O artigo comentado é opinião do Jornal O Globo sobre o aumento de salário mínimo, dizendo que tal aumento não gera aumento de arrecadação de imposto de renda e que, no entanto, o aumento de salário mínimo impacta negativamente a previdência e prejudica as contas do País e conclui dizendo "Se assim fosse (aumento de salário mínimo aumentasse a arrecadação), teria sido descoberta a pedra Filosofal da economia: gastos públicos gerariam automaticamente igual receita tributária, o sonho dourado dos desenvolvimentistas".
Senhores, vejam. Está certo a edição do Jornal se preocupar com o impacto do aumento do salário mínimo na previdência. Mas notem que não fez qualqer sugestão sobre como atingirmos um salário mínimo digno ao cidadão brasileiro.
Também desconsiderou que o aumento de arrecadação dos Estados e Municípios (afetada positivamente pelo aumento de salário mínimo, como admite) impacta positivamente as contas públicas, além de que salário mínimo maior gera renda e aumenta escala de produção de bens e serviços brasileiros, gerando empregos, renda, e impostos tanto por causa do aumento de renda quanto por causa da produção desses bens e serviços vendidos em sociedade. Aumento de escala de produção também diminui preço de bens, como acontece na Europa e EUA. Isso é crescimento de parque industrial, de empregos, de renda e de dignidade para o cidadão brasileiro. Mas isso não é a preocupação da mídia.
A preocupação da mídia, senhores, que detrata os "desenvolvimentistas", como eu, é que aumento de salário mínimo gera aumento de custos para ela e todas as empresas que exploram cidadão brasileiros menos educados, principalmente através de terceirização de trabalhos manuais como de serviços de limpeza, mas não só já que seguranças e cozinheiros e outros prestadores de serviços terceirizados também podem ser pagos com salário mínimo.
Na egoística perspectiva empresarial, preocupada com o balanço anual a ser apresentado aos acionistas no fim do ano, o Jornal O Globo defende a continuidade da indignidade da vida do brasileiro simples, sob o pretexto fácil da primeira lógica que se lhe apresenta para defender seu real interesse que é continuar a pagar salário mínimo: "aumento e salário mínimo impacta a previdência".
É... é verdade. Aumento exclusivo de salário mínimo não aumenta arrecadação da previdência. Mas aumento de emprego, originado por aumento de compras, por sua vez oriundo de aumento de salário mínimo, aumenta arrecadação da previdência. E o Jornal lá está preocupado com isso?
Agora vejam: para esse mesmo jornal a diminuição de tributos aumenta a arrecadação, pois apesar de imediatamente diminuir a arrecadação de impostos, ela é mais do que compensada com o aumento de atividade econômica que gerará aumento de arrecadação!! Não é fantástico?
Mas o meu argumento é de que concordo com diminuição de tributos, pois aumentam a atividade econômica mais à frente. Mas também concordo com aumento de salário mínimo de forma responsável e paulatina, pois isto aumenta atividade econômica, aumenta emprego e aumenta arrecadação mais à frente, inclusive para a Previdência, além de aumentar a dignidade do cidadão brasileiro.
Não é mais fácil defender posições coesas e que se sustentam em todos os casos? Sim. Mas não quando se tem interesses a serem defendidos. Interesses que não são o de encontrar ou publicar a verdade, mas de construir uma verdade empresarial que enriqueça empresas jornalísticas e empresas em geral, no curto prazo, mas não enriqueça o cidadão, mantenham baixos os custos de pagamento de salário e mantenham também um excesso de mão-de-obra afaimado pelos baixos salários que podem ser pagos pela área privada.
É isso.
p.s. de 10/01/2012 - texto revisto
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