Há um rumor disseminado de uma certa ojeriza com as condições em que os irmãos Batista saíram de sua delação: pessoas indignadas com dois pré-falidos que desde 2001 são beneficiados com investimentos do BNDES e alçaram sua empresas a uma das maiores do mundo na sua área, com mais de 270 mil empregados e atuação em mais de 44 países, vivendo atualmente livres em um apartamento na 5ª Avenida em Nova Iorque.
Essas pessoas, em consonância com Temer e outros delatados, dentre os mais de 1800 políticos delatados, estão reclamando do excesso de beneplácido da Procuradoria da República com esses " aproveitadores do dinheiro da nação".
Muito defendem a desapropriação de suas empresas em todo o mundo. A maioria quer vê-los presos ou sofrendo de alguma forma depois de tudo o que fizeram, de tudo o quanto enriqueceram, sempre repetindo o que Temer e outros delatados dizem: que é absurdo enriquecerem com dinheiro da nação e nada pagarem. É isso?
Senhoras e senhores, neste momento vale aquele adágio "diga com quem andas que te direi quem és". Adaptemos para a hipótese e temos: " diga-me com quem concordas que te direi se estás certo". Se a sociedade está defendendo o mesmo que Temer e outros 1800 delatados, alguma coisa está errada!!
A nós do Blog Perspectiva Crítica é certa uma coisa: a vida não é simples e ela não é justa. O trabalho que temos de crítica do cotidiano existe por causa dessa intrínseca injustiça e existe para tentar diminui-la ao máximo, realizando uma igualdade social utópica tanto quanto possível.
Neste caminho, a necessidade de negociação traz a situação de que bandidos possam fugir de penas, em caso de entregar muitos mais bandidos e casos graves que legitimem essa isenção de penalidade. Esse é o objeto precípuo das delações premiadas.
Juntamente com estes princípios, estão no mesmo alicerce do movimento de punição da corrupção a previsibilidade e estabilidade dos benefícios prometidos pela Procuradoria da República aos delatores. Isto é que estimula as próximas delações. Então, o que foi prometido não pode ser retirado em hipótese nenhuma, a não ser em caso de comprovada má-fé, ilegalidade ou corrupção dos Procuradores quando da negociação dos prêmios da delação, o que não ocorreu no caso dos irmãos Batista. Esse é o nosso posicionamento.
Achamos ótimo, nesse sentido, a coluna da Miriam Leitão sobre a revisão da delação premiada dos irmãos Batista da JBS. Concordamos 100% com a coluna, quando questiona os malefícios dessa revisão.
Leia na íntegra: http://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/movimento-no-judiciario-pretende-rever-termos-de-acordo-com-irmaos-batista.html
Janot não negociou mal. Ele conseguiu uma delação embasada sobre 1800 políticos, dentre eles o Presidente da República, Michel Temer e o principal pré-candidato da oposição, Aécio Neves do PSDB. O preço dessas informações é incalculável, principalmente para a esterilização do processo eleitoral e político brasileiro. Defendemos não mexer em qualquer vírgula do acordo, mesmo que a grande mídia publique cotidianamente a família de Wesley e Joesley jogando neve para o alto em meio ao Central Park, todos sorridentes, felizes e gozando de ótima saúde.
Alguns falaram em estatização da JBS. Isso é um absurdo. A confusão sentimental do brasileiro explorada pela grande mídia não deve ser generalizada e nem estimulada. O entendimento dos benefícios da delação para o país é muito mais importante e digno de repercussão do que o que os jornais apontam como "excesso de benefícios de Joesley e Wesley".
Os irmãos Batista nunca apresentaria uma delação dessas proporções se não confiassem na palavra do Procurador Geral da República. A profundidade da esterilização do processo eleitoral e político brasileiros nunca poderia ser tão profunda em tão pouco tempo e com apenas uma delação. A raiva que os delatados nutrem pelos delatores e pela diferença de destino entre si é o que os faz sofrer mais em não ter delatado antes e é o que estimula outros delatores a bem do país e da verdade.
Os políticos querem deslegitimar a Procuradoria da República e a grande mídia quer manchetes de jornal. E você? O que você quer? A esterilização do processo Eleitoral e político brasileiros, a punição de todos quanto possam ser punidos, repito, TODOS QUANTO POSSAM SER PUNIDOS!!!
Se para punir 1800 políticos e excluir do poder o atual Presidente da República e de pleitos futuros o Aécio Neves ou outros presidenciáveis que poderiam dar continuidade a atos delitivos na vida política brasileira, é necessária medida desta natureza, desejamos que Joesley, Wesley e quaisquer outros fiquem soltos e felizes, desde que entreguem todos os demais políticos e corruptos à Justiça.
Essa a postura do Blog. Todo o apoio à Janot e à operação Lava Jato e a todas as delações premiadas negociadas até hoje, inclusive de Wesley e Joesley Batista, da JBS.
P.s. de 25/05/2017 - Texto revisto e ampliado.
Concordo contigo. Os acordos de delação devem ser cumpridos, desde que o fato delatado se confirme (por que falar, qualquer um fala, ainda mais sendo premiado por isso). Estatizar a JBS é ridículo, nada a ver. Ainda mais quando se ouve defensores ferrenhos do "estado minimo" defendendo isso. Chega ser hilário a incoerência deles.
ResponderExcluirPois é, Rodrigo. A questão é entender o que o Procurador está fazendo e a natureza do instrumento de delação premiada.
ResponderExcluirO Procurador precisa que os crimes parem. O que fez até agora não fez parar a série de crimes inclusive efetuadas por Aécio Neves! Isso é um absurdo. Então o Procurador deve tomar medidas mais extremadas ainda, comparável com o que foi feito até agora.
O instrumento adequado é a delação premiada. Este instrumento responde e existe sob principiologia utilitária!! Não existe sob uma principiologia axiológica. Sob exigência de prática dentre de uma principiologia axiológica, a delação premiada não poderia ser sequer utilizada, eis que violaria a ideia do que é bom, ético e moral na sua pureza, eis que não se negociaria com bandido.
Mas sob a principiologia utilitária, faz-se o que é necessário para se atingir um determinado fim, um determinado objetivo, desde que seja eficiente a tanto. Dentro dessa principiologia, a liberdade e os super prêmios a Joesley e Wesley estão compatíveis com a super delação de 1800 políticos e autoridades do País, incluindo Aécio Neves e Temer.
E toda a empresa brasileira é patrimônio nacional porque gera empregos, arrecadação e bens e serviços para a sociedade. A empresa não tem culpa do que um empresário e políticos fizeram. Se a JBS cresceu com dinheiro público, ótimo! Pior se tivesse recebido o dinheiro e não tivesse crescido.
Que as medidas para punir empréstimos indevidos, empréstimos desviados alcancem a todos os culpados, tanto na esfera civil, como administrativa e penal, mas que nenhuma medida seja tomada para prejudicar a empresa e seus negócios regulares em todo o mundo, pois a empresa não se confunde com a pessoa de seus donos.
Além disso, se destruírem a empresa ou prejudicarem riqueza regularmente produzida por ela a quem quer que seja, inclusive a seus donos, estará tomado um passo que desestimula novas delações.
Se a sociedade apoia o instrumento da delação premiada, que entenda sua natureza utilitária. Entendida esta natureza utilitária, que passe a pensar melhor sobre as formas de realização de delações e nas consequências em se manter os acordos e proteger interesses envolvidos nela tanto para o próprio acordo como para os próximos acordos.