As últimas abordagem do tema inflação estão menos indutivas e menos sensacionalistas. É isso que desejamos que ocorra sempre. Em recente entrevista da Miriam Leitão em um programa jornalístico no canal fechado Globonews, houve a abordagem mais fria sobre o problema, mais contemplativo do que ocorre e analítico do que pode ocorrer sobre inflação, sem exigir messianicamente aumento de juros Selic.
Não só a Miriam, mas depois da confusão sobre declaração sobre controle inflacionário sem perda de crescimento pela Dilma na Cúpula dos Brics, em que Dilma vociferou contra manipulação de suas palavras, houve um esfriamento na irresponsabilidade da exploração do tema pela grande mídia. Houve ponderação dos efeitos de eventual aumento de juros e MIriam falou a verdade, assim como em sua coluna de hoje (10/04/2013) no Jornal O Globo, pg. 20, falou em sua coluna publicada sob o título "Vários dilemas do ano" que o problema não é simples pois deve-se controlar a inflação sem baixar ou afetar muito o crescimento.
É isso o que falamos sempre. É isso o que George Vidor falava. É isso o que Delfim Neto fala. E é isso que o presidente do FED falou em 2012 (ou 2011 - escrevi artigo no Blog sobre tal manchete exigindo o mesmo do Bacen e mesma postura da mídia) e foi publicado em uma manchete no Jornal Monitor Mercantil, em suas palavras "o Fed na execução da política de juros foca na inflação, crescimento do PIB e criação de emprego".
Nunca o FED falou isso, só se preocupando com inflação, e assim repetindo nossos jornalistas e economistas, porque lá nunca tinha tido problemas com o pib e empregos ou crise econômica grave pós-1929, não podendo sequer as crises de petróleo serem comparáveis ao que ocorreu em 2008 com efeitos até hoje sobre a economia dos EUA.
Mas é aquilo: repetir é mais fácil do que pensar.
Então, a mudança de postura do debate sobre inflação, seu controle, adoção (ou não) de aumento de juros para esse controle e análise de opções, além dos efeitos da medida a ser adotada para controle inflacionário, inclusive sobre o crescimento do pib, taxa de investimento e impacto na produção de emprego é mais do que auspicioso. Isso é ser responsável e maduro com o tema controle inflacionário. Isso é ser informativo. Isso é ser crítico. Isso é ajudar o País.
Por outro lado, esta boa notícia veio acompanhada de uma má: A FGV confirma que a dispersão da inflação transborda o setor de alimentos (insensível a aumento de juros pois inflaciona hoje em virtude de choque de oferta, ou seja, rarefação de produtos por seca ou excesso de chuvas ou os dois) e atinge 71% de produtos e serviços analisados.
Isso é ruim, gente. A confirmação de dispersão efetiva da inflação gera legitimação para aumento de juros, pois mesmo que se aumento importação de produtos alimentícios e agrícolas, pode não ser suficiente. Ok.
Eu disse pode não ser suficiente. Então, considerando por outro vértice, que as famílias estão cada vez mais endividadas e gastando menos, antes de ver os juros aumentando, eu gostaria de ver o que já está sendo feito ter a chance de surtir efeito: desonerações tributárias setoriais, incentivo à exportação, aumento de importação e facilidade de importação de agrícolas e alimentos que aqui sobem de preço. Por exemplo: viu-se em jornal na Rede Globo que brasileiros compram tomates na Argentina pois está 1/3 do preço no Brasil. Ora, se é possível entender barreiras sanitárias para importação livre desses produtos em virtude de falta de reciprocidade por Argentinos e por necessidade de proteger nossos produtores de tomates, porque não se adota medidas para facilitar a importação em situações de emergência como a atual, nem que seja compensando agricultores de tomates brasileiros?
Então, está faltando, sim, uma capacidade de jogo de cintura do governo em criar mecanismos de compensação interna e externa da falta de produção e oferta de produtos que impactam na inflação, por causa de choque de oferta.
Por outro lado, continua o dilema: atacar inflação com alta de juros cria impacto geral na economia, não acaba com problema setorizado de inflação de choque de oferta de alguns produtos que impactam a inflação, desestimula produção e aumenta dívida do governo ao mesmo passo que pressiona a economia das famílias que terá de pagar mais juros por seus empréstimos.
É nesse momento interessante o aumento de juros? Eu não acho. Para quem foca controle inflacionário, pib e emprego, nas condições de hoje do Brasil, não! Investimentos estão sendo retomados. A falta de regulamentação ou dúvidas de marcos regulatórios em alguns setores já são por si só desestímulo à retomada de crescimento de investimentos, aumentar retorno financeiro de investimento em títulos do governo seriam mais um desestímulo à área produtiva, com impacto negativo sobre a oferta de serviços e bens em sociedade, impacto negativo sobre a produção de serviços e produtos e sobre a criação de empregos.
Realmente a questão inflacionária no momento exige atenção e observação e, ainda diria, fé!! Temos de esperar que medidas de facilidade de importação, desonerações tributárias (que não estão sendo muito repassadas ao consumidor... velho problema..), que o aumento e incentivo a investimentos e que os limites orçamentários das famílias façam um conjunto de impactos positivos sobre o índice inflacionário, e mantenha o IPCA mensal entre 0,37% e 0,45%. Caso contrário, aumento de juros será necessário. Que se atrase um pouco mais esse aumento, mesmo vendo que a inflação está resistente e se dissemina.
Por outro lado, não dá para esperar que o governo corte gastos, como Miriam sugeriu, apesar de que matematicamente isso seja aconselhável. Corte de gastos do governo esfria inflação, mas impede investimentos em logística, impede ataque ao custo brasil via desobstrução de gargalos do escoamento da produção e impede aumento de eficiência futura à economia do Brasil que gerará impacto desinflacionário mais à frente.
Até porque, se o governo não investe, os privados muitas vezes não investem junto e já que as famílias não podem gastar, quem giraria a economia? Então, mais uma vez teríamos desaceleração do PIB, perda de emprego e, sim, menos inflação, mas assim não dá, não é?
Seria interessante, então, o governo fazer além do que já faz (desonerações tributárias e investimentos no PAC e obras da Copa e Olimpíadas), avaliar uma política séria de subsídios na nossa economia, como ocorre nos EUA, Europa e como ficamos sabendo que há na China para mais de 3.000 (três mil) produtos!! Sempre com planejamento e pressão de impacto financeiro com metas de resultados em aumento de produção, emprego e arrecadação futura!! Claro!
É preciso ainda uma política permanente de gerenciamento de impacto inflacionário por choque de oferta de insumos agrícolas que podem ter preço aliviado por importação, com o respectivo apoio e compensação aos produtores brasileiros.
Completar as obras do PAC é essencial, tanto por diminuir déficit e custo de infraestrutura para escoamento de produção (de impacto desinflacionário), como para aumentar a eficiência da produção e economia brasileira (também de impacto desinflacionário, sem perda de PIB e emprego). Completar a transposição do Rio São Francisco pode gerar irrigação permanente de milhares e milhares de quilômetros quadrados de plantações no Nordeste e aumentar a colheita de todo tipo de agrícolas, impactando positivamente a inflação, neste tocante.
Então veja. Ao meu ver, o combate à inflação atual, que não é eminentemente de demanda (temos de ver a evolução da inflação de serviços, que já estava se arrefecendo) com desonerações, política de subsídios, investimentos em infraestrutura e aumento de área irrigada no Nordeste!! É atacar inflação de oferta como deve ser, ou seja, com investimento!!
O governo não está fazendo tudo isso ou não está fazendo tudo isso direito, mas está nesta linha e é esta a linha que nós apoiamos. Segurem o aumento de juros! Gerenciem o choque de oferta (desonerações e incentivo à importação e à produção)! Desenvolvam a infraestrutura brasileira! Irriguem o Nordeste! Invistam e incentivem o investimento e a produção! Contratem mais servidores que aumentam a produtividade brasileira: mais fiscais aduaneiros nos portos agilizariam embarques e desembarques de mercadorias, assim como mais analistas poderiam estudar e realizar mais projetos de infraestrutura necessários para acabar com gargalos de escoamento de produção, assim como mais cientistas do Embrapa podem trabalhar em mais projetos de aumento de produtividade da produção agrícola.
Isso é o necessário hoje, ao invés de aumento de juros imediato, na visão do BLOG PERSPECTIVA CRÍTICA. A inflação piorou, mas com o debate correto sobre a inflação, o País vai bem.
p.s.1: Onde está a frase: gastar dinheiro para fazer dinheiro? Só se aplica à área privada? Não podemos aplicar ao governo no que é constatável que é viável? Não, porque aí estaríamos discutindo seriamente o serviço público e isso demonstraria a necessidade de investir em recursos humanos do Estado, o que é proibido na cartilha da área privada e da sua protetora (ou inconcscientemente não..), a grande mídia.
É isso.
p.s. 2: Cabe ainda ao governo para incentivar a economia tirar o papel as Zonas de Processamento de Exportação (ZPE's) brasileiras que já foram definidas para implantação como sendo 24 em 20 Estados!! A China alavancou seu PIB à base de dezenas de ZPE's. E cabe ainda copiar e replicar projeto do governo estdual de São Paulo que previa, mas também não executou, conceder isenções tributárias a estabelecimentos e pólos de venda de têxteis de temporada já ultrapassada, ou o conhecido "Off", para concorrer com estes pólos de consumo barato norteamericanos. A idéia é ótima e aumentaria vendas internas de vestuários além de turismo interno!!
p.s. 3: Texto revisto e ampliado.
p.s. de 11/04/2013 - IMPORTANTE!! A notícia de que o IPCA de março de 2013 foi de 0,47%, terceira queda consecutiva do índice oficial de inflação, juntamente com a informação de que a taxa de inflação de serviços foi 0,26% e de que a taxa de dispersão da inflação baixou de 72% em fecvereiro de 2013 para 69% em março, muda a configuração de perspectiva inflacionária, confirmando boa perspectiva de amenização da inflação!! Este artigo teve de ser escrito em 10/04/2013, ontem, em virtude da abordagem massiva do tema na mídia e explorando dados não tão bons de fevereiro de 2013. A taxa de dispersão de 71% (informada até em 75%), por exemplo estava sendo informada há três dias em entrevista econômica na Globo ou Globonews como se fosse algo recente. A informação atualíssima, e com base em fontes de dados atuais, está no artigo seguinte de 11/04/2013, intitutalo "INFLAÇÃO NA META!! TERCERIA QUEDA CONSECUTIVA DO IPCA!!". A leitura deste artigo em relação ao seguinte pode dar a impressão (em uma leitura despretenciosa e relaxada, tranquila) de colidência de informação sobre situação inflacionária, mas isto foi criado pela própria grande mídia ao divulgar informações inadequadamente em sociedade, o que é nossa fonte de informação para trabalho. Assim que sair informação vamos nos posicionar. O importante é que a informação deste BLOG apresenta-se sempre coerente e de melhor qualidade do que a que a grande mídia te apresenta. Sempre. É só conferir nossa coerência e nossas previsões e suas confirmações no dia a dia.
p.s. de 25/10/2013 - texto revisto e ampliado.
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