Este caso é grave. Grave porque qualquer coisa que envolva a nossa Petrobrás merece atenção. Mas, senhoras e senhores, é algo que está publicado porque a Petrobrás é uma estatal... esse tipo de coisa ocorre corriqueiramente, por vezes mais ou menos grave, em empresas privadas e nunca será notícia de jornal porque permanecerá na área privada.. incógnita, como inclusive a gigantesca corrupção que graça pela área privada e que, segundo artigo publicado no Anselmo Góis ou Flávia Oliveira há uns dois anos, foi mensurado pela KPMG como 5% de toda a produção e faturamento da área privada... fique você sabendo.
Bem, mas como fomos "interrogados" por nossa posição no tema, e também porque, como qualquer coisa hoje em dia, está sendo objeto de exploração midiática com fins eleitoreiros para benefício evidente da direita (veja, bem, não é benefício da verdade ou da sociedade, é benefício da direita, hoje capitaneada pelo PSDB), explicaremos o caso a nossos leitores.
A compra da refinaria ocorreu por quê?
Na época da compra da refinaria de Pasadena, o petróleo estava caro, o refino estava caro e a importação de derivados de petróleo estava caro. Isso prejudicava os resultados da Petrobrás, que sempre exportou petróleo bruto e de baixa qualidade (que é o nosso, exceto o do pré-sal, recente) e importou derivados (gasolina, diesel, querosene de avião...). Construir refinaria demora muito como estamos vendo então qual a saída de curto prazo? Comprar refinarias já prontas. Mas onde? Em locais emque a Petrobrás pudesse vender os derivados e importá-los para o Brasil também.
E à época, os EUA estava mal economicamente, então tinha-se aí uma oportunidade de entrar no mercado americano (porque era difícil e o lobby contra era gigante), passar a vender para um mercado gigante (o americano) e ainda transformar as despesas com importações de derivados e lucro, já que o petróleo bruto brasileiro, sendo refinado em refinaria nos EUA da Petrobrás, geraria divisas à Petrobrás pelo petróleo bruto comprado por Pasadena, e o dinheiro pago pela Petrobrás pelos derivados à Pasadena, se transformariam em receitas, ao menos em boa parte, já que gerariam remessa de lucros à petrobrás um pouco mais à frente da operação. De quebra, o saldo comercial brasileiro ainda melhoraria com essa remessa de lucro!! Então, era um negócio da China!!! Todo mundo apoiou na época, em 2008. E assim foi feito ainda no Japão e em outro país, creio que europeu.
E o valor?
Uma empresa belga havia adquirido a refinaria por menos de 50 milhões de dólares três anos antes e a Petrobrás adquiriu por uns 386 milhões de dólares. É claro que nõa li o relatório (rsrsrs), mas parece que durante três anos houve investimentos realizados pela empresa belga que teriam justificado o valor mais alto, além do interesse estratégico em entrar no mercado americano e fazer a jogada de importação, exportação e refino com remessa de lucros.. tudo isso ponderado em conjunto teria sugerido ser um bom negócio a compra de Pasadena.
O que deu errado?
O problema é que, aí sim, por incompetência da área internacional, sob responsabilidade de um indicado do PMDB (esse problema de indicação política para cargos altos da Petrobrás realmente é grave), Nestor Cerveró, o relatório resumido e a apresentação de power point para o Conselho da Petrobrás, cuja Presidente era a Dilma, à época, teve duas falhas gravíssimas: (a) não chamou a atenção do Conselho para o fato de que para Pasadena refinar o petróleo grosso brasileiro seria necessário investimento brutal em adaptação da refinaria e (b) havia duas cláusulas contratuais que, a grosso modo, gerava a obrigação de a Petrobrás comprar a parte das ações da outra empresa que permanecia sócia do empreendimento.
Isso gerou uma demanda judicial nos EUA e a Petrobrás foi obrigada a pagar uma fortuna à outra empresa que preferiu usar seu direito de venda quando viu boa oportunidade financeira para isso. A conta total saiu em um bilhão de dólares (compra da parte da empresa belga e condenação judicial a comprar a outra metade de ações da empresa sócia remanescente)!! Assim, mesmo com operações mensais lucrativas, a necessidade de investir pesado em adaptação para refino do petróleo brasileiro de baixa qualidade, junto com a necessidade de investir nas refinarias aqui e na exploração do pré-sal, acabaram evidenciando que, hoje, não interessava à Petrobrás continuar lá e daí a venda. Resultado final: foi lançado contabilmente prejuízo de 500 milhões de dólares com toda essa operação.
E então?
Gente, foi isso o que ocorreu. De quem é a culpa? do responsável pelo Resumo que induziu o Conselho em erro. E o que deve ocorrer? Sua demissão. Isso ocorreu na época, mas por pedido do PMDB, ele foi recolocado na vaga do PMDB na BR Distribuidora e virou presidente dessa empresa de´pois de ser demitido da área internacional da Petrobrás S/A. Duro e injusto e ficou mal para a imagem da empresa, claro, mas foi um problema político criado pelo PMDB, com uma fraqueza e anuência do PT, no caso, que deveria ter pedido outra indicação já que Cerveró tinha sido demitido.
E corrupção?
Vejam, encontraram dinheiro não declarado com Cerveró. Se foi o caso dele ou outro indicado político ou funcionário (o que duvido ter sido corrupto, que pague. Que se investigue. E todos os que estiverem beneficiados por uma má intenção e dolo neste negócio, que responda civil e criminalmente. Mas, por enquanto, ao meu ver, não dá pra colocar esse caso todo no colo da Dilma.. rsrsrs
Resultado?
Cerveró está sendo investigado, toda a operação está sendo investigada inclusive pela própria Petrobrás, através de sindicância instituída por Graça Foster. A Polícia Federal e o Congresso estão apurando. A Petrobrás teve prejuízo na operação de 500 milhões de dólares. Seu lucro anual continua superior a 20 bilhões de dólares. Ótimo. Esperemos as conclusões de investigações. Mais do que isso, pra mim, é palhaçada... não sei o que vocês acham. Houve um mal negócio e uma grande falha da área internacional, com identificação do responsável maior, e que gerou indução em erro do Conselho da Petrobrás à época da tomada de decisão. Tudo está e deve ser investigado pra apuração de responsabilidades e envolvidos.
Olá Mário,
ResponderExcluirMeu principal comentário é, caso for cabível ou possível, submeter a relação contratual e a arbitragem da justiça americana à OMC visto o desequilíbrio contratual ao colocar a Petrobras como Avalista de todo o contrato. Li em alguns jornais europeus comentários de especialistas locais sobre a operação da Petrobrás com a Astra Oil, em Pasadena, sobre as cláusulas "PO" e " Marlin" que são adotadas quando o patrimônio das empresas envolvidas são equivalentes (que não é o caso) justamente para que uma não alegue desinteligência e se beneficie. Observa-se claramente que a empresa Belga deu um golpe de esperteza e colocar a operação como um grande revés para o governo brasileiro.
Parece o caso quando numa empresa um sócio inescrupuloso aplica o golpe no outro sócio capitalista.
Não vou e nem quero defender a operação pois o revés é incontestável, quando da decisão da justiça americana, mas está nítido que há um exploração midiática com objetivos políticos com a proximidade das eleições, então, faz-se pertinente alguns outros comentários:
Sobre a majoração do preço de U$ 42 para US$ 360 e a hipotética vantagem do bom negócio que seu texto não abordou - lê-se na imprensa que a Astra assumiu a empresa e fez investimentos para torná-la operacional novamente na ordem US$ 200, sendo que haviam passivos tributários e trabalhistas que também foram assumidos como condição da operação, antes da entrada da Petrobrás no negócio já haviam US$ 170 em estoque de óleo, mesmo assim alguns ainda perguntam: - "Pagou US$ 360 por metade da empresa?"... Muitos se esquecem que existe algo denominado como: Fundo de Comércio, ou Aviamento, ou também chamado de "Goodwill", que é justamente a prospecção dos negócios em relação a atividade já operacional entre as empresas interessadas (como no comércio se atribui um valor ao ponto e as benfeitorias). E, preço é equação que se determina pela objetiva satisfação que espera o vendedor e pelo interesse e possibilidade do comprador.
O aspecto contábil, não abordado pelo texto, é que para a Petrobrás (antes do revés) seria um excelente negócio refinar o petróleo leve dos seus contratos com a Petromex e a BP para o mercado americano justamente pela economia com logística de FRETE. Imagina o custo para refinar a necessidade daquelas empresas trazendo o óleo aqui para o Brasil para logo depois enviar o produto de volta, assim a opção por uma solução local.
A exploração midiática do fato se evidencia (ainda mais) pela omissão dos comparativos, por exemplo: A refinaria Abreu e Lima terá apenas o dobro da capacidade de Pasadena (porém de óleo pesado) seu custo inicial era de US$ 2,5 BI, porém, o custo já ultrapassa os US$ 20 BI, ou seja, essa relação já faz Pasadena voltar a ser um negócio razoável.
Lógico que essa discussão está na fila...
Aguardemos o resfriamento da primeira lenha da Petrobrás para alimentar o fogo com outros fatos e assim continuar as mordidas gradativas nas intenções de votos da reeleição. Voto à voto, denuncia à denuncia até Outubro. A mídia está cansada de perder por isso está administrando melhor.
(continua... sempre)
Por fim, meus comentário políticos (coloquei separado, mas espero que não apague):
ResponderExcluirAfirma-se que as inflamações partem mais veementes do tucanato, a subjulgar da inteligência dos mais atentos e estudiosos, também em comparação, até porque nos últimos 20 anos só temos 2 modelos de governo, ressalta-se que a Petrobrás teve em 2002 (último ano do tucanato) um lucro de apenas US$ 8,5 BI, inclusive, 36% menor do que 2001, e hoje nos últimos 6 anos tem uma média de US$ 29 BI com investimentos (e não dívida) que fará mais que dobrar sua produção até 2019.
Registra-se também que o tucanato perdeu a P-36 pela demora e deficiência técnica e logística na recuperação da crise, a plataforma afundou. Quanto valia aquela plataforma? Também, que FHC pagou por consultoria de US$ 50 MI (ou seja, mais que o valor inicial de Pasadena) apenas para trocar o "Petrobrás" por "Petrobrax", e, em 2000 vendeu 14,5% de suas ações ao mercado por apenas R$ 7,5 BI que foram depositados nas reservas brasileiras, logo evaporado.
Lembro-me, em 2001, do caso do Refap com a espanhola Repsol, em troca de ativos argentinos que FHC recebeu US$ 750 MI pelo negócio, mas cedeu US$ 3 BI em ativos. Na época, a imprensa geral, publicou que foi um dos piores negócios da história brasileira, só não foi maior o prejuízo que le deu ao Banco do Brasil.
Exploração da notícia com objetivo certo, agora, entrar em contexto histórico a mídia nunca fará compartivo, pois não será produtivo aos seus interesses, já que sobre prejuízo de empresa pública podia-se mencionar o prejuízo do Banco do Brasil em 1996, até então o maior já apurado por uma empresa brasileira, hoje essa marca é da EBX.
Sem mais! Desculpe-me o desabafo!! hehehehe
Meu amigo, Fábio, eterno guerreiro do Blog Perspectiva Crítica, como eu poderia apagar um comentário seu? Mesmo que eu discordasse? Até hoje, por total noção e educação e nível de nossos comentarista e leitores, nenhum comentário foi apagado. Isso é ótimo.
ResponderExcluirE mais uma vez você trouxe informações valiosas para nossos leitores. Muito obrigado. O complemento às informações do artigo são evidentes e as comparações com casos correlatos e prejuízos ocorridos durante o período do PSDB na Presidência são altamente pertinentes e justos.
Abraços e fique sempre à vontade.