domingo, 6 de fevereiro de 2011

Crítica ao artigo “O Guia Essencial dos Imóveis”, da revista A Época

Pessoal, a Revista A Época, na sua edição recente de 31/01/2011, às fls. 46 a 57, publicou um excelente artigo sobre o tema “Bolha Imobiliária”. O artigo conclui que não há Bolha Imobiliária no Brasil “ainda” (como menciona explicitamente na chamada na capa), mas que pode ocorrer. Na Revista você pode ver inclusive os gráficos publicados, mas o texto do referido artigo você pode acessar pelo link informado por um leitor nosso, Felipe, em comentário ao artigo “Como se comportar em uma bolha imobiliária?”. O link é http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/o-guia-essencial-dos-imoveis
Meu objetivo neste artigo é ponderar sobre este excelente material e tentar encontrar as melhores informações a partir de sua crítica. Devo dizer que ao fim da leitura, que fiz com atenção, vejo apenas a confirmação do que já discutimos: a bolha está aí e eu não colocarei o meu dinheiro nesses imóveis hipervalorizados. Manterei meu crédito intacto e meu dinheiro no banco até ver uma oportunidade de compra.
Veja. Para começar eu pergunto: Já pensou o que ocorreria com o mercado de imóveis caso a Revista A Época publicasse que estamos vivendo uma bolha imobiliária? Quem compraria imóvel? Seria uma previsão auto-realizável, não? Mesmo que se tivesse dúvida sobre existência ou não de bolha, senhores, uma publicação dessas teria impacto direto e real nas compras, ainda mais estando hoje o preço nas alturas como estão e sendo isso constatável por qualquer um.
Faço agora outra pergunta: vocÊ já viu alguma vez uma publicação em jornal ou meio de comunicação escrita ou televisiva declarando a existência de bolha econômica, seja de imóveis, seja de ações, seja de commodities? Não. E você nunca verá isso. Nunca haverá uma publicação de reconhecimento de bolha econômica seja ela qual for por meio de comunicação, antes que a bolha estoure. Foi assim com o sub-prime e a crise financeira internacional de 2008, foi assim com o estouro da bolha das “pontocom”, nos EUA, foi assim até com a crise de 1929 e será assim sempre. Por quÊ? Porque primeiro esses canais não são feitos por economistas. Não é o André Esteves ou o Pérsio Arida que escrevem, mas jornalistas, formados em comunicação, quando são formados (hoje praticamente todos os jornalistas são formados, mas ainda há os que não são).
Então, senhores, eles publicam notícia. E não poderia ser diferente. Eles não podem “bancar” uma notícia que pode assustar o mercado e serem responsáveis por isso, lógico. Além do mais, sua função é de informar a população. Criando o fluxo de informação sobre o tema, já cumprem seu papel social. Cabe a você enxergar se há ou não bolha de forma a fazer seus movimentos defensivos ou ofensivos de investimento, de acordo com seu interesse e admissibilidade de exposição a risco.
Nouriel Roubini era tratado como idiota, antes de a crise de 2008 realmente acontecer. Ele viu algo errado, apontou e quem o seguiu se defendeu antes. Mas foi jogada de marketing dele também. Grandes consultores econômicos vêem e não dizem, pois se disserem perdem oportunidades de investimento para si e para seus clientes.
Então, amigos, desculpe ter de dar esta notícia, mas se você está esperando um artigo de jornal ou de revista te dizer que a Bolha se instalou, você ficará esperando. Eles só publicarão quando ficar constatado que a bolha explodiu. Isso sem contar que alimentando a dúvida, vende-se mais notícia. Então os jornais não sabem sobre bolhas, não podem ter a responsabilidade de alardear isso e também não têm interesse comercial nisso.
Agora, por que a minha leitura do artigo em questão corrobora meu entendimento de que estamos numa bolha, apesar de o artigo ser enfático em responder que não estamos numa bolha?
Apesar da resposta à pergunta 3, na folha 52 do artigo de Revista em comento (“Há uma bolha imobiliária? Não.” ), não me interessa a resposta em si, mas se o artigo traz alguma notícia contrária aos fundamentos do que entendo que seja essencial para reversão do movimento de bolha. Não houve notícia de que o endividamento das famílias brasileiras baixou (nem poderia). Não houve informação de que os fundos estrangeiros pretendem realizar seus lucros em imóveis e que estejam voltando a seus países de origem, nem de que estão entrando mais forte. E não há notícia de que mais crédito esteja sendo colocado à disposição de brasileiros, a juros menores, a prazos mais longos. Não há notícia de desinflação dos imóveis, nem de fato que justifique a contínua e apressada valorização dos imóveis. Não foi desfeita a impressão de que a capacidade de pagamento dos brasileiros está chegando no limite.
Nada mudou. A não ser o fato de que, agora, discute-se se há bolha imobiliária ou não. Veja que nem se cogitava isso há pouco tempo atrás. Isso em si já é um indicativo de que algo não está normal.
Já que nenhum fundamento mudou, parti para a pesquisa sobre se existia, então, alguma informação que confirmasse meu receio de haver bolha imobiliária. E o que eu encontrei? Encontrei um artigo de 11 páginas sobre o tema, tratado por uma Revista de peso na economia nacional brasileira (não é revista econômica da Tanzânia). Encontrei as informações de que “nos últimos meses, depois de cinco anos de alta, surgiram sinais de acomodação no mercado”, além de queda no volume de imóveis novos em São Paulo e mais expressiva ainda na venda de imóveis usados (25% de queda). Estas informações estão na resposta à pergunta 2 do artigo “A Alta chegou ao fim?”, na página 51.
Encontrei no artigo a opinião do economista Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do governo Lula e ex-diretor do Iedi, de que ‘já houve uma boa valorização e está na hora de tomar algum cuidado’ (pg. 51). Encontrei também a opinião da pesquisadora da Secovi, Crestana, de que ‘o bolso é o limite (para o movimento de alta) e este está perto’.E Pompéia, da Embraesp, afirmou que ‘muitos investidores apostam que os preços subirão mais, mas não sabemos. Já tem gente com medo de não vender o que construir’. Tudo isto na resposta á pergunta 2 do artigo, na pg. 51, dentre outras informações neste sentido.
A resposta à pergunta 3, negando a existência de bolha tem como argumento principal o de que os imóveis no Brasil estão a preço abaixo dos imóveis estrangeiros. Mas qual é o tamanho da economia e a renda per capita destes países cujos imóveis estão mais caros? Eu imagino que eles falam dos EUA e Europa, mas a renda per capita desses lugares é de 45 mil dólares e a nossa é de 10 mil dólares.
A resposta à pergunta quatro, se há risco de que se forme uma bolha imobiliária foi positiva: “Sim”. O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, “embora concorde que não há bolha em formação”, afirma, na página 52 que ‘há impressão de que um crescimento rápido do setor (de construção de imóveis) só tem pontos positivos – não é verdade. Uma bolha entorpece a visão, como um lança-perfume. Mas na hora da verdade, não pede licença para entrar”. E por fim o artigo ressalta que na opinião deste economista “o Brasil é propenso à formação de uma bolha imobiliária porque o brasileiro em geral é consumista, o sistema bancário é ágil e as construtoras são capazes”.
Existem muitas outras informações interessantes e aconselho mesmo a leitura. Está muito boa. Mas não procure a conclusão feita e definitiva de ninguém. Junte suas informações e vamos seguir acompanhando. Para mim não mudou nada. Estamos numa bolha de preço e quando começarem a negar as ofertas de venda, senhores, iniciará o movimento de baixa. Para mim, as conclusões dos artigos “Bolha Imobiliária no RJ em 2010” e “Reconhecendo a bolha imobiliária, demorou mas chegou” ainda estão válidas e os fundamentos não mudaram. A alta de preços continua, mas diminuiu o ritmo porque está esbarrando na falta de renda do brasileiro... portanto, vai ter que ceder.

Agora, as onze dicas sobre compra de imóvel, na última parte do artigo ficaram ótimas e concordo cem por cento com elas. Importante salientar que em meio a estas dicas estão as de que imóveis de certos bairros e ruas podem valorizar-se menos do que a média e que "o momento, porém, é do vendedor". Aqui no RJ vejo isso em São Conrado e Barra da Tijuca, que ainda apresentam oportunidades de compra por preço bom. As dicas são responsáveis e todas corretas e úteis, a meu ver, tanto para o comprador quanto para o vendedor.

POr fim, os gráficos não dão uma real dimensão da valorização, pelo menos no RJ. O aumento aqui em trÊs anos em muitos imóveis passou de 300%. Mas os gráficos apresentados informam aumento de 59% em trÊs anos e 240% em 10 anos. O artigo informa que o gráfico é para lançamentos em São Paulo e explicita en passant o método para se chegar àqueles números, mas o resultado é que, mesmo que informe a média, dá impressão de que o aumento é alto mas normal, quando na verdade, todo mundo sabe que é muito mais do que aquilo e é anormal. Eu vi um viés do artigo efetivo no sentido de negativa da bolha mesmo. Mas não dá pra esperar muito mais do que aquele artigo para avaliar o que ocorre, não. É continuar ligado nas informações e comprar algo bom, por preço justo, desde que não te sufoque. Isto é o mais importante e também está nas dicas do artigo, óbvio.

11 comentários:

  1. Bela crítica Mário
    Abaixo trechos de uma reportagem do Valor Economico de hoje que mostra a disparidade entre os preços do Rio e de Miami

    Abraços, Felipe

    Home, sweet home
    Autor(es): Por Luciana Monteiro e Silvia Rosa
    Valor Econômico - 09/02/2011

    Muito sol, belas palmeiras à beira das avenidas, praia com areias claras, condomínios luxuosos e o espanhol praticamente como língua oficial. Atraída pelo clima e paisagem da Flórida, a empresária carioca V.M. e seu marido tomaram uma decisão há cerca de seis meses: em vez de comprar uma casa de veraneio no Brasil, resolveram aproveitar os preços mais baixos dos imóveis da cidade de Boca Raton, nos EUA.
    A casa, de 130 m2, fica num condomínio com piscina, academia, lagos, banheira de hidromassagem e outros atrativos. Mas o melhor foi o preço: US$ 250 mil (o equivalente a R$ 420 mil). "Aqui está tudo muito caro", diz. "E esse é um imóvel que já chegou a valer US$ 370 mil", conta a empresária. A casa estava no processo chamado de "foreclosure", equivalente ao nosso despejo. Nesses casos, o proprietário não consegue pagar o imóvel e, para não entregá-lo ao banco, vende-o para um terceiro com um bom desconto. O condomínio que o casal paga na casa de lá é de US$ 300,00, ou R$ 503. "Aqui, no meu apartamento na Barra, pago R$ 1.600,00."
    A combinação real forte e imóveis ainda com preços baixos tem sustentado o interesse de muitos brasileiros por comprar uma casa ou apartamento nos Estados Unidos. Muitos têm optado, inclusive, por vender suas casas de veraneio aqui e buscar outra lá. O destino mais procurado é a Flórida, com suas lindas praias e famosos centros de compras, além, é claro, dos imensos parques de diversão, como a Disney. E a preferência dos brasileiros recai sobre Miami e Miami Beach.
    Normalmente, a procura é por casas ou apartamentos com valor médio de US$ 300 mil a US$ 400 mil, conta Aloysio Vasconcellos, presidente da Westchester Financial Group, consultoria americana que atua nas áreas de proteção de ativos, planejamento sucessório e tributário internacional. Ele, que fica nos Estados Unidos, conta que, por esse valor, é possível comprar uma casa de três dormitórios em um bom condomínio. ...............

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  2. segue a continuação.......

    Alguns especialistas acreditam que o momento pode ser interessante para investir em imóveis nos Estados Unidos, pois são maiores as chances de a economia americana se recuperar mais rápido do que o inicialmente estimado e, com isso, os preços de casas e apartamentos subirem.
    De acordo com o executivo da Piquet Realty, na crise, os preços dos imóveis chegaram a cair 50%. Depois, o mercado reagiu um pouco, com uma alta de 10%. "Os indicadores mostram que os valores caíram entre 2008 e 2010, mas ainda no fim do ano passado começaram a se estabilizar", diz. "Agora, a tendência é de alta." Segundo Piquet, é possível encontrar apartamentos de dois ou três dormitórios, na praia, em prédios novos com preços entre US$ 450 mil e US$ 500 mil.
    Os números mostram que preços dos imóveis dos estados mais atingidos pela crise nos EUA - Flórida, Nevada e Arizona - realmente ainda não se recuperaram em relação aos valores de antes da crise, quando o mercado estava superaquecido. Em Miami, por exemplo, os preços dos imóveis ainda estão 50% abaixo do pico de 2006. "Os preços no mercado imobiliário de Miami ainda devem continuar estáveis por mais dois anos", afirma Marco Fonseca, presidente de relações para o Brasil da NAR e corretor de imóveis.
    Com o dólar desvalorizado e o aumento dos preços dos imóveis no Brasil, cresceu a procura de brasileiros por propriedades em Miami tanto para investimento como para segunda residência. Além de Miami Beach e Miami, são muito procurados também os imóveis de veraneio em Sunny Isles e Bal Harbour. Um apartamento no edifício Trump Towers, por exemplo, em Sunny Isles, de dois quartos e dois banheiros e área de 155 m2 a 160 m2, estava à venda por um valor a partir de US$ 570 mil. "Pelo preço que esses apartamentos estão sendo vendidos, não era possível nem reconstruir o edifício", diz Fonseca.
    Muitos também estão aproveitando os preços em baixa para comprar imóveis para investimento. Residências em regiões centrais valorizadas, próximasàs escolas mais disputadas, com cerca de 100 m2 estão sendo vendidas a partir de US$ 130 mil a US$ 150 mil. Já o mesmo imóvel nas áreas próximas às praias pode ser encontrado a partir de US$ 200 mil a US$ 235 mil. "Os brasileiros têm preferido comprar apartamentos por ser mais fácil a manutenção", afirma Fonseca.

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  3. POis é, amigo. Aí se você me diz que quer comprar um desses para investimento, como é uma boa compra, eu apoio. O indicativo de que já se verificou que houve baixa de 50% lá é importante para você admitir que está a um bom preço e admitir efetuar a compra. Além disso, com o interesse em comprar lá e previsão de valorização para os pórximos meses e anos, pode atrair capital nacional e internacional para lá, desafogando a demanda aqui.
    Com esses dados, qual a razão de comprar caro aqui? O que as pessoas estão fazendo aqui é uma irresponsabilidade... mas a conta vai bater Felipe.. sempre bate.

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  4. Olá Mário!

    Estou postando uma palestra sobre o mercado imobiliário brasileiro. Embora eu não acredite que não há bolha, achei os argumentos bem fundamentados e como não tenho conhecimento suficiente para contra-argumentar gostaria que alguém com mais conhecimento pudesse fazer uma crítica a respeito desta palestra. Seguem abaixo os links da palestra (são 3 partes).

    http://www.youtube.com/watch?v=RHNwAzgKB5o&feature=player_embedded

    http://www.youtube.com/watch?v=2ibDnPnVbZI&feature=player_embedded

    http://www.youtube.com/watch?v=e-9ONoRFNaM&feature=player_embedded

    Grato,

    Carlos Magno.

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  5. Farei com todo o prazer, dentro dos meus estritos limites, grande imperador. Aguarde no máximo 5 dias, ok? abs

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  6. Carlos Magno, acabei de ver a palestra de uma hora em três partes que vocÊ sugeriu. É interessante e útil e o objetivo foi a sugestão de Leandro Ruschel, o palestrante, de investimento em imóveis através de grupo de investidores, com vantagens interessantes como explicado por ele no final.
    No que nos interessa aqui, a avaliação geral do mercado imobiliário que ele fez está correta ao meu ver, em 95%.
    Entretanto, ele, como eu e qualquer pessoa responsável deixou claro que não pode precisar quando termina o movimento de alta nem precisar o nível de eventual correção.
    Eu achei a palestra interessante e no início fiquei impressionado como batia com quase tudo escrito no artigo do blog Bolha Imobiliária no RJ, em 2010. Percebeu? Abordou os mesmos temas: falou em PIB, renda, nível de crédito, e valores dos imóveis no estrangeiro.
    Gostei. Mas ele diz que não acredita em bolha. Apontou elementos que chamou de favoráveis, como continuidade de aumento de renda do brasileiro, previsão de aumento de cidadãos na faixa etária de 30 anos que comprariam a primeira casa, e disse que o crédito imobiliário em percentual ao PIB no Brasil é de 3% do PIB e nos EUA é de 130% do PIB, concluindo que há muito a crescer por aqui. Também falou que em relação aos imóveis no exterior os preços dos imóveis no Brasil ainda não estão tão elevados, em média (mesmo argumento do artigo publicado na revista A Época - "Guia essencial.."). Por isso não vê queda, mas admite uma estabilização de preços para os próximos anos.
    Não poderei colocar tudo aqui, mas pergunto: esses próximos cidadãos que farão trinta anos vão comprar apartamentos a que preço? Qual a renda média deles? Acho que a capacidade média é baixa e não sustenta os preços dos imóveis de hoje. A comparação de valor de imóvel do exterior com o do Brasil, pura e simples, como ele fez e A Época publicou não se sustenta, pois a renda percapita lá é maior. Então não dá pra dizer que por padrão internacional está ok o nível de preço. O correto é aqui, enquanto a renda percapita for menor, o imóvel ser mais barato. Como ocorre entre os imóveis nas capitais brasileiras e no interior dos Estados. E não dá para achar que a diferença de relação crédito imobiliário/PIB indica que está tão pequeno o crédito aqui porque as características do mercado de capitais americanos é distinta e o imóvel é unidade de valor real lá, usada para tudo, para captação de praticamente todos os empréstimos lá, percebe? O Brasil não chegará nesta situação tão cedo, e talvez nunca, pois não é da nossa cultura hipotecar nossos imóveis para consumir, comprar carros ou fazer investimentos como nos EUA.
    Assim, as condições favoráveis que ele disse, não sustentarão ao meu ver a alta de imóveis que está incompatível com a renda imediata do brasileiro.
    Mas a queda, já que inclusive especialistas na área já admitem que a alta parou, pode ser, para te dar números, de 20% nos próximos 3 anos. Pode ser queda lenta, na medida em que pararem os movimentos de compra. Mas eu acho que veremos correção até o fim do ano.
    O próprio Leandro chegou a admitir que pode ficar estável por cinco anos,ou mais... então nesta hipótese, não é melhor investir o dinheiro em algo que dá retorno?
    Veja que antes não havia bolha, só correção de preço e a tendência era de alta... agora já se fala em ficar estável... e aí.. para onde vai isso?
    Não vi alterações de fundo para a minha análise datada de março de 2010, ainda.
    Vamos ver.

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  7. Carlos Magno, é importante também vocÊ ver que você não fez pergunta específica. Você pediu que eu opinasse sobre uma palestra que teve uma hora de duração. Eu poderia fazer outra comentando a dele em outra hora e meia. Mas para te dar uma resposta no geral falei da impressão geral e analisei os vídeos nesta perspectiva.

    Veja, por exemplo, quando ele diz que o crédito imobiliário no Brasil representa 2,5 a 3% do PIB e nos EUA o crédito é 130% do PIB, deu a impressão que este 130% era também somente de crédito imobiliário, mas isso é impossível, pois 130% do PIB é todo o crédito americano, dos quais o crédito imobiliário é 2/3. Ou seja, o crédito imobiliário americano deve ser de 85% do PIB.
    Concordo com o Leandro que a diferença é grande e poderíamos pensar em como diminuir essa diferença, mas haveria de mudar o arcabouço jurídico sobre hipotecas, operações imobiliárias com este tipo de garantia, além da cultura brasileira. Aqui não admitimos o risco de perder a casa.
    Quando ele falou que a previsão é de continuidade de crescimento de PIB e renda, eu concordo, mas não falou que o nível de endividamento médio da população brasileira está em 60%. Quem está assim, vai continuar comprando imóvel? Como? E quem comprou, não tem que pagar a dívida? Então é menos um a comprar imóvel de novo.
    Além disso, os rapazes e moças de trinta anos que entram no mercado como ele diz que ocorre com nossa pirâmide etária, eles vão comprar imóvel de R$500 mil ou R$850 mil? Não, vão comprar, em média, de R$250 mil no máximo. Tá vendo, os imóveis têm que estar nesse valor.
    Mas o Leandro me pareceu responsável e ele oferece uma forma mais segura e consciente de investir em imóveis: em grupo e com assessoria profissional, que ele e sua empresa proveriam.
    Prestei atenção nos conceitos que ele adotou. Estão todos corretos e de acordo com o que eu também acredito. Não houve qualquer erro conceitual. Eu e ele somente divergimos em como ver a bolha, que pra mim há e para ele não. Mas ele deu fundamentos do raciocínio e se você for comparar com o que apregoo, praticamente 90% bate igual.
    Espero ter sido claro e útil.
    abs

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  8. Olá Mário Cesar!

    Obrigado por ter comentado a palestra!
    Eu tenho achado muito difícil encontrar opiniões imparciais. Esse palestrante mesmo tem um discurso voltado para os interesses de sua empresa. Embora, como você disse, bem fundamentado, ele distorce parte das informações para atingir seus objetivos. É claro que ele nunca afirmaria que há bolha, pois se o fizesse, ninguém assumiria o risco de investir no mercado imobiliário, mesmo o fazendo através de profissionais capacitados. Eu vejo este tipo de opinião comprometida o tempo todo.
    Há um filme chamado "Trabalho Interno" ("Inside job") de Charles Ferguson que mostra os motivos que levaram os Estados Unidos e o mundo à crise econômica de 2008.
    Dentre outras coisas, o filme expõe a rede de formadores de opinião, que vai desde jornalistas a conceituados professores universitários, contratados para sustentar a tese de que não havia nenhuma bolha imobiliária.
    Penso que não estamos passando por um momento diferente!

    Grato,
    Carlos Magno

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  9. Foi um prazer Carlos, agora, se você é interessado neste tipo de assunto, ou seja, na organização de instituições públicas, privadas, políticos e empresários para obter o máximo retorno para seus interesses próprios contra o bem estar daqueles que não participam do círculo social organizado, procure, adquira e leia o livro "A Trilateral".
    Trata-se de um livro de edição única no Brasil, de 1979, esgotado, em que na capa há o mundo em forma de maçã, com uma mordida, simbolizando a divisão e exploração mundial pelos países centrais.
    O livro foi escrito por três cientistas sociais americanos e um brasileiro (acho que Teotônio Villela), a partir do relatório das sessões públicas dessa organização tratando dos temas sobre comércio internacional, como diminuir a concorrência de países emergentes e de grande parque industrial para que o grosso do bolo ficasse com os países ricos (empresas e políticos, melhor dizendo). Tratam de meios de diminuir a concorrência com taxas com justificativa ambiental, de direitos humnaos e muito mais.
    É um livro totalmente sério, com documentos e dados. Você não conseguirá provavelemente a não ser em sebo ou talvez encomendando no Armazém Digital. Mas se você conseguir, aí sim você terá um material e acesso informativo a algo estarrecedor.
    P.s.: Existe uma outra organização idêntica a essa na Europa que acho que se chama Bierenbauer (acho que não é a Bilberg). Mas essa, como não tem ingênuos como nos EUA, nunca tiveram sessões públicas ou relatórios das sessões com acesso ao público.

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  10. Neste leivro "A Trilateral" há menção específica à necessidade de se impedir o crescimento do Brasil, assim como produzir consensos e regras de operação de comércio internacional que somente deixe "migalhas" da riqueza mundial ao alcance de países de fora do Centro de Decisão que é composto por Europa, EUA e Japão.
    Nõa é livro vazio sobre ficção em relação a uma "teoria conspiratória". São dados, menciona nome de instituições de ensino reconhecidas no mundo, empresas internacionais de vulto como a IBM, menciona nome de pessoas, professores universitários, empresários e políticos.
    Espero que a seriedade dos artigos que escrevo possa ser o suficiente para que minha sugestão da leitura deste livro fantástico seja levado a sério.
    Também acho que a participação essencial de três cientistas sociais americanos na confecção deste trabalho demonstra, para a minha felicidade, que existem muitos americanos comprometidos com o bem mundial e não só com os interesses americanos.
    Esses três cientistas, junto com Michael Moore, Paul Krugman e Greg Palast, junto com Noam Choamsky, junto com 14 mil artistas e intelectuais que assinaram um documento contra a reeleição de Bush Filho demonstram que há um núcleo inteligente e humano nos Estados Unidos da América.
    Rendo aqui a minha homenagem a eles. Para ser um bom cidadão do mundo há que ser um grande cidadão em seu país primeiro. E ser um bom cidadão é apontar os erros de seu país e lutar para que sejam corrigidos a bem de seus concidadãos e do mundo.

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  11. Carlos, por fim, como você apontou e o filme "Inside Job" sugere, há esse conluio natural de interesses de grupos econômicos que é composto por pessoas e, assim,, é composto por polítiocs, empresários e professores universitários, pessoas do mercado... etc.
    Isso acontece também no Brasil, acontece em todos os países e sempre aconteceu durante a história da humanidade.
    O que não pode é nós, que estudamos e lemos, admitir que no que eles necessitem de conduzir a opinião pública para atingir seus interesses prejudicando a própria população, de cujo apoio precisam para consecução de seus projetos, nós, que vemos isso e não pactuamos com essa enganação, não podemos deixar de apresentar o contra-ponto, pelo bem do mercado, pelo bem da sociedade, pelo bem dos nossos concidadãos e do País e, motivo da criação do blog, para que possamos dormir tranquilos, sabendo que vimos e não fomos omissos em desconstituir a mentira.

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