Gente, a Miriam leitão melhorou muito suas análises. Está menos partidária de um direitismo e um americanofilismo, ou seja, parou de ir na onda automática da realidade psdbista e financeira e passou a apresentar análises mais equilibradas.
Gostei da análise sobre a Venezuela entrando no Mercosul. Analisou os prós e os contras. Disse que fortalece o Mercosul econômica e comercialmente, mas que pode estar criando um problema com a cláusula democrática, apesar do golpe branco no Paraguai demonstrar que haver cláusula democrática não quer dizer que sempre se a respeitará. Tudo isso ela disse. Tudo correto.
Assim, fico impedido de fazer crítica ao artigo de sua coluna intitulado "O que representa a entrada da Venezuela no Mercosul", por concordar quase totalmente com sua análise. Esse é o melhor dos mundos. Agora posso me focar só que não foi dito, acrescentando informação, ao invés de ter de descopnstruir uma informação que eu achasse errônea, tendenciosa ou desinformativa.
Assim, aqui vai meu acréscimo ao que a Miriam escreveu e que vocÊ pode acessar em http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2012/07/31/o-que-representa-entrada-da-venezuela-no-mercosul-457989.asp
A Venezuela entrar no Mercosul é muitíssimo importante. É uma das principais economias regionais. É um detentor de reserva de energia petrolífera gigantesco em termos mundiais. E, sim, está conduzindo equivocadamente seu desenvolvimento econômico por causa de caudilhismo de Chávez, mas esse é o momento histórico da Venezuela. O mundo inteiro tem que respeitar isso. O sofrimento é deles. A escolha de Presidente é deles. A escolha de representantes legislativos em sua maioria do partido de Chávez é deles.
Se nós brasileiros além de termos escolhido a Dilma para Presidente tivéssemos escolhido 80% dos Deputados Federais e Senadores do PT, o que ocorreria? Não haveria oposição que freasse a Presidente do PT! É muito simples. Isso é o que ocorre lá. Os representantes do partido político de Chávez chegaram a representar 90% de todo o parlamento! Isso não é ditadura. Isso é democracia em que o resultado é de um poder ditatorial ao Presidente, mas por escolha da população. Aí o problema. Em ditadura clássica não há oposição. Na Venezuela há.
Mas porque a oposição é hoje tão fraca? Porque o processo histórico da Venezuela apresentou a característica de a elite econômica e política alimentar um apartheid social meio comum no processo social e histórico da América Latina. A elite venezuelana durante décadas se preocupou somente consigo, não cresceu prestação de serviço público aos pobres e se identificava mais com o exterior do que co seu próprio povo. O grupo renegado de venezuelanos por sua elite econômica e política cresceu muito, com direito de voto e quando surgiu um líder popular, o elegeu com toda a sua força, apoiando-o de toda a forma possível, gerando a situação política da Venezuela de hoje, com Chávez exercendo um poder proto-ditatorial, mas dentro de regras democráticas.
Então hoje não dá para se dizer que Chávez é ditator, nem que a Venezuela vive numa plena democracia. Mas há que se entender e respeitar isso.
Só que há cláusula democrática no Mercosul. Isso é um norte muito importante. Isso mantém a busca pelo desenvolvimento decrático e fortalecimento das instituições democráticas. Incluir a Venezuela no Mercosul é ótimo para mabas as partes: Mercosul e Venezuela.
Para a Venezuela é importante pois realmente o Mercosul pode ajudar irmamente a Venezuela a crescer economicamente e a se desenvolver política, industrial, comercial e economicamente.
Para o Mercosul a entrada da Venezuela é importantíssima, pois a Venezuela é país influente regional. Sim, pelos petrodólares e por ajudar governos de esquerda a serem eleitos em seus países, mas o mundo é dos fatos e não do ideal. Trazer a Venezuela para o Mercosul é o melhor meio de influenciá-la a agir de acordo com orientações democráticas. O Mercosul é um excelente Fórum para demandar a Venezuela a ajudar a América do Sul a ser democrática, mesmo que seja a partir da modificação de ações internas da prórpia Venezuela.
Além disso, a Venezuela é autônoma politicamente em relação aos EUA. Amanhã, com a morte de Chávez isso pode não ocorrer e com a elite americanófila venezuelana seria mais fácil vê-la querendo fazer parte da ALCA do que do Mercosul. Isso significaria que a influência norteamericana aumentaria sobre a América do Sul. Então, com a Venezuela no Mercosul, um projeto político de América do Sul para os sulamericanos torna-se muito mais concreto.
A Venezuela também tem muito dinheiro por causa do petróleo. Isso pode ajudar os mecanismos de investimentos regionais que o Mercosul quer implementar para tornar mais próximo o projeto de transformar a América do Sul em um continente (isso mesmo, não subcontinente, mas continente, pois a Europa não é se chama subcontinente da Eurásia, apesar de ser) integrado e uma plataforma única e unida de produção, criação de emprego e riqueza para crescimento de nossos povos sulamericanos, sob perspectiva e diretrizes exclusivamente sulamericanas.
A grande mídia brasileira não apóia a Venezuela no Mercosul pois quem é americanófilo não apresentará a real dimensão deste gigantesco fato político. A grande mídia, como tutora da população sob a baqueta da elite econômica brasileira tem medo de que a "ignorância" da população confunda o fato de inserção da Venezuela no Mercosul como uma anuência e leniÊncia com práticas ditatoriais e anti-democráticas. E há um risco polítíco de influência das posições de Chávez nos Fóruns do Mercosul. Mas temos de trazer a Venezuela para perto. Isso é o melhor para trabalhar o fortalecimento e a união e integração da América do Sul, na defesa do interesse sulamericano autêntico.
É um desafio. Mas Chávez morrerá um dia, como todos nós. A Venezuela não acabará. Ela se desenvolverá. Se estiver perto de nós podemos ajudá-la a evoluir no sentido positivo e dentro de um emaranhado de políticas continentais que gerem benefícios mútuos para a Venezuela e todos os integrantes do Mercosul e da América do Sul.
Ficando sozinha, seria de se esperar que fizesse o que bem entendesse, como vem fazendo, não se podendo influir mais eficazmente sobre seu poder de investir em questões eleitorais de outros países, incluindo criando riscos desnecessários de conflagrações na América do Sul entre seus países e entre estes e os EUA. No Mercosul podemos acalmar nosso irmão mais nervoso da América do Sul. Acalmaremos porque ela (a Venezuela) sabe que estaremos próximos, porque sabe que o tratamento entre nós é igualitário, porque sabe que o Brasil não se curva aos ditatmes unilaterais dos EUA também, porque sabe que todos podemos ter um projeto político e ecoonômico com autonomia e soberania e porque sabe que o Brasil é leal e justo.
Esse é o sentido da Venezuela no Mercosul: um passo importante para a realização do sonho de uma América do Sul para os sulamericanos.
ótimo artigo, apesar de discordar por princípios da Míriam Leitão. Lembro que a Venezuela importa boa parte dos bens de consumo que precisa.
ResponderExcluirabs
Sim, Miriam Leitão já foi sujeita à crítica nossa durante todos os mais de dois anos do Blog. No entanto eu alimento um inesgotável desejo de elogiar bons atos e bons artigos.
ResponderExcluirA Miriam errou muito e, inclusive em relação à queda de taxa de juros desde julho de 2011 determinada pelo BACEN, ela já reconheceu erros. Isso é importante.
Cabe a nós que vimos o diferente apontar o caminho certo. E se amanhã nós mesmos errarmos, reconhecermos o erro também. Elogiar, segundo Dale Carnedgie, é melhor do que criticar para efeito de correção de comportamento humano.
Eu alimento a expectativa de que um dia todo grande jornalista e colunista possa estar na lista do BLOG sobre nível de crédito jornalista, na categoria de Jornalista de Alto Nível de Informação.
Então, quando Miriam errar, criticarei. Quando acertar elogiarei. Mas sua formação jornalística é de mercado, portanto, como você, principiologicamente eu discordaria de raciocínios da Miriam.
Só que ela vem mudando a abordagem dos temas, mesmo econômicos. Ela não fala mais contra a queda dos juros básicos. Ela não foi contra a segunda tentativa de flexão da remuneração da poupança. Nós pedimos estas coisas aqui, pois sabíamos a tendência da grande mídia. E relamnete houve correção de posição nestes casos.
Essa troca entre nossos Blogs e a grande mídia é importante, é real e é bom.
Em relação à Venezuela, o firme posicioonamento político internacional de independência que demonstramos é impagável. A Venezuela importa tudo e poderá nos preferir, mas alimento uma expectativa maior até. Gostaria que a Venezuela, se aproximando de nós e tendo que seguir regras capitalistas, sociais e democráticas do Mercosul, possa se desenvolver em um sistema mais parecido com o nosso, com mais liberdade de mercado, com mais segurança jurídica e com mais parceira e investimentos dos empresários brasileiros, argentinos, paraguaios, uruguaios e de todos os demais da América do Sul.
Tudo pela riqueza de todos os nossos povos e pela realização de um projeto político de independência regional real e efetiva.
Nós do Brasil, do Mercosul e da América do Sul merecemos isso.
abs
p.s.: problemático hoje é mesmo o Merval Pereira. Ele é americanófilo até a ponta da unha dos dedos. Ele hoje é o baluarte do conservadorismo político e econômico do Jornal O Globo. Ele é o canal da defesa de ideologia norteamericana no Brasil através do Jornal O Globo. E ele evidencia o que a Edição do Jornal e a família Marinho defendem: aproximação com os EUA, subjugação de uma política externa autônoma brasileira, diminuição ou extinção do Estado, aumento de juros básicos, baixa de salário mínimo, diminuição de garantias previdenciárias e trabalhistas, privatização da saúde pública e da educação pública. Espero que o Globo mude, claro. Mas se não mudar, estaremos aí para publicar.
Quanto à lista de jornalista e o nível de seus artigos, veja a lista que preparei em http://perspectivakritica.blogspot.com.br/2010/11/ranking-de-jornalistas-x-credibilidade.
ExcluirPor fim, deixo consignado que elogiar quando há artigo informativo é uma missão do Blog Perspectiva Crítica e o exercício de parâmetro de justiça, né Pedrão? Se critico quando discordo, tenho que elogiar quando concordar e a importância do tema exigir isso.
ResponderExcluirAbs de novo