quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Investimento social e retorno em renda familiar e crescimento do PIB

Uma coisa que sempre me chamou a atenção é que os investimentos sociais (educação, saúde, aumento de salário mínimo, aumento de remuneração de servidores) sempre são encarados pelo lado da despesa pública. Nunca se fala do retorno social. Por exemplo, se você emprega mais na área privada e paga melhor, o INSS recebe mais valores e pode garantir todos os benefícios previdenciários imediatos e futuros. Se vocÊ contrata mais funcionário público ou aumenta sua remuneração, de forma responsável e sustentadamente, vocÊ aumenta recolhimento de imposto de renda e ainda garante mais e melhor atendimento na área pública.

Isso é até mais fácil de ver, apesar de nunca os jornais publicarem isso, mas e a educação? Quanto há de retorno para a economia com investimento em educação pública?

Pessoal, fico extremamente satisfeito com o artigo publicado pelo Globo intitulado "Cada R$ 1 gasto em educação pública gera R$ 1,85 para o PIB, diz Ipea‏". Resumidamente, informa que o retorno para renda familiar e cresimento do PIB do investimento em educação é muito maior, por exemplo do que o mesmo retorno proporcionado pelo investimeno em atividade exportadora!!!!

Enquanto um real investido na atividade exportadora repercute em aumento de 1,04 reais de renda familiar, 1 real em educação gera 1,85 para o PIB e 1,45 em renda familiar!!

É isso. É esse tipo de informação que nos interessa. Se não podemos convencer a sociedade e o Estado em investir em educação por princípio, porque proporciona o desenvolvimento da capacidade plena intelectual e humana de nossos cidadãos, então que se veja que também é um excelente negócio!!! Agora, se o IPEA fosse privado, vocÊs acham que este tipo de pesquisa apareceria para nós? Até hoje nenhum instituto de pesquisa privado tinha se interessado sobre este tipo de pesquisa, não é?

Acessem o artigo do globo: http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/02/03/cada-1-gasto-em-educacao-publica-gera-1-85-para-pib-diz-ipea-923728279.asp

E fiquem com esse trecho do artigo: "Nenhum gasto público social contribui tanto para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) quanto o que é feito em educação e saúde. Cada R$ 1 gasto com educação pública gera R$ 1,85 para o PIB. O mesmo valor gasto na saúde gera R$ 1,70. Os valores levam em conta gastos de União, estados e municípios." (artigo em comento, publicado em 04/02/2011, no Jornal O Globo)

Investimento em Saúde e Educação já!!!

A precarização da saúde no setor privado

Pessoal, isso é muito grave. Compartilho com vocês tema que foi objeto de carta minha a um Deputado Federal como sugestão de projeto de lei para melhora de prestação de serviço médico na área privada.

Os planos privados estão sendo inchados pela ascenção da clásse média baixa (o que é ótimo sob perspectiva social) e não está havendo regra que obrigue a manutenção de estrutura proporcional à demanda, gerando pagamento de plano e não prestação de serviço médico através do plano de saúde!!!!! A solução é obrigar aos planos a manterem ofertas de leitos, quartos, ctis, enfermarias, médicos e enfermeiros em proporção ao número de segurados do plano de saúde, ou potencial paciente. Essa a sugestão de um médico amigo meu. O mesmo pode ser pensado para hospitais. Deveriam ser obrigados a manter número proporcional de leitos, Utis, enfermarias, médicos e enfermeiros, consoante o número de pacientes, por plano com o qual fecham contrato.

Esse descasamento entre pacientes/segurados e número de médicos/ctis/quartos/enfermarias está precarizando o serviço médico particular. Eu passei mal e fui ser atendido no Quinta D'Or, há duas semanas, através do plano Unimed. Fiquei 2 horas e 45 minutos e não consegui ser atendido por médico algum. Fui atendido por uma enfermeira depois de uma hora, e aguardei um clínico geral por 1h45min, quando desisti, às 00:00h!!! Se eu me dispusesse a esperar, seria atendido pelo clínico, e depois aguardaria para ser encaminhado para um especialista, o qual, depois, me sugeriria exames, pelos quais eu também aguardaria!!!! Processarei o hospital por negativa de prestação de serviço médico e perda de tempo livre.

A solução definitiva, para mim é investimento na saúde pública, mas enquanto não vem, regras para tornar viável a prestação de serviço de saúde contratado são necessárias e urgentes!!!

Também soube que os representantes da Rede D'Or pediram audiÊncia para se encontrar com o Governador Sérgio Cabral para pedir que sejam baixados os salários dos médicos contratados para as UPAs, pois estava acarretando a saída de médicos da área privada.

Senhores, é isso que digo. Tem que investir na área pública para dar dignidade para o médico e dignidade para o seu atendimento. Ao invés de se reunir com o Governador para pedir baixa do salário do médico público, a área privada deveria diminuir seus lucros e aumentar o salário do médico, concorda? É isso que a área privada mais teme, acompanhada pela mídia que é remunerada por seus anúncios: a concorrÊncia da área pública por profissionais qualificados.

Fiquem atentos aos seus próprios interesses senhores. Precarização do serviço público é tudo o que a área privada quer, só que quando há ascenção social como houve nesses últimos oito anos, a área privada não se programou para te atender bem e agora quer que o programa de melhora da saúde pública pare para ele não ter de pagar melhor os médicos. Isso interessa a você?!?!

Sérgio Cabral, continue os investimentos na saúde pública. Não baixe o salário dos médicos das UPAs!!! E mande os representantes da rede D'Or ou outra rede privada de saúde, bem como as seguradoras, aumentarem o salário dos médicos. Nâo me importa o aumento dos planos de saúde (o que se resolve com concorrência na área privada), se eu tiver a opção de ser bem atendido na área pública. Além disso esta área pública é a única saída para pobres, portanto, a recuperação do investimento na saúde pública é essencial para a defesa da cidadania e é a única resposta ética de um governo comprometido com o bem comum.

ps.: texto revisto, corrigido e ampliado em 10/02/2011, sem qualquer alteração de sentido, como sempre.

Sobre a inflação de 5,99% em janeiro de 2011: Inflação de demanda x inflação de oferta

Demorou, mas chegou? A economia desandou? É o fim do mundo? É a demonstração de que está tudo errado e só depois da eleição ficou patente?

Pessoal, vejo os comentários no Globo on line e vejo que o trabalho de se manter bem informado vai muito além de ler jornalzinho em determinado dia. As pessoas ficam maluquinhas com manchete e entram fácil no clima que o jornal quiser criar. É impressionante.

Parte da culpa é dos jornais, que não informam imparcialmente e tentam fazer alarde com fatos totalmente compreensíveis. Mas parte é do leitor que se acomoda em somente ler um jornalzinho e transferir a responsabilidade da compreensão dos fatos para quem cria a manchete, a qual existe para incentivar a venda do jornal. Mas, pelo menos a vida dessas pessoas é mais emocionante, não é?

Serei brevíssimo e colocarei aqui o que postei no Globo on line, na esperança de colocar os pingos nos "is".

A inflação de 2010 somente foi de 5,6% por causa da inflação de 10% dos alimentos no ano passado. Só que alimento depende de clima e isso nada tem a ver com inflação de demanda; tem a ver com oferta. Sem contar a inflação de alimentos, a inflação de 2010fechou em 4,6%, exatamente na meta. Isso foi publicado em jornal, mas a manchete ficou com o 5,6%, pois dá a impressão de que tudo desanda, cria pânico e vende jornal.

Subir juros, controlar a inflação, isso é sempre para a inflação de demanda. Inflação de demanda depende de haver dinheiro na mão das famílias para consumo. Portanto, aumentar juros Selic, encurtar prazos de contratos de empréstimo, exigir aumento de compulsório de bancos e aumentar exigência de capital próprio de bancos em operações de empréstimo diminui dinheiro na mão das famílias, encarece crédito e diminui inflação de demanda.

Mas nada disso adianta se o aumento do petróleo deriva de guerra ou clima de guerra no Golfo Pérsico, ou queda de produção de petróleo por decisão da Opep, ou desastre e quebra de produção por sabotagem industrial ou por furacões no Golfo do México. Nesses casos, há o aumento do preço do petróleo, ele repercute na inflação, mas é passageiro e só adianta esperar que seu efeito suma nos números, com o tempo.

O mesmo acontece com produção agrícola. Se houve seca ou geada ou se as chuvas destruíram as colheitas, o que acontece? Haverá menos oferta desses alimentos e como a procura é a mesma de antes, pois a população não diminuiu na mesma proporção em que morreram os pés de alface, o preço dos alimentos aumenta. Essa inflação não é passível, como no caso do petróleo acima mencionado, de controle via Banco Central, ou diminuição de gastos do governo. É claro que se o Bacen diminuir prazos de empréstimo ou tomar as medidas mencionadas mesmo em caso de inflação aumentada por problemas com a oferta, pode haver uma diminuição de inflação, mas será sacrificando a demanda desproporcionalmente à necessidade, já que o problema foi a oferta! Inflação de oferta se resolve aumentadno a oferta: importando e/ou incentivando maior produção.

A inflação de 5,99% referente aos últimos 12 meses, incluindo janeiro de 2011 tem embutida muita inflação de alimentos, petróleo e minério de ferro. O primeiro por problemas climáticos que afetaram a produção na China, Brasil, Austrália e Argentina; o segundo por tensão no Golfo Pérsico (Irã e agora esse problema com Egito se espalhando pelo Oriente Médio gerando dúvidas sobre regularidade de fornecimento de petróleo) e o terceiro com a contínua demanda de minério de ferro pela China, Índia e Brasil e recuperação de preços do minério de ferro no mercado internacional. Isso é inflação de oferta, portanto, não demonstra descontrole inflacionário no Brasil e não exige mais aumento de Selic ou medidas do Bacen. É trabalhar para normalizar a oferta.

Em janeiro ainda há, todo o ano, acostumem-se, reajuste das escolas e dos contratos públicos de transporte (concessões de transporte público), portanto, isso ajuda a aumentar o índice de janeiro. Mas não ocorrerá de novo durante o ano. POrtanto, não alterou a curva inflacionária de médio prazo, mas só do mês de janeiro, com um pequeno reflexo em fevereiro.

Em março (ver p.s. 09/05/2011), com a medida de corte de 50 bilhões do Governo Federal ou não, os índices de inflação começarão a diminuir, a não ser que haja mais desgraça climática ou guerra ou degradação de condições políticas no golfo Pérsico que prejudiquem a produção petrolífera.

Agora, como o mercado trabalha só com números e os jornais, exceto o Jonral do Commercio, não tratam o tema de maneira mais objetiva, alimentando o pânico somente pela perspectiva de gastos de governo e descontrole inflacionário, o governo tem que anunciar medidas que desfaçam a desinformação causada pela mídia sobre inflação, pois esse tipo de desinformação, se não for combatida, pode alimentar a espiral inflacionária, pois pode mudar o comportamento das pessoas que achando que a inflação sairá do controle passaria a comprar e fazer estoque alimentício, por exemplo, gerando aí sim, inflação de demanda. Aí transforma-se inflação de oferta, que normalmente sumiria com a normalização das coisas, em inflação de demanda e, nesse momento, o jornal tendencioso que plantou vento, colhe tempestade e vira o jornal de visão de futuro, o Mr. Apocalipse, que sempre disse que tudo estava errado e que agora se confirmou.

Então senhores e senhoras, não se alarmem. E anotem aí: inflação de oferta, ataca-se com mais oferta. Somente o núcleo de inlfação de demanda é que deve ser atacado com repressão de demanda, Bacen e contenção de gastos de governo. Resolver um problema com a solução do outro problema alivia, mas não resolve e sacrifica o lado econômico que está saudável.

p.s.: Isto tudo sem contar a desvalorização do dólar que ocorre em todos os mercados mundialmente. Como quase tudo, principalmente commodities (soja, petróleo, carne e minério de ferro), é lastreado em dólares, se esse se desvaloriza, gera inflação em todos os mercados que negociam e consomem estes produtos. Para saber a real inflação brasileira, deve-se excluir o impacto da desvalorização do dólar, e o aumento pontual de alimentos e petróleo, fora da curva por problemas climáticos e políticos. E para janeiro, além disso, deveria se separar o impacto de reajuste de contratos de transportes e o reajuste de educação. Tem que haver a descamação da inflação, considerando o que é fora da curva e sazonal ou pontual com o que é inflação de demanda real. Não que se ignore os efeitos pontuais, mas para que se saiba as causas de aumento e se admita entender e tomar a atitude correta entre esperar passar o efeito inflacionário de causas excepcionais ou atacar causas de reais efeitos de demanda.

p.s. 09/05/2011: A queda da inflação (índice mensal) começou em fins de abril, como apurado e publicado em início de maio de 2011. O IPCA marcou 0,77%, quando era esperado 0,89%. E a previsão para os próximos meses é de contínua queda do índice mensal até 0,45%, estabilizando aí. Nossas informações anteriores foram confirmadas, juntamente com Mantega, George Vidor e o Presidente do Banco Central Alexandre Tombini. Não se confirmou previsão do Boletim Focus (previsão do mercado condensada em Boletim do Banco Central)nesse mês abril de 2011, ou informação em mesmo sentido de recrudescimento inflacionário como apregoado por outros jornalistas econômicos do apocalipse. O Boletim Focus terminou corrigindo também a previsão para o final do ano de 2011 de 6,39% para 6,33%. Parece que terão de fazer outras correções durante o ano.. rsrs Mantega ganhou de novo contra o mercado. E nós, blog e cidadãos, idem.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Crítica ao artigo “O Guia Essencial dos Imóveis”, da revista A Época

Pessoal, a Revista A Época, na sua edição recente de 31/01/2011, às fls. 46 a 57, publicou um excelente artigo sobre o tema “Bolha Imobiliária”. O artigo conclui que não há Bolha Imobiliária no Brasil “ainda” (como menciona explicitamente na chamada na capa), mas que pode ocorrer. Na Revista você pode ver inclusive os gráficos publicados, mas o texto do referido artigo você pode acessar pelo link informado por um leitor nosso, Felipe, em comentário ao artigo “Como se comportar em uma bolha imobiliária?”. O link é http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2011/1/31/o-guia-essencial-dos-imoveis
Meu objetivo neste artigo é ponderar sobre este excelente material e tentar encontrar as melhores informações a partir de sua crítica. Devo dizer que ao fim da leitura, que fiz com atenção, vejo apenas a confirmação do que já discutimos: a bolha está aí e eu não colocarei o meu dinheiro nesses imóveis hipervalorizados. Manterei meu crédito intacto e meu dinheiro no banco até ver uma oportunidade de compra.
Veja. Para começar eu pergunto: Já pensou o que ocorreria com o mercado de imóveis caso a Revista A Época publicasse que estamos vivendo uma bolha imobiliária? Quem compraria imóvel? Seria uma previsão auto-realizável, não? Mesmo que se tivesse dúvida sobre existência ou não de bolha, senhores, uma publicação dessas teria impacto direto e real nas compras, ainda mais estando hoje o preço nas alturas como estão e sendo isso constatável por qualquer um.
Faço agora outra pergunta: vocÊ já viu alguma vez uma publicação em jornal ou meio de comunicação escrita ou televisiva declarando a existência de bolha econômica, seja de imóveis, seja de ações, seja de commodities? Não. E você nunca verá isso. Nunca haverá uma publicação de reconhecimento de bolha econômica seja ela qual for por meio de comunicação, antes que a bolha estoure. Foi assim com o sub-prime e a crise financeira internacional de 2008, foi assim com o estouro da bolha das “pontocom”, nos EUA, foi assim até com a crise de 1929 e será assim sempre. Por quÊ? Porque primeiro esses canais não são feitos por economistas. Não é o André Esteves ou o Pérsio Arida que escrevem, mas jornalistas, formados em comunicação, quando são formados (hoje praticamente todos os jornalistas são formados, mas ainda há os que não são).
Então, senhores, eles publicam notícia. E não poderia ser diferente. Eles não podem “bancar” uma notícia que pode assustar o mercado e serem responsáveis por isso, lógico. Além do mais, sua função é de informar a população. Criando o fluxo de informação sobre o tema, já cumprem seu papel social. Cabe a você enxergar se há ou não bolha de forma a fazer seus movimentos defensivos ou ofensivos de investimento, de acordo com seu interesse e admissibilidade de exposição a risco.
Nouriel Roubini era tratado como idiota, antes de a crise de 2008 realmente acontecer. Ele viu algo errado, apontou e quem o seguiu se defendeu antes. Mas foi jogada de marketing dele também. Grandes consultores econômicos vêem e não dizem, pois se disserem perdem oportunidades de investimento para si e para seus clientes.
Então, amigos, desculpe ter de dar esta notícia, mas se você está esperando um artigo de jornal ou de revista te dizer que a Bolha se instalou, você ficará esperando. Eles só publicarão quando ficar constatado que a bolha explodiu. Isso sem contar que alimentando a dúvida, vende-se mais notícia. Então os jornais não sabem sobre bolhas, não podem ter a responsabilidade de alardear isso e também não têm interesse comercial nisso.
Agora, por que a minha leitura do artigo em questão corrobora meu entendimento de que estamos numa bolha, apesar de o artigo ser enfático em responder que não estamos numa bolha?
Apesar da resposta à pergunta 3, na folha 52 do artigo de Revista em comento (“Há uma bolha imobiliária? Não.” ), não me interessa a resposta em si, mas se o artigo traz alguma notícia contrária aos fundamentos do que entendo que seja essencial para reversão do movimento de bolha. Não houve notícia de que o endividamento das famílias brasileiras baixou (nem poderia). Não houve informação de que os fundos estrangeiros pretendem realizar seus lucros em imóveis e que estejam voltando a seus países de origem, nem de que estão entrando mais forte. E não há notícia de que mais crédito esteja sendo colocado à disposição de brasileiros, a juros menores, a prazos mais longos. Não há notícia de desinflação dos imóveis, nem de fato que justifique a contínua e apressada valorização dos imóveis. Não foi desfeita a impressão de que a capacidade de pagamento dos brasileiros está chegando no limite.
Nada mudou. A não ser o fato de que, agora, discute-se se há bolha imobiliária ou não. Veja que nem se cogitava isso há pouco tempo atrás. Isso em si já é um indicativo de que algo não está normal.
Já que nenhum fundamento mudou, parti para a pesquisa sobre se existia, então, alguma informação que confirmasse meu receio de haver bolha imobiliária. E o que eu encontrei? Encontrei um artigo de 11 páginas sobre o tema, tratado por uma Revista de peso na economia nacional brasileira (não é revista econômica da Tanzânia). Encontrei as informações de que “nos últimos meses, depois de cinco anos de alta, surgiram sinais de acomodação no mercado”, além de queda no volume de imóveis novos em São Paulo e mais expressiva ainda na venda de imóveis usados (25% de queda). Estas informações estão na resposta à pergunta 2 do artigo “A Alta chegou ao fim?”, na página 51.
Encontrei no artigo a opinião do economista Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do governo Lula e ex-diretor do Iedi, de que ‘já houve uma boa valorização e está na hora de tomar algum cuidado’ (pg. 51). Encontrei também a opinião da pesquisadora da Secovi, Crestana, de que ‘o bolso é o limite (para o movimento de alta) e este está perto’.E Pompéia, da Embraesp, afirmou que ‘muitos investidores apostam que os preços subirão mais, mas não sabemos. Já tem gente com medo de não vender o que construir’. Tudo isto na resposta á pergunta 2 do artigo, na pg. 51, dentre outras informações neste sentido.
A resposta à pergunta 3, negando a existência de bolha tem como argumento principal o de que os imóveis no Brasil estão a preço abaixo dos imóveis estrangeiros. Mas qual é o tamanho da economia e a renda per capita destes países cujos imóveis estão mais caros? Eu imagino que eles falam dos EUA e Europa, mas a renda per capita desses lugares é de 45 mil dólares e a nossa é de 10 mil dólares.
A resposta à pergunta quatro, se há risco de que se forme uma bolha imobiliária foi positiva: “Sim”. O economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, “embora concorde que não há bolha em formação”, afirma, na página 52 que ‘há impressão de que um crescimento rápido do setor (de construção de imóveis) só tem pontos positivos – não é verdade. Uma bolha entorpece a visão, como um lança-perfume. Mas na hora da verdade, não pede licença para entrar”. E por fim o artigo ressalta que na opinião deste economista “o Brasil é propenso à formação de uma bolha imobiliária porque o brasileiro em geral é consumista, o sistema bancário é ágil e as construtoras são capazes”.
Existem muitas outras informações interessantes e aconselho mesmo a leitura. Está muito boa. Mas não procure a conclusão feita e definitiva de ninguém. Junte suas informações e vamos seguir acompanhando. Para mim não mudou nada. Estamos numa bolha de preço e quando começarem a negar as ofertas de venda, senhores, iniciará o movimento de baixa. Para mim, as conclusões dos artigos “Bolha Imobiliária no RJ em 2010” e “Reconhecendo a bolha imobiliária, demorou mas chegou” ainda estão válidas e os fundamentos não mudaram. A alta de preços continua, mas diminuiu o ritmo porque está esbarrando na falta de renda do brasileiro... portanto, vai ter que ceder.

Agora, as onze dicas sobre compra de imóvel, na última parte do artigo ficaram ótimas e concordo cem por cento com elas. Importante salientar que em meio a estas dicas estão as de que imóveis de certos bairros e ruas podem valorizar-se menos do que a média e que "o momento, porém, é do vendedor". Aqui no RJ vejo isso em São Conrado e Barra da Tijuca, que ainda apresentam oportunidades de compra por preço bom. As dicas são responsáveis e todas corretas e úteis, a meu ver, tanto para o comprador quanto para o vendedor.

POr fim, os gráficos não dão uma real dimensão da valorização, pelo menos no RJ. O aumento aqui em trÊs anos em muitos imóveis passou de 300%. Mas os gráficos apresentados informam aumento de 59% em trÊs anos e 240% em 10 anos. O artigo informa que o gráfico é para lançamentos em São Paulo e explicita en passant o método para se chegar àqueles números, mas o resultado é que, mesmo que informe a média, dá impressão de que o aumento é alto mas normal, quando na verdade, todo mundo sabe que é muito mais do que aquilo e é anormal. Eu vi um viés do artigo efetivo no sentido de negativa da bolha mesmo. Mas não dá pra esperar muito mais do que aquele artigo para avaliar o que ocorre, não. É continuar ligado nas informações e comprar algo bom, por preço justo, desde que não te sufoque. Isto é o mais importante e também está nas dicas do artigo, óbvio.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

200 bilhões de custeio e 82 mil servidores contratados: onde está o erro na informação do Globo?

Desta vez vou conseguir ganhar uma aposta entre amigos!!! Finalmente!!! Eles disseram que eu não conseguiria escrever um artigo com menos de 415 páginas e 320 remissões!!!

Pois é só esperar que o Globinho do nosso coração sempre me proporciona todas as oportunidades que posso pedir a um veículo de mídia, para escrever artigos grandes, pequenos, com remissões, sem remissões, da forma que eu quiser, ao gosto de todo mundo.

Vocês já viram essas duas publicações, não é? Num período de duas semanas de hoje, 01/02/2011, para trás, as publicações que ora critico foram uma que destaca a previsão de custeio do Governo com funcionalismo público: 200 bilhões de reais (na verdade acho que são 199 bilhões, mas enfim..) e o outro que ressaltava, com teor de horror público, que o Governo Lula contratou 82 mil servidores públicos!!

VocÊ lê as duas manchetes e o impacto é, com o contexto trabalhado pelo Globo através de meses de artigos sobre inchaço de máquina, aparelhamento do Estado (nunca tendo apontado onde foi há o inchaço nem explicada como prestar serviço público sem aparelhamento), de que há lambança geral, irresponsabilidade de gastos públicos e "inchaço de máquina pública", tudo, evidentemente, sem nenhum sentido com o interesse público.

Mas onde está o erro? Como eles te enganaram? Como te informaram mal? Como sempre fazem, senhores e senhoras, na omissão. Vou passar uma dica que sempre acaba com o Globo, mas que pouca gente sabe. Pergunte o percentual do gasto público em relação ao PIB, para verificar se 200 bilhões de custeio é historicamente absurdo. E pergunte qual o percentual de servidores públicos em relação aos habitantes na Alemanha, França e, pasmem, nos EUA!!

Você sabe qual a resposta? Tan, tan, tan ,tan... No governo FHC, com menos funcionários do que hoje, o gasto do PIB com funcionários públicos chegou a 5,4% do PIB. Hoje, esses 200 bilhões, chega a 5,1% e no Governo Lula esse percentual já cehgou a 4,9%!!! Tá mais barato o custo de funcionário no Governo Lula por causa do crescimento do PIB. E nós temos um avanço na desestruturada máquina pública brasileira para tentar melhorar prestação de serviço público. Já percebeu que ao invés de três a quatro meses o passaporte sai em até 10 dias agora? Você acha que é milagre? Não, gente, é mais servidor na Polícia Federal.

E vocÊ sabia que mesmo com 82 mil servidores a mais, nós temos ainda um servidor para cada 32 habitantes, enquanto a Alemanha tem um servidor para cada 18 habitantes? Sabia que a França tem um servidor para cada 12 habitantes? Sabia que a Inglaterra tem um servidor para cada 29 habitantes? Para chegarmos no nível da Inglaterra, berço do liberalismo, tínhamos de aumentar nossos funcionários públicos em 10%!!

Agora, vocÊ sabia, ainda, que os EUA tem 22% de sua força de trabalho no funcionalismo público? E sabe qual é esse percentual no Brasil? 11% (onze por cento), amigo. É... a metade. POrque estes países podem investir em serviço público e nós não? POrque podem oferecer mais serviçospúblicos para seus cidadãos e nós não merecemos? A média dos trinta países europeus é de um funcionário público para cada 15 habitantes. O dobro de funcionários por habitante que há no Brasil. Mas nós somos a oitava economia no mundo, deveríamos pelo menos ter a oitava relação servidor por habitante no mundo, não?

Viu como você leu o artigo do Globo e ficou mal informado sobre o que te interessa e sobre o tema que ele publicou? Mas agora você já sabe.

Bem, não sei se ganhei a aposta do artigo curto... mas foi um prazer de novo! rsrsrsrs

Para que vocês fiquem com uma informação melhor sobre o funcionalismo no nosso País, selecionei um artigo da ONG Contas Abertas. Não gostei do título, mas o teor está ótimo e vocÊ poderá averiguar que Lula tentou reestruturar os quadros estratégicos do Estado para melhor prestar serviço público, tentando desfazer o mal que Collor e FHC, seguindo cartilha do FMI, tentaram realizar que foi o desmonte do Estado. Confira também a importância estratégica de um corpo de funcionários públicos de alto nível e bem remunerado e saiba que nenhuma nação importante cresceu sem isso.

Veja por você mesmo em texto confiável no link abaixo:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:vG0Ppl_n22kJ:contasabertas.uol.com.br/WebSite/Noticias/DetalheNoticias.aspx%3FId%3D195+contrata%C3%A7%C3%A3o+servidores+a+mais+governo+lula&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br

abraços

p.s.: Vi também um artigo publicado recentemente que diz assim, mais ou menos: "dívida pública cresce dez porcento em 2010, no fim do Govenro Lula, chegando a 1,654 trilhão". Cadê o erro? Ou melhor, cadê o engôdo? A resposta é mesma: Nominalmente cresceu. Mas o PIB não cresceu 8% em 2010? Só aí, se fosse simples assim, você matava 8 pontos percentuais, ou 80% da conta que o Globo apresentou como "crescimento de dívida". Mas o correto, como a arrecadação não cresce exatamente na proporção do PIB, é você perguntar qual é o percentual dívida/pib do Brasil? Fechou em decréscimo em 2010, em 41% do PIB. No FHC chegou a ser superior a 50%! É isso. É mole!

p.s. em 02/02/2011: Pessoal, só pra ficar claro e fácil. Há previsão no orçamento para 2011, elaborado e aprovado em 2010, de que o custo com funcionalismo federal iria para 199 bilhões. Houve crescimento nominal em relação ao gasto previsto para esta mesma conta de 2009 para 2010. Mas houve manutenção do percentual em relação ao PIB em torno de 5%. Está pois dentro de nossa capacidade de investimento em prestação de serviço público. A notícia do Globo de hoje, dia 02/02/2011, informa que houve aumento de dívida pública em 200 bilhões em 2010 e que haverá outro aumento de gasto em 2011 neste mesmo valor. Informou que houve aumento da dívida em 13% (pra ser exato). Mas em 2010 houve aumento chinês de PIB (7,9%) e recorde absoluto em arrecadação (à razão de 10% ao mês durante todo o ano, com arrecadação final de 809 bilhões de reais), assim como em 2011 já é previsto aumento de 4,5% a 5,5% do PIB e, consequentemente, de arrecadação. E observe, o aumento de 5% em média sobre o PIB, em 2011, é sobre base de cálculo que já considera o PIB de 2010, sobre o qual já houve crescimento de 8% sobre o PIB de 2009. Tratam-se de juros progressivos, enquanto a previsão de aumento de gasto ficou congelada em 200 bilhões de reais. Por isso só dá para acompanhar se a conta fecha ou não, se há irresponsabilidade, acompanhando a variação desses aumentos de dívida em relação ao crescimento do PIB, assim como acompanhando o crescimeno de gastos em relação ao PIB ou arrecadação, e vendo se está dentro dos limites de responsabilidade fiscal. Enquanto houver menos servidor público por cidadão no Brasil do que ao menos a nona maior economia do mundo, acho que, se não gerar custo maior que a receita, o investimento não é, a priori, irresponsável. Afinal, precisamos de médicos e professores, além de Juízes, policiais, controladores de voo, enfermeiros, professores universitários, professores de creche, assistentes sociais para todo o Brasil e ainda em quantidade suficiente para a demanda brasileira, ou o serviço público está bom?

Como se comportar em uma bolha imobiliária?

Esse tema é essencial, pessoal. A idéia surgiu das perguntas e comentários de Tatiana Vieria Assumpção Richard e do Dr. Vitor Miranda ao artigo "Bolha Imobiliária no RJ em 2010". Vou até aproveitar trechos da resposta que dei ao Vitor e à Tatiana.

Vejam, Benjamin Steinbruch, Presidente e controlador da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), acabou de comprar um imóvel na Quinta Avenida, em Upper East Side (lado mais valorizado), em Nova York, de 450 m², ao custo de US$18 milhões. Isso só ocorreu depois de seis meses de negociação com a família que queria vender por US$32 milhões (http://www.focoregional.com.br/page/plantaodtl.asp?t=STEINBRUCH+COMPRA+APARTAMENTO+NA+5%AA+AVENIDA+POR+US$+18,875+MILH%D5ES&id=25028).

A família Safra acabou de comprar, por US$295 milhões, um prédio na Madison Avenue, em Nova York, de propriedade de uma adminstradora imobiliária italiana, prédio conhecido por ter no térreo a loja de departamentos conhecidíssima Barney's. Há três anos os italianos tinham comprado esse mesmo prédio por US$385 milhões. Perderam US$90 milhões em três anos.
(http://economia.ig.com.br/bilionario+brasileiro+compra+predio+em+rua+chique+de+nova+york/n1237947656633.html)

Se imóveis abaixam nos EUA, em Nova York, em centro de milionários, entre milionários, por que não pode ocorrer aqui? E se os milionários pechincham, por que você também não faz isso? Por que temos de comprar ao preço que pedem? Qual a necessidade de afagar o nosso ego? É por nós, para realizar o que é melhor para nós ou para alimentar uma imagem social? Por que você faz isso? Por que vocÊ se sente de determinada maneira? É sabido que 90% das compras são realizadas por impulso, mas isso é o melhor para você?

É claro que não vou pedir para você morar até morrer no mesmo local, como um dos maiores milionários do mundo está fazendo. Sim, aos oitenta anos, Warren Buffet mora na mesma casa em que nasceu. E quando fez seu primeiro milhão de dólares parece que ainda andava de fusca, seu primeiro carro. Não vou pedir isso pra vocÊ. Eu não concordo com isso. A vida é pra ser vivida. Mas tem preço, senhores. E você tem que pensar antes de pagar para ver se é o que você quer pelo preço a ser pago.

Os milionários pechincham porque não têm nada a provar para ninguém. Mas você pode ainda me dizer: mas Mário, e se os imóveis atingirem valores que nunca mais poderemos pagar, nem eu nem meu filho? Tenho que me depauperar agora, que ainda posso entrar na casta de proprietários de imóveis no RJ!!! É agora ou nunca!!! Jesus me ajude!!

Gente, por favor....

Primeiro: Pense. Se pessoas que ganham acima da média, de classe média alta, não conseguem comprar os imóveis, quem vai comprar? Por quanto tempo? E se todos os milionários do Brasil e do mundo resolveram comprar, vocÊ acha que pode competir? Se um imóvel de dois quartos em Botafogo chegar a três milhões de reais e isso for sustentável, não haverá revisão de valor venal do imóvel? Como vai ficar esse IPTU? Você vai se endividar todo para comprar qualquer imóvel na Zona Sul, a qualquer preço e sofrer grandes limitações em seu orçamento familiar por anos a fio?! Vale a pena? Você vai deixar de viajar com seus filhos? Você vai piorar a educação deles? Tudo isso para pagar o que quer que peçam por imóveis moribundos na Zona Sul ou outro lugar de seu sonho?

Se você vai fazer isso, amigo, vocÊ não é dos meus. Você também não está fazendo o que Benjamin Steinbruch, Safra e Warren Buffet fazem. Quem é sua companhia nesse magnífico investimento? Há que se pensar.

Repetindo um caso concreto já comentado em outro artigo e altamente pertinente, soube de uma pessoa na fila da loja Zara no Rio Sul, cujo cunhado comprou um imóvel caro na Zona Sul, e ainda fez uma obra de um pouco mais de 100 mil reais. Não que o imóvel fosse fantástico, mas comprou caro e o imóvel precisou de uma obra e mesmo na obra eles capricharam. A família não podia passar o fim de semana em Teresópolis!! Palavras da moça. O dinheiro era contado em casa por trÊs anos. Nada podiam fazer de lazer. Fim da história: depois de três anos e muitas brigas, o apartamento ficou lindo, o casamento acabou e eles estavam vendendo o imóvel.
Eu não sei o que faz as pessoas pesarem mal bens materiais e qualidade de vida. Por que não valorizam o dinheiro que ganham? Por que acreditam que são pobres só porque alguém oferece um imóvel em preço estratosférico e depois faz cara de que você não tem dinheiro para comprar? Onde vive seu corretor de imóvel? Porque esses compradores desesperados fazem de tudo para se encaixar num perfil em determinado momento, mesmo que esteja o mercado em alta e seu orçamento fique apertadíssimo? Isso é necessário? Alguém vai ter que começar a dizer não, não compro. Tenho tanto, se quiser, me ligue.

Mencionando outro caso concreto pertinente referente à resposta a comentário de Dr. Vitor Miranda, há pouco tempo vi um apartamento de um quarto na Barão de Ipanema, em Copacabana, sem vaga de garagem pelo qual estão pedindo 450 mil reais. Você paga? Mesmo com vaga, você paga?
Falei com uma corretora há uma semana. Gostei de um apartamento no Humaitá. Dois quartos, somente banheiro de empregada, pois o quarto de empregada foi destruído para transformar um dos quartos em suíte. Play, vaga de garagem, sem piscina, sem sauna, eu acho até que era sem play. Apartamento bom, inteiro, o que é raridade na Zona Sul. R$570 ou 590 mil. Ofereci 420 mil. Antes os corretores riam, dessa vez tentou me convencer do preço. E acabou dizendo que o proprietário tinha comprado um apartamento maior com eles por um preço mais elevado e queria vender rápido o imóvel, por isso tinha dado aquele preço que já estava há 20 dias (como se fosse muito) e que ele ia mudar o preço porque a faixa daquele imóvel é de 700 mil reais.
Perguntei: mas se ele precisa de vender rápido para não pegar empréstimo e não vendeu a esse preço, qual a lógica em aumentar para 700 mil? Facilita a venda? E mais, se ele comprou mal o imóvel dele, o que eu tenho a ver com isso? Eu tenho que validar a besteria que ele fez?

Gente, eu digo: valorize a sua vida. Valorize o seu dinheiro. Tem muita gente dando o imóvel antigo para comprar o imóvel novo!! Aí, o cara pega mais trezentos mil e aceita pagar um imóvel de 700 mil ou 800 mil porque a prestaçao de empréstimo de 300 mil cabe no bolso dele.. mas o preço do imóvel não é 800 mil, é seiscentos. Mas ele não pechinchou, comprou mal e quer vender o dele por preço alto. Isso não é problema seu.

VocÊ tem na sua cabeça, por mais que não acredite, um sininho. Ele sempre sabe quando há pechincha e quando está caro. O mercado dita o preço? Ok. Mas quem é o mercado? Você é um integrante do mercado, sabia? Se você e vários disserem aos corretores o preço do imóvel, mesmo que ele te diga que o preço é outro, você está influenciando o preço, assim como o proprietário e o corretor fazem.

E se não baixarem? Não compre. Para mim não vale a pena me endividar por apartamento que não vale o dinheiro que pago. Eu não sou especulador. Eu quero encontrar um imóvel descente. Eu quero fazer uma simples compra. Eu quero trocar meu dinheiro pelo apartamento de alguém, que equivalha ao preço pago por mim. Entendeu?

E se não for possível no momento? Prefiro ficar sem a dívida. Pago aluguel. E tenho um custo menor pelo mesmo local. Ao invés de prestação mais alta na compra, tenho dispêndio menor agora, vivo no mesmo local e junto a diferença (importante este último detalhe, gente!).

Nenhum corretor sério com quem conversei disse que os imóveis estão com bons preços. Nenhum disse que sabe quando pára de subir. Mas já vi um corretor e uma pessoa, que não precisavam vender imóvel próprio, vendendo e botando o dinheiro no banco, para morar de aluguel e achando que o preço de venda era ótimo. Os dois têm intenção de comprar imóvel de novo.

Quem está certo? Quem está errado? Eu acho errado eu pagar preço alto. Se milionários estão tomando o RJ (rsrrs) sei que não posso competir. Quero garantir dignidade de moradia, viagens, restaurantes, festas e bares com os amigos e uma educação de qualidade para meus filhos. Isso é o mais importante para mim. Mais importante do que a casa própria, a ser comprada seja em que estado for, e a que preço for (se for boa e a preço justo ok). Eu já mostrei questões objetivas para esse movimento de alta. Motivos em que acredito. Fiz minha opção.

Tive um grande amigo que fez uma oferta para um imóvel. 60% do que pediam. Depois de 6 meses, o proprietário aceitou vender pela oferta. Vou seguir esse meu amigo, Benjamin Steinbruch e Safra. Valorizo meu dinheiro e pechincho. O proprietário tem direito de pedir alto? Eu tenho direito de oferecer mais baixo. O apartamento é dele, mas o dinheiro é meu. Ou dinheiro não é patrimônio? Se você não dá valor ao seu dinheiro, amigo, quem dará?

Perguntas inteligentes, Resposta publicada 4 - Bolha imobiliária RJ

Pessoal, o debate nos comentários do artigo mais popular do blog está quente: "Bolha Imobiliária no RJ em 2010".

Colocações inteligentes nos proporcionando o questionamento deste movimento/problema especulativo imobiliário. A troca de idéias é tudo. Acho que estamos atingindo nosso objetivo e posso compartilhar com vocês que o acesso ao blog está aumentando muito. Já são mais de 5.150 acessos em sete meses de existência do blog. Só no mês passado foram mais de 1400 acessos de vários países.

Como um comentário ótimo deu oportunidade para uma resposta que reputo muito boa, vou publicar aqui como artigo, para facilitar o acesso. Trata-se do comentário de Tatiana Vieira Assumpção Richard questionando a falta de controle do governo sobre esse movimento especulativo, bem como comentando a sensação de ameaça que o cidadão acaba vivendo de talvez não poder morar em sua cidade, cujos preços de imóveis, e de tudo em geral, vive uma alta não questionada pela própria sociedade. Muito interessante. Vejam e fiquem à vontade para criticar e comentar.

Tatiana Vieira Assumpção Richard comenta:

"Tenho provocado-quase que diariamente- uma discussão sobre esse e outros assuntos referentes ao custo de vida para o carioca.
Fico muito impressionada como não ha qualquer movimento de regulação do governo quanto a isso,e por outro lado como a sociedade não está se organizando e parando para pensar a respeito.
A sensação que tenho é que a cidade passa por um momento de grande euforia mas que isso não vem sendo trabalhado de forma sistêmica, o que pode fazer com que daqui a algum tempo o carioca não possa mais viver aqui- simplesmente por não dar conta do custo de vida, uma vez que sua renda de forma alguma aumentará na proporção do voraz mercado imobiliário- e ainda, que estamos preparando uma cidade para o investimento estrangeiro, sem a responsabilidade e devida atenção que se deve ter- quando se trabalha para reurbanização e desenvolvimento econômico local- para a qualidade de vida da população que habita a cidade.
A sensação de "Fica quem pode pagar" é assustadora."


Minha resposta:

"Tatiana, excelente comentário. Sua preocupação está certíssima. Li um artigo no Le Monde Diplomatique (vou ver se ainda tenho) em que um cientista social francês fez uma ponderação sobre a valorização de imóveis em determinadas cidades e o benefício para sua população.
Ele conclui que quando há uma real valorização excessiva de uma área, que tenha sustentabilidade e se mantenha no tempo, a cidade melhora, mas não para os seus habitantes originais (achei o artigo. Acesse: http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=635)
.
Eu vi isso com a onda de valorização imobiliária na Califórinia, há uns dez anos. Os aluguéis aumentavam porque ricos compravam o local ou faziam grandes ofertas. As pessoas que não conseguiam pagar saíam e viabilizavam a venda, ao final. E aqueles que eram proprietários, com a revisão do imposto de propriedade imobiliária, por alteração do preço venal, acabando vendendo também, se já não o tivessem feito pela oferta alta anterior. Ou seja, a cidade ia melhorando, mas não para os habitantes originais.
Podem sustentar que isto estaria acontecendo aqui. Mas não vejo assim, ainda, no nosso caso. Pois lá nos EUA a renda é enormemente maior. Aqui estamos vendo pessoas que têm bons salários incapazes de pagar. Aí a diferença, ao meu ver.
Quanto ao Estado regular isso, como você diz, isso (a que você se refere) seria o mercado. Regular expectativa de valor não dá. Mas você tem razão em dizer que o Estado se omite. Acho que se omite em controlar o cadastro de imóveis e de compra e venda de imóveis.
Se houvesse um cadastro nacional regularizado e centralizado, se houvesse controle das compras e vendas, além de se combater lavagem de dinheiro, você controla a quantidade de estrangeiros que adquirem imóveis nas cidades. Muitos estrangeiros estão comprando através de brasileiros testa-de-ferro (inclusive na Região Amazônica, Norte e Nordeste rural - mas isto é outra história).
Isso é grave, pois nesse caso, realmente, como você reclamou, poderia estar em curso especulação imobiliária estrangeira no Brasil (e está!), desterrando brasileiros, ou seja, por via oblíqua, e contra lei brasileira (soube de lei que impede concentração de estrangeiros superior a 40% das cidades no Brasil), estrangeiros estão se apropriando de imóveis de brasileiros.
Isso deveria ser controlado.
Mas por outro lado, nós brasileiros, não poderíamos endossar compras e vendas por valores estratosféricos. Parem de comprar. Não adianta se deixarem espoliar. Você se endividar não garante qualidade de vida. É ilusão. Você deixará de viajar de educar melhor seus filhos para comprar imóvel? E se ficar nos seus limites mensais e o Município rever o IPTU? Já pensou?
Acho que colocarei nosso papo como outro artigo. O tema é sensível e merece."


Só fiz correção de digitação, pois no comentário não tenho essa chance.

Esses questionamentos não são demais? Acho que aos poucos chegaremos em muitas e boas conclusões. Pretendo escrever um próximo artigo sobre como se comportar nesse movimento de alta de imóveis. O comentário do Dr. Vitor Miranda me deu essa idéia e estímulo. Isso é muito importante para a gente parar com essa sensação de impotência.

abraços a todos

p.s. em 01/02/2011: consegui fazer a revisão total do texto. Fiz pequenos acréscimos no texto e no meu texto citado entre aspas. Na maioria das vezes coloquei entre parênteses. As alterações foram para dar melhor compreensão e não alteraram em nada sentido e conteúdo, principalmente porque era uma reprodução de resposta escrita por mim a comentário, a qual pode ser conferida em sua forma original no artigo "Bolha Imobiliária no RJ em 2010".

p.s. em 01/02/2011: Achei o artigo sobre o movimento de crescimento de cidades e expulsão de habitantes originais no Le Monde Diplomatique. Acesse: http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=635
Quero dizer que não acho que seja o que nos ocorre. Ocorreu isso com a população pobre que vivia no Leblon/Lagoa e foram para Cidade de Deus, na época de Carlos Lacerda. Aconteceu na Califórnia há dez anos (como vi em reportagem), com os mais pobres e classe média baixa. No nosso caso a dificuldade está atingindo classe média alta. Aí a diferença. Não é sustentável por não ser compatível com a renda do carioca que é uma das maiores do Brasil. Por isso a bolha.