quarta-feira, 26 de março de 2014

Artigo informativo da Folha de São Paulo: cresce o percentual de servidores públicos x população ocupada em metrópoles brasileiras

Senhores, verificando as origens de acesso ao Blog Perspectiva Crítica, pudemos notar que tem havido acesso de grandes sites de informação, inclusive ligados a grandes veículos de mídia brasileiros. Nada nos garante maior lisonja.

Será importante essa troca que pode ocorrer entre a pauta e a máquina da grande mídia e as propostas de temas de nossas pautas de comunicação do Blog Perspectiva Crítica e de outras mídias sociais.

Muuitas vezes pudemos notar uma coincidência de temas, mais natural pela relevância dos mesmos, e umas notícias posteriores a nossos artigos que praticamente respondiam questionamentos nossos. Isso seria fantástico se realmente denotasse essa concreta troca e complementariedade. Mas dessa vez pudemos constatar o acesso ao blog por um endereço que remete ao UOL e à Folha de São Paulo.. quem diria, e que sorte.. justamente o mais informativo canal de mídia das três grandes (Globo, Estadão e Folha).

Ao acessarmos de volta o endereço fomos direcionados a uma informação importantíssima que buscávamos e sobre tema que reverenciamos aqui: a necessidade de aumentarmos a relação servidor público x trabalhador brasileiro, já que a última pesquisa da OCDE disponível indicava que nós estávamos abaixo da média das 30 mais ricas nações mundiais nesse quesito.

Em torno de 2010 o Brasil tinha média de 10,6% de sua força de trabalho como servidores públicos enquanto os EUA tinham 14,5% e Dinamarca 39%, por exemplo. E vejam, os funcionários públicos norte-americanos têm estabilidade também.. rsrsrs, assim como alemães, franceses.. etc..

Agora vejam, a Folha de São Paulo publicou que o percentual de servidores públicos em relação aos trabalhadores empregados vêm crescendo em todas as regiões. Segundo o artigo publicado, e acessível em http://dinheiropublico.blogfolha.uol.com.br/2013/10/24/proporcao-de-servidores-publicos-na-populacao-ocupada-e-recorde/, intitulado "Proporção de servidores públicos na população ocupada é recorde", São Paulo tem 6,2% de servidores públicos dentre todos seus trabalhadores ocupados, o Rio de Janeiro, 10,5%; Recife, 9,6%, Belo Horizonte 8%, Salvador 8% e Porto Alegrae 7,7%. Desses pólos metropolitanos, todos subiram de percentual desde setembro de 2012 até hoje, menos Salvador que caiu 0,5%.

Agora veja, a notícia foi de boa qualidade. Não fez alarde nem tomou partido de que isso seria bom ou ruim. Contou um fato, como um jornal de qualidade e respeito deve fazer. Cabe a você criticar e achar isso bom ou ruim. O Blog Perspectiva Crítica existe para criticar notícias e se posicionar. Então, diante dessa informação o que tem a dizer?

Temos a dizer que esta notícia não nos catapultou à frente das nações ricas, principalmente as nórdicas, no que pertine à relação servidores x população empregada total. O serviço público no Brasil estava e está totalmente sucateado não só em estrutura física ou de equipamentos, mas de pessoal. Salários baixos, falta de planos de carreira e falta de concursos sucatearam a capacidade de o Estado brasileiro prestar serviço público em quantidade e qualidade para a população.

Vemos com bons olhos que essa proporção de servidores públicos entre os empregados do Brasil aumente. Não só porque isso garante estrutura humana para atender a população que carece de serviços públicos de toda natureza; não só porque prestar serviço público ao cidadão é dar-lhe retorno pelo imposto pago, mas porque isso aumenta a qualidade de vida do brasileiro, como aumentou e mantém alta a qualidade de vida do cidadão europeu.

Convém sublinhar ainda que a criação de empregos e cargos públicos é necessária em uma economia que cresce e para ampliar a rede de Bem -Estar Social, assim como isso cria opção de emprego de qualidade ao cidadão brasileiro e enxuga o mercado de trabalho, contribuindo para uma necessária valorização dos trabalhadores brasileiros que permanecem na área privada ou que para lá são atraídos por ofertas melhores, as quais a área privada fica obrigada a oferecer para manter e atrair bons trabalhadores para suas equipes.

Por fim, os dois países europeus que menos foram abalados pela crise financeira internacional foram, além dos nórdicos, Alemanha e França, justamente os países com mais servidores públicos. Por quê? Porque não sendo desempregados de imediato como ocorreu em massa na área privada, suas remunerações se mantiveram e esses valores puderam ajudar a manter a economia destes países girando, enquanto a área privada se petrificou diante do caos financeiro que se instalou pela desregulamentaçao do mercado financeiro, em especial no tocante ao lançamento e comercialização de títulos sub prime.

Então, somente uma análise responsável, fria e profunda pode dar a real dimensão dos resultados favoráveis, para o Brasil, do restabelecimento de um mínimo de quantidade, com a melhor qualidade possível, de funcionários públicos capacitados e aptos a prestar serviços públicos aos cidadãos, bem como de existir cargos públicos suficientes para proteger o giro econômico em momentos de crise, além de garantir uma concorrência mínima com a área privada pelo trabalhador brasileiro, de forma a valorizar a mão-de-obra deste mesmo trabalhador, hoje, excessivamente explorado em mercado.

Importante ainda o artigo da Folha, ora em comento, corroborar que grande parte do aumento de servidores públicos federais teve como destino a área de educação... isso é informação que não se vê publicada todos os dias e mostra coerência do governo petista.. pois se criaram quatro universidades federais e 214 escolas técnicas, é óbvio que seria necessário contratar professores, auxiliares administrativos, para todas essas novas unidades escolares.

O artigo também foi honesto ao informar que o aumento desta proporção nos grandes centros metropolitanos não pode ser remetida exclusivamente  às contratações de um ente federativo, seja a União, Estado ou Município.

Enfim, é uma boa informação, de qualidade, sem indução. Aguardamos o Jornal O Globo publicar que isso mostra o "evidente descontrole da máquina pública e dos gastos públicos" (tsc, tsc, tsc), mesmo que a conta-gotas esse mesmo meio de comunicação aponte falta de fiscais para aumentar a eficiência dos portos, falta de policiais rodoviários para coibir tráfico de armas, drogas e manter a segurança das estradas federais e em postos de fronteiras, falta de servidores da Defesa Civil para proteger as população serrana do Rio de Janeiro de desabamentos, falta de médicos, falta de professores.. etc.. etc..

Parabéns à Folha de São Paulo... tenho ouvido muitos elogios à sua redação por amigos meus de todas as matizes partidárias... será bom algum dia podermos publicar no Blog Perspectiva Crítica que um jornal da Grande Mídia é confiável, mais imparcial e informativo do que partidário e indutivo. Parece que esse troféu, se algum dia for entregue pelo Blog Perspectiva Crítica, caminha para as mãos do jornal paulista Folha de São Paulo, ganhando por uma cabeça do Jornal do Commercio, porque A Folha publica matérias mais próxiams do cidadão brasileiro, enquanto o Jornal do Commercio, apesar de ser um excelente jornal carioca informativo de abrangência nacional, é mais voltado para a realidade de empresas.

p.s.: texto revisado e ampliado.

p.s.2: Acesse também http://www.perspectivacritica.com.br/2012/07/qual-quantidade-ideal-de-servidores.html
http://www.perspectivacritica.com.br/2013/06/brasil-x-mundo-servicos-publicos.html

p.s.3: Título do texto alterado para melhor adequação informativa. Era: "Artigo informativo da Folha de São Paulo: 6,2% é o percentual de servidores públicos x população ocupada em São Paulo".

p.s. de 11/04/2014 - texto revisto e ampliado.

8 comentários:

  1. Prezado Mario César,

    Parabéns pelo tema. Vejo com muita satisfação a busca pela discussão em torno do desenvolvimento de visão crítica da informação que recebemos. Creio que as escolas deveriam incluir em seus currículos uma disciplina que envolvesse a gestão da informação. Assim, talvez, jovens passariam a considerar a informação, sua fonte. Não apenas pelo jornalista ou colunista, mas a fonte original, incluindo o momento em que foi divulgada.

    Um colunista ou jornalista não deveria emitir opinião sobre um contexto atual, levando em consideração somente os dados de 2010 pelos quais o cenário era outro. Ou seja, com a alteração do currículo escolar e o estudo mais profundo da gestão da informação, a sociedade passaria a considerar, ao recebê-la, de onde veio a informação, se e como foi transformada, qual a autoridade de quem a divulga, os momentos - quando foi gerada, quando foi transformada e quando está sendo divulgada, ou seja, se está atual ou ultrapassada.

    O Serviço Público precisa sim, de servidores comprometidos. E precisa de estratégia, monitoramento e, claro, de resultados.

    O Brasil é um país de grandes proporções e muita diversidade. Jornais de São Paulo e Rio de Janeiro podem não expressar a realidade de outras regiões, como por exemplo Rondônia, Amapá, Roraima ou ainda, do Amazonas - fora da região de Manaus. Talvez seja interessante estender a abrangência do acompanhamento para este assunto.

    A gestão de pessoas faz parte do estudo acadêmico e de pesquisa (incluindo a pesquisa aplicada!) em universidades e alguns modelos vem sendo propostos e executados. Um deles foi proposto por Guttenberg Ferreira Passos, de MG, e vem sendo discutido no Brasil e no exterior (ver http://www.academia.edu/4090284/MODELO_DE_RESPONSABILIDADE_ORGANIZACIONAL_APLICADO_EM_EMPRESA_PUBLICA_DE_TECNOLOGIA_DA_INFORMACAO_E_FUNDAMENTADO_EM_DINAMICA_DE_SISTEMAS ).

    Mais uma vez, parabéns pelo tema e sucesso!

    ResponderExcluir
  2. Prof. Ilan Chamovitz, obrigado pelo elogio. É uma lisonja a sua participação nos nossos debates. O meio acadêmico é exatamente o melhor canal para a alteração das perspectivas sociais. Desejamos que mais e mais professores e pesquisadores acompanhem, sugiram temas e critiquem os artigos do Perspectica Crítica.

    A proposta de inclusão da matéira de gestão da informação em currículos escolares me parece extremamente interessante e auspiciosa. Talvez, de forma mais imediata, pudéssemos sugerir que o tema fosse abordado através da aula de filosofia, como exemplo da aplicação do tema "ontognoseologia" como apresentado por Miguel Reale na Introdução de seu livro intitulado "Filosofia do Direito".

    Talvez assim adolescentes já tivessem esse contato com a relatividade da informação, sem prejudicar a grade curricular atual, que já está extensa. Ou talvez pudesse constar a matéria "gestão da Informação" como curso extracurricular e eletivo. Debate interessante e profícuo.

    No que tange os dados de 2010, não vejo problemas que para se ponderar questões atuais se use remissão a dados pretéritos, desde que se diga que são pretéritos. Importante também notar que escritores de nossa preferência merecem crédito pelo seu histórico trabalho de informação.

    O Blog Perspectiva Crítica trabalha ainda com um acervo atual de 660 artigos e praticamente todos os dados mencionados têm citadas suas fontes, seguindo a regra que o senhor bem menciona, para que os leitores acompanhem-nas. Quando não citamos é porque provavelmente em outro artigo já foi citada a fonte respectiva à afirmação que se faz. Essa busca pode ser feita pelo bing no canto superior esquerdo da tela, assim como pode ser procedida no Google.

    Por exemplo, os dados mencionados sobre o percentual de servidores nos EUA e Dinamarca está presente em va´rios artigos deste Blog sob o tema serviço público e as principais fontes são artigo do jornal o Globo de 08 de junho de 2010, pg. 21, aliado ao conteúdo sobre o mesmo tema publicado em julho de 2010, cujo dia e página não estão em meu poder agora, mas já foi mencionado em outro artigo. Procurarei para o senhor, apesar de este Blog não possuir staff para tal tarefa, que deixamos a nossos leitores, os quais podem sempre mencionar e provar que nossas informações estão equivocadas, mencionando a fonte, claro.

    ResponderExcluir
  3. (continaundo)

    Concordo, ainda, que o ideal é sempre ter as informações mais modernas possíveis para que o jornalista escreva sobre um tema. Entretanto, isso é mais possível em grandes empresas de comunicação, já que muitas vezes para se fazer as análises que fazemos é necessária uma grande compilação de dados e isso muitas vezes é impossível.

    Nosso maior objetivo é lançar raciocínios coesos, transparentes e honestos, criticando a má informação e muitas vezes a informação da grande mídía é tão crassamente absurda que dados que foram disponíveis há poucos anos atrás dão boa dimensão da incongruência informativa do artigo que se critica.

    Além disso, um blog integrante da Mídia Social não intenta, creio eu, competir em produção de informação modernoa com meios de comunicação milionários, pois isto seria impossível. Assim, o vetor de atuação crítica deste Blog, por exemplo, foca no raciocínio sobre fatos, apontando os parâmetros presentes e pretéritos, nacionais ou estrangeiros para tal.

    Neste intento, acho que obtivemos muito êxito. E assim continuaremos.

    Agradecemos a participação ilustre. Leremos o ssite indicado. E sugerimos que o meio acadÊmico participe mais deste e outros meios de comunicação sociais que entenda idôneos, criativos e coerentes, a emn do desenvolvimento de nossa comunicação social e do Brasil.

    Sugerimos, ainda, a leitura de nosso livro "O Estado COnformacional - os limites possíveis aos atos privados", da editora Access Editora/Estante do Autor, acessível em www.estantedoautor.com.br em que o blogger apresenta sua visão de uma nova teoria de Estado e permite uma maior eficiência da intervenção do Estado na economia e na sociedade, tornando obsoletas as teorias liberais e socialistas de Estado.

    Quanto mais pessoas abertas ao novo, mais chances de obtermos avanços sociais mais intensos, profundos e perenes.

    Um grande abraço,

    Mário César Pacheco
    Blogger

    ResponderExcluir
  4. Se gostou desse artigo que leu, Professor Iilan, tenho certeza de que achrá interessantes os seguintes artigos deste Blog:

    http://www.perspectivacritica.com.br/2010/07/reconstruindo-o-brasil-reconstruindo-o.html

    http://www.perspectivacritica.com.br/2011/12/os-11-artigos-mais-importantes-do-blog.html

    http://www.perspectivacritica.com.br/2010/06/carga-tributaria-e-servico-publico.html

    http://www.perspectivacritica.com.br/2013/06/brasil-x-mundo-servicos-publicos.html

    Dentre outros. Foi um prazer.

    Abs,

    Mário César Pacheco

    ResponderExcluir
  5. Esse também será de seu interesse:

    http://www.perspectivacritica.com.br/2013/05/artigo-estado-minimo-x-falta-de.html

    ResponderExcluir
  6. Professor, não deixe de acessar esse também:

    http://www.perspectivacritica.com.br/2012/07/qual-quantidade-ideal-de-servidores.html

    E com esse me despeço, mas há muitos outros sobre o tema de seu interesse.

    Abs

    ResponderExcluir
  7. Achei! A outra fonte da publicação sobre estatísticas de servidores, que, creio, está a informação sobre a Dinamarca é do Jornal O Globo, manchete, de 1º/07/2012. Boa pesquisa.

    ResponderExcluir
  8. Um último comentário que reputo informativo e interessante é que os dados que muitas vezes o Blog Perspectiva Crítica deseja trabalhar são incomuns e pouco publicados pela mídia. POr exemplo: a evolução da relação gasto público com professores/ PIB no Brasil e na Alemanha? O mesmo para médicos públicos e policiais. Ou o valor em percentual do PIB com a Previdência Pública, na Alemanha, França e Dinamarca. No Brasil, somente com a publicação recente de artigo da Folha de São Paulo com gráfico sobre arrecadaão x gastos do Orçamento Público Federal é que obtivemos a informação dessa natureza.

    Então no nosso ofício informativo, não tendo acesso a estes dados que exigimos e não estão facilmente disponíveis, muitas vezes devemos utilizar os dados colecionados de publicações de vários anos pelos anos de leitura e pesquisa.

    É claro que se um dia a FGV se dispuser a fazer as avaliações que entendemos necessárias para uma profunda análise da verdadeira situação de nosso país e de nossas finanças públicas e relação de investimentos públicos em qualidade de vida no Brasil em comparação com paíeses ricos, ficaremos felizes e colaboraremos gratuitamente.

    Fora, isso, ficamos limitados, pois não temos tempo ou staff para realizar todas as pesquisas que gostaríamos.

    Acho que agora fechei meus comentários professor. Toda boa intervenção gera oportunidade para este Blog esclarecer seus métodos e objetivos ao tratar de informações obtidas em jornais, sites do governo, sites de instituições privadas ou públicas etc.. e publicá-las para nossos leitores.

    Obrigado.

    ResponderExcluir