A leitura do artigo publicado no Jornal O Globo de 20/02/2011, intitulado "Petrobras burla a lei e usa terceirizados como fiscais", me lembrou que quando o Jornal O Globo quer faz trabalho de alto nível profissional e informativo, fiscalizando a coisa pública no sentido de proteger o interesse brasileiro e contribuir para a melhora da Administração Pública e da eficiência do nosso Estado, a bem de toda a sociedade.
Quero parabenizar o artigo acima mencionado publicado pelo O Globo. Todos os elementos informativos se apresentaram perfeitos. A manchete chamou atenção para o fato desenvolvido no corpo da matéria, ou seja, o fato de haver muito terceirizado fazendo serviço que deveria ser feito por concursados. Fazer concurso e não chamar os concursados, colocando em seus lugares terceirizados é jogar fora o dinheiro público gasto com a realização do concurso, impedir o fortalecimento de quadro necessário, que tem comprometimento total com o sucesso da empresa federal, e ainda é baixar a qualidade dos serviços da Petrobrás, podendo piorar a eficiência da empresa e a segurança dos processos de produção, podendo, aí sim, haver uma catástrofe como ocorreu com a BP no Golfo do México, cujo motivo principal foi exatamente o excesso de terceirização e economia com processos de segurança na extração de petróelo. Além de tudo isso, o crescimento excessivo e injustificado de terceirizados dá margem a desvio de verbas, comissões, corrupção e criação de feudos.
A notícia publicada ainda baseou-se em dados públicos em ações do Ministério Público e relatórios do TCU, sites da empresa e de seus prestadores de serviços, ao invés de ser baseado em cogitações e interpretações de dados. Não foi artigo acusativo e defennsor de tese. Foi objetivo e informativo. Tinha um vetor, claro, mas não pode ser considerado tendencioso. Informou muito mais do que conduziu/induziu o leitor.
A redação teve o enfoque não de atacar a empresa, mas de defender seus próprios interesses, a bem dela mesma, que é patrimônio do Brasil, a bem da eficiência de sua governança, a bem do respeito ao investimento de dinheiro em concursos públicos e em respeito aos milhares de brasileiros que se prepararam para esses concursos, passaram e estão injustamente afastados de seus cargos que são necessários para a empresa. E por fim, para coroar tudo, na mesma matéria publicou resposta da Petrobrás, ou seja, deu direito ao contraditório! Irretocável.
Eu reconheço o potencial construtivo da grande mídia. Não quero que a grande mídia defenda isso ou aquilo, mas quero que sempre defenda o interesse brasileiro, as empresas públicas que são patrimônio público (racionalmente e não preconceituosamente), os processos de gestão legítima de recursos humanos e materiais dessas empresas que têm grande importância estratégica para o nosso País. E o mais importante, que seja objetiva informativa e dê direito ao contraditório sempre. Sempre que fizer isso a grande mídia, a pequena mídia, a gigantesca mídia ou a ridícula mídia sempre receberá palmas de mim e da sociedade.
Só para mostrar que sei que às vezes a Globo faz isso e mostrar reconhecimento, quero elencar outros casos que para mim são modelos de atuação investigativa e informativa do Globo, com benefícios inquestionáveis para a melhora de nossa sociedade nos últimos dez anos, do que me lembro.
São eles:
1 - reportagem sobre descumprimento de metas pelas concessionárias de serviço de transporte público, incluindo trens, metrô, empresas de ônibus e barcas, no Estado do Rio de Janeiro.
2 - reportagem sobre a descamação das receitas com royalties de petróelo, exposição do real e pequeno valor percentual da riqueza do petróleo que fica com os produtores a título de royalties em relação ao total de tributos que incidem sobre a atividade exploratória petrolífera e a denúncia do ataque federativo aos produtores de petróleo, enfraquecendo a idéia e sentimento de Federação.
3 - coluna da miriam leitão em que denunciou que não há exatamente falta de mão-de-obra, mas as empresas não contratam pessoas jovens supergraduadas mas sem experiência e nem pessoas mais velhas superexperientes mas sem pós-graduação, limitando preconceituosamente suas opções de trabalhadores e jogando no desemprego pessoas altamente capazes de trabalhar.
4 - reportagem sobre a existênica de oito tributos incidentes sobre a energia elétrica, mas que mesmo quando perdem a motivação e razão de exitir não são anulados e continuam sendo cobrados.
Não tenho esses links e o site do Globo é péssimo para pesquisa de artigos antigos, mas esses foram os artigos que me deram orgulho de ler o Jornal e alimentaram meu sentimento de gratidão e admiraçao pelo veículo de informação O Globo.
O primeiro citado foi resultado de um amplíssimo trabalho investigativo de metas definidas em edital para cada concessão de transporte público, demonstrando como não atingiam as metas de qualidade e universalização de serviços. Incluiu transportes de todos os modais e acho que inclusive serviço de telefonia. Assim que eu li eu pensei "cara, investiram muito tempo e dinheiro pra fazer isso e nem a sociedade vai dar o valor que esse artigo merece, mas isso não tem valor que pague para o bem da sociedade... esse jornalista é maluco, talvez receba ameaça de morte, mas é herói, assim como a chefia de redação que deixou publicar". É isso que se quer! Expondo a realidade com foco no bem público e na melhora de vida da população, amigos, é só palmas.
O segundo citado, foi igualmente objetivo, expôs o criminoso contra a Federação Brasileira, chamado Ibsen Pinheiro, que se aproveitou da carestia por verbas dos Estados e Municípios mais pobres para angariar sucesso e visibilidade em ano eleitoral, esgarçando os direitos compensatórios dos Estados e Municípios produtores, contra a Constituição Federal. Mostrou a real dimensão percentual do valor arrecadado que vai para os produtores que é de 10% no máximo, ficando 90% de toda a tributação incidente para o País, Estados e demais Municípios não produtores. Essa notícia objetiva informou o País, ajudou no debate, protegeu a Federação e expôs os autores da lei e algozes da Federação. O povo gaúcho não reelegeu Ibsen Pinheiro e muitos que votaram a favor do ataque federativo. Discussão sobre remuneração a partir de petróleo tudo bem, mas roubo dos produtores e transformação de entes autônomos da federação em colônias de exploração NÃO! E abre precedente para fazer isso com qualuqer Estado ou Município queamanhã tenha uma riqueza considerada estratégica..absurdo.
O terceiro citado foi uma sacada fantástica da Miriam leitão a que eu não tinha me atentado até ela denunciar: as empresas ficam procurando o namorado dos sonhos e não aproveitam os excelentes quadros que se apresentam a ela, desperdiçando-os e jogando-os no desemprego por puro preconceito. Antes deste artigo da Miriam, a vítima do desempredo era o candidato a emprego, por não ter "empregabilidade": ou era doutorado sem experiência, com 30 anos (não serve), ou com 50 anos, muita experiência mas sem pós-graduação (não serve)! Brincadeira! Era um canal vicioso sem saída! Quem sempre trabalhou e não pôde se graduar era preterido e quem se dedicou aos estudos e não teve tempo de trabalhar também! Ridículo. Depois disso, tudo ficou esclarecido e notícias de mudança de perspectiva sobre empregabilidade surgiram. Parabéns Miriam. O alcance da notícia foi incalculável.
E o quarto senhores, ao meu ver, foi o sobre a existência de oito tributos (taxas, imposto e contribuições) sobre a produção e comercialização de energia elétrica. Alguns existiam para financiar uma determinada expansão ou necessidade do setor e mesmo depois disso ocorrer (ou ser satisfeito) o tributo continuava. Não é só o caso em si, mas o fato de que isso pode estar acontecendo em diversos outros casos (telefonia, transporte, qualquer serviço público objeto de concessão ou não). Essa matéria abriu o caminho para a discussão da eficiência tributária, protegendo o bolso dos contribuintes, sem prejudicar os atingimentos de metas dos serviços de energia elétrica. Ótimo trabalho.
Não quis mencionar casos de grandissíssimo vulto e que qualquer um pode compreender o significado e principalmente que não exijam grande trabalho investigativo, tais como corrupções, eleições, planos econômicos de governos (Cruzado, Collor, Real), surgimento da nova Constituição Federal e afins. Quis mencionar os que deram trabalho investigativo e tiveram grande importância, mesmo que não tenha sido notada ou que não tenha tido tanta visibilidade em proporção à sua importância no mundo informativo.
Isso é para mostrar que é possível fazer excelente trabalho informativo. A Globo sabe disso, mas ela tem que dar o que o cliente quer, portanto, senhores, vamos cobrar qualidade e ela nos dará de bom grado (assim espero - do contrário estamos aqui para apontar o erro)!!!
Abraçossssssssssss
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