sexta-feira, 16 de julho de 2010

Exploração de petróleo, desastre nos EUA e o pré-sal

Pessoal,

Sou obrigado a responder à manchete do Jornal O GLOBO de ontem, dia 15/07/2010, bem como ao blog da Miriam Leitão. Vocês perceberam o direcionamento e enfoque da matéria sobre petróleo? Chamar a atenção da sociedade para os riscos exploratórios, a partir do desastre da empresa inglesa BP no subsolo oceânico nos EUA é uma coisa, agora praticamente concluir que a Petrobrás não está preparada para uma situação dessas e dar a entender que a exploração do pré-sal deve esperar?!?!

A melhor técnica de exploração em águas profundas é a da Petrobrás. Se os outros não têm competência, o que temos a ver com isso?

Está quase me parecendo, pela manchete de ontem no GLOBO, que é melhor parar a exploração do pré-sal... ridículo. Todo mundo procurando petróleo, só conseguindo arrumar na base da guerra ou manutenção coercitiva de forças armadas no Golfo Pérsico, ou em local com furacão (Golfo do México),... e a gente, com petróleo na costa, sem problema, com a melhor tecnologia de empresa nacional.. e temos de frear também?!?!?!

Desculpa... mas isso já é anti-nacionalista... na minha opinião... nunca poderemos admitir estar na frente de nada? Se Europa recua, temos de recuar, .. se EUA recua, automaticamente temos de recuar...

Alguém tem que estar na frente.. e tanto em crescimento econômico quanto em novas reservas de petróleo, quanto em tecnologia flex, combustíveis alternativos e exploração em poços ultra-profundos (e não só isso), SOMOS NÓS A FRENTE... DÁ PRA SER?

Fico extremamente preocupado com este tipo de matéria. Não se procurou a Petrobrás para comentar se ela tem capacidade para impedir um desastre desse. O Jornal O Globo menciona somente que especialistas dizem que a Petrobrás não tem condições para suportar algo do gênero. Mas como assino o Jornal e respondi on line a esta matéria, tive acesso à resposta de outro leitor que disse que o especialista a que o GLOBO teria recorrido (e não nominou no artigo), seria um antigo presidente da ANP, que estaria trabalhando para a EXXON e SHELL hoje em dia.

Verdade ou não, o Jornal que menciona especialista e não nomina pra mim não merece confiança, a não ser em casos em que o especialista é diretamente envolvido e é fonte que não pode ser revelada. Mas mesmo assim, deveria se dar a oportunidade da Petrobrás de falar sobre sua capacidade e sobre o problema. Pelo menos garantiria o contraditório e uma melhor qualidade da informação a seu leitor... a menos que não houvesse interesse nisso. Mas se o jornal não tem compromisso com a informação fidedigna a seu leitor, tem com o que ou, pior, com quem?

Aí, senhores e senhoras, deixo pra vocês ponderarem. Do jeito livre com que a matéria foi escrita, no mínimo desconsiderando nossa capacidade de impedir problemas e de explorar nossos recursos, ao não admitirem o Brasil ser líder sequer no que o mundo já admitiu (exploração ultraprofunda oceânica), aguardo o dia em que o Globo sugerirá que cedamos a tecnologia aos EUA e EUROPA para eles usarem e depois dizerem se é seguro para podermos usar.

Alguém viu o comentário do LULA ontem no canal fechado da GLOBO? Foi simples: Segundo Lula, inquirido sobre o acontecido com a BP nos EUA e o risco para o pré-sal, Sérgio Gabrieli falou que o que ocorreu foi que a BP, para maximizar os lucros da extração, diminuiu custos com proteção da operação extrativa no fundo do mar. Deu no que deu. Por que não foi noticiado isto no mesmo artigo do Jornal que questionava sobre a capacidade da Petrobrás para exploração?!? Talvez não se quisesse essa resposta.

E outra coisa: só para que vocês saibam, o valor do petróleo que inviabiliza a exploração no pré-sal é a partir de menos de 40 ou 30 dólares o barril. Está a mais de 70 dólares, portanto, é totalmente viável a exploração do pré-sal.

Eu discordo é do modelo que o governo quer adotar, com adoção do sistema de partilha ao invés do já exitoso sistema de concessão, até porque, quando você obriga a Petrobrás a estar em 30% de todos os poços, você obriga a ela correr o risco exploratório à razão de 30% o valor do investimento em todos os poços!!! É por isso também que as ações da Petrobrás tiveram queda. Não há almoço grátis, gente, como americanos gostam de falar.

E no mesmo sentido em que isto prejudica a Petrobrás, prejudica o Estado. Se o Estado quer ficar com parte da produção (sistema de partilha é assim, parte da produção fica com o Estado), em petróleo, passa a correr o risco do valor do petróleo no mercado e isto é burro, porque Estado não existe para comprar e vender petróleo e o custo desta operação desvia recursos de prestação de serviço público. Para um Estado organizado e de economia vigorosa, como o nosso, o melhor é deixar as empresas privadas (inclusive a Petrobrás) explorarem com liberdade de atuação e cooperação, desde que paguem licitação de blocos, taxas, impostos, e que corram o risco do negócio sozinhos, na medida de suas capacidades.

Mas isto é outra história.

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