Quero parabenizar a Rede Globo de Televisão pela cobertura séria e profunda sobre a Administração da Saúde no Estado do Rio de Janeiro pela União, Estado e pelo Município.
A cobertura já tem ao menos três dias, só que eu tenha visto. A abordagem é crítica e informativa. Os temas são abordados de forma crítica e não superficial. Informa-se que há médicos, mas que o grande problema é a gestão. Informa-se que há servidores médicos ganhando R$1.800,00 no Hospital Municipal do Miguel Couto que convivem com médicos contratados em regime privado de trabalho que ganham R$5.500,00!!
Informa-se que esse convívio com tal disparate é prejudicial ao desenvolvimento regular do trabalho dos médicos na instituição e em qualquer instituição de saúde pública que esteja na mesma situação.
A Prefeitura informa, de forma técnica, que a demanda por médicos é grande mas que não pode haver contratação somente de estatutários porque pelo tamanho da necessidade isso poderia gerar a contratação em excesso contrariamente aos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não houve adoção de partido da contratação de médicos por concurso público (estatutário) ou por contratação de terceirizados (celetistas). Houve informação de qualidade e em quantidade mínima para proporcionar ciência de problemas e debate sobre diversas facetas importantes do problema.
Inclusive houve denúncia de descumprimento de horário, não generalizando acusação de descomprometimento. Inclusive a denúncia foi seguida de análise de um especialista que abordou o problema de forma técnica e considerando a perspectiva histórica da degradação da relação de trabalho dos médicos, considerando ainda o abandono da gestão de carreira de médico pelo Estado, degradação de salário e o resultado de descomprometimento do profissional.
Eu chamo a atenção da Globo quando erra, mas meu entusiasmo é muito maior em elogiar (quando houver motivo, claro). O mal que uma grande mídia faz ao informar mal é gravíssimo para a sociedade, mas a denúncia e a crítica social diminui esse prejuízo disseminando a correção de fatos, versões e a verdade. Mas quando é realizado um trabalho sério e construtivo de reportagem sobre questão pública (Administração de Saúde, na hipótese) como está ocorrendo, o benefício social é impagável e os efeitos são perenes.
A verdade, mesmo que não seja conclusiva, como muitas vezes não é, coloca a sociedade em um próximo patamar de controle sobre os fatos e como é com base em fatos mais neutros e não em versões de fatos, o acesso a este novo patamar tem característica de uma perenidade que é muito importante. Isso causa a evolução da sociedade de forma segura e sólida.
Recentemente fui atendido no Hospital Municipal Miguel Couto. Pude coonstatar o que está aparecendo em termos nas reportagens. Havia médicos e enfermeiros. Pude tirar raio X e fazer tomografia computadorizada no hospital e era evidente que os médicos e enfermeiros eram profissionais. Mas quando eu saía da mão do médico para fazer algo em algum setor administrativo para o qual fui mandado.. senhores... era como se eu estivesse perdido em um oceano. Não tinha acompanhamento algum. Perderam a guia que me encaminhava para o raio X e mesmo os funcionários, vendo que eu tinha chegado de maca no local próximo do raio X, mesmo eles não perguntaram nada e fiquei duas horas esperando atendimento (tinha muita gente antes e eu estava de colar cervical), até que comecei a reclamar e a cobrar a solução do meu problema. Se eu não reclamasse em algum momento, provavelmente estaria lá até hoje.
O problema lá no Miguel Couto não é de falta de médicos e enfermeiros, falta de qualidade dos médicos e enfermeiros ou de estrutura, mas simplesmente de gestão. Foi o que me pareceu.
Os verdadeiros questionamentos e a boa-fé investigativa elucida a razão de problemas e direciona o encontro de soluções.
Saúde pública de qualidade no Brasil é totalmente possível, mas precisa de vontade e comprometimento político com desenvolvimento de boa gestão dos nossos hospitais.
Obrigado e meus cumprimentos ao Globo por ter sido realmente útil à nossa sociedade com essas reportagens (acho que até já têm mais de dez dias de cobertura). Fica aqui o reconhecimento do Blog. Queremos que só haja esse tipo de reportagem na maior rede de televisão do País e quarta maior Rede de Televisão do mundo.
p.s. 05/12/2011: texto revisto
p.s. 05/12/2011: Não adianta colocar médico para administrar o hospital, na minha opinião. Não adianta colocar político para dirigir o hospital, em minha opinião. Tem que ser um administrador profissional ou um médico com pós-graduação em administração hospitalar. Tem que haver metas e estatísticas para o atendimento médico em insitutuição de saúde pública. E tem que ter Auditoria/Corregedoria Externa para manter a correção da perseguição de metas e a observação de deveres funcionais. Além disso, deve haver esforço em remunerar adequadamente o médico. Tudo isso junto levará a um comprometimento maior do servidor médico e enfermeiro e à melhoria na prestação de serviço de saúde pública, a bem da imagem dos próprios médicos e a bem de toda a população.
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