O Original pode ser acessado em http://sisejufe.org.br/portal/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=102&Itemid=25 , procurando-se o arquivo em PDF do Jornal Contraponto n.º 50. Minha entrevista está na página 08.
Introdução da Redação:
"O debate político, conceitos econômicos, aspectos sociais e formas de abordar assuntos pela mídia tradicional considerados inadequados por quem mantém senso crítico sempre provocaram inquietação
e indignação no analista judiciário da Justiça Federal do Rio Mário César Pacheco.
Mas como se contrapor a isso, fazer frente à enxurrada de informação e disputar espaço com os meios de comunicação hegemônicos? A saída foi partir para o enfrentamento aproveitando a possibilidade oferecida pelas mídias sociais. Sem perder tempo, o servidor, que é um dos diretores do Sisejufe, criou um blog, o
Perspectiva Crítica¹, espaço aberto para discussões e reflexões diárias sobre o que a imprensa comercial produz.
Mário César afirma que era “um leitor cansado de ler artigos de jornal que muitas vezes são publicados com falta de informação ou de forma tendenciosa, causando desinformação em massa”. Com a criação do blog, pretendia “criticar artigos e debater temas que são abordados de forma irresponsável, em especial temas políticos, econômicos e sociais”. Em entrevista ao Contraponto, ele mostra como faz esse embate."
Corpo da entrevista:
"Contraponto - O que o levou a criar um blog para discussões?É isso pessoal. Fico feliz em compartilhar esse momento especial do Blog Perspectiva Critica. Apesar de eu ser diretor sindical, o departamento de imprensa é independente e autônomo e a entrevista foi escolhida no exercíico dessa autonomia, o que me deixa muito honrado pelo interesse, respeito e condieração dos colegas.
Mário César – A minha motivação principal foi querer responder artigos mentirosos e omissos publicados
sobre o Judiciário e o servidor público, de forma geral. A segunda motivação, e muito importante, foi
a de meus amigos que recebiam mensagens minhas e entenderam que não deveriam ficar restritas ao nosso grupo de discussão. Eles me sugeriram criar o blog. O blog iniciou em 21 de junho de 2010 e escrevo em média 12 artigos por mês. No primeiro mês houve 987 acessos só da Alemanha e menos do Brasil. Depois o Brasil tomou conta e hoje são em torno de 3 mil acessos por mês de mais de 40 países. Já houve acessos do Vietnã, Irã, Bulgária, Suécia, Mongólia, de todo lugar que você imagine.
Contraponto – Você considera mesmo que essa iniciativa possa ser uma alternativa para se contrapor
à mídia tradicional?
Mário César – Inicialmente era mais um desabafo. Hoje, com outros blogs indicando e publicando os artigos e com o acréscimo e constância de acessos, considero esta a única iniciativa possível para a efetiva
participação do cidadão. A mídia convencional tem naturalmente o apoio de empresas comerciais, industriais e bancos. A grande mídia, mais organizada, foi bem definida pela Dr.ª Vera Chaia, doutora em
comunicação pela PUC-SP: empresas como Globo, Estadão e Folha de S.Paulo estão cooptadas pela elite
financeira e reproduzem notícias sob a perspectiva desse grupo. Em segundo lugar, em organização vem
a mídia comerciária e industrial, do qual o Jornal do Commercio é exemplo. Essa mídia elenca temas e publica notícias sob o prisma empresarial da elite produtiva, que é mais aproximado com os interesses das pessoas físicas, mas que com eles não se confundem. A pessoa física, o cidadão, chefe de família e contribuinte individual, microempresário e autônomos não têm organização própria que possa apoiar, criar e manter uma mídia que inove na pauta de debates sociais. Os bancos têm a Febraban. As indústrias têm a Fiesp, Firjan e CNI. Os grandes comerciantes e empresas de comércio têm a CNC. E as pessoas físicas? Estes não têm organização que discuta fatos políticos e econômicos sob seu prisma. Aí entram os Blogs Sociais, como os chamo, como o Perspectiva Crítica. Eles são as vozes do cidadãos, dos indivíduos, elencando temas e publicando fatos que são do interesse das pessoas físicas e seus familiares, sob a perspectiva do cidadão brasileiro e contribuinte individual. O leitor não é induzido a entender o fato pelo prisma do escritor, mas instigado a raciocinar sobre o fato e tirar suas próprias conclusões, podendo seguir ou não a conclusão do escritor. Isso é o que eu faço. Essa é a novidade do blog Perspectiva Crítica.
Contraponto – Você consegue fazer distinção entre seu blog e a política sindical, tendo em vista que
também você é diretor sindical?
Mário César – Totalmente. O leitor sabe se você está sendo partidário ou não, principalmente em um
blog, já que a escrita tem caráter mais direto e pessoal. A manipulação de informação é mais fácil através de publicações em jornal porque apresenta fatos, já sob sua perspectiva, e conclusão como se fosse verdade jornalística. A forma de escrever ao ser mais impessoal dá a impressão de maior seriedade e distanciamento, mesmo que no fundo você esteja sendo parcial. Mas é óbvio que minhas convicções
acompanham e informam minhas escolhas de temas, meus raciocínios sobre fatos sociais e minhas conclusões. Portanto, ser diretor sindical é um indicativo de que dificilmente eu escreveria enaltecendo movimentos que prejudicam o trabalhador. Mas seria capaz de escrever sobre isso mostrando prós e contras para a sociedade, municiando o leitor de informações e raciocínios para que ele concluísse se retirar determinado direito trabalhista seria interessante, por exemplo. Eu não acredito em maquiavelismos que a grande mídia sempre utiliza. Eu acredito na verdade e a busca por ela exige que se exponha todo e qualquer
tema, mesmo que seja para mostrar opinião em determinado sentido.
Contraponto – Não teme que a base confunda uma coisa com a outra?
Mário César – Não, pois a base do Sisejufe é constituída de uma elite intelectual da nossa sociedade, por mais que nós não acreditemos nisso. Metade dos servidores da Justiça Federal, por exemplo, são de agentes de segurança, oficiais de justiça, analistas e técnicos pós-graduados. Eles têm total capacidade
para criticar o blog e entender se os artigos publicados se confundem com política sindical. Por outro lado,
eu publico sobre Educação Especial e evolução de taxas de juros básicos no Brasil, Europa, EUA e Japão com argumentos técnicos também. Como isso poderia ser confundido com política sindical? O tema de servidores públicos é apenas um entre muitos, todos importantes.
Contraponto – Que perspectiva você vê para as mídias sociais? Vão vencer a batalha ideológica?
Mário César – Vão. Mas não como talvez quem leia esta resposta entenda. Eu já pude notar alteração
na forma de jornalistas escreverem e no acesso aos jornais e manchetes de matérias que tiveram grande repercussão nas mídias sociais. Os jornais acompanham a mídia social e a vitória que ocorrerá não será da mídia social contra a mídia convencional. A vitória será da sociedade quando a mídia convencional publicar notícias de forma menos indutiva e mais informativa, elencando não somente os temas que seus maiores anunciantes desejam, mas também temas de interesse do cidadão e do trabalhador, respeitando a perspectiva individual e não enaltecendo exclusivamente a perspectiva empresarial. Os jornais terão que se
aproximar da mídia social porque esta é mais próxima da população e pode expor a imagem da mídia convencional com riscos para sua credibilidade em sociedade e a manutenção de suas vendas e operações."
Não é só o meu Blog que existe nas Justiças Federais sobre política e economia. Há ao menos mais um em bora não recorde do nome do BLOG e da Blogger. Sei que ela está sempre presente nos movimentos de greve no Forum da Rio Branco. Eu já pedi para que o Sindicato incentive a exposição de todos os Blogs que existam sobre esses e outros temas feitos por servidores das Justiças Federais.
Uma rede de Blogs Sociais bem feita pode rivalizar positiva e construtivamente com Jornais Convencionais por audiência, criando o contraponto que elevará o nível de informação que é produzido e disseminado em sociedade com grandes chances de aproximar-se a verdade jornalística da verdade real em sociedade e aumentar o enriquecimento da população em conhecimento, maior participação social, maior participação na formulação da pauta de debates econômicos, políticos e sociais em nossa sociedade e maior participação do trabalhador no Produto Interno Bruto brasileiro, equilibrando o que hoje pode-se afirmar ser uma oligarquia político-empresarial-midiática e transformar o regime de governo brasileiro em uma verdadeira República Democrática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário