Veja trechos importantes do artigo intitulado "Lula diz que País mudou e aprendeu a concluir obras, durante inauguração de ferrovia", publicado ontem, 22/09, no Jornal do Commercio on line:
"Em Porto Nacional, Lula inaugurou o trecho da Ferrovia Norte-Sul, que liga o Pátio Multimodal de Colinas do Tocantins ao Pátio Multimodal de Palmas/Porto Nacional, com extensão de 256 quilômetros e investimento de R$ 1,1 bilhão. Segundo o Ministério dos Transportes, além do trecho concluído, serão entregues para exploração comercial os Pátios Multimodais de Palmas/Porto Nacional e o de Guaraí/Tupirama.
Durante seu discurso, Lula afirmou que o povo está “mais sabido” e não é mais “massa de manobra que acredita em tudo que vê na televisão. O que eles não percebem é que o povo não é mais massa de manobra como há 30 anos atrás. Eles não podem colocar alguém para mentir e achar que o povo vai acreditar”, disse Lula.
“Quando falam mal, que estou errado, dou a mão à palmatória. Porque acho que a liberdade de imprensa é uma coisa sagrada para fortalecer a democracia. Mas liberdade de imprensa não quer dizer que você pode inventar o dia inteiro. Não pode inventar”, disse o presidente.
De improviso, Lula disse ainda que já foi vítima de denúncias no período eleitoral e que seus adversários sempre torceram para ele fracassar. “Vocês estão acompanhando a imprensa, a internet, a televisão, o rádio e vocês veem, as vezes, quase virar ódio porque eles [os adversários] ficam torcendo para o Lula fracassar”, discursou."
Olhem a diferença deste artigo para o publicado pelo Globo. Menção a obras importantes inauguradas. Menção à reclamação sobre a imprensa inventar fatos e menção sobre ele dizer que a imprensa livre é importante.
É dose a diferença de abordagem.. e o Jornal do Commercio não é socialista ou comunista hein, gente.... Não é publicação da Carta Capital, é do Jornal do Commercio de 22/09/2010.
O artigo, primeiramente, informa que Lula inaugurou importante trecho da Ferrovia Norte-Sul e mais a entrega para exploração comercial de dois grandes pátios modais, ambos os feitos importantíssimos para o Brasil, o que foi omitido ou pífia e tangencialmente tratado pelo Globo, e diz que Lula reclamou da parcialidade de alguns canais de mídia. Falou dos mesmos fatos tratados pelo Globo, mas não deu a menor impressão de que era um ataque à mídia em geral, nem deu a impressão de que a liberdade de imprensa estaria em risco.
Devo dizer que o Lula, neste caso, está correto. O Globo, a Revista Veja, principalmente, mas a Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo também, estão se comportando como partidos políticos mesmo. Porque a mídia não pode ficar insuflando a população contra um político ou contra o governo dessa forma, sem fazer o mesmo com outros políticos. Vocês viram algum destaque sobre a licitação em São Paulo de que teria sido retirado ilicitamente 5 milhões de reais para a campanha do Serra?! Foi publicado na Revista Isto É e o Globo publicou um artigo praticamente de defesa do caso, no interior de um artigo em que publicava resposta de Dilma às acusações sobre o caso Erenice.
É isso. Observe. Por que o caso de desvio de 5 milhões de uma licitação paulista para a campanha de Serra, que segundo o Globo não chegou a entrar em conta de campanha, não foi para a manchete do Globo? E não parece oportunismo o fato de que depois de 8 anos de governo, faltando dias para a eleição, surja o problema da Erenice, que é veiculado ao máximo, sem haver tempo para o Ministério Público averiguar ou a Polícia Federal ou a CGU investigarem?
Não há problema nenhum em a mídia publicar fatos desta natureza, aliás é ótimo. Não é necessário esperar as investigações pelas Instituições Públicas também, mas e por que não dão o mesmo destaque para o problema da licitação paulista em relação à campanha do Serra? Não é a mesma coisa? É. Mas foi dado o mesmo destaque? Não. É isso que revolta Lula. É isso que, legitimamente, faz ele dizer que mídia não é partido político, que não ganhará somente de partidos políticos, mas de veículos de mídia.
É evidente que O Globo e a Veja são partidários de Serra. Isso não seria nada demais se tivessem declarado seu voto. A Veja ainda é mais honesta, pois publica edições nas cores do PSDB e etc.. Mas o Globo, por exemplo, continua se apresentando como órgão isento da imprensa quando é evidente que não é. Isso é desonesto. Por quê? POrque quando o órgão de imprensa não declara o voto seus artigos têm um peso maior de consideração pela população ao atacar determinado político ou governo.
Eu admiro O GLOBO, depois de tanto precisar da ajuda do BNDES, em especial durante a crise internacional de 2008 e antes disso quando a Globosat quase faliu porque os canais fechados não estavam dando o devido retorno.. e mesmo assim ela está aí, combativa e pressionando o governo, mas eu admiraria muito mais se declarasse seu voto a Serra. Seria tão mais honesto. E eu não preciaria cobrar tanto a falta de publicação sobre o problema de corrupçao no Governo de São Paulo em licitações para beneficiar campanha de Serra, nem precisaria entender porque dão tanto destaque para o recém-descoberto caso da Erenice. Seria evidente, pois seriam partidários de Serra, como são.
Da forma como o Globo e a Veja se comportam, realmente são partidos políticos, pois partidos políticos têm projeto de chegar ao poder e são autorizados a sofismarem, a serem parciais. Um veículo de mídia não tem esse direito. Ele só tem dois caminhos: SER ISENTO OU DECLARAR VOTO.
Sendo isento, dentro do possível, deve dar mesma dimensão a casos semelhantes em relação a todos os presidenciáveis. Deve investigar todos. Deve trazer informações boas e ruins de todos. Deve municiar seus leitores de o máximo de informações para que o leitor conclua algo em benefício ou malefício de um ou de todos os presidenciáveis. Isso é órgão de mídia. Isso é a mídia.
Declarando voto, o órgão de mídia se despe de sua característica mais clássica, deixa e declara deixar de ser imparcial. Pode sair em defesa, legitimamente, de seu presidenciável escolhido. Pode dar mais destaque a notícias favoráveis de seu escolhido e desfavoráveis do presidenciável que põe em risco a campanha do seu escolhido. Pode não dar destaque e não publicar fatos que prejudiquem seu candidato escolhido também. Naturalmente perde um pouco da dimensão que tem artigos publicados por jornais que não declararam voto, mas nem por isso deixam de ser bons jornais. Parece que a declaração de voto é comum nos EUA para alguns jornais. Mas pelo menos é mais honesto com seus leitores.
Se um órgão de mídia, portanto, não dá notícias negativas de ambos os candidatos, se ameniza notícias negativas de um em detrimento da campanha do outro, como está sendo feito com Serra e Dilma, e se também não declararam voto, naturalmente está correto Lula dizer que estão se comportado como partidos políticos e não como veículos de imprensa.
Aconselho a todos a lerem mais Jornal do Commercio, um verdadeiro veículo de mídia, nessa reta final. Está decepcionante ler O Globo e ver aos Jornais Nacionais, que como não podem publicar nada sobre realizações do Governo Lula (como a inauguração de importante trecho da ferrovia Norte/Nordeste e entrega para exploração comercial de dois grandes pátios modais), nem podem falar muito sobre a eleição (porque só favorece Dilma), está há meses com crimes, notícias de meio ambiente, cotidiano, um grande RJ TV prolongado. Ridículo.
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