segunda-feira, 25 de julho de 2011

Análise Econômica Interna e Externa Julho/2011 - Juros, inflação, Pib e perspectiva sobre bolha imobiliária, inclusive aluguéis.

É senhores...muitas coisas erradas, infelizmente. Em termos sintéticos espero apontar todas e dar um panorâma interno, externo e o impacto em imóveis no Brasil, em especial Rio de Janeiro.

A continuidade do aumento de juros Selic, que levou o Banco Central a elevar a 12,50% os juros brasileiros, que já eram os mais elevados do mundo, prejudica o Brasil. Estes juros garante disparadamente a melhor remuneração real em juros da dívida, à frente de todas as nações africanas, asiáticas e latino-americanas, por menos organizada que sejam, por menor que sejam ou mesmo que estejam governadas por ditaduras, proto-ditaduras ou em guerra civil. Parabéns ao lobby financeiro. Parabéns à grande mídia que apóia o lobby financeiro. O País piora, mas seus bolsos se enchem...

Enquanto isso, a previsão para crescimento do PIB este ano já se encontra abaixo de 4%!! Vocês sabem o que significa isso? Menos emprego. Ano passado o crescimento foi de 7,5% e em dezembro de 2010 o Banco Central demonstrava que o controle da inflação se daria de forma mais responsável, ou seja, através de manutenção de juros a 10,75%, o que já era um absurdo em comparação ao resto do mundo que praticava em grande parte juros negativos, e adoção de medidas macroprudenciais. Não repetiríamos 7,5%, o que com certeza era índice que pressionava a inflação por pressionar a oferta, por inexistir investimento ao nível de compensar a demanda que o crescimento a 7,5% poderia gerar. Mas agora, temos queda de crescimento a mais da metade do ano passado... e ainda continuam dizendo que há risco inflacionário...

A Miriam disse que como o índice de inflação dos serviços está em 8% esses últimos 12 meses, não importa que o IPCA dos últimos doze meses esteja em 6,75% e em evidente queda constante daqui para frente (já há previsão de inflação anual fechando abaixo de 6,5% em dezembro de 2011), nem importa que o índice atual mensal esteja em 0,10%!!! Segundo ela há risco inflacionário latente! Vejam: 0,10% (o foco do Banco Central é de 0,45% ao mês, para manter na meta inflacionária). Pelo menos ela disse em recente coluna que o Banco Central já provou que é autônomo e que agora pode parar de aumentar...

O que eu vejo: EUA, que teve aumento constante de dívida desde 2005, com BUSH e com as guerras (enriquecendo o lobby americano de armas, aço e petróleo), depois de ter dívida controlada com Bill Clinton, agora já queimou sua imagem com o risco verdadeiro de calote. Se não aumentar seu teto de endividamento até 02 de agosto, terá de dar calote em algumas dívidas, demitir funcionários públicos, enfim.. aumentar a semi-recessão e cortar o pequeno crescimento obtido a custo de juros básicos negativos, hoje em 3% ao ano, e facilitação de crédito para consumidores. Europa está com grandes problemas ainda, com solução mais demorada do que se anunciava e já se fala em risco para a Itália (que tem dívida/pib altíssima há muitos anos) e Espanha; duas economias de trilhões de dólares e não de centenas de bilhões como Grécia, Portugal e Irlanda.

Com este quadro senhores, os investidores estão comprando mais ouro, que se encontra em valor hitoricamente alto. A prata subiu 121% nos últimos 12 meses. Pergunto: se a função da taxa de juros é controlar a inflação e atrair dólares, além de desestimular compra interna e encaminhar valores para a poupança e títulos públicos, com a queda de pib brasileiro, com o índice geral de inflação (IPCA) em queda desde abril de 2011 e hoje a 0,10%, com o juros estratosférico em relação ao mundo e com a credibilidade alcançada pela política econômica e fiscal brasileira, será necessário mais aumento de juros para quê? Resposta: só para satisfazer banqueiros, senhores, e às "consultorias de mercado" (ou melhor dizer consultorias a mercado..), prejudicando nossa economia, gerando apreciação exacerbada do real (corrigindo, errata abaixo), impedindo nossa venda ao exterior, gerando desindustrialização brasileira e perda de empregos para brasileiros, além de aumentar a dívida pública... para depois dizer que a dívida pública aumentou por culpa do governo.

Então, é isso, o lobby financeiro, mais bem organizado, aliás muito melhor organizado do que o lobby das indústrias, vence mais uma vez, às custas dos empregos de brasileiros, à custa da diminuição do nosso parque industrial (que poderia estar crescendo mais), à custa do endividamento do País (que deve lançar títulos públicos para enxugar dólares e tentar manter um nível de valor do dólar que não acabe com nossa indústria)(ver "p.s. errata 29/07/2011" abaixo).

Haveria outra saída? Sim. A China aumentou pouco sua taxa básica e aumentou muito o depósito compulsório dos bancos. Poderia também amenizar o gasto familiar com a diminuição de prazo de empréstimos e incrementar a obrigatoriedade de que os bancos aumentassem sua exposíção em cada operação de empréstimo (hoje de 16,5% de capital próprio em cada operação e poderia chegar a 21%.. isso mesmo 21%!!). Mas isso só afeta as operações de bancos e encarece o consumo. Domina a inflação, mas tira lucratividade de bancos. Então, pode na China, mas não pode no Brasil.

Começamos bem em novembro e dezembro de 2010, mas o mercado falava que sem aumento daqueles juros absurdo o Banco Central, pela primeira vez presidido por um funcionário de carreira e não alguém de mercado, não demonstrava ser autônomo. Ladainha... o que deveria ser analisado eram os números.. mas isso não era bom, pois apontava para mais medidas macroprudenciais e diminuição de juros selic e isso tira dinheiro dos bancos.

Então ficamos nesse anacronismo: inflação cai, crescimento do pib cai, oportunidades de emprego caem, mas a inflação de serviços apontou 8% de aumento em 12 meses, então temos de ter cuidado... uu-huhu-hahaha.. medo..

É difícil ser feliz porque é difícil fazerem o simples. É muito interesse organizado. Mas seguimos acompanhando e te mostrando.

E quanto a imóveis? E a nossa bolha?

Senhores, a situação aprovou nossa última análise. Vejam. Estou até impressionado de que com todas essas informações negativas no exterior não tenha havido um reboom imobiliário (no Brasil) em menores proporções do que já ocorreu por aqui. Pois as bolsas estão caindo e os títulos de dívidas europeus e americanos estão perdendo credibilidade.. portanto, a saída fria seria títulos da dívida da Alemanha, a economia mais pujante da Europa, ouro, títulos da dívida do Brasil, Coréia, China e Índia e imóveis em países emergentes, inclusive, claro, Brasil. Isso ainda poderia acontecer no caso do caos, ou seja, quebra de algum país na Europa e não elevação do teto de dívida americana para 2 de agosto. Mas acho difícil. No caso do caos, poucas previsões fora aumento de ouro e prata e bens de fácil estoque e liquidez, como diamante, seriam seguras.

Isso que ocorre hoje, no entanto, ou seja, o não aumento de imóveis por aqui, ou a não continuidade de aumento de imóveis no Brasil, mostra que estávamos, ao meu ver, no caminho certo em análises. Os aumentos foram às alturas de forma irrazoável e especulativa. O brasileiro não tem mais como comprar e os que têm não pretendem fazê-lo em padrões irrazoáveis. Vocês acompanharam as últimas notícias? Estrangeiros compram imóveis com força no Brasil (manchete recente do Jornal O GLOBO)! Como tínhamos dito. Brasileiros compram imóveis no exterior.

Parte do aumento é especulação imobiliária de estrangeiros sem retorno para seu dinheiro no exterior. Mas esbarramos agora, e cada vez mais evidente, no limite de endividamento do brasileiro (60% das famílias estão endividades, 20% estão muito endividadas e o Serasa Experian indicava aumento de registros negativos para se não me engano acima de 8%). Assim, brasileiros passaram a não poder comprar ou optaram por não comprar. O preço de venda de imóveis já arrefece. Mas o de aluguéis subiu, claro. As pessoas passaram a não comprar e preferiram alugar, como eu, e aumentaram os aluguéis, mas também chegou no limite, ao meu ver.

Pessoas estão voltando a seus imóveis próprios (eu quase fiz isso). Outras, desalojam inquilinos e alojam parentes e amigos a preços melhores e para garantir o pagamento certo e mais seguro. E vejo que até o fim do ano, além de preço de imóveis poderem descer uns 10%, o de aluguéis também começará a ceder (hoje pressiona o índice de inflação de serviços, superior a 8% nos últimos 12 meses). É a minha impressão firme ante o fato de endividamento das famílias. Afinal, não está vindo uma exnxurrada de estrangeiros para morar no Brasil, eles só estão comprando e quem deverá pagar aluguel são brasileiros. POrtanto é o limite de renda do brasileiro que define valores de aluguel e não o limite de compras de imóveis por estrangeiros.

Acho que, graças a Deus e às pessoas que se informaram e pararam de comprar imóveis no Brasil, o ajuste no valor de imóveis será à base de 10% de queda ao ano, pelos próximos três anos. Mas como sempre, o mais certo é de 10% de ajuste este ano. A não ser que venha o caos e novamente estrangeiros aumentem procura por aqui.

Por isso digo: temos de exigir controle de cadastro de compra de imóveis em todos os Registro de Imóveis do país. Temos de colocar limite de compra de imóveis por cidade e bairro de 40% para estrangeiro e 60% para brasileiro. Por quê? Porque os estrangeiros são muito mais ricos em média e seus fundos são multibilionários. Europa tem pib de 16 trilhões de dólares, os EUA de 14 tri e o nosso é de 2 tri. A renda percapita européia é de 43 mil dólares, nos EUA é de 56 mil e a nossa é 10 mil. Sem controle de compra por estrangeiro deixamos a população à mercê de especulação imobiliária estrangeira, possibilidade real de brasileiros virarem inquilinos em massa em seu próprio país e criação de enclaves estrangeiros em certos bairros, como no RJ no Leblon e Ipanema. Não podemos deixar isso acontecer. Moradores em Ipanema e Leblon, como já saiu na Revista Veja Rio, estão declinando de ofertas milionárias estrangeiras pois sabem que se venderem serão expulsos do bairro pois não comprarão outro igual no mesmo bairro.

Já existe lei que limita compra de estrangeiro no interior do Brasil. Devemos somente estendê-la à propriedade imobiliária urbana também. Temos de nos preparar para a enxurrada estrangeira que pode advir do caos na Europa e EUA (que não creio que possam deixar ocorrer) e devemos proteger a propriedade imobiliária brasileira.

Meu conselho permanece o mesmo: juntar dinheiro para épocas melhores e de tranquilização do mercado. Imóvel no estrangeiro está mais barato e é melhor investimento, para quem pode, claro. Aqui, pechinche se achou bom imóvel a preço razoável. Pechinche o aluguel. E não transforme sua vida num inferno de falta de valores somente para pagar aluguel ou comprar imóvel. Educação e saúde de qualidade para filhos e viagens em família é mais importante. Se isso ocorre (diminuição de verbas para lazer, saúde e educação por causa de despesas de imóvel/moradia) é porque o mercado está em alta, mas você é quem deve prorizar o que é melhor para você: imóvel a todo custo ou qualidade de vida?

Seguimos juntos.

p.s. 25/07/2011: texto revisto e ampliado

p.s. 26/07 - errata: onde se lia, no sexto parágrafo "gerando apreciação exacerbada do dólar, impedindo nossa venda ao exterior," corrigi para "gerando apreciação exacerbada do real (corrigindo, errata abaixo), impedindo nossa venda ao exterior". Ora, se os juros de EUA e Europa são negativos e o nosso é o maior juro real do mundo, perto de 6% real, e se nossas relação dívida pib é de 39% e o dos eua e europa encontra-se na média de 100%, qual país atrai mais dólares e investimento em títulos de dívida? Brasil, lógico. Portanto, a manutenção de juros estratosférico brasileiro considerando a situação externa atual gera, naturalmente, aumento da moeda brasileira e queda de dólar internamente pela enxurrada de dólares. E é a apreciação do real e a depreciação do dólar que prejudica nossa venda no exterior, como todos sabem. Daí, que a redaçaõ original nunca poderia corroborar o evidente erro de que juros altos brasileiros gera "apreciação exacerbada do dólar, impedindo nossa venda ao exterior". Daí a correção em errata, senhores. Desculpem, mas alguns de vocês já devem ter feito essa correção até por conta própria, .. mas nosso objetivo é atingir o maior número de pessoas possível e a informação não pode ser equivocada.

p.s. 27/07/2011: informação ontem ou hoje na Rede Globo de Televisão indica que a produção brasileira interna industrial já foi 35,9% de tudo o que se produzia e comercializava no Brasil. Hoje é 15,4%. Veja como cai a indústria brasileira. Esses juros Selic extorsivos e incompatível com o mundo está desindustrializando o País que virará entreposto comercial de indústrias estrangeiras. A vulcabrás está indo criar indústria na Malásia para conseguir sobreviver à concorrência estrangeira. Na mesma reportagem foi informado que em cinco anos não haverá mais indústria brasileira produtora de elevadores e já não existe mais indústria brasileira produtora de escadas rolantes.

p.s.: Mantega não tem limites em sua criatividade. Veja as medidas anti-especulação cambial adotadas pelo Governo em http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/07/27/governo-anuncia-medidas-cambiais-dolar-tem-alta-expressiva-924985057.asp

p.s. 27/07/2011: veja novas medidas de Mantega para frear especulação cambial em http://not.economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201107271358_TRR_1311774411nE5E7I5019

p.s. 28/07/2011: veja artigo sobre a Ata do Copom. Esta Ata está boa e equilibrada, segundo nosso entendimento. http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/07/28/ata-do-copom-afirma-que-cenario-para-inflacao-mostra-sinais-favoraveis-924993743.asp

p.s.: veja você mesmo a 160ª ata do copom (julho/2011) em http://www.bcb.gov.br/?COPOM160

p.s. errata 29/07/2011: eu afirmei que o Banco Central está enxugando o excesso de dólares através de emissão de títulos da dívida, aumentando dívida pública. Cabe uma correção. Essa política de enxugar excesso de dólares através de emissão de títulos é usado pela China. No Brasil, o Banco Central vem comprando o excesso de moeda americana no mercado à vista, o que elevou nossas reservas cambiais de US$37 bilhões em 2002 para em torno de US$350 bilhões em julho de 2011. O método de enxugamento de dólares para "controlar" o câmbio no Brasil tem sido esse, portanto. Fica aqui a correção. E muito da necessidades disto vem não somente pela atratividade de nossa economia e crescimento de mercado interno, mas porque o Brasil pratica juros Selic estratosférico para qualquer país no mundo e isso atrai dólares em demasia para ganhar juros no Brasil. Mantega tem sido muito criativo, mas se o BACEN não se curvasse ao mercado e trabalhasse com os números reais da economia, como a partir da ATA 160 do COPOM parece que pode passar a ocorrer, a taxa de câmbio e o enxugamento de dólares não precisaria ser assim,... nem o aumento da dívida pública.

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