segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Brasil tem menor relação dívida privada/PIB comparado à Europa, EUA e Japão

Ontem 26/02/2012, domingo, o Jornal O Globo (papel) publicou artigo sobre a dívida privada européia. Dado relevantíssimo para demonstrar a capacidade de essas economias se recuperarem via consumo. O arigo intitula-se "Excesso de dívida privada ameaça a Europa", acessível em http://oglobo.globo.com/economia/excesso-de-divida-privada-ameaca-europa-4069629

Reproduzo abaixo uma lista sintética para comparação das relações dívida privada/pib em 2010 desses países e o Brasil:

Irlanda – 341,3%
Brasil – 33%
Portugal – 248,5%
Holanda - 223,4%
França- 159,8%
Itália - 126,4%
Alemanha - 128,2%
Reino Unido - 212,2%
Áustria - 165,7%
Bélgica - 232,8%
Finlândia - 177,7%
Espanha - 227,3%
Grécia - 124,1%
Suécia - 236,9%
Dinamarca - 244,2%
(fonte: Jornal O Globo de 26/02/2012, pg. 33)


Enquanto no Brasil a média de endividamento das famílias está em 33% do PIB brasileiro (com juros altos, bom que se diga), EUA, Japão e Europa estão com não menos do que 120% e com média européia de 165% o valor do PIB de cada País!!! Bem, isso mostra mais um dado positivo da situação econômica brasileira, possibilidade de crescer a mais de 4% ao ano e demonstra que, a não ser que se decrete calote nesses países, o crescimento econômico de Japão, EUA e Europa e a diminuição da relação Dívida/PIB evoluirá lentamente por ao menos 10 a 15 anos, no mínimo, para voltar a uma situação normal. Neste quesito o Brasil também está muito bem obrigado.

É bem verdade que um dos motivos de nossa dívida privada/pib ser tão baixa é o fato de os juros bancários no Brasil serem muito maiores do que juros cobrados pela máfia italiana. Mas a questão fática é que o endividamenteo privado europeu, americano e japonês atingiu níveis irresponsáveis para o sistema. E isso mostra que tentar incentivar o consumo será difícil, em tese, nessas economias, portanto, a recuperação de todos esses países será lenta mesmo, pois hoje em dia grande parte dessas economias depende justamente do consumo, que chega a ter peso de 66% a 75% em vários países, incluindo EUA, Japão e Alemanha.

E nós não. Nós temos folga para que, com juros ao consumidor compatível com o resto do mundo civilizado, possamos manter crescimento de 5% ao ano facilmente e sem pressão inflacionária, adotando medidas macroprudenciais mais do que aumjento de juros. E por que a mídia diz que crescimento nesse nível é impossível? Por que dizem que gerará inflação? Porque repetem, como sempre repetiram, as soluções estrangeiras aqui, a sugestão de soluções estrangeiras para o Brasil, porque querem ser reconheciods por suas opiniões no exterior e naõ no Brasil e porque têm uma simbiose com as instituições bancárias que cooptaram intelectualmente as grandes empresas de mídia há décadas e para instituição financeira crescimento do País á base de baixa de juros bancários, a curto prazo não faz sentido, pois a baixa de juros bancários levará à imediata baixa de lucratividade que justifica a manutenção das presidências e diretorias das instituições financeiras, ano a ano.

Bom, senhores, outra informação interessantes é a de que o crédito total no Brasil em proporção ao PIB está ainda em 45 a 48% do PIB, enquanto nos EUA, EUROPA e Japão está entre 100% e 200% do PIB desses países, às vezes mais. É lógico que muito disso refere-se ao fato de os juros serem baixos e de ter havido crescimento irresponsável do qual agora os mercados americanos, japoneses e europeus se ressentem.

Isto mostra que Europeus, japoneses e americanos viveram acima de suas possibilidades. Portanto, não temos de chegar aos números não saudáveis eurpeus, americanos e japoneses, neste particular sobre relação dívida privada/PIB e relação crédito/PIB, mas é bom que entendamos que nossas possibilidades econômicas em gerar riqueza e proporcionar conforto ao brasileiro são melhores do que já foram e são totalmente possíveis. Devemos realizar esse potencial.

É importante eu mencionar um dado que realmente me surpreendeu quando li o artigo que comento. Lá estava dito que o nível de relação dívida pública/PIB considerado razoável seria de 85%. O trecho do artigo reproduzo abaixo:

"Artigo publicado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), no fim do ano passado, mostra que, no caso das dívidas privadas, o limite entre o bom o e mau é cerca de 90% do PIB. Para as dívidas públicas, esse limite está em 85% do PIB."
(acessível em http://oglobo.globo.com/economia/excesso-de-divida-privada-ameaca-europa-4069629)

Por quê? Porque a Alemanha que é a economia avançada que está com melhores contas econômicas está neste patamar. EUA está acima (mais de 100%), Japão está com mais de 200% e muitas economias européias estão acima deste patamar. Agora saiba, que quando a dívida desses países era de 25% a 45% a relação Dìvida Pública/PIB, o Brasil chegou a 55% e esta dívida era tida como impagável pelos mercados internacionais se atingisse 56%!!! Esse número fatídico foi informado à época (1995/1998) pelo Delfim Neto.

Por que agora o número é 85%? Porque interessa à Europa, EUA e Japão. Quando publicou a menção a este númeor, em seu artigo, o Jornal o Globo não mencionou que no passado recente com o Brasil se aproximando de 56% de relação dívida pública/PIB a dívida era considerada virtualmente impagável.

Quero que você veja como aqui há reprodução de concepções do centro do capitalismo e do sistema financeiro mundial. Infelizmente só quem acompanha e compara informações de cinco a dez anos para trás acaba tendo condições de ver isto. Mas eu compartilho aqui com você, para que ao menos você e eu saibamos.. porque só são precisos poucos que conheçam para apontar a verdade para o resto que tem sonegada informação de qualidade com a qual possa entender os fatos sociais, econômicos e políticos que o circundam e regem suas vidas e a de suas famílias.

O Brasil está bem, mas pode ficar ainda melhor, mas não repetindo o estrangeiro aqui e muito menos repetindo as concepções estrangeiras aqui. Temos de ter visão e concepções brasileiras, autônomas, para desenvolver nossa realidade em nosso inteiro benefício, para crescimento do Brasil, para melhoria de qualidade de vida de nós, brasileiros.

p.s. 27/02/2012 - revisto e ampliado

p.s. de 13/01-2014 - Hoje e dia, após a política de governo de tentar manter crescimento econômico e empregos através de estímulo ao consumo (política anti-cíclica que foi corretamente aplicada, segundo entendemos, mas cujos efeitos positivos esgotaram-se em meados de 2013), o índice de endividamento da família brasileira subiu para pouco mais de 45%. A Europa começou a ter problemas quando esse índice atingiu 75%, pelo que vi. Mas isto é uma questão para ser melhor analisada. Os índices de endividamento americanos e europeus parecem ser historicamente maiores que os nossos por eles usarem muito o crédito hipotecário, até mesmo para consumo. O excesso dessa prática é que gerou os títulos subprime e o íníico da crise financeira mundial que agora parece estar com reflexos negativos mais amenos.

3 comentários:

  1. Bom dia, sou Alemão e não consigo entender os números desta comparação. Segundo as publicações oficiais na Alemanha, cada família na Alemanha teve uma poupança de 60 mil EUR em 2012, enquanto as dívidas são de EUR 8.078. Assim, cada Alemão têm aproximadamente 6,5 vezes de dinheiro em poupança do que dívidas.
    Como em 2012 o rendimento médio de cada Alemão foi de EUR 32.000,- aproximadamente, a dívida privada corresponde a menos de 25% do rendimento anual, ou seja, menos que no Brasil. Baseado nestes dados, não entendo como pode ser publicado que os Brasileiros tem dívidas particulares de 33% e os Alemães de 128%? Os Brasileiros também têm em média 2 salários anuais na poupança?
    A tabela acima realmente reflete uma comparação realista dos países?
    Gostaria de receber outras opinioes.
    Grato, Reick

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  2. Reick, fico feliz por você não ser brasileiro e estar participando do Blog!! Isso acrescenta muito a nossa informação e a compreensão da realidade.

    Eu não posso explicar para você o método que a fonte de informação do Globo utilizou para concluir os dados que apresentou.

    Eu somente comento e raciocino em cima de informações repassadas prontas para a sociedade brasileira a partir de publicações de jornais da grande mídia, fontes de governo (receita federal, banco Central, Copom, IBGE) e de institutos de ensino e estatística, como FGV etc..

    Os números que te surpreenderam foram publicados no Jornal O Globo, como menciono no da fonte da informação.

    Exponho sempre a fonte de informação, como por exemplo você não fez. Digo veículo de mídia, data e página e normalmente até o título do artigo.

    Fique à vontade para trazer mais informações. Segundo sua informação, a notícia publicada pelo Globo está equivocada. Ok. Sem a indicação de fontes dos dados que você apresenta, fica difícil simplesmente desconsiderar a informação passada por uma mídia convencional de renome brasileira reconhecida inclusive no exterior.

    Faço um pedido: você pode apresentar pra nós um resumo de dados do seu país? Gostaria de saber a proporção de servidores públicos por habitante (a informação que tenho é de 1/18), a média de salário dos funcionários públicos, os valores pagos a professores públicos de creche, primeiro, segundo grau e curso superior, o percentual de escolas públicas e faculdades públicas em relação a todas as instituições de ensino, o salário mínimo alemão, o menor e maior benefício previdenciário oficial alemão, serviços públicos alemães disponíveis além de educação gratuita e saúde pública de qualidade e previdência social, salário de deputados alemães e de juízes alemães e diplomatas alemães e os valores de bolsas alemãs para doutorado e mestrado.

    Você confirma isso pra gente?
    Obrigadão irmão Reick!!

    Queremos que o Brasil fique como a Alemanha!!

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  3. Poxa, Reick, não respondeu.. que pena. Rsrsrs

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