quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Imagem da mídia brasileira após a eleição 2010

A vida não é o que queremos que seja. Ela é o que é. Acho que neste processo eleitoral algumas coisas ficaram claras: A grande mídia realmente não tem somente o interesse em informar, mas em induzir a compreensão do brasileiro. Mas a mídia não é feita somente de três grandes empresas jornalísticas (Globo, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo) e pudemos ter acesso a outras fontes de informação para formarmos nossa opinião sobre quem seria o melhor candidato. MEUS PARABÉNS AO JORNAL DO COMMERCIO E À REVISTA ISTO É, assim como aos inúmeros blogs e sítios eletrônicos políticos, econômicos e jornalístiscos que se multiplicam pelo País.

Essas eleições mostraram que existe mídia independente e honesta com seus leitores. Não vou falar de Carta Capital (que até conseguiu publicar na capa, antes da eleições, que o jornalista Amaury Jr confessou na PF ter contratado a quebra do sigilo fiscal de Serra para beneficiar Aécio!! Excelente!) porque é pró-governo, mas também é fonte (mesmo que parcial como O Globo, A Folha e O Estadão). Agora, o Jornal do Commercio e a Revista Isto É foram imparciais, a meu ver, dignificaram o jornalismo e aliviaram o espírito sofrido deste humilde blogueiro/blogger porque sem eles o meu trabalho comparativo ficava apenas na memória das realizações do governo Lula e na memória das trapalhadas e ineficiência administrativas dos governos psdbistas paulistas.

Mas a oposição ferrenha da grande mídia, que poderia ter declarado voto em Serra e ter sido mais honesta com seus leitores, é muito boa para que não fosse alimentado o mito personalístico de Lula (que entrou para a História do Brasil ao lado de Getúlio Vargas e Juscelino, ao meu ver) e assim nos mantém longe deste desvio democrático. No entanto, acho que neste intento exageraram um pouco.

Estou curioso para ver como se comportará a grande mídia durante o governo da Dilma... espero que seja para informar a população e vigiar excessos, mas que não seja para ficar insuflando o povo contra seu Presidente, pois manchará ainda mais a sua imagem desgastada nessas eleições.

Espero ainda que quando criticarem, apontem se há algum benefício nos atos que criticam, pois é muito difícil acreditar que atos políticos e administrativos sejam efetivados somente para prejudicar a sociedade brasileira. Acho que pela independência da vontade do eleitor, já deu pra perceber que é melhor a mídia exercer seu mister com independência e responsabilidade e não parcialidade e sensacionalismo. O povo brasileiro é crítico. Não nos tratem, inclusive aos mais pobres, como manipuláveis e acéfalos.

A independência da sociedade brasileira da grande mídia

Senhoras e senhores, amigos e leitores, fiquei muito feliz com o resultado dessas eleições.. não pela eleição da Dilma, exclusivamente, mas pela terceira demonstração do povo brasileiro de que apenas (e a palavra correta não seria apenas..) a maciça informação (na verdade desinformação) da grande mídia não é mais capaz de eleger um Presidente do Brasil.

Já foi assim um dia, como na eleição de 1989, em que um candidato totalmente desconhecido do Brasil, Fernando Collor de Mello, foi escolhido pela grande mídia (na verdade isso foi ótimo àquela época) e através de edições de programas de debates e da criação de um personagem (o caçador de marajás), elegeram Collor em detrimento de Lula, que à época ainda tinha uma aparência tosca, português muito ruim e idéias radicais para a sociedade brasileira.

Mas não mais. Quando não mais precisamos, graças a Deus. Estamos livres, ao meu ver, desta que se apresenta como a antiga Igreja Medieval, que tudo podia falar que era imediatamente recebido como certo e inquestionável... os donos da verdade e a quem se deve seguir de olhos cerrados.

A eleição de Dilma Roussef à Presidência da República em 2010 fecha, ao meu ver, a trilogia da independÊncia brasileira da grande mídia. O primeiro momento em que a grande mídia (grande mídia é diferente da mídia, pessoal, que é muito maior, corresponde a um sem número de mídias e mais honesta com o leitor) foi derrotada, todos lembram, foi em 2002 com a eleição de Lula à Presidência.

Naquela época, a grande mídia, Globo à frente, apoiava a todo custo a eleição de Serra para continuar o governo de FHC. As bancas internacionais apoiavam a continuidade do governo (crise financeira, estancaram valores para o Brasil, queda das bolsas, aumento astronômico do Risco-Brasil que chegou a 2.400 pontos ou 24 pontos percentuais acima do juros americano), atores globais (Regina Duarte à frente, como todos lembram e para a minha tristeza pessoal de ex-admirador da atriz), e a evidente chantagem ao povo brasileiro: ou Serra ou o fim do Brasil. Bem, como brasileiro não aceita chantagem, e às vista de um governo anterior ridículo (segundo mandato de FHC), além de propostas ótimas e mais amenas aos valores sociais brasileiros, elegemos Lula. Foi um momento de real independência da vontade do cidadão brasileiro (dentre ricos, integrantes da classe média e pobres, frise-se). Tudo e todos, muito dinheiro em propaganda contra, a grande mídia contra, mas Lula foi eleito.

O segundo momento de prova da independência do povo brasileiro em relação à vontade e aos interesses da grande mídia foi no plebiscito sobre o comércio e produção nacional de armas. A Globo contra, atores globais em propaganda contra a produção nacional de armas ("a favor da paz", como se a inexistência de armas produzidas autonomamente no Brasil levasse à paz...), propaganda maciça contra.. e o povo brasileiro manteve a produção autônoma brasileira de armas. Neste como no outro, as lógicas apresentadas ao povo são sofismas ("diga sim à paz"), que encobrem o tratamento adulto do tema, como o fato de que sem a produção de armas no Brasil, as forças de segurança nacional (Forças Armadas e toda a força policial) teriam de importar suas armas, o que seria um ato atentatório à nossa capacidade de defesa interna e externa. Mas o povo não se enganou.

E agora... depois de uma campanha difamatória sem precedentes contra a candidatura petista e contra a Dilma, depois de tanto empenho da Rede Globo e da grande mídia em não comparar os candidatos (a Isto É somente na edição de 3/11/2010 tece ampla comparação e analisa propostas inviáveis de Serra), o empenho da grande mídia em distorcer fatos (transformando indícios - Erenice - em fatos), explorar fatos (aborto, sem dizer que o Serra é a favor também) e inventar fatos (bolinha de papel ficou visível, mas a bobina de fita durex ninguém viu e não houve qualquer ferimento em Serra e houve grande estardalhaço da grande mídia), mesmo depois disso tudo, inclusive com a divulgação de uma pseudo-tendência ao autoritarismo (vejam só..), o povo brasileiro votou soberanamente e elegeu Dilma. Alguns eleitores de Serra ainda me diziam: "mas e se os EUA não deixarem a Dilma entrar na ONU pelo passado de guerrilheira?". Ora, a única resposta cabível foi a que o povo brasileiro deu nas urnas: o problema é deles, não condiciono meu voto a quem os EUA acham que pode ou não entrar em seu País. Eles que desrespeitem a soberania do nosso voto. Não somos nós que temos de nos adaptar às leis e vontades do exterior.

Fico feliz e parabenizo a todos os brasileiros, inclusive aos eleitores de Serra (que criaram o contraponto crítico ao governo), por termos chegado neste estágio de nossa democracia: a independência da grande mídia. Senhores, não se enganem, o dia em que a mídia não se restringir a informar, mas estiver ditando as verdades da sociedade, teremos perdido nossa liberdade porque não será o conjunto da sociedade que ditará os rumos do País, mas uma meia dúzia de empresas de mídia aliados a seus maiores clientes, naturalmente empresas privadas. Todos devem participar da sociedade ativamente, todos devem contribuir para formar as convicções sociais em prol do bem de todos os brasileiros e foi isso que o povo provou definitivamente que deve ser e que será.

Parabéns Brasil!

sábado, 23 de outubro de 2010

Licitação de Caças Brasileiros - Programa FX 2

Pessoal, o artigo anterior acabou ficando com um post script tão grande e de tema tão relevante que resolvi, para facilitar acesso e leitura a todos os leitores, publicar como novo artigo. Faço apenas pequenos acréscimos e um comentário adicional e importante ao final.

O governo ainda não fechou a licitação porque ficou numa situação complicada: o relatório técnico aprovou como campeão o Gripen, depois o americano e depois o Rafale. O melhor é o Rafale, no geral, mas com esse resultado a Globo vem batendo muito, praticamente impondo essa opção somente pela decisão técnica. Mas veja porque neste caso não é bem assim e o Rafale deveria ganhar, mesmo tendo ficado em último.

"A opinião final em relatório técnico da Aeronáutica, da Comissão Técnica que acompanhou a licitação, listou como campeão o Gripen, depois o F-18 americano e depois o Rafale. Entretanto, senhores, para quem acompanhou o processo por Revistas especializadas e por sites especializados como eu, a satisfação do edital se referia a quesitos mínimos exigidos e considerando-se o valor final. Só para que vocês saibam, a capacidade de autonomia de vôo do Gripen é muitíssimo menor do que o do Rafale, que dispara automaticamente contra 8 alvos (feito nem sonhado pelo Gripen), além do que no pacote do Rafale está incluída a trasnferência de toda a tecnologia de aviônica e militar do projeto, o que nos tornaria autônomos na produção desse avião.

Significa dizer que se entrássemos em guerra com a própria França não teríamos problema em produzir (acho que houve limite só em regiões de venda do produto). Já o americano é do nível do Rafale, mas saiu mais barato. Mais barato pois vem com menos armamento e sem transferência de toda a tecnologia. Assim, se entrarmos em guerra com os EUA, não poderemos produzir avião para nossa defesa e ficamos totalmente impedidos de vender aviões para outros países. Por isso, contra a opinião do relatório técnico da Comissão de Licitação, o Rafale é melhor.

Mas o Jornal O Globo não acha isso (na verdade nem pondera isso), e preferiu criticar as ponderações de Lula e Jobim sobre contratar o Rafale, contra o relatório final da Comissão Técnica, como um piti, um melindre, um ato de mero ímpeto e voluntarioso de ambos, como se fosse contrário ao interesse do Brasil.

O Rafale não teve preço melhor porque oferece mais armamento, transfere toda a tecnologia, admite que vendamos o avião e o produzamos no Brasil. Ele está além do mínimo exigido no edital. Como os outros estão dentro do mínimo e são mais baratos, o Rafale perdeu. Por causa da falta de apoio e questionamento do Jornal O Globo, a imagem política de Lula e Jobim ficam fragilizadas para fechar com o Rafale, e estamos correndo o risco de não fazer este excelente negócio para a Defesa Nacional. A França fez esse pacote não é porque é boazinha, mas porque não consegue vender direto seu avião que perde em preço e financiamento para o F-18. Como vende mais, o F-18 produz mais e pode baixar o preço, além do que o EUA financia toda a compra e fica muito mais barato. A França não consegue fazer o mesmo. Para quem compra somente o avião vale a pena, mas para quem quer ser autônomo em Defesa Nacional não vale."

Somente para complementar, o Rafale é da mesma empresa dos nossos Mirage (Dassault), portanto, os nossos pilotos já estão acostumados com muitas características desses aviões e a adaptação seria quase imediata. Nossos técnicos também já estão acostumandos com eles e gabaritados a mantê-los. Toda a cadeia atual de aviões militares e logística estrutural e humana disponível no Brasil hoje sugere, também (o que não está no relatório técnico), o Rafale como melhor opção para garantia de Defesa Nacional autônoma.

Eu falei com alguns amigos militares da Aeronáutica. Eles preferiam o Sukhoi russo, que os venezuelanos têm, pois é muito maior, carrega muito mais armamento e tem uma agilidade absurda, além de voar mais alto e ter autonomia maior do que qualquer outro avião (foi feito para a Rússia que tem dimensões continentais como o Brasil). Mas todos os nossos hangares teriam de ser refeitos, é mais caro, mantutenção mais cara, todos os pilotos e técnicos teriam de aprender do zero a utilizaçao e manutenção, não temos assegurada transferência de tecnologia e autonomia de produção no Brasil e venda a outros países. A segunda opção seria o Rafale pois é muito bom e já é conhecido, sem deixar a desejar para os demais aviões supersônicos atuais em atividade. Agora pasmem.., só não queriam o Gripen que é o mais fraco.

Veja também: http://pt.wikipedia.org/wiki/Projeto_FX-2
http://www.conhecimentoeinovacao.com.br/materia.php?id=369
http://www.inforel.org/noticias/noticia.php?not_id=4448&tipo=2

P.s.: Não achei o artigo original em que li toda a história da licitação. Achando eu passo.

Perguntas Inteligentes, Respostas Publicadas 2

Publico mais uma conversa com um amigo que votará em Serra e que discorda de minhas opiniões. Ele é muito meu amigo, assim como no caso anterior, e após tecer várias considerações sobre a anti-ética no governo do PT, fato já bastante publicado (apesar de não terem publicado em mesma dimensão os problemas semelhantes de Serra), termina por cobrar de mim uma posição sobre vários temas (alguns dos quais tiveram sugestão minha de solução em monografia de pós-graduação intitulada "Limites Possíveis aos atos privados"). Ele ainda reclamou contra o "uso de máquina pública federal" a favor da campanha de Dilma. Reclamou veementemente sobre o caso Erenice e disse que isso é a prova da corrupção instalada no governo petista e que a Dilma, responsável pela sua indicação, deveria saber e não deve, portanto, ser eleita.

Minha resposta adaptada ao blog, com exclusão de menções particulares:

É uma situação complicada essa nossa meu camarada... dois caras que não empolgam ninguém.. Serra e Dilma... POr que não veio Aécio?!?! Mas a vida não traz o que se quer, ela só vem... Pelo menos não estamos discutindo entre Maluf e Collor? Ou Quércia e Roseana Sarney.. já pensou?

Gostei do Tropa de Elite 2.. vejo vocÊ como o "Nascimento" e eu como o "Fraga". Cada um com a sua convicção, mas ambos honestos e comprometidos com o que entendem ser o bem público. No final, em situação de catástrofe ou emergência, os corretos ficam sempre do mesmo lado. Mas situação ou emergência concreta, não hipotética (como o aludido risco de ditadura petista ou venezuelização do Brasil).

É claro que tenho de discordar e esclarecer algumas coisa que você atruibui a mim como omissão, só para deixar claro que não há omissão, mas diferença de perspectiva:

1 - Como você admite o desvio da licitação paulista para a campanha do Serra, devo dizer que diferentemente de vocÊ, acho que Corrupção é corrupção e o importante é quem se beneficia e que isso seja provado. COncordo que o mensalão existiu e não foi provado que beneficiava o Lula. Mas foi corrupção no governo. Concordo que o desvio da licitação paulista existiu e não foi provado que o dinheiro chegou à campanha do Serra. Mas foi corrupção no governo. Concordo que o caso Erenice existe mas não foi provado que a Dilma estava envolvida. Mas foi corrupção no governo. Não vejo a diferença que você vê no caso Erenice. Aqui vocÊ não utilizou a mesma lógica e só embarcou na onda global porque vocÊ é precipuamente contra a Dilma por suas convicções. O argumento em si não se sustenta.

2 - Votei em Marina. O segundo turno é bom para o País. Só quero que Dilma ganhe para garantir que os programas sociais e de desenvolvimento do Norte e Nordeste sejam irreversíveis e se tornem verdadeiros progamas de Estado.

3 - Não vejo risco comunista nem de Venezuelização da América Latina. Não que parte do PT não quisesse, mas porque a ameaça dos EUA sempre obriga o pragmatismo e isso mudou o PT e por isso Lula foi eleito duas vezes,.. porque mudou. Mudou para a cara da sociedade brasileira que é essa, capitalista e democrática. E assim será, por bem ou por mal.

4 - Quando você disse: "Não vejo você falando do uso da máquina estatal, do uso bilionário da propaganda, em detrimento da educação, da segurança, dos presídios, dos mendigos, das crianças de rua, dos vira-latas abandonados, do controle de desmatamento, do apontador de jogo de bicho, da clínica de aborto, ou de qualquer outra coisa que tenha relevância ou não."

4.1. É um equívoco, a propaganda bilionária também é do PSDB. A máquina estatal paulista também foi usada para apoiar Serra. A máquina estatal mineira de Aécio foi usada para apoiar Anastasia.. ou não? A questão é como se diminuir ou regular isso. Porque sem regulação, fica difícil. Houve ajuda da máquina? Houve algo ilegal? Sim (imoral e anti-ético dos três) e Não (não houve ato ilegal dos três). Se o uso da imagem do Lula e do governo federal beneficiou a campanha de Dilma, acho que foi em termos dentro da lei. Caso contrário deveria ter punição eleitoral como teve duas ou três multas. Aumentem as multas, mudem a lei e tornem o beneficiado inelegível. Vocês (eleitores de Serra) confundem ética e moral com limites legais e exigem da Dilma o que não exigem de Serra, isso é complicado. Lei é lei. Não gostou muda. Ofendeu, pague o preço da lei. Ou vamos para uma teocracia ou despotismo esclarecido.

4.2. Uso da propaganda em detrimento da educação e etc..? O governo do Lula foi o que mais investiu em educação na história. 214 Escolas técnicas, quatro universidades federais e metade, repito metade da contratação de funcionários públicos (o inchaço) foi para área de educação... claro, não dá pra criar escola e deixar vazia, né?
4.3. Detrimento da segurança? Lula foi quem mais investiu nas Forças Armadas e na Polícia Federal, não? Lula fechou acordo para submarinos da Marinha com aquisição de tecnologia do casco do submarino nuclear, aumentou o soldo dos militares, contratou a fabricação de 3.000 (três mil) blindados anfíbios com a FIAT e apenas não fechou a licitação de caças (uma pena), que deveria ser o Rafale (ao meu ver e por comparação de vantagens feitas por mim), pelo que vi (Mas o Globo quer Gripen ou F-18, que por um acaso são interessantes para o EUA – O Gripen sueco tem turbina americana que é o componente mais caro do avião militar). Lula aumentou a força policial federal e o salário dos policiais federais. Não pode aumentar polícia estadual, né?

4.4. – Mendigo, criança e vira-lata de rua de rua é problema municipal, desculpa (nem estadual é). Desmatamento, com Marina e Carlos Minc, foi o maior caso de sucesso de controle de desmatamento em todo o mundo e em toda a história. Clínica de aborto e jogo do bicho são problemas estaduais.

Valeu.

Abraços para os camaradas de debates!

p.s.: A título de complemento, como falei da licitação de caças, a opinião final em relatório técnico da Aeronáutica, da Comissão Técnica que acompanhou a licitação, listou como campeão o Gripen, depois o F-18 americano e depois o Rafale. Entretanto, senhores, para quem acopanhou o processo por Revista especializadas e por sites especializados como eu, a satisfação do edital se referia a quesitos mínimos exigidos e considerando-se o valor final. Só para que vocÊs saibam, a capacidade de autonomia de vôo do Gripen é muitíssimo menor do que o do Rafale, que dispara automaticamente contra 8 alvos (feito nem sonhado pelo Gripen), além do que no pacote do Rafale está incluída a trasnferência de toda a tecnologia de aviônica e militar do projeto, o que nos tornaria autônomos na produção desse avião. Significa que se entrássemos em guerra com a própria França não teríamos problema em produzir (acho que houve limite só em regiões de venda do produto. Já o americano, é do nível do Rafale, mas saiu mais barato. Mais barato pois vem com menos armamento e sem transferÊnia de toda a tecnologia. Assim, se entrarmos em guerra com os EUA, não poderemos produzir avião para nossa defesa e ficamos totalmente impedidos de vender aviões para outros países. Por isso, contra a opinião do relatório técnico da Comissão de Licitação, o Rafale é melhor. Mas o Jornal O Globo não acha isso (na verdade nem pondera isso), e preferiu criticar as ponderações de Lula e Jobim sobre contratar o Rafale, contra o relatório final da Comissão Técnica como um piti, um melindre, um ato de mero ímpeto e voluntarioso de ambos, como se fosse contrário ao interesse do Brasil. O Rafale não teve preço melhor porque oferece mais armamento, transfere toda a tecnologia, admite que vendamos o avião e o produzamos no Brasil. Ele está além do mínimo exigido no edital. Como os outros estão dentro do mínimo e são mais baratos, o Rafale perdeu. Por causa da falta de apoio e questionamento do Jornal O Globo, a imagem política de Lula e Jobim ficam fragilizadas para fechar com o Rafale, e estamos correndo o risco de não fazer este excelente negócio para a Defesa Nacional. A França fez esse pacote não é por que é boazinha, mas porque não consegue vender direto seu avião que perde em preço e financiamento para o F-18. Como vende mais, o F-18 produz mais e pode baixar o preço, além do que o EUA financia toda a compra e fica muito mais barato. Para quem compra somente o avião vale a pena, mas para quem quer ser autônomo em Defesa Nacional não vale.

Perguntas inteligentes, Respostas Publicadas

Pessoal, como essa eleição está pegando fogo, quero aproveitar esse clima de questionamentos múltiplos para trocarmos idéias. Alguns amigos meus que votarão em Serra me apresentam ótimas perguntas sobre minha opção em Dilma e vou compartilhar com vocês, formatando e sintetizando as perguntas e respostas que acho que são interessantes. Claramente falei com os mesmos antes sobre o interesse em publicar nossa discussão e alterei menções particulares.

Neste primeiro caso, um grande amigo me enviou um email falando sobre o passado petista, como eles foram conta tudo e todos, contra a Lei de Responsavbilidade Fiscal (o que foi um absurdo, claro), contra a eleição de Tancredo Neves (nesse caso acho que foram contra a eleição indireta e queriam eleição direta.. mas enfim), a favor de moratória (outra palhaçada, realmente), a favor de reforma agrária na marra (o que violaria a propriedade privada), etc...

No final, o email diz que quem fez reformas foi o FHC e que Lula só se aproveitou delas e pergunta o seguinte:

"Já que o PT foi contra tudo e contra todos desde a sua fundação, fica uma pergunta para que algum PETISTA iluminado responda:
Em 8 anos de governo, quais foram as reformas que o PT promoveu no Brasil para mudar o que os seus antecessores deixaram?"

Minha Resposta:

Meu Caríssimo amigo,

naturalmente fico sempre feliz em poder responder a dúvidas deste gÊnero, principalmente vindos de um camarada que ainda acredita na minha vaga capacidade intelectual (rsrsrsrs).

Eu não sou Petista. Sou brasileiro. Petistas não votaram no FHC duas vezes como eu fiz. Voto no melhor projeto e não em santos ou caluniadores baratos. Também não sigo as convicções proclamadas ou induzidas pela Rede Globo, mas, como vocÊ, formo meu convencimento com fatos. Desvio de 5 milhões de uma licitação paulista para beneficiar a campanha de Serra como publicado pela Isto É é um fato, praticamente não divuldgado pela Globo. O caso de uma estação de Metrô paulista que teve superfaturamento e pouca fiscalização que resultou no desabamento das obras foi bem divulgado à época, mas não se fala mais nisso, que poderia ser aproveitado para se verificar a competência adminstrativa de Serra, dentre outros casos como a não solução de trânsito, rodovias e alagamentos do Tietê, fora o maior surto de violência do Brasil com bombas estourando em agências bancárias paulista, durante governo PSDBista. É isso, essa incompetência que se quer para o Brasil?

Agora respondendo: O PT já foi infantil. Cresceu dando vazão a demandas de esquerda e de movimentos sociais de esquerda e extrema esquerda. Quando entrou em cena não tinha espaço e quis fazer alarde para encontrar espaço. Por ter sido do contra a tudo, não teve o meu voto antes. Por ter defendido moratória, votei em Mário Covas e em Collor. Depois, mudou. O PSDB não era PSDB, era ala do PMDB. Fernando Henrique criou, quando Senador, o Imposto sobre Grandes Fortunas, mas depois de 8 anos no Governo não o regulamentou. Nos EUA há imposto sobre toda a herança que varia de 3% a 77%, diminuindo a desigualdade social entre gerações. Aqui o pagamento ainda é de 4% de ITD. FHC disse que depois que ele virou presidente que esquecessem o que ele escreveu.

Políticos, por essÊncia e por necessidade de manterem-se no poder, mudam. Joaquim Falcão, professor de Direito Constitucional da nossa UFRJ, nos disse em aula que o objetivo de partido político é obter o poder. Me chocou essa afirmação, mas é verdade. Assim, como os fatos e as perspectivas mudam, assim como os atores que influenciam na política, o político deve adaptar-se. Isso é que é difícil pra ele: mudar sem trair suas convicções. Mas não estou aqui para votar em monge beneditino ou pessoas que seguem dogmas. As necessidade mudam e o que eu quero é o resultado e o resultado é menor desigualdade social e regional. Essa é a necessidade hoje. Quem encontrou isso foi o PT. E como o PSDB não apresentou projeto alternativo à altura, fica atacando pessoalmente a DIlma, que é mãe, avó, que não tem ficha suja (a não ser por lutar pela liberdade do País contra a ditadura).

Acredito que as instituições republicanas brasileiras são fortes para impedir qualquer idéia de autoritarismo e nossas Forças Armadas não querem nem saber de política de novo. É o que ouço de conhecidos e amigos da área militar.

Nossa sociedade é capitalista e democrática e assim será por bem ou por mal. O PT errou muito, mas um filme sobre a campanha de Lula em 2002 (documentário que o aconselho ver), deixa claro que as correntes ultra-esquerda do PT são tratadas pelo centro como crianças birrentas.

Pra mim, se Zé Dirceu cometer crime, será preso, se alguém for pego em corrupção será investigado. O PSDB não é santo e votar no PSDB, hoje, ao meu ver, é acabar com a continuidade de investimentos no Norte e Nordeste e na diminuição da pobreza que o IPEA prevê acabar em 20 anos. Nosso País é rico e não admito que eu viva bem e haja mendigos neste País. Voto em quem vejo que tem projeto para que todo brasileiro tenha emprego e apoio e dignidade de cidadão como os belgas e dinamarqueses. Por que eles podem e nós não? Somos sub-raça?

Se fosse Aécio, a história seria outra, mas sendo Serra, voto em Dilma.

As reformas, para responder à simplória pergunta do email do seu amigo foi a transferência de renda, criação de 10 milhões de emprego, crescimento das empresas não financeiras em torno de 15% ao ano, quando o normal é entre 7 e 10 %, os maiores lucros históricos de bancos, solidez financeira, crescimento do PIB, tendÊncia decrescente da relação dívida/pi, mesmo com investimentos maciços em contratação de funcionários públicos para reestruturar o setor que presta serviço à população brasileira, inclusive aos pobres, enquanto europeus, japoneses e americanos experimentam aumento de relação dívida/pib, decréscimo econômico, desemprego, em meio à maior crise financeira da história mundial depois de 1929 (isso para mim não é céu de brigadeiro). Lula investiu maciçamente no Nordeste e Norte e 28 milhões de pessoas saíram da miséria e 36 milhões de brasileiros ingressaram na classe média (mesmo que por parÂmetro baixo brasileiro).

É muito simples acreditar que somente o Plano Real é responsável por tudo isso. É simples e não é verdadeiro. Sem políticas de manutenção de créditos para as empresas brasileiras, enquanto no exterior todos os bancos se fecharam, haveria desemprego aqui, mas o BNDES emprestou mais, e o governo já aportou 180 bilhões de reais para que continue emprestando. Portanto, a economia não se manteve sozinha, houve política federal e ação, quando foi necessário. Infelizmente, estudei muito, li muito para seguir jornalzinho de direita. Continuo lendo e não posso votar diferente de minhas convicções por modismo.

Abraços do seu amigo.

Mário César

Estado do bem-estar social europeu e o Brasil - A desregulamentação de mercado pôs em risco o Welfare State Europeu

O Editorial do Jornal O GLOBO de hoje, 23 de outubro de 2010, intitulado "Na Europa, a hora é de pagar a conta", traz uma informação que classifico como em sua grandessíssima maior parte errada e uma única "lição moral" de fundo aproveitável: Estado de bem-estar social tem custo e isso deve ser monitorado para ser sustentável (esse monitoramento inclui alterações eventuais de tempos em tempos, como a que está sendo feita na França, p.ex.). Isso é a parte mínima aproveitável. Mas o texto não se destina a expressar isso, que é óbvio.

O texto apresentado, em síntese, diz ou dá a entender que a manutenção do welfare state europeu resultou ou foi mantido através de déficits orçamentários gigantescos dos países europeus e que por isso, agora, em virtude desta irresponsabilidade, a conta teria de ser paga pelos mesmos e seus cidadãos. E diz ao fim, a título de alerta, que o que ocorreu lá com irresponsabilidade fiscal também se aplica ou pode acontecer no "hemisfério sul", ou seja, no Brasil. Evidentemente, para qualquer um, chamando a atenção para o que teima em chamar de "aparelhamento do Estado", "gigantismo estatal" e "gastança pública", que repetem mil vezes e não dizem onde, em que setor, em quais carreiras ocorrem todas essas "irresponsabilidades" do nosso Governo Federal, que apresenta, ao contrário, constante decréscimo de relação dívida/pib e superávit orçamentário, mesmo que diminuído após a crise financeira de 2008.

A verdade senhores é que somente se confirma, artigo após artigo, o desprendimento deste renomado canal de mídia com o interesse do Estado Brasileiro e da sociedade brasileira. Rico não precisa de serviço público. Quem precisa é pobre e classe média. O serviço público necessário de rico é o mínimo possível e é isso a que quer diminuir o Estado. Mas isso não garante qualidade de vida à massa da população, nem retorno de serviço público ao cidadão pelo imposto pago ao Estado.

O problema não foi a existência do welfare state europeu, mas da desregulação de mercado de crédito que gerou a crise de 2008 e obrigou aos Estados Europeus a bancarem o prejuízo investindo em bancos, salvando instituições financeiras, instituições de previdência, instituições de financiamento imobiliário, em cifras trilhonárias (em dólares) E ISTO SIM AUMENTOU O DEFICIT DOS PAÍSES EUROPEUS E ESTÁ COLOCANDO EM RISCO O WELFARE STATE.

A desregulamentação do mercado de crédito gerou uma crise financeira cujas dimensões perigam colocar em xeque e em risco os benefícios do resultado de uma construção de rede de bem-estar social que demorou décadas a ser produzido. É muito importante não cair na falácia deste tipo de artigo descomprometido com a verdade real e que somente adota vetor argumentativo que protege seus interesses corporativos (diminuir o Estado e os tributos que paga aos Estado brasileiro) ao invés de buscar a realidade dos fatos que deve informar a seus leitores.

E pior, ao final dando recado como se o Brasil precisasse conter seus investimentos públicos porque a Europa está endividada. O que todo país civilizado deve fazer é investir em bem-estar social na medida de suas capacidades e de forma sustentável. Quanto mais bem-estar social, o que normalmente se traduz em melhores prestações de serviços públicos em todas as áreas essenciais (segurança, logística estrutural, transporte, energia, educação e saúde), melhor para a qualidade de vida da população. O acesso a esses serviços e bens deve ser feito com responsabilidade e de forma que possa ser sustentado no tempo. E nós começamos a construir isso agora.

Tem ocorrido muito investimento público para re-estruturar quadros de funcionários públicos de várias carreiras e isso significa melhora de prestação de serviço público para toda a população. Foram construídas 214 escolas técnicas, 04 universidades federais, hospitais. Foram contratados funcionários públicos para estes estabelecimentos (metade de toda a contratação de 8 anos do Governo Lula foi para a área da educação). Foram reajustados valores remuneratórios de forma a estimular que os servidores públicos fiquem em suas carreiras e se dediquem exclusivamente a elas. Tudo isso é bom.

O alerta do editorial que critico faria sentido se os investimentos públicos feitos degenerassem as contas públicas, mas o Brasil está com uma das menores relações dívida/pib de sua história recente e uma das menores do mundo, além de superávit orçamentário de 1,5%, enquanto o mesmo editorial informa os déficits orçamentários de 10%, 13% e 15% de países Europeus como Inglaterra, Grécia e outros. Não dá pra comparar.

Não adianta o País ter bons números econômicos somente para nós e o exterior batermos palmas... isso tem que se traduzir em melhora de prestação de serviço público, melhora e crescimento de investimentos públicos (porque nós precisamos), para que tudo isso se traduza em melhora de qualidade de vida para o brasileiro, não é mesmo?

Por fim repito: NÃO FOI O WELFARE STATE EUROPEU QUE LEVOU A DÉFICITS ORÇAMENTÁRIOS E QUE AGORA LEVA A SOCIEDADE EUROPÉIA A TER DE APERTAR O CINTO. FOI A DESREGULAMENTAÇÃO DO MERCADO DE CRÉDITO EM GERAL E IMOBILIÁRIO EM ESPECIALQUE GEROU A MAIOR CRISE FINANCERIA DA HISTÓRIA DESDE 1929, A QUAL OBRIGOU OS ESTADOS EUROPEUS A RESGATAREM SUAS INSTIUIÇÕES FINANCEIRAS, VIA AUMENTO DE DÍVIDA PÚBLICA E PARA EQUALIZAR TUDO ISSO AGORA A SOCIEDADE EUROPÉIA TEM QUE PAGAR. OU SEJA, A DESREGULAMENTAÇÃO DE MERCADO FINANCEIRO PÔS, EM DOIS ANOS, EM RISCO TODA A REDE DE BEM-ESTAR SOCIAL EUROPÉIA QUE FOI ORGANIZADA EM DÉCADAS.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

350.000 famílias foram descadastradas do Bolsa Família em 2009

Em entrevista prestada ao Programa de Rádio Oficial "A Hora do Brasil", de hoje, 18 de outurbo de 2010, a Secretária Nacional para a Renda e Cidadania, Lúcia Modesto, informou que, em 2009, 350 mil famílias beneficadas pelo Bolsa Família não comprovaram o cumprimento de suas obrigações/contra-prestações em relação ao Bolsa Família em manter filhos vacinados e em escola, ou saíram da condição básica de renda famíliar per capita de 1/4 de salário mínimo, e perderam o direito a continuar recebendo o benefício.

A previsão para este ano de 2010 é de que 1,5 milhão de famílias sejam fiscalizadas para se observar o cumprimento das contra-prestações exigidas pelo Bolsa Família para a manutenção das famílias no Programa e, em 2011, a meta é fiscalizar 2 milhões de famílias.

São 11 milhões de famílias beneficiadas e a fiscalização não é fácil porque as pessoas que foram cadastradas pelos gestores municipais, em cada Município do País, são de origem muitíssimo humilde, morando muitas vezes em locais longínquos e de dífícil acesso. Cada Município deve fiscalizar a aplicação das verbas e repassar as informações ao Governo Federal, mas mesmo assim há dificuldades.

Pela informação da Secretária Nacional, ao menos todas as 11 milhões de famílias encontram-se cientes de que devem cumprir pré-requisitos e demonstrar a contra-prestação que é manter filhos em escolas e vaciná-los corretamente para continuar com o direito de receber as verbas do Bolsa Família e elas estão sendo orientadas a procurar os seus gestores municipais, sob risco de poder perder o benefício.

Trago estas importantes informações porque a grande mídia provavelmente não as publicará e, se fizer, será no clássico cantinho de rodapé, já que o governo é do PT. Se fosse no Governo do PSDB, provavelmente isto estaria na manchete de amanhã, como demonstração do esforço na fiscalização do destino e da finalidade pública do Programa Bolsa Família. Como não é, tenho que repassar para você esta informação para que você veja que a inexistência de fiscalização no Bolsa Família é balela anti-governo.

Felizmente não só nossos Globinho do coração, Estadão e Folha são fontes de informações neste País, não é mesmo?

Quero parabenizar aqui mais uma vez a Revista Isto É, por ser a única Revista de massa a continuar publicando sobre o desvio de 5 milhões de reais de uma licitação paulista para beneficiar a campanha de Serra. Na Isto É dessa semana a capa é Serra primeiro negando que conhece o Sr. Paulo, que fez a denúncia, e depois o reconhcendo e tecendo-lhe elogios. Lindo! Obrigado Isto É. O Brasil ainda é de todos nós e não somente de alguns.