A abordagem sobre a elevação do dólar na manchete econômica de hoje no Jornal O Globo foi muito boa. A correlação com os pontos fracos da nossa economia e da atual política econômica também foi apresentada sem viés político. Gostei do que li. Vale a pena ler. Se você puder, veja a diferença com a publicaçlão de ontem completamente enviesado contra o governo, na minha maneira de ver. Leia os artigos e as críticas do Blog a ambos e constate a diferença de abordagem do Jornal O Globo sobre o mesmo tema. Pode ter sido o jornalista, pode ter sido o tema, mas a publicação de hoje está melhor.
A mídia não tem que ser contra ou a favor do governo. Tem que ser crítica. Ponto. A crítica pode gerar elogios e pode gerar deméritos, denúncias e acusações. Mas crítica é crítica e deveria se apresentar sobre bases mais objetivas, menos sentimentais ou direcionadas subjetivamente sobre avaliações do governo. Isso não é fácil e as avaliações do governo devem ocorrer, mas não sobre bases subjetivas e sim sobre as objetivas.
Desta vez, na publicação de hoje vemos um equilíbrio emocionla na informação ao público sobre o aumento do dólar. Sim, a recuperação econômica americana foi um motivo. Além disso, a decisão de não recomprar títulos americanos indisponibiliza mais dólares no mercado americanoe internacional, elevando o dólar em todo o mundo. Além disso, a Europa não estar melhor também atrai o capital para títulos americanos; e não só da Europa, mas do Brasil e dos emergentes também.
Além disso, a China com o objetivo de crescer menos para enfrentar a bolha imobíliária em seu território (objetivo já declarado pelo governo chinês e objeto de publicação em artigo de jornal nestes termos), e naturalmente pressão inflacionária, está admitindo a baixa de seu ritmo de crescimento, o que desestimula investimentos em sua economia e atrai investimentos para o dólar (como proteção), além de baixar a cotação das commodities, das quais tanto dependemos no Brasil.
Assim, há pressão por investimento em dólares e títulos americanos, atraindo dólares do Brasil, elevando sua cotação. Isso tem impacto inflacionário e nós já tínhamos uma certa resistência inflacionária em memória do mercado para o início do ano (o que se verifica que está descendo). Tivemos que baixar o superávit primário, para que se turbinasse o crescimento... isso também tem um pequeno impacto inflacionário (ou melhor, na expectativa sobre a evolução da inflação), e também gera a imagem de que o compromisso com pagamento de dívidas (títulos da dívida soberana) seria menor (apesar de que continuamos com superávit fiscal e pagandoem dia todos os títulos e com melhor condição de o fazer do que todos os europeus, por exemplo, e mesmo os EUA!!!).
Só que isso não demonstra descontrole econômico em hipótese nenhuma e nem erro de condução de política econômica. O Brasil continua crescendo, com qualidade superior a de todos os países do mundo, pois sob fundamentos muitíssimo melhores, quais sejam, menor relação dívida/pib (mais baixa do que de todos os europeus, EUA e Japão), uma das melhores taxas de desemprego do mundo (perdendo para o Japão, dentre EUA, EUROPA e Japão), uuma das melhores taxas de criação de empregos do mundo desenvolvido, e pequeno superávit fiscal que denota orçamento fiscal em ordem!! Inflação está em declínio e houve aumento de juros básicos acima da previsão de mercado!!!
Qual o problema?!?!?! Senhores, não há problema. Oscilações de mercado ocorrem. Os investidores, baseados nas recentes revisões de rating das agências americanas (que alteraram para positivo o viés do rating americano e alteraram para negativo o viés do rating brasileiro), reajustaram seus investimentos e criaram esse rebuliço que está sendo publicado como perda de rumo da política econômica.
Com esse fundo de fatos, a mídia começa a dar ênfase ao que se encontra de acordo com sua visão de que o Brasil deve ser satélite americano, como Chile, Colômbia, México e Peru, e instigar a que adotemos medidas de contenção de gastos governamentais (incluindo investimento em serviços público tão necessários e carentees em nossa sociedade atual), que abramos mercados para americanos, europeus e japoneses, sem ter contrapartida da parte deles, e que adotemos todas as demandas e proposições liberais e neoliberais possíveis, para obter as queridas palmas de mercado, as quais podem vir ou não, mas que certamente se vierem, por concessões que afetem nossa qualidade de vida, em seguida cessarão, em busca da próxima concessão que possam obter em troca da próxima saraivada de palmas estrangeiras; palmas sempre, sempre acompanhadas dos sorrisos largos estrangeiros que denunciam que algo foi tirado de nossos bolsos e foram para o deles..
Mas um país não pode deixar seu projeto de nação ser conduzido por ratings e palmas estrangeiras. Quem faz isso vende sua soberania, a qualidade de vida de sua população e termina como a Argentina. Então, é seguir, adaptando medidas para aparar arestas econômicas e de imagem do mercado que fatos como oscilação de rating, política de juros americana e outras tenham sobre nossa economia.
Sigamos em frente.
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