quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Marcelo Caleros: lição sobre a vantagem do servidor público estável

Pois é, pessoal... o que ocorreu quando um servidor público estável, oriundo da carreira diplomática, foi pressionado a agir contra a lei? Denunciou a pressão, caso contrário, punha em risco sua própria carreira.

Isso foi o que ocorreu no caso do Marcelo Caleros, quando entregou o Ministro Geddel Vieira e, ao que parece e é reportado pelos jornais, o próprio Presidente da República Michel Temer, por estar sendo pressionado a excepcionar uma posição já tomada pelo IPHAN de proibir a construção de um prédio de luxo em Salvador além do 13º andar. Geddel queria que fosse liberado acima disto, segundo as notícias em jornais, pois teria comprado na planta um apartamento no 23º andar.

Agora, veja, por que isto aconteceu? Por que Caleros foi à Polícia Federal? Por que não cumpriu de forma lacaia a determinação superior, opondo-se até mesmo a uma suposta pressão do próprio Presidente da República? Simplesmente por um motivo, gente: ele é servidor público estável e se agir contra a lei, como num caso desses, pode perder o cargo e sua carreira.

É claro que a postura ética pesa, mas é mais fácil ser ético quando não se vai perder o emprego. A perda de cargo comissionado de dois servidores (Iracemo da Costa Coelho e Fernanda Cristina Doerl dos Santos) que sucumbiram a aparente ordem de aposentar a Dilma antes de outros pedidos idênticos corrobora que é mais fácil fazer falcatruas e chincanas com pessoas indicadas a cargos em comissão, sem concurso público, do que com servidores públicos concursados.

Segundo reportagem do Jornal O Globo, Iracelmo da Costa Coelho e Fernanda Cristina Doerl dos Santos foram indicados ao cargo no INSS pela própria Dilma Roussef (veja em http://oglobo.globo.com/brasil/servidores-suspeitos-de-ajudar-dilma-furar-fila-do-inss-sao-afastados-20213868). E aí te pergunto: qual o grau de independência de uma pessoa indicada a cargo em comissão no serviço público para realizar sua função pública em relação a quem o nomeou e pode demiti-lo imediatamente e a qualquer tempo? Nenhuma, claro. Por isso é fácil entender que no caso do INSS a desconsideração da lei efetivamente ocorreu. Se não ocorresse, esses dois comissionados (mas que são chamados de servidores públicos pela grande mídia) poderiam perder seus empregos. O que você faria? Tendo escola e plano de saúde ou prestação de casa para pagar? Difícil não sucumbir e julgar esses dois...

Mas se fossem concursados, como Marcelo Caleros é, qual seria a predisposição que eles teriam em passar a aposentadoria da Dilma na frente de outros pedidos registrados em sistema, sabendo que se se negassem a cometer esse abuso nada lhes aconteceria em virtude de terem estabilidade ao cargo público? Mínima. Somente seria uma questão ética e não de necessidade.

Essa é a lição que Marcelo Caleros nos passa: servidor público estável se nega, em geral, a cumprir ordens ilegais porque não vai perder seu cargo público se assim o fizer... ele pode perder seu cargo público justamente se violar a lei no exercício da função.

Já o cargo comissionado é defendido por políticos para tudo que for cargo público possível, com base no argumento da meritocracia (escolha com base em currículo e não em concurso público), pois os indicados a estes cargos são reféns de quem os indicou e de seus chefes superiores, pois podem ser demitidos a qualquer momento em que se neguem a violar a lei.

Então, qual o seu interesse na estabilidade do servidor público? O interesse da sociedade na estabilidade do servidor público existe em garantir-lhe que execute suas funções públicas sem ser ameaçado de perda de emprego no caso de pedidos superiores e de poderosos no sentido de que violem a lei e o interesse público.

Fica a lição que Marcelo Caleros deu à nossa sociedade e aos políticos que o colocaram no cargo em que ele estava. Quanto mais servidor público no serviço público, maior a garantia para a sociedade da realização do interesse público e da defesa da lei e da ordem e menor a margem para políticos e poderosos violarem o interesse público e a lei.

Naturalmente espera-se que, depois do que Caleros fez, os políticos prefiram indicar pessoas que não são servidores públicos concursados para cargos na estrutura do Poder.. rsrsrsrs.

Indicar servidores públicos a cargos proeminentes no Poder é uma maior garantia de atingimento da finalidade pública. E além do Caleros, outro exemplo é o Beltrame, ex-secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro. Político atrás de político no cargo e nada acontecia para solucionar o domínio do tráfico nos morros do Rio de Janeiro. Mas com Beltrame, agente da polícia federal, nomeado... tudo foi diferente. No caso da segurança do Rio de Janeiro foi um servidor público que resolveu e não um político ou pessoa de fora do serviço público de carreira. Por quê?

Será coincidência esses dois casos de apreço ao exercício da função pública por dois servidores públicos concursados, quando em exercício de cargos comissionados por indicação política? Responda você, leitor. Achamos que não.   

Claro que a integridade da pessoa conta e há casos de servidores públicos envolvidos em corrupção. Mas veja também o caso do Petrolão: mais de 120 envolvidos... somente quatro servidores de carreira ou empregados públicos, sendo o restante empresários e políticos.

Deixo estas ponderações para que todos reflitam sobre os ataques, ainda mais nos dias de hoje, aos servidores públicos e à estabilidade dos servidores públicos. Sempre dissemos que a estabilidade do servidor público é útil à sociedade e somente apontando os casos concretos em que ela conta para a realização do interesse público é que podemos comprovar isso. O fim da estabilidade só interessa a poderosos e políticos.

p.s. de 05/12/2016 - Texto revisto.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

MUSPE apresenta proposta substitutiva aos projetos do Governo Estadual do Rio de Janeiro para controle de Déficit Fiscal

Mais uma vez é necessária, e cada vez mais necessária, a mão do cidadão para oferecer dignidade e saídas razoáveis e mais éticas para problemas do Estado.

As leis que punem a compra de voto, que proíbem pessoa condenada de ser candidato a cargo eletiva (Lei da ficha limpa), dentre outras moralizadoras originaram-se da iniciativa popular. A lei das dez medidas contra a corrupção foi ofertada pelo Ministério Público Federal (Grupo da Operação Lava-Jato), com apoio da população!

A população toma gosto e consciência por agir e percebe que não pode se omitir, sob pena de deixar a raposa tomando conta do galinheiro. Demandas feitas em sociedade por mais mobilidade urbana, contra aumento de passagens de ônibus e por mais saúde, na chamada Primavera Brasileira, em junho de 2013, chamada assim por vir no esteio dos movimentos contra ditadores no Oriente Médio (Primavera Árabe), geraram a resposta do governo federal, à época, com a mobilização de mais de R$50 bilhões (chegou a R$80 bilhões) do orçamento para investimentos em transportes de massa, em especial metrô, por todo o país e na criação do Programa Mais Médicos, que direcionou imediatamente mais de R$13 bilhões para a saúde pública.

Não importa se uns são contra ou a favor do Programa Mais Médicos, a movimentação social gerou esta resposta do Governo Federal e houve o destaque de 13 bilhões de reais do orçamento para investimento na saúde básica. O fato é que uma mobilização social impactou onde importa: a destinação do orçamento! Ou melhor, a destinação do orçamento, segundo prioridades exigidas pela população! Isso é o empoderamento popular dos destinos do orçamento público, esse bem de todos, mas que é usado para bancos, grandes empresas e políticos corruptos.

E agora, vendo a omissão e o descaramento da elite econômica e da classe política do Estado do Rio de Janeiro, o cidadão se nega a ser a vítima e parte para a proposta de medidas que substituam as apresentadas pelo governo estadual que miraram exclusivamente pobres e servidores públicos para pagarem a conta da corrupção e da má gestão pública.

O MUSPE (Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado do Rio de Janeiro) apresentou 15 propostas para o Presidente da Alerj, Jorge Picciani, e pediu que todos os projetos do governo fossem devolvidos! São propostas muito mais palatáveis para qualquer cidadão que as ler e atacam e miram cortes na cúpula dos Poderes e na rede de apaniguados e não nos pobres e servidores concursados e de carreira.

Veja  se não parecem razoáveis e muito mais justas e capazes de acertar o orçamento público estaudal antes de se punir o salário de servidoeres estaduais que nos prestam serviço público e não nos roubam diariamente como políticos e grandes empresários corruptos e corruptores que a Justiça está caçando e pegando diariamente.

As propostas foram publicadas sem a devida manchete pelo Jornal O Globo, sob título que, a nosso ver, desestimula a leitura do artigo no qual a notícia fantástica está publicada! É claro que uma das propostas que era de suspensão de toda a propaganda do governo não deve ter nada a ver com essa forma esquisita de publicar a matéria.. rsrsrsrs

Mas o Blog Perspectiva Crítica leu e pescou a informação para você ter acesso adequadamente a ela, tanto quanto para você ver como é que um grande jornal escamoteia a informação importante sob título que desestimula sua leitura. É importante ver e saber que essa técnica existe e é utilizada diariamente para manipular a informação que chega a você todo dia.

Vamos às propostas do MUSPE:

- Retirada do pacote de ajuste fiscal do Executivo.

- Suspensão imediata de isenções fiscais a empresas inscritas na dívida ativa.

- Redução de funcionários comissionados e extra quadros em 50% em todos os poderes

- Revisão imediata do valor dos royalties conforme aprovado pela Agência Nacional do Petróleo.

- Limitação do uso de carros oficiais em todos os poderes.

- Fim das Organizações Sociais em unidades do estado.

- Revisão de contratos administrativos.

- Cobrança da dívida ativa do estado na ordem de R$ 66 bilhões em parceria com o Tribunal de Justiça.

- Fim da burla ao teto salarial em todos os poderes.

- Retirada de todos os informes publicitários do governo.

- Pacote de estímulo ao pequeno empresário, para aumentar a receita.

- Fim das privatizações e terceirizações.

- Instauração imediatas das CPIs do Rioprevidência e das isenções fiscais

- Resposta definitiva até 29 de novembro para as propostas dos sindicalistas.

Leia a íntegra no artigo intitulado "Mais quatro projetos são retirados de pauta na Alerj", acessível em http://oglobo.globo.com/rio/mais-quatro-projetos-sao-retirados-de-pauta-na-alerj-20518636

Você concorda com esse título? Não seria melhor: "Servidores sugerem pauta substitutiva aos projetos do Governo"? Sim, seria. Mas esse título faria o artigo ser muito mais lido e dá poder ao cidadão. E você, cidadão, não pode entender que tem poder... você tem que seguir o que o mercado (financeiro) diz que você deva sofrer ou seguir.

Fica publicado com o devido destaque pelo Blog Perspectiva Crítica que a proposta dos servidores estaduais é muito melhor do que a do Governo e muito mais justa. Somente o item da cobrança da dívida Ativa do Estado tem o condão de resolver todos o Déficit Fiscal do Estado sem encostar em um centavo do salário do servidor e sem cortar Programas da Assistência Social, a despeito de o Blog ser a favor de repensarem-se os programas assistenciais que são redundantes aos federais.

Todo o apoio do Blog Perspectiva Crítica aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro!

p.s. de 28/11 - Texto revisto.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Acessos globais ao Blog atingem a marca de 250.300!!

Informamos que o Blog Perspectiva Crítica atingiu a marca de 1/4 de milhão de acessos globais desde junho de 2010, quando foi criado.

São 875 artigos publicados, um livro sobre uma nova teoria de Estado publicada, o Estado Conformacional, mais de 600 comentários, 56 seguidores. Foi criada a Fan Page do Blog e um canal do Youtube.

São acessos por mais de 40 países e a produção de informação de qualidade, com indicação de fontes, criticando a informação produzida pela grande mídia e inovando na pauta social, econômica e política.

É um trabalho feito em conjunto com você, leitor e seguidor, e teve o recorde de acesso no mês passado, outubro de 2016, com mais de 9.080 acessos em um único mês. O artigo mais acessado do Blog já conta mais de 7 mil acessos totais. E a média mensal de acessos ultrapassa 4.500.

O Brasil é o país de maior acesso, mas em seguida temos Estados Unidos, Alemanha, Rússia, e revezando-se abaixo dessas posições consolidadas, temos França, China, Portugal, com variações nos últimos lugares.

O segundo livro criado em meio a este amálgama de discussões sobre temas sociais, econômicos e políticos está a caminho e será uma coletânea dos principais artigos conceito do Blog Perspectiva Crítica.

Nosso objetivo é, com vocês, obter a correção da conduta da grande mídia para que publiquem a verdade. Nosso objetivo é questionar e expor notícias publicadas pela mídia que causam desinformações em massa. Nosso objetivo é melhorar o nível do debate social sobre economia, política e sociedade, para que encontremos saídas reais para problemas graves de nossa sociedade brasileira, sempre sobre a perspectiva do cidadão. Não de bancos. Não de grandes empresas. Não de políticos. Mas do cidadão, pessoa física.

Tentamos fazer pelo cidadão o que a CNI faz pelas indústrias, o que a CNC faz pelos comerciantes, o que a Febraban faz pelas instituições financeiras, o que a Fetranspor faz pelas empresas de ônibus no Rio de Janeiro. Queremos pensar a política, economia e sociedade para apontar caminhos de pressão a políticos e parlamentares apra que medidas sejam implantadas e melhorem a qualidade de vida do cidadão.

Queremos impedir os movimentos que somente tendem a empobrecer o cidadão, à medidas que enriquecem grandes empresas, bancos e políticos. E queremos incentivar e criar medidas que enriqueçam o cidadão.

Mas esta missão não é possível sem sua contribuição. Precisamos de sua participação, de sua crítica, seu comentário e o compartilhamento de artigos e idéias com sua rede pessoal para que as pessoas falem e pensem sobre o que debatemos aqui.

Não é possível sair do debate de controle orçamentário somente pelo lado do controle de gasto público, se você não pensar o problema pelo lado da arrecadação, comparando o Brasil com os países de PIB de mesmo tamanho do brasileiro. A mídia aponta que dever-se-ia acabar com servidores públicos e sua estabilidade. Ok. Mas e por que isso não foi feito nos países desenvolvidos? Rsrs.

Está sendo publicado que o aumento do salário mínimo é um dos pilares do problema atual do orçamento.. mas por que não se pensa em implementar imposto sobre herança no mesmo nível que existe nos EUA, França e Alemanha? Isso aumenta renda para o Estado e diminui a desigualdade social e a distância estrutural entre Brasil e países ricos.

A crise está grave? Ok. Mas na Europa e EUA foi pior e o que fizeram? Bem.. não aumentaram juros, senhores e senhoras.. os juros lá ficaram negativos em relação à inflação.. e por que aqui tem que ser tão diferente? Poderíamos baixar o gasto com juros? Sim. Mas por que não se fala nisso? Por que só massacrar pobres, servidores, aposentados e pensionistas?

Então, senhores e senhoras, nosso Blog tem como objetivo defender o cidadão e promover o bem estar público e o desenvolvimento nacional par atingirmos a estrutura européia e nórdica. Há essa possibildade. Já vimos que isso é possível. Mas somente será possível se a sociedade se apropriar do orçamento público assim como bancos e grandes grupos econômicos e políticos dele se apropriaram.

Somente quando direcionarmos democraticamente os gastos do orçamentos público, poderemos sonhar com um Brasil no nível que4 precisamos e merecemos.

Grande abraço.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

O que o profeta Michael Moore enunciou como 5 motivos para Trump viesse a ganhar, antes das eleições

Pessoal, meu amigo Brubno Potiguar, mais uma vez, participou um texto fantástico em que Michael Moore , antes das eleiço~es americanas, justificava, em julho de 2016 os motivos pelos quais Trump venceria. Muitas coisas foram no sentido comentado pelo Blog.

Então, para que você tenha acesso a esse tipo de informação, trasncrevemos intergralmente o texto já traduzido:

"Amigo:

Sinto muito por ser o portador de más notícias, mas fui direto com vocês no ano passado quando disse que Donald Trump seria o candidato republicano à Presidência. E agora trago notícias ainda mais terríveis e deprimentes: Donald J. Trump vai ganhar a eleição de novembro.

Esse palhaço desprezível, ignorante e perigoso, esse sociopata será o próximo presidente dos Estados Unidos. Presidente Trump. Pode começar a treinar, porque você vai dizer essas palavras pelos próximos quatro anos: "Presidente Trump". Nunca na minha vida quis estar tão errado como agora.

Vejo o que você está fazendo agora. Está sacudindo a cabeça loucamente - "Não, Mike, isso não vai acontecer!". Infelizmente, você está vivendo numa bolha anexa a uma câmara de eco, onde você e seus amigos vivem convencidos de que o povo americano não vai eleger um idiota como presidente.

Você alterna entre o choque e a risada por causa dos últimos comentários malucos que ele fez, ou então por causa do narcisismo vergonhoso de Trump em relação a tudo, afinal de contas tudo tem a ver com ele. E aí você ouve Hillary e enxerga a primeira mulher presidente, respeitada pelo mundo, inteligente, preocupada com as crianças, alguém que vai continuar o legado de Obama porque isso é obviamente o que o povo americano quer! Sim! Outros quatro anos disso!

Você tem de sair dessa bolha imediatamente. Precisa parar de viver em negação e encarar a verdade que sabe que é muito, muito real. Tentar se acalmar com fatos - "77% do eleitorado é composto por mulheres, negros, jovens adultos de menos de 35 anos; Trump não tem como ganhar a maioria dos votos de nenhum desses grupos!" - ou com a lógica - "as pessoas não vão votar num bufão, ou contra seus próprios interesses!" - é a maneira que seu cérebro encontra para te proteger do trauma. Como quando você ouve um estampido na rua e pensa "foi um pneu que estourou" ou "quem está soltando fogos?", porque não quer pensar que acabou de ouvir alguém sendo baleado. É a mesma razão pela qual todas as primeiras notícias e relatos de testemunhas sobre o 11 de setembro diziam que "um avião pequeno se chocou acidentalmente contra o World Trade Center".

Queremos - precisamos - esperar pelo melhor porque, honestamente, a vida já é uma merda, e é difícil sobreviver mês a mês. Não temos como aguentar mais notícias ruins. Então nosso estado mental entra no automático quando alguma coisa assustadora está realmente acontecendo. As primeiras pessoas atingidas pelo caminhão em Nice passaram seus últimos momentos na Terra acenando para o motorista; elas acreditavam que ele tinha simplesmente perdido o controle e subido na calçada. "Cuidado!", elas gritaram. "Tem gente na calçada!"

Bem, pessoal, não se trata de um acidente. Está acontecendo. E, se você acredita que Hillary Clinton vai derrotar Trump com fatos e inteligência e lógica, obviamente passou batido pelo último ano e pelas primárias, em que 16 candidatos republicanos tentaram de tudo, mas nada foi capaz de parar essa força irresistível. Hoje, do jeito que as coisas estão, acho que vai acontecer - e, para lidar com isso, primeiro preciso que você aceite a realidade e depois talvez, só talvez, a gente encontre uma saída para essa encrenca.

Não me entenda mal. Tenho grandes esperanças em relação ao meu país. As coisas estão melhores. A esquerda ganhou a guerra cultural. Gays e lésbicas podem se casar. A maioria dos americanos têm uma posição liberal em relação a quase todas as questões: salários iguais para as mulheres; aborto legalizado; leis mais duras em defesa do meio ambiente; mais controle de armas; legalização da maconha. Uma enorme mudança aconteceu - basta perguntar ao socialista que ganhou as primárias em 22 Estados. E não tenho dúvidas de que, se as pessoas pudessem votar do sofá de casa pelo Xbox ou Playstation, Hillary ganharia de lavada.

Mas as coisas não funcionam assim nos Estados Unidos. As pessoas têm de sair de casa e pegar fila para votar. E, se moram em bairros pobres, negros ou hispânicos, não só enfrentam filas maiores como têm de superar todo tipo de obstáculo para votar. Então, na maioria das eleições é difícil conseguir que pelo menos metade dos eleitores compareça às urnas.

E aí está o problema de novembro -- quem vai ter os eleitores mais motivados e mais inspirados? Você sabe a resposta. Quem é o candidato com os apoiadores mais ferozes? Cujos fãs vão estar na rua das 5h até a hora do fechamento da última urna, garantindo que todo Tom, Dick e Harry (e Bob e Joe e Billy Joe e Billy Bob Joe) tenham votado? Isso mesmo. Este é o perigo que estamos correndo. E não se iluda. Não importa quantos anúncios de TV Hillary fizer, quão melhor ela se portar nos debates, quantos votos os libertários roubarem de Trump -- nada disso vai ser capaz de detê-lo.

Você precisa parar de viver em negação e encarar a verdade que sabe que é muito, muito real. Eis as 5 razões pelas quais Trump vai ganhar:

1. A matemática do Meio-Oeste, ou bem-vindo ao Brexit do Cinturão Industrial. Acredito que Trump vá concentrar muito da sua atenção em quatro Estados tradicionalmente democratas do cinturão industrial dos Grandes Lagos -- Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. Estes quatro Estados elegeram governadores republicano desde 2010 (só a Pensilvânia finalmente elegeu um democrata). Nas primárias de Michigan, em março, mais eleitores votaram nos republicanos (1,32 milhão) que nos democratas (1,19 milhão). Trump está na frente de Hillary nas últimas pesquisas na Pensilvânia e empatado com ela em Ohio. Empatado? Como a disputa pode estar tão apertada depois de tudo o que Trump tem dito? Bem, talvez porque ele tenha dito (corretamente) que o apoio de Clinton ao Nafta (acordo de livre comércio da América do Norte) ajudou a destruir os Estados industriais do Meio-Oeste.

Trump vai bater em Clinton neste tema, e também no tema da Parceria Trans-Pacífica (TPP) e outras políticas comerciais que ferraram as populações desses quatro Estados. Quando Trump falou à sombra de uma fábrica da Ford durante as primárias de Michigan, ele ameaçou a empresa: se eles realmente fossem adiante com o plano de fechar aquela fábrica e mandá-la para o México, ele imporia uma tarifa de 35% sobre qualquer carro produzido no México e exportado de volta para os Estados Unidos. Foi música para os ouvidos dos trabalhadores de Michigan. Quando ele ameaçou a Apple da mesma maneira, dizendo que vai forçar a empresa a parar de produzir seus iPhones na China e trazer as fábricas para solo americano, os corações se derreteram, e Trump saiu de cena com uma vitória que deveria ser de John Kasich, governador do vizinho Estado de Ohio.

De Green Bay a Pittsburgh, isso, meus amigos, é o meio da Inglaterra: quebrado, deprimido, lutando. As chaminés são a carcaça do que costumávamos chamar de classe média. Trabalhadores nervosos e amargurados, que ouviram mentiras de Ronald Reagan e foram abandonados pelos democratas. Estes últimos ainda tentam falar as coisas certas, mas na verdade estão mais interessados em ouvir os lobistas do Goldman Sachs, que na saída vão deixar um cheque de gordas contribuições.

O que aconteceu no Reino Unido com a Brexit vai acontecer aqui. Elmer Gantry é o nosso Boris Johnson e diz a merda que for necessária para convencer a massa de que essa é a sua chance! Vamos mostrar para TODOS eles, todos os que destruíram o Sonho Americano! E agora o Forasteiro, Donald Trump, chegou para dar um jeito em tudo! Você não precisa concordar com ele! Você nem precisa gostar dele! Ele é seu coquetel molotov pessoal para ser arremessado na cara dos filhos da mãe que fizeram isso com você! DÊ O RECADO! TRUMP É SEU MENSAGEIRO!

E aqui entra a matemática. Em 2012, Mitt Romney perdeu por 64 votos no colégio eleitoral. Some os votos de Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. A conta dá 64. Tudo o que Trump precisa para vencer é levar os Estados tradicionalmente republicanos de Idaho à Geórgia (Estados que jamais votarão em Hillary Clinton) e esses quatro do cinturão industrial. Ele não precisa do Colorado ou da Virgínia. Só de Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. E isso será suficiente. É isso o que vai acontecer em novembro.

2. O último bastião do homem branco e nervoso. Nosso domínio masculino de 240 anos sobre os Estados Unidos está chegando ao fim. Uma mulher está prestes a assumir o poder! Como isso aconteceu?! Diante da nosso nariz! Havia sinais, mas os ignoramos. Nixon, o traidor do gênero, nos impôs a regra que disse que as meninas da escola têm de ter chances igual de jogar esportes. Depois deixaram que elas pilotassem aviões de carreira. Quando mal percebemos, Beyoncé invadiu o campo no Super Bowl deste ano (nosso jogo!) com um exército de Mulheres Negras, punhos erguidos, declarando que nossa dominação estava terminada. Meu Deus!

Este é apenas um olhar de relance no que se passa na cabeça do Homem Branco Ameaçado. A sensação é que o poder se lhes escapou por entre as mãos, que sua maneira de fazer as coisas ficou antiquada. Esse monstro, a "feminazi", que, como diz Trump, "sangra pelos olhos ou por onde quer que sangre", nos conquistou -- e agora, depois de aturar oito anos de um negro nos dizendo o que fazer, temos de ficar quietos e aguentar oito anos ouvindo ordens de uma mulher? Depois disso serão oito anos dos gays na Casa Branca! E aí os transgêneros! Você já entendeu onde isso vai parar. Os animais vão ter direitos humanos e uma porra de um hamster vai governar o país. Isso tem de acabar!

3. O problema Hillary. Podemos falar sinceramente, só entre nós? E, antes disso, permita-me dizer que gosto de Hillary -- muito -- e acho que ela tem uma reputação que não merece. Mas ela apoiou a guerra no Iraque, e depois disso prometi que jamais votaria nela de novo. Mantive essa promessa até hoje. Para evitar que um protofascista se torne nosso comandante-chefe, vou quebrar essa promessa. Infelizmente acredito que Hillary vá dar um jeito de nos enfiar em algum tipo de ação militar. Ela está à direita de Obama. Mas o dedo do psicopata Trump vai estar No Botão, e isso é o suficiente. Voto em Hillary.

Vamos admitir: nosso maior problema aqui não é Trump -- é Hillary. Ela é extremamente impopular -- quase 70% dos eleitores a consideram pouco confiável e desonesta. Ela representa a política de antigamente: faz de tudo para ser eleita. É por isso que ela é contra o casamento gay num momento e no outro está celebrando o matrimônio de dois homens. As mulheres jovens são suas maiores detratoras, o que deve magoar, considerando os sacrifícios e batalhas que Hillary e outras mulheres da sua geração tiveram de enfrentar para que a geração atual não tivesse de ouvir as Barbara Bushes do mundo dizendo que elas têm de ficar quietas e bater um bolo.

Mas a garotada também não gosta dela, e não passa um dia sem que um millennial me diga que não vai votar em Hillary. Nenhum democrata, e seguramente nenhum independente, vai acordar em 8 de novembro para votar em Hillary com a mesma empolgação que votou em Obama ou em Bernie Sanders. Não vejo o mesmo entusiasmo. Como essa eleição vai ser decidida por um único fator -- quem vai conseguir arrastar mais gente pra fora de casa e para as seções eleitorais --, Trump é o favorito.

4. O eleitor deprimido de Sanders. Pare de reclamar que os apoiadores de Bernie não vão votar em Clinton -- eles vão votar! As pesquisas já mostram que um número maior de eleitores de Sanders vai votar em Hillary este ano do que o de eleitores de Hillary que votaram em Obama em 2008. Não é esse o problema. O alarme de incêndio que deveria estar soando é que, embora o apoiador médio de Sanders vá se arrastar até as urnas para votar em Hillary, ele vai ser o chamado "eleitor deprimido" -- ou seja, não vai trazer consigo outras cinco pessoas. Ele não vai trabalhar dez horas como voluntário no último mês da campanha.

Ele nunca vai se empolgar falando de Hillary. O eleitor deprimido. Porque, quando você é jovem, não tem tolerância nenhuma para enganadores ou embusteiros. Voltar à era Clinton/Bush para eles é como ter de pagar para ouvir música ou usar o MySpace ou andar por aí com um celular gigante. Eles não vão votar em Trump; alguns vão votar em candidatos independentes, mas muitos vão ficar em casa. Hillary Clinton vai ter de fazer alguma coisa para que eles tenham uma razão para apoiá-la -- e escolher um velho branco sem sal como vice não é o tipo de decisão arriscada que diz para os millennials que seu voto é importante. Duas mulheres na chapa -- isso era uma ideia boa. Mas aí Hillary ficou com medo e decidiu optar pelo caminho mais seguro. É só mais um exemplo de como ela está matando o voto jovem.

5. O efeito Jesse Ventura. Finalmente, não desconte a capacidade do eleitorado de ser brincalhão nem subestime quantos milhões de pessoas se consideram anarquistas enrustidos. A cabine de votação é um dos últimos lugares remanescentes em que não há câmeras de segurança, escutas, mulheres, maridos, crianças, chefes, polícia. Não tem nem sequer limite de tempo. Você pode demorar o tempo que for para votar, e ninguém pode fazer nada. Você pode votar no partido, ou pode escrever Mickey Mouse e Pato Donald. Não há regras, E, por isso, a raiva que muitos sentem pelo sistema político falido vai se traduzir em votos em Trump. Não porque as pessoas concordem necessariamente com ele, não porque gostem de sua intolerância ou de seu ego, mas só porque podem.

Só porque um voto em Trump significa chutar o pau da barraca. Assim como você se pergunta por um instante como seria se jogar das cataratas do Niágara, muita gente vai gostar de estar no papel de titereiro, votando em Trump só para ver o que acontece. Lembra nos anos 1990, quando a população de Minnesota elegeu um lutador de luta livre para governador? Elas não o fizeram porque são burras ou porque Jesse Ventura é um estadista ou intelectual político. Elas o fizeram porque podiam.

Minnesota é um dos Estados mais inteligentes do país. Também está cheio de gente com um senso de humor distorcido -- e votar em Ventura foi sua versão de uma pegadinha no sistema político. Vai acontecer o mesmo com Trump.

Voltando para o hotel depois de participar de um programa da HBO sobre a convenção republicana, um homem me parou. "Mike", ele disse, "temos de votar em Trump. TEMOS que dar uma chacoalhada as coisas". Foi isso. Era o suficiente para ele. "Dar uma chacoalhada nas coisas". O presidente Trump certamente faria isso, e uma boa parcela do eleitorado gostaria de sentar na plateia e assistir o show.
(Na semana que vem vou postar minhas ideias sobre os calcanhares de aquiles de Trump e como acho que ele pode ser derrotado.) "

Então, pessoal, é isso. Compartilho estas informações porque são de nível e não a palhaçada que você encontra na grande mídia brasileira.

Grande abraço.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Análise e comentários à vitória de Trump: O que a grande mídia não te conta?

Ler os artigos e debates em jornais televisivos sobre a vitória de Trump somente resulta em um sentimento: ficar atônito e perplexo. É passado como se não houvesse lógica no resultado. Não há comentários sobre como isso foi possível. Se Trump não teve apoio de minorias (hispânicos, negros, homossexuais) e nem de maiorias socialmente consideradas (artistas, mulheres, economistas, mercado financeiro), como pode ter ganhado a eleição para Presidente dos EUA de Hillary?!?!?!?!

Nós estávamos na mesma situação de perplexidade, até conversarmos com alguns amigos, em especial Bruno Potiguar, e observar em grupos de whatsapp, o debate sob a perspectiva de quem lê os jornais de lá e de quem já viveu lá. Mas tratam-se de pessoas que se formaram nos EUA, têm ou tiveram empresas... um debate de pessoas que são do nível sócio-econômico-cultural das pessoas que lêem os jornais de grande mídia aqui (Globo, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo) e que podem falar com propriedade do tema, assim como entendem, por serem brasileiros, a perspectiva da política brasileira. Vamos apresentar para vocês então as razões da eleição de Trump e tecer uns comentários sobre suas consequências.

Primeiramente, se a contagem dos votos dos cidadãos americanos derem Hillary, como dará, por que Trump continuará Presidente? Quem elege o Presidente é o grupo de delegados de cada Estado americano. Esse colegiado já se pronunciou em favor de Trump. E este é o fim da eleição efetiva do Presidente.

O que não te explicam direito é que a eleição norteamericana tem formato diferente da brasileira e Trump soube explorar muito bem o formato da eleição norteamericana. Veja bem, quem elege o Presidente são os delegados dos Estados. Então cada Estado americano tem que votar no partido de Hillary, Trump ou outro independente. Eleito aquele partido naquele Estado, os delegados daquele Estado serão os indicados pelo partido vitorioso, para efetuar a eleição indireta para o Presidente dos EUA. Naturalmente, se o partido vitorioso no Estado for de Trump, os delegados votarão em Trump. Os Estados de cuja eleição o Partido Democrata saiu vitorioso, terão delegados do partido de Hillary e votarão nela para Preseidente dos EUA.

Então veja, cada delegado para a eleição indireta a Presidente dos EUA tem um voto e os votos têm pesos iguais entre os delegados de qualquer Estado. Entretanto, Estados mais populosos têm direito a mais delegados, logo garantem mais votos ao candidato do partido vitorioso naquele Estado. Por isso os Estados populosos são importantes, porque garantem mais delegados. Flórida, Califórnia, Nova York são muito importantes. São populosos, mas são três Estados em 51 Estados americanos.

Trump já sabia que nesses grandes centros ele perderia. Trump sabia também que latinos e negros não seriam seus principais eleitores, apesar de serem já entre a metade e mais da metade de eleitores. Há negros e latinos republicanos, claro, mas não são a maioria. Mas Trump viu algo interessante: latinos e negros estão concentrados nos grandes centros onde há mais empregos. Então ele deveria angariar a simpatia do americano branco, de educação inferior, mais comum em todo o interior do país, os red necks (brancos que estão na roça ou no interior que, trabalhando sob o sol, ficam com os pescoços/nuca vermelhos).

O americano com essas características está frustrado por perder emprego para negros e latinos. Também não consegue entrar na economia moderna de informática, games e na indústria virtual, todas exigentes de mais educação para isso. Esse americano está frustrado em ter de competir com suas mulheres por trabalho e preferiam quando elas eram mais subservientes. Esse branco menos educado vivia muito de empregos de indústrias convencionais que, com a globalização, acabou perdendo para latinos, imigrantes, mulheres, negros e estrangeiros, quando a indústria nõa tenha fechado. A indústria japonesa e depois a chinesa lhes rouba empregos e acaba com a indústria nacional americana, como a entendem. E esse eleitor, não só branco, mas de baixa educação, com esses valores, fechado em seu mundo no vasto interior dos EUA, está e é maioria no interior de todo o país. Também está nas fronteiras, vendo o aumento da criminilidade com os imigrantes mexicanos que chegam ilegalmente todos os dias. Trump falou para eles.

Os sindicatos de todo o país apoiaram Trump, porque ele se disse a favor de "fechar fronteiras", a favor de "proteger a economia e indústria norteamericana". Trump disse que o americano não manda mais no país e não manda mais em sua vida. E que as coisas mudaram muito e para pior. E que latinos, negros, mulheres e imigrantes roubam empregos dos americanos. Isso é música aos ouvidos do cidadão que é maioria no interior americano. Ele foi falar ao coração desse abandonado e frustrado americano que perde diante das mudanças do mundo.

Mas não só isso. Hillary ganhou as prévias do partido democrata, mas os que votaram em seu concorrente, Bernie Sanders, viam Hillary como uma má política, uma representante do mercado financeiro e da indústria de armas (bélica), o que ela de fato é, e queriam algo que não mantivesse o poder atual dessas duas indústrias: mercado financeiro e indústria de armas. Sanders seria o melhor no entedimento desse grupo, pois não tinha esse vínculo. Mas com a vitória da Hillary, alguns se sentiram desobrigados a votar no candidato democrata e preferiram Trump, não ligado a nenhuma dessas indústrias, a Hillary. É o voto chamado anti-Hillary. Foi um voto útil de democratas em Trump.

Então, por esta coincidência de fatores, Trump acabou eleito, pois o Partido Republicano foi escolhido em vários Estados do interior, da fronteira e ainda alguns de reduto democrata ou que trocam de partido, os "swing estates". Não conseguiu a maioria dos votos dos cidadãos mas conseguiu a maioria dos delegados e assim foi eleito.

Agora, você sai da condição de atônito e passa a entender a eleição americana. A grande mídia não sabe disso?! Claro que sabe. Sabe muito melhor do que eu e o grupo de whatsapp, mas não pode falar em televisão aberta ou fechada que Hillary representa indústria de armas (bélica) e o mercado financeiro.. este último então.. não se pode tocar nesse nome, porque o cidadão não deve nem saber que este ente existe e atua em sociedade. Então, diante dessa omissão informativa, fica difícil para entrarem no debate honesto sobre o que ocorreu nos EUA. Foi um voto anti-globalização e anti-subserviência de Hillary a interesses tradicionais e hegemônicos nos EUA: Oriente médio (foi descoberta a doação de milhões de dólares do Quatar somente para a Hillary), indústria de armas e mercado financeiro.

Você também não sabe, mas lá, o americano médio paga 40% de imposto e carga tributária, mas ricos e mercado financeiro e grandes indústrias pagam 17% em média. Lá a concentração de renda também sobe e o americano perdeu qualidade de vida em relação a seus pais. Mas isso não é contado para você. Afinal, a globalização deve ser livre e desprovida de freios... rsrsrs. E o mercado financeiro lucra com tudo isso. Então, senhores, a grande mídia, cooptada intelectualmente e não só, pelo mercado financeiro, não pode publicar para você.

Não à toa, o Putin declarou apoio imediato a Trump. Por que? Trump não é Republicano xiita?! Rsrsrsrs. Ele não está com a indústria de armas. Defendeu armas livres para cidadãos americanos porque isso o americano do interior apóia, mas a indústria bélica está com Hillary. Isso facilita a aproximação de Putin a Trump, porque gaviões republicanos e Hillary querem guerra, porque isso aumenta lucro dessa indústria e, de quebra, ainda cresce a economia americana. Hillary é adepta dessa idéia. Trump ainda é homem de negócios.. e Putin gosta de negócios.. rsrsrs. homens de negócios são práticos...

Enfim, mas apesar de esta guinada na vida americana, teremos problemas no Brasil com essa eleição, pois o protecionismo americano pode emperrar tratados comerciais e exportações brasileiras aos EUA. E isso pode acontecer com todos seus parceiros no mundo. Isso melhora imediatamente o mercado e crescimento dos EUA, mas prejudica a longo prazo os própios americanos, prejudicando mais direta e imediatamente o mundo todo.

Isso pode prejudicar o embalo de crescimetno mundial e nossa tênue e recente melhora econômica... mas aí vale a pena entender que se cria a oportunidade para que o Brasil foque mais nos BRICS.. que os integrantes dos Brics foquem mais em si e em sua estratégia para exportar seus serviços e produtos entre si e para o mundo, através do financiamento do Banco dos Brics.

Enquanto os trilaterais se bicam e se desentendem.. cria-se a oportunidade de avançarmos.
Fique, agora e assim, bem informado pelo Blog Perspectiva Crítica sobre o tema.

Vamos em frente.

p.s. - Texto revisto e ampliado.     

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Análise Econômica Interna e Externa - Novembro de 2016 - Mercado confirma previsão do Blog de junho de 2016

Finalmente nosso artigo sobre a situação econômica. O ideal é sempre produzirmos esta análise de três em três meses, no máximo, entretanto, como todos sabem, tem tanta coisa acontecendo que não pudemos apresentar a análise de junho. Mas o atraso da nossa análise econômica, em especial quando as premissas e conclusões da última análise (abril/2016) só se confirmam ao curso do tempo, não criou prejuízo informativo econômico ao mesmo passo em que ampliou tempo para análise e publicações de artigos sobre economia (por temas), política e a sociedade, em especial nesse período de eleições.

O que dissemos em junho de 2016? Observe o trecho do artigo "Mentira de teoria de caos econômico em 2016 já começa a ser revelada" que selecionamos abaixo. O artigo reclamava sobre as publicações da grande mídia que defendiam existir caos econômico, mas começou a homeopaticamente publicar que analistas viam estabilização econômica no segundo semestre de 2016. Daí a publicação alertando sobre a incongruência das informações que publicavam dizendo que (pelo menos o faziam assim até junho de 2016) havia o fim do mundo, mas que, de repente, "analistas viam estabilização"... Veja o trecho:


"Senhores e senhoras, há muitos mais artigos nesta linha (linha sobre o fim da economia brasileira). Mas por quê? Porque não há mais tempo para publicar este tipo de matéria. A estabilização da economia já está aí às portas e nós só teremos sofrido menos de dois anos, enquanto Europa e EUA sofreram 7 a 8 anos.

Observe que comparam menos de dois anos recentes com o acumulado de dez anos entre 1980 e 1990. Pode isso? Não. 7% de queda em média de 10 anos é muito pior do que 7% em média de dois anos. E eles ainda contam com previsão de queda de 4,3% de PIB para 2016. Isso ocorrerá? Não parece (ver p.s. de 06/06/2016 abaixo). E se isso ocorresse, não deveríamos estar pagando 14,5% de juros, pois a inflação seria muito menor do que 7%. Veem a incongruência? 

Mas tem mais. Se estamos em incrível depressão, em ciclo desfavorável e negativo, como se estabiliza no segundo semestre? Que palhaçada.

Isso é para ajudar o governo a arrochar o que puder no orçamento de 2016. Com esse ambiente, será impossível criar clima para reconstituir valores de salários defasados de servidores, porque eles serão os criminalizados do "orçamento", não havendo uma linha sobre o nababesco lucro bancário com os juros de 14,5% em inflação decrescente em nosso país.

Se a inflação for menor do que 7%, beirando a 6,5%, o que deve ocorrer esse ano, o lucro real que os juros bancários proporcionarão aos aplicadores será de 8% reais. A média dos emergentes é pagar 2,5%. Os juros reais da Europa e EUA está em negativos 1,5%. Alguém publica isso? Não. Serão mais de 200 bilhões de reais concedidos a investimentos em dívida brasileira totalmente desnecessários e que poderiam tornar o déficit de 170 bilhões do orçamento em superávit de 30 bilhões de reais, sem se mexer em um programa social, sem se impedir o investimento de um centavo para hospitais e escolas, e concedendo todos os reajustes a servidores acordados e previstos no orçamento.

Estamos diante do maior roubo do orçamento público da história do País. E não há uma linha publicada sobre isso."
Veja a íntegra do artigo em http://www.perspectivacritica.com.br/2016/06/mentira-de-teoria-de-caos-economico-em.html

A economia, senhores e senhoras, não muda qualitativamente em menos de seis meses a um ano. Daí a bipolaridade das publicações evidenciar a mentira informativa.

Enquanto o mercado chegou a apontar no primeiro semestre inflação de 9,33% e queda de pib em 4,33%, dissemos que a inflação ficaria em 7,5% e quiçá abaixo de 7% e que queda de pib ficaria entre 3% e 1%. Bem, em novembro de 2016, no fim do ano, o fantástico mercado informa, conforme está escrito no artigo "Analistas pioram projeção do pib pela quinta vez seguida", publicado na página 18 do Jornal o Globo de 08/11/2016, que "prevê" (só rindo) inflação de 6,88% no fim de 2016 e queda de pib de 3,30%.

Observem, foi somente a questão de governo alterado que resultou nisso? Essas medidas anunciadas com super guinada à direita, foi exatamente isso que mudou tudo? Veja, ajudou, mas não foi o essencial.

O essencial foi, como sempre, a evolução da renda, do endividamento das famílias, o crescimento mundial, o valor do petróleo e commodities e o juros da dívida brasileira. A inflação está caindo. Como dissemos antes, se não há renda, não há pressão inflacionária, a qual durante esse ano, em especial no primeiro semestre, ficou mais resistente principalmente porque as más previsões econômicas do mercado pressionavam o dólar, o qual, por sua vez, repercutia nos preços internos. Mas o dólar teve uma grande oscilação e caiu bastante desde junho de 2016, portanto, o último pilar inflacionário ruiu.

Sem o governo gastar, porque não há dinheiro, com governos estaduais sem poderem gastar, com famílias ainda pagando dívidas, o PIB cai. O PIB cai e mantém desemprego. E mesmo nessa situação os juros brasileiros estão nas alturas (14%). Então, naturalmente, confirma-se inflação em queda e pib baixo. Some-se a isso farta produção de alimentos e chuvas que encheram os reservatórios de hidrelétricas, contribuindo também para manter a inflação também mais baixa.

Mas como dissemos antes (mesmo no fim de 2015) e dizemos agora, este ano de 2016 fechará bem melhor do que o fim do ano de 2015. Por quê? A inflação estaria em baixa (sem o aumento de 50% de gasolina e 50% de energia elétrica do ano passado, fora aumento de alimnetos por baixa produção com repercussão ainda da seca), como está, e a previsão de inflação para 2017 já chega a 4,94%, mais perto da meta do Banco Central (4,5%). O Pib crescer depende do crescimento mundial, crescimento do valor de commodities, resgate de capacidade de pagamento da população e, claro, queda de juros.

Nesse sentido, a economia norteamericana melhorou, Europa e China estão melhores, mas ainda em ritmo lento, mas as commodities já começam a se valorizar. O petróleo que chegou a estar cotado no primeiro semestre de 2016 a 28 dólares o barril, agora chegou a 48 dólares. O minério de ferro também se valorizou. Então, as notícias externas não são ruins. A projeção de PIB para o Brasil no fim de 2017 é de crescimento de até 1,5%.

Então veja, para o ano de 2017 a previsão é de inflação em baixa e pib em alta. Isso é caos econômico? Não estávamos há 6 meses no fim do mundo econômico brasileiro? Não. Era mentira da mídia que agora venderá para você que a mudança de governo e muitas medidas à direita, tentando tirar direitos trabalhistas e previdenciários e tal, é que são responsáveis por essa melhora, mas o fato é que as notícias lá fora iam mal ainda em 2015 e estão melhorando, independente do que ocorre aqui dentro.

Os estrangeiros sabiam disso e enquanto a imprensa publicou o caos econômico desde 2015 até hoje, o investimento estrangeiro direto (IED) somente cresceu!!! De uma média de 60 bilhões de dólares anuais, entre 2015 e fim de 2016 a média chegou a 80 bilhões de  dólares entrando no Brasil. Eles sabem... e a imprensa ajuda.. a eles.. não a nós, infelizmente.

Ninguém publicou para você, por exemplo, que o fato de 100 lojas em Ipanema fecharem as portas nesses últimos seis meses, deriva do fato de que os aluguéis cobrados dos lojistas, à base de preços supervalorizados dos imóveis da Zona Sul do Rio de Janeiro, tornou inviável manter as lojas neste período de baixo crescimento econômico e alto desemprego. Se os aluguéis fossem menores, as lojas não fechariam. Então, a bolha imobiliária, que agora se desfaz também tem sua parte nesta crise.

A manutenção de aluguéis altos por conta da excessiva valorização de imóveis nos últimos anos também é fator de resistência da inflação, porque além de em si ser um custo e ter potencial inflacionário, repercute em tudo o que é vendido nas lojas e, portanto, repercute na inflação. A correção desses valores de aluguéis, agora que muitas lojas fecham, será um fator de baixa de inflação também.

Então, o mercado mentiu ou errou feio na previsão desde o início do ano de 2016. Nós não. Não adivinhamos os números, mas apresentamos previsões muito melhores do que o mercado e do que foi publicado na grande mídia. Somente o George Vidor, dentre outros poucos economistas publicados e sérios, acompanharam os dados econômicos de forma assemelhada ao Blog Perspectiva Crítica. Mas mesmo assim, ninguém trata muito da bolha imobiliária. O tema é muito sensível. Mas nós tratamos.

E agora?

Agora, leitor, é importante você saber que sem queda de taxa de juros não há crescimento econômico e geração de emprego em quantidade suficiente para efetuar o crescimento que queremos. Mas com dois anos de queda de PIB, há margem para em 2017 se crescer em cima de um PIB contraído. É mais fácil.

A situação começa a melhorar bastante. EUA cresce. China e Europa pararam de cair e estão melhores, apesar de em ritmo lento de crescimento econômico. Petróleo e minério de ferro aumentam de preço, o que reflete essa melhora da economia mundial. Então, notícias externas boas. Previsão de petróleo para 62 dólares o barril em dezembro de 2017. O petróleo aumentou de preço esse ano também porque houve acordo entre produtores para baixar a produção, claro, mas a manutenção de aumento de preço no tempo confirma que a demanda aumenta, assim como a melhora dos crescimentos econômicos também o faz.

Internamente, apesar de os governos estarem sem verbas, houve grande queda no endividamento das famílias, que chegou a mais de 60% durante os últimos cinco anos, mas agora já está em 57%, abaixo da média de 2010. Isso significa que, apesar do desemprego em 10% (mesma média atual da Europa), as famílias estão pagando dívidas e em breve resgatarão (os empregados, claro) capacidade de se endividar e comprar, inclusive imóveis, claro.

Assim, o ciclo de correção de valores de imóveis pode estar em vias de terminar. Ninguém pode afirmar, mas a tendência é de que, se os imóveis cujos preços você acompanhava caíram em 50%, dificilmente cairão muito mais, entende? Em muitos lugares caíram entre 30% e 50%. Nós recebemos perguntas de leitores sobre o momento de compra de imóveis.

É importante a leitura de todos os artigos deste blog sobre a Bolha Imobiliária para ficar em total consonância sobre este mercado, mas, vejam, a constatação de abril de 2012 de uma consultoria norteamericana era de que, à época, os imóveis no Brasil estavam supervalorizados em 50%. De lá para cá os preços começaram a aliviar mesmo somente entre 2014/2015. Então, a premissa é válida. Queda de 50% no valor do imóvel significa que se chegou no limite, em termos razoáveis.

Quando se atingir esse patamar em muitas partes do Brasil, mesmo que em outras não se atinja esse patamar, como na Zona Sul do Rio de Janeiro, significa que o momento está bom para comprar, mesmo nos lugares que não baixaram tanto. Esse momento, senhores, parece já ter chegado, como já havíamos dito, inclusive em outros artigos.

Fundos internacionais estão mobilizados e virão comprar mais imóveis. Então, quem ainda não comprou e tem disponibilidade de dinheiro ou crédito, tem aí um momento interessante de compra, principalmente porque pode pechinchar neste mercado em baixa. Muitas vezes o anuncio é de um valor, mas, se você perguntar, há desconto de até 30% e isso sobre um valor que já não está no mesmo patamar de 2013.

Por outro lado, esse Brasil que ficou mais barato e esses juros estratosféricos vão manter a inflação declinante. É muito importante salientar que não é preciso este juros nesta altura para conter a inflação, como sempre dizemos aqui. O próprio mercado está pedindo que baixem os juros.. porque senão daqui a pouco o devedor, o Brasil, pode não conseguir pagar a dívida.. rsrsrs. Então é um absurdo, mas nossa economia é gerada para os banqueiros mesmo. São eles que têm que dizer quando se pode baixar os juros para que o Brasil cresça e gere empregos aos brasileiros, infelizmente.

Não precisava ser assim. A inflação poderia ser controlada com aumento do depósito compulsório de 5,5% a 20%, enquanto se cortasse os juros de 14% para 10,88%. Em uma inflação desse ano prevista para 6,88%, seriam juros reais de 4%, ainda entre os maiores do mundo e bem acima da média de 2,5% pago pelos países emergentes. Mas isso diminui lucro de banco.. então não pode baixar esse juros, não pode haver crescimento de pib e nem emprego a brasileiro. É o que fazem na China, mas não pode aqui.

E aí, você fica sem emprego, mas a culpa é de quem? Do gasto público, do rombo no orçamento com aposentados, pensionistas e servidores públicos.. ahauhauhauahuahauha. Tem que rir para não chorar. O Brasil paga entre 450 bilhões a 600 bilhões de reais em juros anualmente. É o maior gasto público atrás somente da Previdência Social. O déficit fiscal federal é de 139 bilhões de reais em 2016. O corte de 3% e 4% nos juros da dívida economizaria de 150 bilhões a 200 bilhões de reais. O déficit viraria superávit da noite para o dia. Mas a culpa é do que se paga a aposentados por terem trabalhado, a pensionistas e aos servidores, que recebem para prestar serviço público e manter a máquina do Estado funcionando. A conta com servidores está entre 250 bilhões e 330 bilhões. Já vi escreverem que está em 390 bilhões de reais. Mas de juros da dívida vão entre 450 bilhões e 600 bilhões de reais anuais; e fora de parâmetros internacionais.

Então senhores e senhoras, é isso. Em resumo, os imóveis baixam de preço, as famílias diminuem endividamento, a economia mundial está melhor do que no ano passado, commodities se valorizam e o mercado financeiro pede que o governo baixe juros. Os investimentos estrangeiros no Brasil nunca sumiram, mas se aproveitaram da propaganda do caos para, no momento de alta de dólar, comprar mais negócios aqui e melhorarem suas posições para quando o Brasil crescer, o que começará em 2017, à razão de 1,2% a 1,7%, já estarem bem posicionados para crescerem junto.

Mas crescimento do mercado de trabalho e crescimento econômico mesmo somente ocorrerão depois de baixa dos juros. Entenda: se você tem uma empresa que lucra 20% ao ano após os investimentos, mas pode receber 14% ao ano se deixar o dinheiro em título da dívida brasileira, o que você escolhe? Observe que essa remuneração de 14% não traz risco trabalhista, não tem risco de altas e baixas do mercado produtivo e nem do dólar. Ao invés de produzir, correr esses riscos, ralar e obter 20%, você põe no título da dívida e leva 14%. Quem investe no sistema produtivo? Ninguém, claro. Mas se não se investe, não se cria emprego. Sem emprego, não há compra. Sem compra, as empresas não vendem e têm que demitir.

É por isso que o crescimento do PIB está negativo em 3,3% este ano e foi negativo em 3% ano passado. É por isso que desemprego fica em 10%. Entende? Mas agora o mercado pede baixa de juros e está prevendo queda de inflação. Pronto. Com a queda de juros haverá mais margem para desmobilizar valores para o mercado produtivo. Mas o Brasil já estará crescendo antes disso, pois tinha que parar de cair em algum momento. Quando? Quando o mercado internacional e os preços de commodities melhorassem.  Como isso ocorreu, nós melhoramos. Sofremos dois anos, por causa do mercado internacional em baixa e commodities em seus mais baixos preços históricos, mas agora tudo se normaliza e nós voltamos junto. Isso é a verdade.

Neste ambiente em que há melhora no mercado internacional, melhora de preços de commodities e pressão dentro do Brasil para queda de juros, estamos entrando em um momento de volta de crescimento econômico, com inflação controlada. Então é para ficar otimista, a nosso ver. E, afinal, agora é o mercado que diz: 2016 não terá a inflação de 9,33% prevista no primeiro semestre de 2016 e nem queda de pib de 4,3% (no mínimo, diziam) e nem dólar a mais de 4 reais... rsrsrs. Que bom saber.. rsrsrs.


p.s. - Texto revisto e ampliado.

p.s. de 05/12/2016 - Texto revisado.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Medidas "Austeras" do Governo Pezão (PMDB): somente se bate no cidadão e servidor

Observem as medidas adotadas pelo Governo do Pezão em face da crise:

1 - Instituição de contribuição de 30% para a Previdência Estadual sobre valores abaixo de R$5.189,00 (teto da Previdência) recebidos por pensionistas e aposentados que antes nada pagavam a tal título.

Comentário: 11% como o servidor da ativa eu entendo, mas 30%?! E para quem nada pagava? Como fica a vida dessas pessoas?

2 - Aumento de mais de 30% da contribuição previdenciária dos servidores do Estado, que pagavam 11% e passarão a pagar 14%, mas durante 16 meses pagarão temporariamente mais 16%, ou seja 30% de contribuição previdenciária total.

Comentário: É alto o aumento, mas ficou menor do que o pensionista e aposentado, só porque já havia contribuição paga pelos ativos. Foi demonstrado que o governo é covarde com os que mais precisam. Mas sublinhem aí, o total a ser pago foi de 30% para os da ativa também. Isso pode ser entendido como confisco. Infelizmente, a saída possível em relação ao aumento, que parece inconstitucional, pode ser ter de demitir, dentro dos parâmetros constitucionais. Aí vai um grande dilema. Mas, se adotassem outras medidas que sugeriremos abaixo, haveria superávit fiscal e não haveria este dilema.

3 - Limites no bilhete único, aumento do valor do bilhete único, extinção de benefícios sociais e assistenciais. Restaurantes populares serão terminados, a não ser que o Município os assuma.

Comentários: Atinge-se o cidadão e o miserável, mas, tentando sobreviver, o Estado tem que diminuir gastos mesmo.. podemos entender o sacrifício simplesmente porque se não existe verba para pagar servidores, que mantêm o Estado funcionando, como pagar benefícios que algumas vezes são redundantes aos pagos pelo governo federal? Mas ninguém apresentou o custo benefício dessas medidas. Talvez pudesse se diminuir a assistência, mas não acabar com ela.

4 - Redução de 20 Secretarias, chegando a um total de 12, com corte de cargos comissionados e corte de 50% dos valores de comissões e gratificações. Fim do triênio.

Comentário: O fim do triênio (gratificação por tempo de serviço) já ocorreu há muito na área federal, mas após alguns reajustes, inclusive remuneratório mesmo. Com os valores depauperados dos salários estaduais, o triênio era uma compensação mínima, mas podemos entender tirar o triênio sob a perspectiva de tentar demitir o menos possível e tentar diminuir o mínimo possível as remunerações. Mas, veja, quando o Estado estava bem, não melhorou a vida dos servidores.. e agora que o Estado está mal, os servidores são os primeiros a sofrerem. A redução de Secretarias chegou muito tarde e a reorganização de cargos em comissão também chegou tarde. Esses cargos em comissão são os principais meios de beneficiar amigos, parentes e próximos aos círculos políticos e de negócios em todo o Brasil e no RJ não é diferente. É um feudo que existe para políticos e grandes e poderosos empresários ligados aos políticos. Mas alguns cargos em comissão são importantes, para que políticos e autoridades desenvolvam alguns projetos de interesse público de forma adequada e dentro de um círculo de pessoas de sua extrema confiança para que o objetivo desses projetos seja atingido. Os cortes em cargos em comissão deveria passar por análise criteriosa... mas vindo de quem vem, temos muita dúvida se não serão mantidos só os cargos em comissão de apadrinhados em detrimento dos técnicos de qualidade que estão em parte desses cargos.

5 - Teto de reajuste a servidores limitado a 70% do aumento de receita do Estado.

Comentário: Observe, não houve menção à inflação e recomposição inflacionária da remuneração do servidor, mesmo que isto seja seu direito e esteja previsto na Constituição da República, no artigo 37, X.

6 - Extinções de fundações e institutos estaduais.

Comentário: Foi efetuada a avaliação de se tais institutos são deficitários? Parece que sim. Mas todos prestam serviços públicos, então, penalizou-se o cidadão que ficará sem serviços públicos destes institutos. Mas dá para entender. Vamos em frente.

7 - Aumento de ICMS sobre energia, bebidas, cigarros..

Comentário: Medida fácil. Tem o mérito de afetar a todos. Mas como se sabe, é uma medida pouco proporcional. Quem ganha menos, no final paga mais.

Em resumo, entendemos estas as mais relevantes. Agora te pergunto: se o momento é de crise e todos devem dar sua contribuição, qual será a contribuição de grandes empresários e ricos para a arrecadação? Não tem, senhores.

Observem. O Pezão disse que essas eram as medidas possíveis para salvar empregos dos servidores, mas isso é mentira. Penalizou-se só o cidadão, o servidor, o aposentado o pensionista. E o que mais deveria ser feito? O Blog sugere:

1 - Aumento do Imposto de Transmissão de Bens Causa Mortis e por Doação (ITD) para heranças acima de 30 milhões de reais de 4% para 40%, como ocorre na França e nos EUA, o qual, inclusive pode cobrar 77% de imposto de herança em alguns casos.

2 -  Revisão de renúncias fiscais ao menos em 30%, assim como dos servidores e pensionistas se exige o sacrifício de aumento de contribuição em 30%. Poderia ser temporária esta medida. mas por que só se exige de cidadãos e servidores, miseráveis, pensionistas e aposentados?

3 - Efetuação de acordo com o Tribunal de Justiça para que sejam realizados mutirões em relação às ações de execução fiscal, já que o Fisco Estadual possui 95 bilhões em créditos tributários, em especial por sonegação de grandes empresas, e o déficit fiscal era de 17 bilhões para esse ano e com previsão de aumento deste déficit para frente. Um acordo em que o Fisco recebesse meros 33% dessa dívida já acabaria com o déficit atual e tornaria desnecessárias todas as medidas sugeridas pela Estado. Se todos os acordos fossem fechados pela metade do preço, haveria superávit fiscal em 2017.

4 - Transferência e privatização de institutos e fundações e de alguns serviços públicos prestados, como água e esgoto (sempre fomos contra esta transferência, mas no momento, seria necessária). Seria melhor que simplesmente fechar os institutos e fundações e talvez se conseguisse manter à respectiva prestação de serviços públicos, explorados pela área privada.

5 - Revisão do patrimônio imobiliário do Estado e otimização do patrimônio, vendendo alguns imóveis e alugando outros.

6 - Fim de cargos comissionados em órgãos de controle e fiscalização e realização de concurso público para essas áreas, para evitar fraudes e desvios de finalidade nas fiscalizações. Esta é a proposta do Procurador da República, por exemplo, para acabar com a corrupção de fiscalizações e decisões de recursos administrativos tributários no Carf, que são hoje objeto da Operação Zelotes.

7 - Cobrança de multas a empresas de ônibus, que nunca as pagam por causa de influência junto a políticos.

8 - Fim da isenção de ICMS a empresas de ônibus, que só existe no RJ.

9 - Choque de gestão para tornar o serviço público mais eficiente, com controle de horários, designação de metas e bonificação por resultado a todos os servidores.

10 - Incentivo à criação de um pólo de informática e desenvolvimento de software e games como forma de incentivar o crescimento econômico com associação e benefício a uma das áreas mais dinâmicas e promissoras do mundo. A indústria de games já ultrapassou a indústria de filmes em Hollywood.

11 - Revisão de todos os contratos com prestadores de serviço ao Estado e combate à corrupção e superfaturamento em licitações. Ataque à máfia da Saúde, Obras, Transportes e Educação. Somente esta medida provavelmente apagaria as manchetes sobre a Operação Lava Jato, porque a malversação de dinheiro público, o apadrinhamento e o conluio entre governo e grandes empresários, cooperativas, organizações sociais e ONGs é tão vasta no Estado e no Município, que a economia para o Estado seria astronômica e incalculável.

12 - Revisão de todos os benefícios sociais, assistenciais, pensões e aposentadorias para observar irregularidades e cobrar recebimentos indevidos. Se somente com a revisão de 2% em um benefício do INSS (auxílio-doença) a economia foi de R$139 milhões, cremos que algo desta natureza ocorra aqui nas revisões efetuadas pelo Estado.


13 - Averiguação de quais tipos de serviços públicos, em especial neste momento, dão mais retorno econômico para o Estado. Facilmente se verá que a área de fiscalização e cobrança de tributos é importante e deverá se dinamizá-la e realocar servidores para lá. Para fiscalizar ônibus, por exemplo, o Estado tinha 30 ou 40 fiscais, mas o correto seriam 120. Somente isso poderia gerar multas e ainda melhorar a prestação de serviço público de transportes.

Então, cidadão, observe bem. O governo do PMDB não está tomando as melhores medidas. Ele está tomando as medidas que punem o cidadão, o miserável, o servidor, o aposentado e o pensionista. Ninguém falou em cobrar tributos. Por que não faz um projeto de anistia de multas para quem tiver dívida com o Fisco, como houve com a repatriação? De 95 bilhões de reais de crédito tributário talvez entrassem 30 bilhões. Mas é porque os governantes estão mancumunados com empresários e super ricos de tal forma que medidas que exijam a ajuda e contrapartida de sacrifício dessas duas categorias não entra nunca na conta para ser paga.. só na conta para receber.

E nesse sentido falou o presidente do Sindicato dos Policiais do RJ:

"O presidente do Colpol afirmou ainda que o governo mostrou sua face mais perversa nesta crise. Ele conta que, quando o estado estava em melhores condições, os policiais não receberam os benefícios que esperavam. E, agora, no momento difícil, foram os escolhidos para sofrer de forma intensa na crise.— Não somos a prioridade do estado e isso está muito claro com as medidas anunciadas. Nos restar agora contar com a sensibilidade dos deputados da Alerj. Eles são as nossa fonte de esperança — disse."


Leia a íntegra em http://oglobo.globo.com/rio/policiais-vao-alerj-questionar-medidas-contra-categoria-20410689#ixzz4P3SYPHxO 


Pois é.. vai vendo aí o que fazem por você na crise. Tome consciência de que a grande mídia, os grandes empresários, o mercado financeiro, os governantes ligados a estes grupos só enxergam e impõem para você a saída que alcance o bolso do cidadão, do miserável, do servidor, do aposentado, do pensionista... mas falar de aumento de contribuição de super ricos e de grandes empresas beneficiadas com 157 bilhões de reais em renúncias fiscais de eficiência duvidosa, não... isso não pode... rsrsrs. Thomas Piketty estaria rindo dessas medidas.. ou, mais provável, chorando pelos cidadãos e servidores do RJ.

p.s. de 07/11/2016 - Texto revisto e ampliado. Corrigidos alguns dados, tais como o fato de o déficit do orçamento estadual fluminense nõa ser de 35 bilhões, mas de 17 bilhões em 2016, além do fato de que o aumento de contribuição previdenciária para os servidores da ativa elevaria de 11% a contribuição para 30%, na formna de 14% de contribuição ordinária e mais uma contribuição extraordinária de 16%. Isto mudou a análise e comentário, neste tocante, como se observa do item 2 do rol de medidas adotadas pelo governo estadual.