Além de estar dedicando um tempo a mais para passar com a minha filha Maria Valentina, de 7 meses, muitas outras tarefas pessoais e sindicais, a realidade é que toda a nossa análise econômica anterior de grande melhora da economia vinha se concretizando, mas a mentirada publicada pela grande mídia era tal, insistindo na desgraça econômica do país, que deixamos o tempo e as manchetes passarem para mostrar como que, pontualmente, as notícias boas eram publicadas, mas tinham imediatamente após, e por vários dias seguintes à frente, publicações querendo manter clima negativo na economia para legitimar a aprovação da reforma da previdência, a qual é necessária, mas NÃO nos termos draconianos e criminosos originais.
Quem fala a verdade? Nós, por, talvez, "excesso de otimismo"? Ou a Globo e a grande mídia, com seu apego "irrestrito à verdade" (só se por piada, né?)? A resposta saiu hoje, no artigo de um dos melhores jornalistas do País, Elio Gaspari. O artigo foi intitulado "NO NATAL, A ECONOMIA TEM BOAS NOTÍCIAS".
Resumidamente, Elio Gaspari, na página 05 da edição do Jornal O Globo de hoje, 24/12/2017 publica, com base em uma panfletagem que o governo Temer faz entre a situação econômica em 2014 e em fins de 2017, que:
1- A população ocupada passou de 89,8 milhões em 2014 para 91,3 milhões em 2017;
2 - A produção industrial passou de uma contração de 9,8% para uma expansão de 1,6%;
3 - A inflação de 9,28% caiu para 2,54%;
4 - A taxa Selic caiu de 14,5% para 7,5%;
5 - O risco Brasil caiu de 544 pontos para 239 pontos;
6 - A queda do PIB, calculada em 5,4% no primeiro trimestre de 2016, em comparação com o primeiro trimestre de 2015, transformou-se em expansão do PIB de 0,3% no segundo trimestre de 2017, comparado com o segundo trimestre de 2016;
7 - As empresas estatais passaram de um prejuízo de R$32 bilhões em 2015 para um lucro de R$4,6 milhões em 2016 e chegando a R$17,3 bilhões e 2017.
Vejam, com isso não queremos, nesse momento, tratar do "como esse quadro se deu", mas queremos te mostrar que o fim do mundo pregado pelo Globo durante todo o ano de 2015 e 2016, não era bem assim. E mesmo hoje a publicação é em tom negativista, mas isso não é a verdade econômica do país.
Vejam essas notícias e nosso respectivo comentário:
"O Investimento Direto no País (IDP), designação já não tão nova do velho Investimento Estrangeiro Direto (IED), bateu recordes em janeiro (de 2017). De acordo com os dados divulgados no fim da semana passada, a inversão de recursos externos na economia brasileira somou US$11,5 bilhões - o dobro do registrado em janeiro do ano anterior. O montante superou o teto das projeções e dá indicações de que as estimativas oficiais de ingressos totais de US$75 bilhões, neste ano (2017), o equivalente a quase 4% do PIB, poderão ser superadas" (Artigo "Pós verdade no investimento externo", de José Paulo Kupfer, publicado em 24.02.2017 no Jornal O Globo)
Comentário: Observem, José Paulo Kupfer deu tom negativista à notícia. Disse que esse valores, apesar de recordes, não eram para criar negócios novos, mas para comprar empresas brasileiras e fazer empréstimos intercompanhias, dentre outras operações. Ok. Mas você vai comprar empresas em economia sem futuro e sem perspectivas? E isso muda o número de IDP/IED que é recorde, que é bom e pressiona o dólar para baixo e, portanto, a inflação? Não. Comprarem empresas brasileiras e estas não falirem, mantendo empregos, não é bom? É. Então? Saiba que desde o início da "maior crise brasileira", o IDP/IED só bateu recordes!!! O Brasil foi capaz de atrair enormes capitais para sua economia durante a crise.
Veja agora esta notícia:
"Inflação em queda - IPCA em fevereiro é o menor em 17 anos, e analistas já preveem taxa perto de 5% em 2017" (Manchete econômica do Globo, pg. 15, do dia 11/03/2017)
Comentário: Isso é ruim? Onde? Não pode haver uma abordagem geral econômica melhor diante desse tipo de informação? E esse número ocorreu da noite para o dia? Não. Mas onde está a abordagem comemorativa desse feito? Você não verá até a aprovação da Reforma da Previdência, aprovação de desestrutura do setor público e coisas do gênero, ou a eleição de um grupo político próximo ao mercado financeiro e à grande mídia.
Nós dissemos a vocês, como pode ser acompanhado pelos artigos publicados anteriores e acessíveis deste Blog, que 2016 era o pior ano econômico, mas que em 2017 já haveria a reversão. Inclusive dissemos que o fim de 2016 seria melhor que o fim de 2015. Tudo está ocorrendo. Não é porque sabemos algo que os outros não sabem, que os analistas de mercado ou da grande mídia não sabem, mas simplesmente porque falamos a verdade. Mas qual é a verdade?
A verdade é que, resumidamente, de 2009 a 2013, todas as medidas anticíclicas adotadas pelo governo petista foram corretas para não deixar nossa economia cair. Isso aumentou a dívida pública brasileira muito menos do que foram aumentadas, sob mesmo pretexto, as dívidas europeias e a dívida norte-americana. Depois do segundo semestre de 2013, após os movimentos da "primavera brasileira" (movimentos sociais de milhões de brasileiros às ruas em junho e julho de 2013), Dilma deveria ter começado a retirar os subsídios e as medidas anticíclicas, pois seus efeitos positivos tinham acabado. Não o fez, para não prejudicar a economia e para se reeleger em 2014. Foi reeleita e mesmo assim manteve as medidas anticíclicas, gerando ônus para o orçamento e não obtendo manutenção da economia e nem de empregos em 2014 e 2015. Perdeu apoio político e sofreu o impeachment. Entrou o Temer.
Aqui há um corte na verdade. A mídia publica que a mera gestão de Temer, sob auspícios do mercado, melhorou a economia. Parcial verdade. Temer retirou várias medidas anticíclicas, corrigiu anacronismos econômicos como as exigências excessivas e absurdas de investimentos da Petrobrás no pré-sal, além de suas possibilidades, e o controle sobre o preço da gasolina sem um parâmetro de correção do caixa da empresa, dentre várias outras coisas como correção de valores de eletricidade, gás e outros. Isto ajudou a colocar um rumo.
A mídia ainda apoiou todo um ciclo de reformas graves para aprovar teto de gastos públicos por 20 anos (que minguará o serviço público disponível por todo esse tempo), reforma trabalhista (que por si só não criou qualquer emprego e nunca teve o condão de o fazer), regularização de terceirização (que precarizou a relação trabalhista e subverteu jurisprudências consolidadas da Justiça do Trabalho) e reforma da previdência, a qual se afigura necessária, mas foi apresentada de forma draconiana. Segundo a mídia e o mercado, tudo isso possibilitou, junto com a manutenção dos juros selic durante muito tempo em torno de 14% (+/- 20 meses), a queda da inflação e a melhora econômica atual.
A verdade não é bem essa. A verdade é que grade parte da queda da economia entre 2014 e 2015 se deu porque o petróleo chegou a ser vendido a 28 dólares o barril e o minério de ferro a 37 dólares, sendo que o primeiro já havia atingido a marca de 120 dólares em passado recente e o minério de ferro, 191 dólares a tonelada. Isso drenou recursos do país que tem quase 50% da bolsa de Valores pautadas por estas commodities. E não só isso.
No mesmo período, a bolha imobiliária, a qual denunciamos em vários artigos, chegou em seu ápice de efeitos negativos. Apesar de os preços imobiliários já começarem a não se sustentar, o nível alto em que estavam gerou o aumento de aluguéis comerciais e o custo de investimento de lojistas diversos aumentou estratosfericamente.
Isso ocorreu ao mesmo tempo em que as famílias estavam endividadas e não podiam mais efetuar grandes gastos além de aluguel, prestação de casa própria e parcelas de empréstimos obtidas para compra de carros ou de consumo em geral. As lojas e negócios começaram a fechar. Empregos começaram a cair. E assim, o Brasil atingiu o ápice do problema em dezembro de 2015, com pib negativo (somente houve pib negativo brasileiro em 2015 e 2016, mesmo período, em grande parte, de Selic a 14%).
Entretanto, apesar de a incapacidade de compra do trabalhador continuar, já se desenhava outra situação: não haveria correções econômicas tão grande como as que ocorreram em 2015, o PIB não seria tão ruim em 2016, a inflação também não, os preços dos imóveis estavam caindo e os preços do petróleo e do minério de ferro estavam reagindo em fins de 2015, depois das maiores baixas históricas de ambos. O setor agrícola também estava apresentando recordes e a maior estiagem da história do Brasil (a maior seca /estiagem em 89 anos) chegava ao fim. Ou seja, inflação diminuiria, assim como preços de eletricidade e alimentos.
Essa é a verdade. Mas Temer e o Banco Central, este último na mão de um banqueiro privado, adicionaram o elemento manutenção de taxa de juros em torno de 14,5% por mais tempo, para forçar uma baixa da inflação mais rápida, junto com altas somas de lucros para os bancos, ao custo de mais de R$500 bilhões de reais anuais do orçamento brasileiro. Isso foi alimentado pelos anos de 2015 e 2016 até o ponto de o próprio mercado pedir a queda do juros SELIC, o que só começa a ocorrer no segundo semestre de 2016. O juros selic ficou em 14,5% entre julho de 2015 e setembro de 2016, caindo a 14% em outubro de 2016, somente. Em janeiro de 2017, o juros ainda era de 13%.
Agora vejam. Com aumento de petróleo, chuvas normalizadas, supersafras, aumento de minério de ferro, queda de preço de imóveis e início de queda da Selic, principalmente a partir do segundo semestre de 2016, além de recordes de investimento direto estrangeiro em média de mais de 75 bilhões de dólares por ano, era lógico que 2017 seria um ano de virada. Mas não foi publicado assim.
Entretanto, como previmos, vejam as manchetes de 2017 que selecionamos:
"País volta a gerar emprego - Após quase dois anos, foram criados 35,6 mil postos de trabalho com carteira em fevereiro" (manchete econômica do Globo, pg. 21, em 17/03/2017)
"Inflação é a menor em 10 anos - Taxa abaixo do centro da meta do BC pode levar a corte de 1,25 ponto nos juros, dizem analistas" (manchete econômica, O Globo, pg. 21, 11.05.2017)
"Sinais de Retomada - Emprego reage e criação de vagas é a maior em 3 anos - Especialistas alertam, porém, que a recuperação deve ser lenta" (Manchete do Globo, primeira página, em 17/05/2017)
"PIB tem 1ª alta desde 2014 - Avanço é puxado pela agropecuária e não garante que país saiu da recessão" (Manchete do Globo, em 02.06.2017)
"Comperj com sócio chinês - Petrobrás fecha parceria com CNPC para construir refinaria. Projeto deve gerar dez mil empregos." (Manchete econômica do Globo, pg. 19, em 05.07.2017)
"Indústria cresce 0,8%, com avanço na maioria dos setores - Aumento de produção fica mais disseminado, alcançando 59% da atividades" (artigo publicado na página 22, O Globo, 05/07/2017 - foi o melhor número para o mês desde 2011, segundo a chamada na manchete econômica do mesmo dia)
"Reforço Privado de R$8,2 bi - Estado do Rio volta a receber investimentos de olho na recuperação da indústria do petróleo" (manchete de economia, O Globo, pg. 15, 10/07/2017)
"Motores de recuperação - Setor automotivo e polo de moda íntima impulsionam recuperação da indústria fluminense" (Manchete econômica, O Globo, pg. 31, 16/07/2017)
"Juro deveria cair mais rápido com desemprego alto" (artigo/entrevista do professor da FGV e do IMPA, Aloísio Araújo, edição de 16/07/2017, O Globo)
"PIB indica retomada consistente - Investimentos avançam após quase quatro anos de queda - Analistas elevam projeções de crescimento em 2017 e 2018" (manchete do Globo, edição de 02/12/2017)
Então veja que mesmo antes da aprovação da Reforma Trabalhista, em março, o emprego melhorou.
Veja quanta notícia favorável e todas batendo recordes de anos e anos. Isso ocorreu da noite para o dia? Não. Isso ocorreu no passo em que nós publicamos os temas econômicos. Mas a grande mídia não quis fazer isso. Mentiu. Mentiu com um fim. Manteve juros Selic indevidamente altos por muito tempo. Manteve alto, por isso também, o desemprego. Agora, como a economia marcha independentemente do que se publica em jornal, não podem mais esconder. A economia melhora, mas querem contar um enredo mentiroso sobre essa melhora. Não deixaremos.
A economia melhorava (deixava de piorar, aliás) desde o início de 2016, quando o petróleo e o minério de ferro já se valorizavam e os preços dos imóveis caíam, até chegarmos a ver manchetes em 2017 indicando que proprietários chegavam a nem cobrar 3 meses de aluguel em caso de fechamento de contrato.
Agora, com esse quadro que pintamos para você para que você se mantenha informado de verdade, mesmo com a mídia querendo mentir a você em artigos diuturnos e manipuladores, apresentamos uma análise simplificada.
Os juros Selic exagerados e por tempo demais protelaram o crescimento econômico e geração de emprego desnecessariamente. A prova é que a inflação ficou abaixo da meta. Isso era desnecessário. Do lado da inflação, portanto, ainda mais com recordes de saldo da balança comercial em mais de vinte anos, nada há a preocupar.
Chuvas estão normais, então não há muita pressão sobre produção de energia elétrica, mas aumento de bandeira de consumo é importante, pois esse mês o pico de gasto elétrico é historicamente alto e alguns reservatórios não estão com reservas normais.
A produção agrícola continua alta. Isso é mais pressão para baixo na inflação. Esse elemento é essencial para a inflação, pois tem impacto direto em 25% do índice (IPCA) e de 40%, considerando todos os elementos diretos e indiretos que influenciam a inflação.
Do lado do investimento, este está voltando, como vimos das manchetes selecionadas. Isso porque o pior já passou desde o fim de 2016, como apregoamos. O dólar em 3,3 e 3,4 ajudou também o setor de exportação e a atividade, por este lado, já está boa desde 2016. Os dólares que entram na economia desde então e também na forma de Investimento Direto no País (antigo IED, mudado de nome para que você não acompanhe o histórico de sua evolução que foi de 60 bilhões de dólares durante o governo petista e de acima de 70 bilhões durante a "maior crise do Brasil", entre 2014 e 2017) mantiveram empregos e renda e ajudaram a alavancar a economia a partir de agora.
A queda de valores de aluguéis comerciais e residenciais ajudam a volta de contratos e giro econômico.
Mas principalmente, muito principalmente, a queda de juros Selic faz com que haja a retomada do investimento, crescimento econômico e diminuição de desemprego. Veja que os números econômicos (principalmente exportação) melhoraram mesmo sem queda da Selic. Mas crescimento econômico e emprego dependem também, para alavancarem, de política de juros responsável e comprometida com o interesse público e não de bancos e do mercado financeiro.
Quando a Selic começou a cair, o emprego e a atividade começaram a melhorar. Daí que é impensável um Banco Central totalmente independente, como a maioria dos europeus também não faz. É um absurdo porque o taxa Selic extermina o crescimento e empregos, ao mesmo passo em que os acelera e cria. Denunciamos aqui que a Selic foi manipulada excessivamente para criar sensação de caos econômico a fim de pressionar reformas econômicas, trabalhistas e previdenciárias em prol dos interesses do mercado e contra os interesses das pessoas físicas.
Agora, então, com tudo indo bem internamente, falta falar do gasto público. Com crescimento sabotado, a arrecadação também cai. Com desemprego, menos pessoas contribuem para a Previdência Social. Os gastos com servidores também parecem aumentar percentualmente, eis que seus salários e pensões não deixam de ser pagos. Mas esse dinheiro segura empregos na economia. Isso não é publicado. Com crescimento econômico, a partir de Selic calibrada (veja que, em julho, o Professor da FGV pediu que se baixasse mais rápido a Selic para atacar o desemprego.. o que sempre falamos?!?!), tanto arrecadação aumentará, como o percentual de gastos públicos com servidores diminuirá e as contribuições para a Previdência Social aumentarão. Todos os números mudarão naturalmente.
Isso é uma abordagem séria.
No aspecto externo, as notícias são boas. Há uma retomada de crescimento mundial. Por isso o petróleo e minério de ferro aumentaram. Isso puxa compras do Brasil e ativa nossa economia. Isso liberta valores para investir em países emergentes e nós somos um dos melhores. As licitações de poços de petróleo atraem capital estrangeiro mais uma vez. Assim como as demais licitações (rodovias, usinas hidrelétricas, aeroportos e outras). Tudo somente feito após a aprovação da reforma trabalhista e quase a aprovação da reforma previdenciária, veja bem. Houve chantagem social. Denunciamos isso.
Com crescimento externo, as maluquices de Trump ainda criam bônus extra: saiu do Acordo Transpacífico e criou conflito com a Europa. O Brasil sai como um parceiro provável nessas áreas ou ao menos tem diminuída uma concorrência, em especial pelo enfraquecimento do Acordo Transpacífico.
Ainda do lado externo, o Banco dos Brics vai muito bem, obrigado. Ele será o principal concorrente do Banco Mundial e do FMI. Já há projetos em estudo para financiamentos de grandes obras no Brasil com o dinheiro dos BRICS. Ele também financiará a exportação de bens e serviços dos integrantes do grupo ao mundo, como o Banco Mundial e FMI fazem para os EUA, Japão e Europa. Isso pode catapultar muitos investimentos no Brasil.
Os índices econômicos estão melhorando. Inicialmente foi pela Dilma ter saído e pelos primeiros atos de Temer, mas Temer não controla o crescimento mundial e os preços do petróleo e do minério de ferro. Rsrsrsrs. Muita coisa veio sem o Temer e a despeito de Temer e deste Banco Central que é dos banqueiros e contra os brasileiros.
A despeito de tudo isso, 2017 foi o ano da virada e está difícil ver piora econômica no retrovisor ou para frente com os indicativos internos e externos atuais. O emprego é o último indicativo a piorar na recessão e o último a melhorar no retorno do crescimento econômico. Este último item já está melhorando!!
Feliz Natal, leitor!! E excelente Ano Novo!!!
Desejos do
Blog Perspectiva Crítica
P.s. de 25/12/2017 - Texto revisto e ampliado.