sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Le Monde Diplomatique de Setembro de 2012!! Compre!!

Pessoal, muito importante a edição do Le Monde Diplomatique de Setembro de 2012, ano 06/número 62. Compre antes que saia de circulação. Se tiver saído, peça por site ou a seu jornaleiro.

Se o Blog fosse um jornal, ele seria o Le Monde Diplomatique. Eu nunca poderia imaginar que um jornal sério, de conteúdo mais científico do que jornalístico e abordando temas do cotidiano, especialmente pinçados dentre os verdadeiros temas importantes para a qualidade de vida da população brasileira, se transformasse em algo real e acessível. Mas isto aconteceu e esse Jornal se chama Le Monde Diplomatique Brasil.

Eu já havia visto que os temas aboraddos eram importantes, em regra, por este preriódico mensal. Eu já havia notado que a abordagem era crítica e mais profunda e científica. E já´havia elencado como fonte permanente do BLOG, mas esta edição de setembro mostra a que veio (ou confirma) esta mídia.

A abordagem sobre o risco que as desonerações tributárias estão causadno ao equilíbrio da PrevidÊncia Social dos brasileiros, ou seja (deixem-me trocar em miúdos), o risco trazido a milhões de aposentadorias de todos os brasileiros nos próximos 20 anos, é uma benção!! Isto porque somente eu havia publicado artigo neste sentido neste nosso Blog. Eu não havia esbarrado com nenhuma publicação da grande mídia ou de sites e blogs sociais neste sentido.

Fico muito feliz de poder constatar que minhas análises contam com corroboração de altos funcionários públicos da Receira Federal, como Álvaro Sólon de França, presidente da Associação nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip) e de acadêmicos como Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Unicamp, ambos membros do núcleo Plataforma Política Social - Agenda para o Brasil do Século XXI.

Suas idéias estão expostas  nos dois artigos de fls. 04 e 05 da edição de setembro do Le Monde Diplomatique, cujos títulos são "Ameaça à seguridade Social - Estima-se que as desonerações já concedidas em 2012 implicarão redução de R$7 bilhões da receita previdenciária. As consequências políticas são evidentes: em breve, as forças do mercado voltarão com o mantra apocalíptico de que "sem uma nova reforma da Previdência, o país será ingovernável" (Por Eduardo Fagnani) e "Os trabalhadores subsidiam a indústria - As metas do mercado nem sempre são as mesmas da sociedade. As regras que regem a adminstração de uma grande indústria - voltadas para a redução máxima das despesas e o aumento expoinencial do lucro - não podem ser aplicadas na gestão da Seguridade Social. Aqui, muito mais do que valores, tratamos de vidas" (por Álvaro Sólon de França).

A leitura do perídódico mencionado irá corroborar a você o cerne principiológico e, mais, praticamente 100% de toda a nossa sustentação sobre a penetração dos bancos na formulação de política econômica e retirada de perspectiva humana (e o que se refere à melhora de vida do cidadão) na política, reflexos negativos da desoneração tributária da produção essencialmente sobre receitas previdenciárias, uso do juros selic (sempre seu aumento a qualque fato e argumento) e justificativa de juros bancários altos como forma de prejudicar o cidadão e o consumidor e manter uma realidade de mercado (assim percebida pela população e criada e alimentada pela mídia) que sempre favoreça financeiramente bancos e instituições financeiras em detrimento da população, do consumidor e do país (via aumento ou administração de aumento de dívida pública) e tudo o mais que em centenas de artigos já defendemos no Blog.

Faço um resumo dos títuloe e subtítulos da edição de setembro par que voc^}e tenha idéia de que os temas que abordo e a forma como abordo não estão desacompanhados de pessoas de alto nível e de jornalismo científico sério:

Editorial - pg. 03 - "A ditatdura dos bancos de investimentos" por Silvio Caccia Bava

Pág. 04 - "Ameaça à seguridade Social - Estima-se que as desonerações já concedidas em 2012 implicarão redução de R$7 bilhões da receita previdenciária. As consequências políticas são evidentes: em breve, as forças do mercado voltarão com o mantra apocalíptico de que "sem uma nova reforma da Previdência, o país será ingovernável" por Eduardo Fagnani.

Pág 05 - "Os trabalhadores subsidiam a indústria - As metas do mercado nem sempre são as mesmas da sociedade. As regras que regem a adminstração de uma grande indústria - voltadas para a redução máxima das despesas e o aumento expoinencial do lucro - não podem ser aplicadas na gestão da Seguridade Social. Aqui, muito mais do que valores, tratamos de vidas" por Álvaro Sólon de França.

Pág. 06 - "Dilma e o desenvolvimento - O ponto estratégico a ser considerado é que , para dizer de modo direto e sintético, a experiência internacional e nacional revela que "alívios" fiscais e tributários não necessariamente estimulam de forma efetiva a ampliação dos investimentos" por José Carlos Braga, professor titular do Instituto de Economia da Unicamp.

Pág. 07 - "Tirar o pé do freio - É fundamental estimular o consumo e o investimento, mas mais importante é remover o potente conjunto de freios ao crescimento que o governo ainda mantém por medo do fantasma da inflação. São eles: taxa Selic, juros bancários e carga tributária sobre o consumo, cujos índices estão entre os mais altos do mundo e cuja liquidez é uma das mais baixas" por Amir Khair, mestre em finanças públicas pela FGV.

Pág. 08 - "A elite dirigente dos negócios - Demissões em massa para uns, remunerações estratosféricas para outros (refere-se à área privada, ok? nota do blogger): duplamente lucrativa para seus defensores, a globalização justifica ao mesmo tempo a concorrência que comprime os salários e os privilégios desfrutados por um jet-set apresentadfo como supranacional. Porém, um estudo minucioso mostrra que as bases dessa elite permanecem nacionais." por Michael Hartmann, sociólogo da universidade de Darmstadt.

Estes são os artigos que destaco desta edição fantástica cujo título de manchete é "Ameaça às Aposentadorias". A leitura deste períódico te colocarão a par de fatos reais, não divulgados pela mídia, com a mesma leitura deste Blog, com grande profundidade científica, com foco no que realmente afeta a sua vida como cidadão brasileiro, desmascarando as perspectivas de publicação dominante na grande mídia que escondem sua intenção de empobrecer o cidadão e de enriquecer um pequeno grupo de brasilerios e estrangeiros.

A publicação é apenas mensal. Leia e tenha acesso ao mundo real. entenda a manipulação de fatos pela mídia. Entenda os fatos pela ótica de quem se preocupa com a distribuição de riqueza entre empresas, bancos, indústrias e também os cidadãos trabalhadores. Saia da condição de ovelha e entre para o grupo dos que influenciam a evolução dos fatos sociais a bem da sociedade, a bem das famílias brasileiras, a bem da sua família.

Leia Le Monde Diplomatique.

Análise do Debate de candidatos à Prefeitura do RJ 2012 realizado pela GLOBO

Na minha forma de ver, o debate realizado pela Rede Globo foi ótimo, informativo e organizado. Mas manteve-se o quadro de fatos enunciados por este BLOG para o primeiro debate ocorrido na BAND e cujas conclusões estão acessíveis no endereço: http://www.perspectivacritica.com.br/2012/08/analise-do-debate-de-candidatos.html

Houve o reforço do mesmo debate, com alguns pequenos aditivos que reforçaram as conclusões da análise do debate ocorrido na BAND. Um exemplo foi a informação do Rodrigo Maia de que denúncia sua à Justiça Eleitoral retirou de propagandas de empresas de ônibus menção a site das empresas que ao ser acessado mostrava primeiramente e antes de qualquer coisa uma foto do candidato à re-eleição a Prefeito, ou seja, Eduardo Paes. Não preciso tecer muitos comentários sobre isso não é mesmo.

Ficou evidente que a opção de transporte público de Eduardo Paes é por meio rodoviário, em especial ônibus. Houve finalmente o debate, apesar de em pequena escala, do problema da educação inclusiva, com denúnica de Freixo de que mais de 100 classes especiais foram fechadas à revelia dos pais de crianças com deficiência que estavam nestas classes, durante o goverbno de Eduardo Paes; e q1ue sua inclusão automática gera exclusão da criança com deficiência, devendo ser implantado um sistema de inclusão não automática, mas individual, com avaliação criança a criança, com oitiva real dos pais e com preparação dos professores para educá-las e recebê-las nas turmas regulares, quando isso fosse possível, aconselhável e o melhor para a criança. Isso foi bom. Infelizmente pelo tempo curto, não foi dito desta forma que especifico em miúdos consoante conversas que tive pessoalmente com Marcelo Freixo, junto das outras componentes do Movimento MIL, sobre o tema. Neste tema, Otávio Leite e Freixo são os melhores, com certeza.

Aspásia deixou claro que estava ali para pontuar a necessidade de debate social sobre desenvolvimento de economia sustentável com maior foco em indústria da informação e produção artística. Aspásia também tentou entusiasmar os jovens, chamando-os à participação eleitoral. Gostei tambvém de ela ter dito que obras de Copa e Olimpíadas são importantes, mas que se não houver ´política para desenvolver recusros humanos, atletas e não se criar meios de garantir acesso aos jovens a todos estes bens, de nada adiantará a construção de todo o aparato desportivo. Ainda disse que o governo atual foca muito em obras e pouco em pessoas. Pediu ainda que se vote com o coração no primeiro turno. Rodrigo Maia manteve sua postura que já foi objeto de análise como indicado acima, na época do debate da BAND, ou seja, foco no servidor, idosos e comunidades. Otávio também foi bem e no mesmo sentido e foco que foi objeto de análise anterior, por ocasião do Debate na Band.

A grande novidade mesmo é o fato de que somente Marcelo Freixo tem chance de ir a segundo turno e ele insistiu tudo o que pôde para que isso fosse garantido pelo cidadão carioca, pois quem ganha é o debvate democrático, já que o poder cooptativo do atual Prefeito em relação a quase duas dezenas de partidos, assim como o poder econômico por trás de Eduardo Paes fica anulado pela obrigatoriedade de divisão de tempo de televisão entre os dois candidatos.

Eu apóio totalmente o segundo turno e peço para que os eleitores de todos os candidatos que não têm chance, e até mesmo os eleitores mais esclarecidos do Eduardo Paes votem em Freixo para garantir o segundo turno. Não só para melhorar a qualidade do debate eleitoral neste escrutínio, mas para até mesmo pressionar o Eduardo Paes a, caso seja eleito, dar atenção às propostas e denúnicas de Freixo, com vistas a melhorar a qualidade de vida do cidadão carioca.

Muito do que Eduardo Paes fez foi por conta do grande risco que correu de perder a Prefeitura para o Gabeira. E aí? Com esse risco o que ocorreu? A atenção ao meio ambiente aumentou e Eduardo Paes acabaou com Gramaxo e ainda investiu no subúrbio e nos transportes. Três grandes temas de Gabeira. Temos de garantir segundo turno para pressionar o Prefeito a dar atenção aos problemas apontados por Freixo, caso Eduardo Paes seja eleito!!!

Isto é o que a crítica política, na ótica do cidadão, exige e aponta como sendo o melhor, sob a perspectiva do Blog.

O BLOG Perspectiva Crítica apóia Marcelo Freixo (50) para Prefeito e Eliomar Coelho (50.000) para Vereador.

Outros Vereadores de nível são Andrea Gouvea do PSDB, Paulo Pinheiro (50111) do PSOL, Carlos Caiado do PMDB, Vinícius (13013) do PT e Reimont do PT. Thereza Berger do PSDB também é interessante.

 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Interessante capítulo da bolha imobiliária no RJ - Jornal da Globo de 03/10 - Publicidade de oportunidades de compra de imóveis

Muito interessante o Jornal da Globo de quarta para quinta de 03/10/2012 para 04/10/2012, dia em que o jogo do Brasil e Argentina não aconteceu.

Vocês viram um representante do ramo imobiliário informando que "os valores alcançaram patamares irreais" no Rio de Janeiro? E disse que "entretanto agora já está estabilizando e havendo melhores oportunidades"?

Senhores, isso é mais um elemento forte de que imóveis residenciais não podem estar vendendo como deveriam. Fiquem certos disso. Reunirei as informações neste artigo em uma visão retrospectiva para mostrar que mais correção de valores devem estar em curso.

No útlimo semestre de 2011, a Gafisa apontou prejuízo de 1,094 bilhão de reais com falta de vendas, atrasos de pagamentos e retomada de 70% de imóveis residenciais da classe média baixa e 30% da classe média alta por falta de pagamento. No primeiro semestre de 2012 é publicado na Revista Exame, senão me engano, capa com fundo preto, 50 páginas sobre o mercado imobiliário. Com aspecto e roupagem de artigo informativo, mas com viés favorável ao mercado de imóveis, indicando que, na minha leitura sobre o artigo, investir e imóveis continuava a ser bom negócio (com o que não concordo, deixo claro). Em abril de 2012 houve publicação no Wall Street Journal dizendo que imóveis no Brasil estavam sobrevalorizados em 50%. Em seguida temos queda de preços de construtoras de imóveis residenciais nas bolsas ainda no fim do segundo semestre de 2012. Todas as construtoras, bom que se diga. Depois temos no domingo passado, 30/09/2012, um grupo grande de informações em mais de um caderno do Jornal O Globo sobre mercado imobiliário. Dentre estas informações, temos a de que 49% dos lançamentos imobiliários residenciais ocorreriam no último trimestre de 2012 (o correto seria que 25% dos lançamentos ocorressem no último semestre).  E agora, ontem, temos esta abordagem do tema indicando e confirmando que representantes de construtores acham que os preços estão muito altos e que o mercado "estabilizou" e vai apresentar "oportunidades" (se eles concordam hoje com isso que dizemos há tempos, é porque o preço já chegou no ápice há algum bom tempo).

Senhores, já houve uma queda de preço de imóveis durante o primeiro semestre de 2012, via liquidações e promoções. As quedas chegaram a 25% e 30%, nestes casos. Mas lançamentos imobiliários ainda estão sendo apresentados em valores altos. Um grande colaborador nosso, Felipe Conti, chegou a comentar que não via a queda realizada em 25% e 30%. Informei que não era generalizado ainda, mas que ocorria. E que os preços nunca chegariam ao que ocorreu nos EUA, claro.

O mercado também acenava com menos construções residenciais e focava mais em imóveis para serem alugados (um quarto, loft, no máximo dois quartos - de metragem pequena) e comerciais, tentando contornar o problema de encalhe de estoque de imóveis residenciais; o qual realmente existe, já foi noticiado no primeiro semestre de 2012 e tem grande motivo no endividamento das famílias brasileiras.

Para mim, este contexto todo está indicando, posso estar errado (mas não creio), novo momento de queda e acomodação de preços de imóveis residenciais, em um segundo momento de esvaziamento da bolha imobiliária brasileira.

Agora, vejam, estes dados todos juntos estão me dando a impressão de que as construtoras estão investindo na publicidade de uma "oportunidade" de compra, que hoje ainda não existe. Tem que baixar para isto ocorrer. O momento é de venda pois está caro pra caramba! Ninguém em seus respectivos bairros vê possibilidades de vender e comprar no mesmo bairro. O patrimônio imóvel está muito valorizado e isto não indica oportunidade de compra, por definição. Isso indica oportunidade de venda! E foi o que uma senhora estava anunciando no Jornal da Globo, ou seja, comprou mansão por 3 milhões e queria vender por seis milhões. Ela está certa. Vender nesse momento é interessante. Então, comprar não é. É simples assim.

Outra coisa... artigo de 50 páginas na Revista Exame sobre mesmo tema? Isso, senhores, é publicidade. Isto não é artigo. Isso é matéria paga!! As matérias de domingo passado e de ontem também me parecem assessoria de imprensa para construtoras de imóveis residenciais. Para mim, configura-se a não venda de imóveis residenciais, e estamos vendo a pressão publicitária para estimular compra de imóveis, ou seja... aproxima-se nova correção de valores de imóveis. Isso estaria de acordo com nossa previsão de ajustes até ao menos junho de 2013.

É o que acho.

p.s.: texto revisto e ampliado

terça-feira, 2 de outubro de 2012

45.186 acessos em 27 meses! Proposta de profissionalização do Blog!

É.. nos aproximando dos primeiros 50 mil acessos!!! Dedico a vocês seguidores, amigos e leitores o crescimento do acesso e a manutenção e constância dos acessos e desta evolução numérica de acessos.

Tive uma proposta de profissionalização do Blog! já estou com o domínio www.perspectivacritica.com.br e você já pode acessar o Blog por este endereço eletrônico também. Com site eu teria mais liberdade para criar lista de Blogs de acesso do blogger, disponibilizar links e criar outros tipos de acessos e visualização das informações do Blog para facilitar suas pesquisas ou buscas no conteúdo do Blog.

Vamos ver como a coisa evolui... com mais recursos ou com menos recursos, nossa caminhada será longa,.. e cada vez em mais companhia!! Naturalmente mais em aumento numérico, pois em termos qualitativos os acréscimos de acesso só podem almejar manter o nível, porque vocês são demais!!! rsrsrsrs

Absssssssss


O Mercosul e o xadrez geopolítico das Américas

Pessoal, importantíssimo este texto escrito por Samuel Pinheiro Guimarães para a Carta Maior e reproduzido pela Revista "Idéias em Revista" do Sisejufe/RJ (Sindicato dos Servidores das Justiças Federais do Rio de Janeiro).

Samuel Pinheiro Guimarães  é Diplomata. Foi designado Alto-Representante Geral do Mercosul tendo como funções a articulação política, formulação de propostas e representação das posições comuns do bloco. Na função, Samuel Pinheiro coordenava a implementação das metas previstas no Plano de Ação para um Estatuto de Cidadania do Mercosul, aprovado em Foz do Iguaçu, em 16 de dezembro de 2010. Renunciou ao cargo, contudo em 28 de junho de 2012 (apresentação copiada integralmente da Revista Idéias em Revista, ano V, n.º 38, setembro e Outubro de 2012, fl. 19).

Este texto é incrível e você não pode deixar de ler. Pelo rigor de seu conteúdo e clareza de sua informação, passa de ser um texto a que você tem direito de ler e, na qualidade de cidadão e responsável por você, seus familiaree, amigos e pelo País, torna-se um dever sua leitura e a tradução do real embate político internacional que existe em torno da questão do golpe de Estado no Paraguai, inclusão da Venezuela no Mercosul e a consequência para o fortalecimento de um projeto de América Latina autônoma e enfraquecimento de pretensões norteamericanas sobre o território e mercado sulamericano. O texto é uma jóia rara a que você nunca terá acesso a não ser pela Carta Maior, site Sisejufe/RJ e, agora, pelo Blog Perspectiva Critica (dentre outros reprodutores da notícia através de sites e blogs autônomos), com muito orgulho.

Segue o texto abaixo reproduzido pela Revista Idéias em Revista, do Sisejufe/RJ, publicado originalmente no peíódico Carta Maior e acessível em http://ponto.outraspalavras.net/2012/07/19/paraguai-xadrez-geopolitico-das-americas/

"Processo para incorporação da Venezuela surpreendeu Washington e direita sul-americana e abre novas perspectivas para região. Por isso, será bombardeado pela mídia.


Por Samuel Pinheiro Guimarães, em Carta Maior


1. Não há como entender as peripécias da política sul-americana sem levar em conta a política dos Estados Unidos para a América do Sul. Os Estados Unidos ainda são o principal ator político na América do Sul e pela descrição de seus objetivos devemos começar.


2. Na América do Sul, o objetivo estratégico central dos Estados Unidos, que apesar do seu enfraquecimento continuam sendo a maior potência política, militar, econômica e cultural do mundo, é incorporar todos os países da região à sua economia. Esta incorporação econômica leva, necessariamente, a um alinhamento político dos países mais fracos com os Estados Unidos nas negociações e nas crises internacionais.


3. O instrumento tático norte-americano para atingir este objetivo consiste em promover a adoção legal pelos países da América do Sul de normas de liberalização a mais ampla do comércio, das finanças e investimentos, dos serviços e de “proteção” à propriedade intelectual através da negociação de acordos em nível regional e bilateral.


4. Este é um objetivo estratégico histórico e permanente. Uma de suas primeiras manifestações ocorreu em 1889 na I Conferência Internacional Americana, que se realizou em Washington, quando os EUA, já então a primeira potência industrial do mundo, propuseram a negociação de um acordo de livre comércio nas Américas e a adoção, por todos os países da região, de uma mesma moeda, o dólar.


5. Outros momentos desta estratégia foram o acordo de livre comércio EUA-Canadá; o NAFTA (Área de Livre Comércio da América do Norte, incluindo além do Canadá, o México); a proposta de criação de uma Área de Livre Comércio das Américas – ALCA e, finalmente, os acordos bilaterais com o Chile, Peru, Colômbia e com os países da América Central.


6. Neste contexto hemisférico, o principal objetivo norte-americano é incorporar o Brasil e a Argentina, que são as duas principais economias industriais da América do Sul, a este grande “conjunto” de áreas de livre comércio bilaterais, onde as regras relativas ao movimento de capitais, aos investimentos estrangeiros, aos serviços, às compras governamentais, à propriedade intelectual, à defesa comercial, às relações entre investidores estrangeiros e Estados seriam não somente as mesmas como permitiriam a plena liberdade de ação para as megaempresas multinacionais e reduziria ao mínimo a capacidade dos Estados nacionais para promover o desenvolvimento, ainda que capitalista, de suas sociedades e de proteger e desenvolver suas empresas (e capitais nacionais) e sua força de trabalho.


7. A existência do Mercosul, cuja premissa é a preferência em seus mercados às empresas (nacionais ou estrangeiras) instaladas nos territórios da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai em relação às empresas que se encontram fora desse território e que procura se expandir na tentativa de construir uma área econômica comum, é incompatível com objetivo norte-americano de liberalização geral do comércio de bens, de serviços, de capitais etc que beneficia as suas megaempresas, naturalmente muitíssimo mais poderosas do que as empresas sul-americanas.


8. De outro lado, um objetivo (político e econômico) vital para os Estados Unidos é assegurar o suprimento de energia para sua economia, pois importam 11 milhões de barris diários de petróleo sendo que 20% provêm do Golfo Pérsico, área de extraordinária instabilidade, turbulência e conflito.


9. As empresas americanas foram responsáveis pelo desenvolvimento do setor petrolífero na Venezuela a partir da década de 1920. De um lado, a Venezuela tradicionalmente fornecia petróleo aos Estados Unidos e, de outro lado, importava os equipamentos para a indústria de petróleo e os bens de consumo para sua população, inclusive alimentos.


10. Com a eleição de Hugo Chávez, em 1998, suas decisões de reorientar a política externa (econômica e política) da Venezuela em direção à América do Sul (i.e. principal, mas não exclusivamente ao Brasil), assim como de construir a infraestrutura e diversificar a economia agrícola e industrial do país viriam a romper a profunda dependência da Venezuela em relação aos Estados Unidos.


11. Esta decisão venezuelana, que atingiu frontalmente o objetivo estratégico da política exterior americana de garantir o acesso a fontes de energia, próximas e seguras, se tornou ainda mais importante no momento em que a Venezuela passou a ser o maior país do mundo em reservas de petróleo e em que a situação do Oriente Próximo é cada vez mais volátil.


12. Desde então desencadeou-se uma campanha mundial e regional de mídia contra o Presidente Chávez e a Venezuela, procurando demonizá-lo e caracterizá-lo como ditador, autoritário, inimigo da liberdade de imprensa, populista, demagogo etc. A Venezuela, segundo a mídia, não seria uma democracia e para isto criaram uma “teoria” segundo a qual ainda que um presidente tenha sido eleito democraticamente, ele, ao não “governar democraticamente”, seria um ditador e, portanto, poderia ser derrubado. Aliás, o golpe já havia sido tentado em 2002 e os primeiros lideres a reconhecer o “governo” que emergiu desse golpe na Venezuela foram George Walker Bush e José María Aznar.


13. À medida que o Presidente Chávez começou a diversificar suas exportações de petróleo, notadamente para a China, substituiu a Rússia no suprimento energético de Cuba e passou a apoiar governos progressistas eleitos democraticamente, como os da Bolívia e do Equador, empenhados em enfrentar as oligarquias da riqueza e do poder, os ataques redobraram orquestrados em toda a mídia da região (e do mundo).


14. Isto apesar de não haver dúvida sobre a legitimidade democrática do Presidente Chávez que, desde 1998, disputou doze eleições, que foram todas consideradas livres e legítimas por observadores internacionais, inclusive o Centro Carter, a ONU e a OEA.


15. Em 2001, a Venezuela apresentou, pela primeira vez, sua candidatura ao Mercosul. Em 2006, após o término das negociações técnicas, o Protocolo de adesão da Venezuela foi assinado pelos Presidentes Chávez, Lula, Kirchner, Tabaré e Nicanor Duarte, do Paraguai, membro do Partido Colorado. Começou então o processo de aprovação do ingresso da Venezuela pelos Congressos dos quatro países, sob cerrada campanha da imprensa conservadora, agora preocupada com o “futuro” do Mercosul que, sob a influência de Chávez, poderia, segundo ela, “prejudicar” as negociações internacionais do bloco etc. Aquela mesma imprensa que rotineiramente criticava o Mercosul e que advogava a celebração de acordos de livre comércio com os Estados Unidos, com a União Européia etc, se possível até de forma bilateral, e que considerava a existência do Mercosul um entrave à plena inserção dos países do bloco na economia mundial, passou a se preocupar com a “sobrevivência” do bloco.


16. Aprovado pelos Congressos da Argentina, do Brasil, do Uruguai e da Venezuela, o ingresso da Venezuela passou a depender da aprovação do Senado paraguaio, dominado pelos partidos conservadores representantes das oligarquias rurais e do “comércio informal”, que passou a exercer um poder de veto, influenciado em parte pela sua oposição permanente ao Presidente Fernando Lugo, contra quem tentou 23 processos de “impeachment” desde a sua posse em 2008.


17. O ingresso da Venezuela no Mercosul teria quatro consequências: dificultar a “remoção” do Presidente Chávez através de um golpe de Estado; impedir a eventual reincorporação da Venezuela e de seu enorme potencial econômico e energético à economia americana; fortalecer o Mercosul e torná-lo ainda mais atraente à adesão dos demais países da América do Sul; dificultar o projeto americano permanente de criação de uma área de livre comércio na América Latina, agora pela eventual “fusão” dos acordos bilaterais de comércio, de que o acordo da Aliança do Pacifico é um exemplo.


18. Assim, a recusa do Senado paraguaio em aprovar o ingresso da Venezuela no Mercosul tornou-se questão estratégica fundamental para a política norte americana na América do Sul.


19. Os líderes políticos do Partido Colorado, que esteve no poder no Paraguai durante sessenta anos, até a eleição de Lugo, e os do Partido Liberal, que participava do governo Lugo, certamente avaliaram que as sanções contra o Paraguai em decorrência do impedimento de Lugo, seriam principalmente políticas, e não econômicas, limitando-se a não poder o Paraguai participar de reuniões de Presidentes e de Ministros do bloco.


Feita esta avaliação, desfecharam o golpe. Primeiro, o Partido Liberal deixou o governo e aliou-se aos Colorados e à União Nacional dos Cidadãos Éticos – UNACE e aprovaram, a toque de caixa, em uma sessão, uma resolução que consagrou um rito super-sumário de “impeachment”.


Assim, ignoraram o Artigo 17 da Constituição paraguaia que determina que “no processo penal, ou em qualquer outro do qual possa derivar pena ou sanção, toda pessoa tem direito a dispor das cópias, meios e prazos indispensáveis para apresentação de sua defesa, e a poder oferecer, praticar, controlar e impugnar provas”, e o artigo 16 que afirma que o direito de defesa das pessoas é inviolável.


20. Em 2003, o processo de impedimento contra o Presidente Macchi, que não foi aprovado, levou cerca de 3 meses enquanto o processo contra Fernando Lugo foi iniciado e encerrado em cerca de 36 horas. O pedido de revisão de constitucionalidade apresentado pelo Presidente Lugo junto à Corte Suprema de Justiça do Paraguai sequer foi examinado, tendo sido rejeitado in limine.


21. O processo de impedimento do Presidente Fernando Lugo foi considerado golpe por todos os Estados da América do Sul e de acordo com o Compromisso Democrático do Mercosul o Paraguai foi suspenso da Unasur e do Mercosul, sem que os neogolpistas manifestassem qualquer consideração pelas gestões dos Chanceleres da UNASUR, que receberam, aliás, com arrogância.


22. Em consequência da suspensão paraguaia, foi possível e legal para os governos da Argentina, do Brasil e do Uruguai aprovarem o ingresso da Venezuela no Mercosul a partir de 31 de julho próximo. Acontecimento que nem os neogolpistas nem seus admiradores mais fervorosos – EUA, Espanha, Vaticano, Alemanha, os primeiros a reconhecer o governo ilegal de Franco – parecem ter previsto.



23. Diante desta evolução inesperada, toda a imprensa conservadora dos três países, e a do Paraguai, e os líderes e partidos conservadores da região, partiram em socorro dos neogolpistas com toda sorte de argumentos, proclamando a ilegalidade da suspensão do Paraguai (e, portanto, afirmando a legalidade do golpe) e a inclusão da Venezuela, já que a suspensão do Paraguai teria sido ilegal.



24. Agora, o Paraguai procura obter uma decisão do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul sobre a legalidade de sua suspensão do Mercosul enquanto, no Brasil, o líder do PSDB anuncia que recorrerá à justiça brasileira sobre a legalidade da suspensão do Paraguai e do ingresso da Venezuela.


25. A política externa norte-americana na América do Sul sofreu as consequências totalmente inesperadas da pressa dos neogolpistas paraguaios em assumir o poder, com tamanha voracidade que não podiam aguardar até abril de 2013, quando serão realizadas as eleições, e agora articula todos os seus aliados para fazer reverter a decisão de ingresso da Venezuela.


26. Na realidade, a questão do Paraguai é a questão da Venezuela, da disputa por influência econômica e política na América do Sul e de seu futuro como região soberana e desenvolvida."

É uma análise autônoma. Trata-se de uma explicação de engenhos de diplomacia internacional feita por um diplomata de carreira brasileiro encarregado de altas funções no Mercosul. É chocante. Mas repetir somente as versões publicadas em jornal da grande mídia brasileira, que é amplamente favorável a proximidade umbilical com o captial estrangeiro e em especial norteamericano, pode até ser mais fácil, já que repetido por todos (o que facilita sensação de aceitação social), mas não é o que corresponde melhor à realidade, nem o que lhe mais beneficia como cidadão brasileiro, futuro cidadão mercosulista, nem garantirá futuro independente e autônomo e respeitável ao nosso país no mundo.

p.s.: É importante que você leia este texto como uma perspectiva da realidade internacional a que você não tem acesso. Depois reflita por você mesmo sobre o que acontece. Compare as ionformações. O que a mídia te sonega é que essa informação existe, entende? E você concordar com as premissas apresentadas aqui, com as quais concordo plenamente, não quer dizer que você apóia Chávez, o governo de Chávez ou os resultados medíocres de sua política econômica para a sociedade venezuelana (se é que há política econômica venezuelana). Entender e/ou concordar com o que está escrito é entender o que ocorre por detrás dos fatos políticos (a) destituição de Lugo, de forma inconstitucional ao próprio Paraguai, (b) entrada da Venezuela no Mercosul e (c) forças e interesses internacionais em conflito. É só isso... só não, porque é muito.

Revista da última quinzena - Dilma, ONU, O Globo, Educação, Economia e Imóveis

Pessoal, estive de férias. Por isso diminuiu a produção. Não posso me desculpar, claro, pois férias são férias. Mas vou, neste momento de retomada, fazer uma breve tomada de questões que me chamaram a atenção neste período.

Críticas do Editorial do Globo às declarações de Dilma na ONU - Achei por duas vezes desagradável o Editorial do Globo neste período. A primeira vez foi quando a Dilma, ao apontar que o FED injetando bilhões de dólares por dia na economia americana, estaria criando um risco de novo tsunami monetário que prejudicaria as economias emergentes, dentre elas o Brasil. O Globo saiu em defesa das medidas norteamericanas, dizendo que pior seria se eles nada fizessem para ativar sua economia. Em uma parte pequena não se pode tirar razão deste editorial, mas pareceu que ele pouco se importou com o fato de que realmente a medida fácil e inflacionária americana não é ortodoxa, não é austera e deprecia o dólar, alavancando artificialmente a competitividade das empresas e exportações americanas, prejudicando todo o comérico mundial e o fluxo de capitais, inclusive e principalmente nos prejudicando. E em seguida, quando a Dilma resolveu abordar o tema sensibilíssimo e sério, expondo uma manobra artificial americana de aumentar a competitividade de suas empresas, e acusando nossas medidas legais de aumento de taxas de importação (aumentos de até 35% para defender a economia nacional é permitido pela OMC), mais uma vez o Globo se posicionou criticando-a em seu editorial, dizendo que este não era o Fórum apropriado para este tema. Ela também falou sobre Síria e tudo o mais, mas achei estranho o objetivo em desprestigiar a postura correta da Presidente do Brasil em defender uma perspectiva mundial que considere interesses e dificuldades do Brasil e dos emergentes. O interesse em impedir uma disseminação de boa imagem da Presidente da República para que não repercuta de alguma forma em mais votos em candidatos do PT na eleição que se aproxima não deveria ficar acima do apoio à defesa do interesse nacional.

Abordagens do Globo à questão da educação - O Globo tem dado boa dimensão à questão da educação e evasão escolar recente. Hoje também já tangenciou a questão de remuneração do professor público. Isso é um avanço. Mas nunca há a correlação entre a remuneração do professor e a garantia de qualidade de educação. Não houve apoio à greve dos professores universitários. E nunca houve uma pesquisa comparativa entre o salário pago ao professor público no Brasil e nos EUA e Europa. O Brasil é a sexta economia mundial, mas o salário de nossos professores públicos estão comparáveis a que país nesta escala de importância econômica? 70% das universidades americanas parecem que são públicas, mas todas pagas, claro. Mas essa informaçaõ dá a dimensão de que deixar para a área privada a educação superior não é o melhor, pois os investimentos são muito altos e os riscos financeiros também. Na Europa grande parte das universidade de renome são públicas egratuitas. A questão da educação é chave e a mídia finge se importar, mas sem abordagem séria de política remuneratória do professor público em todos os níveis e enaltecimento da imagem do professor público profissional, a verdade é que a mídia não está ajudando verdadeiramente no tema.

Economia - As primeiras previsões de Mantega de que o ano de 2013 teria crescimento do PIB em 4,5% foram laureadas com notas e artigos jocosos da mídia. Agora, depois que o FMI admitiu os mesmos percentuais e o Boletim Focus teve de se curvar a estas previsões, você pode notar um certo marasmo na área de notícias econômicas. Isso é bom. O correto não é publicar um dia uma coisa e no outro algo diametralmente oposto. O correto é o acompnhamento diário dos fatos econômicos e analisar em períodos de três a seis meses os efeitos de medidas adotadas pelo governo. Ainda há torcida contra medidas do governo de controle econômico, principalmente se são medidas com menos impacto inflacionário (medidas macroiprudenciais) e medidas que não levem a aumento de juros selic (o que enriquece bancos em detrimento á divida pública brasileira). Mas a verdade é que na economia ainda estamos muito bem obrigado. Empregos são criados, apesar de ritmo menor, inflação controlada e dentro da meta inflacionária, controle/liberdade cambial dentro de parâmetros responsáveis e factíveis (daí a preocupação de Dilma com a torrente de bilhões de dólares no mercado americano, para continuar possível e tranquila a administração do câmbio no Brasil, protegendo nossa indústria... e a mídia só pensou em apoiar as medidas americanas.. interessante) e previsão de crescimento baixo este ano (1,6% do PIB, mas superior à Alemanha, França e quase todo o mundo rico) e bem maior para o ano de 2013 (4,5%), o que indica saúde econômica do país, mesmo face à estagnação global e índices de desemprego catastróficos em alguns países europeus (Espanha está com 30% de desemprego segundo útlimas notícias).

Imóveis - Recentemente houve informação de que 49% dos lançamentos residencias deste ano de 2012 ocorrerão neste último trimestre. Por que esta concentração de lançamentos? Porque o mercado parou. Lógico, as famílias brasileiras estão endividadas e grande parte de quem tinha crédito para pagar grandes somas por apartamentos e casas próprias, já pegou e está com dívidas de mais de 20 anos para serem pagas. Este mercado econômico é o de que se tem menos informação de qualidade. Espanta-me o fato de que lançamentos novos atuais ainda estão sendo feitos com base em valores estratosféricos. Em Botafogo diz-se que o valor médio de imóveis fica em 1,367 milhão. Na rua gastão baiana, entre a Lagoa e Copacabana, um prédio com três e quatro quartos está sendo erquigo pedindo-se ém torno de 3,5 milhões por apartamento. Ou seja, 1 mihão por quarto em média. Não há ônibus, não há metrô próximo. É no alto da Gastão Baiana, um lugar calmo sem dúvida. Não acompanhei a continuidade de promoções de imóveis que ocorreu no primeiro semestre de 2012. Mas estou impressionado com a continuidade de prática de valores altos em lançamentos. O investimento em imóveis, mesmo para obter aluguéis, fica sem tão boa perspectiva se feito em bases altas como as praticadas, pois o retorno do investimento diminui se a compra de imóvel é dispendiosa. Será que esses lançamentos serão feitos por valores inflados agora para fazerem novas ofertas em janeiro de 2013? Só acompanhando. Mesmo a baixa do juros selic não pode por si só validar qualquer investimento em imóveis pois a selic tem rendimento garantido, e construção de imóvel tem risco, assim como alugar imóvel também tem risco. Importante notar que há previsão para normalização da economia mundial para daqui entre três e cinco anos. Teremos de avaliar esta situação, mas a minha opinião é que a normalização da economia será um grande despressurizador do mercado imobiliário, pois o mercado acionário poderá evoluir e dar maiores rendimentos, atraindo valores e estimulando migração de capitais de outros mercados, inclusive, e talvez principalmente, do mercado imobiliário. Seguimos acompanhando. Saiba que antes da crise de 2008, a previsão para o bolsa brasileira era de alcançar entre 84  e 94 mil pontos. Hoje ainda está em 60 mil.
 

Carta Aberta de Theotonio dos Santos a Fernando Henrique

Acho que vale muito a pena ler esta resposta de Theotonio dos Santos à Carta Aberta de Fernando Hernique datada de fevereiro de 2010. Apesar de de a data do debate ser de mais de dois anos atrás, o conteúdo do debate é atual, pois toca os temas e questionamentos eternos sobre  a inflação no Brasil foi dominada pelo Plano Real, sobre se os avanços sociais e econômicos do Governo Lula foram meras consequências inafastáveis dos benefícios criados pelo Plano Real, estabilidade econômica e fiscal "criada e alcançada na época do Governo Fernando Henrique".

Theotonio dos Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável. Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Acesse: http://theotoniodossantos.blogspot.com.br/2010/10/carta-aberta-fernando-henrique-cardoso.html

Abaixo a transcrição da Carta Aberta deTheotonio dos Santos e sua acusação de que os temas acima descritos e autointitulados bens alcançados pelo Plano Real e pelo Governo do Fernando Henrique são meros mitos. No site do autor há a cópia da Carta Aberta de Fernando Henrique, que gerou a presente resposta. É um capítulo importante do debate na política nacional que vale a pena rever, principalmente porque é atual.

"Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso


Meu caro Fernando,

Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete comtudo este debate teórico. Esta carta assiada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000).

Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.

O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartir com você... Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.

No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?

Conclusões: O plano real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.

Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.

E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. UM GOVERNO QUE CHEGOU A PAGAR 50% AO ANO DE JUROS POR SEUS TÍTULOS, PARA EM SEGUIDA DEPOSITAR OS INVESTIMENTOS VINDOS DO EXTERIOR EM MOEDA FORTE A JUROS NORMAIS DE 3 A 4%, NÃO PODE FUGIR DO FATO DE QUE CRIOU UMA DÍVIDA COLOSSAL SÓ PARA ATRAIR CAPITAIS DO EXTERIOR PARA COBRIR OS DÉFICITS COMERCIAIS COLOSSAIS GERADOS POR UMA MOEDA SOBREVALORIZADA QUE IMPEDIA A EXPORTAÇÃO, AGRAVADA AINDA MAIS PELOS JUROS ABSURDOS QUE PAGAVA PARA COBRIR O DÉFICIT QUE GERAVA. Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. VERGONHA FERNANDO. MUITA VERGONHA. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identifica com o seu governo...te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.

Terceiro mito - Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição ns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia.

Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-econômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa. Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar... Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este pais.

Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.

Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o vedadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.

Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.

Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço


Theotonio Dos Santos"