Como sempre falamos o baixa do rating dos EUA demorou demais e há fatores geo-políticos e geo-econômicos que justificam o porquê de haver tratamento diferenciado na classificação americana, européia do resto do mundo, ou seja, Ásia, África e América-latina.
A lista de erros das agências apresentados pela Miriam está ótima e eu não poderia omitir de vocês para exemplificar os motivos pelos quais sempre reclamei das agências de rating.
Aí vai:
"Quando foi que as agências erraram? Sendo breve: os países da Ásia que quebraram em 1997-98 eram grau de investimento, em sua maioria. Elas não viram a crise. Quando rebaixaram, agravaram a corrida contra as moedas. A AIG era AAA até quebrar, com um rombo de US$ 80 bilhões. Foi rebaixada às pressas. O Lehman Brothers era A até quebrar. Elas não viram o que poderiam ter visto. Desde março de 2008, quando o Bear Stearns teve dificuldades e foi socorrido, estava claro que havia uma crise bancária e a AIG garantia ativos cada vez menos confiáveis. Elas não viram a bolha de crédito se formando no subprime e, pior, fizeram parte do trabalho interno que produziu a bolha. As agências orientavam seus clientes sobre produtos financeiros que depois de criados recebiam boas notas, mas eles eram, na verdade, tóxicos.
Na atual crise, elas demoraram a ver os problemas da Grécia. Portugal estava dois degraus acima do Brasil na véspera de ser desclassificada para a categoria “lixo”, pela agência Moody’s. No rebaixamento americano, a S&P mandou ao Fed, com antecedência, um rascunho da nota que divulgaria. O Fed encontrou um erro de cálculo de US$ 2 trilhões nas contas da agência. Ninguém pode dizer que isso é um quantia desprezível."
Acesse o artigo completo em http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2011/08/13/s-e-eua-398443.asp
Fica aqui o registro da lista de erros gravíssimos dessas agências. O FMI também errou muito prejudicando por décadas o crescimento da América Latina. O Brasil foi muito criativo, como sempre, em tentar seguir as indicações do FMI mas com receitas brasileiras, todas sem êxito até o plano real. Mas tentativas brasileiras.
A Argentina colapsou, tendo sido uma exímia seguidora, principalmente na época Ménem, da cartilha do FMI, ou seja, Consenso de Washington. Não à toa conseguiu desonto de 75% na dívida com credores, o que não foi obtido por mais ninguém até hoje. Isso ocorreu por dois motivos: o FMI admitiu que errou ao ser intransigente nas exigências de austeridade fiscal.. houve até adoção paritária oficial com o dólar durante um tempo, o que significa abrir mão de autonomia monetária!! E a outra coisa foi que na crise a Argentina começou a criar uma "moeda social". A força de trabalho era moeda de troca, já que o dinheiro argentino nada mais valia. Se isso virasse moda, o capitalismo mundial corria o risco em ser substituído, arruinando todo o sistema capitalista como conhecido e sem previsões sobre como ocorreria o arranjo da força econômica mundial sob este sistema. Naturalmente, países populosos sairiam na frente.. mas aí a cogitação vai longe...
O fato, senhores, é que hoje, tudo o que diziam que nós latinos não podíamos fazer, os americanos e europeus estão fazendo: intervenção em empresas, estatização, controle de fluxo de capitais, mais regulamentação de mercado, aumento de impostos..
Isso é para todos nós aprendermos que quando o problema é com os outros, é fácil ser severo, mas quando o problema é consigo (hoje, países centrais) a receita é mais leve e todo mundo entende.
Fiquemos com estas observações e passemos a ouvir nossos economistas que têm como foco, como sempre tiveram, o crescimento do País... não repitamos automaticamente os que estrangeiros falam ou entendem sobre nós. Todos falam mal da China, mas é quem domina o mundo atualmente, com crescimento elevado, com melhora de renda percapita, com emprego e é o país que, junto com Brasil, Rússia, ìndia e mais uns 5 emergentes, está levando o mundo na costas.
Não podemos acreditar na verdade dos outros. Temos de ouvir a verdade dos outros e concluir, sempre, as nossas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário