os primeiros a elogiar o BNDES?

E se durante a crise de 2008/2010 os bancos privados pararam de emprestar porque não queriam se expor, apesar de nossa realidade aqui não ter nada a ver com a do caos econômico estrangeiro vitimados pelo subprime e falta de regulamentação do mercado econômico e financeiro de lá, e o governo passou a tentar compensar a falta de valores no mercado interno para que as indústrias, construções e comércio não parassem e os brasileiros não perdessem emprego como perderam os estrangeiros, isso foi errado? Não. Foi necessário turbinar o BNDES. Os bancos estatais, acreditando no Brasil, ao contrário da área privada, emprestaram mais e ganharam market share no mercado de crédito brasileiro e agora isso é gigantismo estatal?

Enquanto os estrangeiros injetaram trilhões de dólares para salvar suas empresas e bancos e tentar diminuir a devastação financeira da crise, aumentando suas dívidas internas em mais de 100%, chegando os EUA a 100% do PIB, a Inglaterra a mais de 150% do PIB e o Japão a 210% do PIB, nós estamos em 39,9% do PIB (ou 60% se incluir os valores investidos, ou seja, valores que são empréstimos e serão devolvidos ao tesouro, a chamada dívida bruta). Portanto, nossa dívida interna está assim tão grande? Ela é uma das menores do mundo, é com certeza a menor ou uma das menores do mundo rico e uma das menores do mundo. Perdemos para China, Índia e Coréia do Sul, parece, em torno de 45% a 25%, mas eles não têm previdência pública nem leis trabalhistas como a nossa, não é mesmo?

Olhem, o que eu posso dizer, depois disso tudo é o seguinte: artiguinho clássico de representante do grupo político derrotado. Não houve nenhuma ponderação desses pontos que elenquei aqui. Naturalmente não posso imaginar que Rodrigo Constantino, com o espaço que obteve no Jornal O Globo, não seja economista de alto nível e não saiba o que escrevi aqui. Sabe. Mas mesmo assim escreveu o que escreveu. Artiguinho de oposição. O grupo político e econômico que ficou fora do Governo tenta atacar atitudes governamentais mas, como sempre, sem elencar casos concretos e utilizando-se, como sempre, mais uma vez, de alegações genéricas.

Mesmo sobre a inflação, não obstante o governo ter feito a maior economia fiscal em superávit para o primeiro trimestre da história, noticiado recentemente pelo Jornal O Globo, e ter feito nesse trimestre a economia equivalente a 33,3% de todo o superávit primário definido para o ano inteiro, o economista sustenta que a inflação é por causa de "aparelhamento estatal" e gastos de governo. Não houve ponderação do preço do petróleo, da especulação com commodities ou sobre problemas passados de safra internacional e aumento de alimentos, nem mesmo ponderou sobre a pressão inflacionária internacional que existe porque para debelar a queda econômica por causa da crise, Europa, EUA e Japão praticam juros negativos e injetaram e injetam trilhões de dólares no mercado internacional. Tudo problema externo que repercute na inflação brasileira que pressiona o juros selic.

Ou seja, artigo de baixa qualidade informativa e devidamente destruído aqui.

p.s.: 03/05/2011 - Não há "Capitalismo de Estado" no Brasil como o articulista quis sustentar. Há decisões importantes, ação governamental e criatividade do governo para compensar efeitos negativos de crise econômica e pressão inflacionária, mantendo o crescimento econômico, mantendo empregos e mantendo negócios e ambiente normal e estimulante para negócios. O êxito do governo é tamanho que o Brasil é um dos maiores países a atrair capital de longo prazo para investimentos, construções de usinas, parques industriais, portos, rodovias, e toda a sorte de empreendimentos industriais, comerciais e de construção. E agora, senhores, se isso já era o sonho do grupo político de oposição (estar realizando tudo isso), vai ficar pior, porque a Dilma pretende combater criativamente a inflação, diminuir a relação dívida/pib a 30% em 2014 e ainda investir como nunca em educação e saúde pública. A perspectiva da oposição está muito, muito, muito ruim, ao meu ver. E mentindo ou insisitindo em criar realidades factóides com retórica mentirosa como neste artigo, senhores, não chegará a lugar algum. O problema que eles vêem é que se ajudarem o governo a melhorar, o governo capitaliza eleitoralmente os bons resultados. E esse governo tem interesse em resolver, não em privatizar e contratar ONGs e cooperativas para realizar o trabalho que deve ser feito por servidores públicos com estabilidade e compromisso com os interesses de Estado. Isso desespera mais ainda a oposição. Mas é isso que vai nos alçar a país de primeiro mundo.