O conteúdo do artigo pode ser acessado no endereço http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2011/05/12/libertar-alma-negra-do-brasil-924446991.asp
Acredito que a tese defendida no artigo pode ser defluída dos dois trechos que seleciono agora. Veja:
"Acho que chegou o momento de nós, negros e mestiços, cobrarmos do Estado o reconhecimento da dívida econômica e cultural que este tem em relação aos escravos e aos afrodescendentes. O Brasil só será uma grande potência mundial quando a raça negra e os mestiços se incorporarem ao seu pleno potencial econômico."
"A luta por justiça socioeconômica e racial dos negros deve ser a base dos movimentos negros na atual agenda política do Brasil. Se queremos participar do bolo econômico devemos buscar não apenas a igualdade como um direito teórico, mas igualdade como um fato e como resultado prático, a fim de cultivar um conjunto de líderes talentosos com legitimidade aos olhos desta nação de pretos. A revolução negra humanista, iniciada pelos heróis abolicionistas de 1888, precisa ser concluída na alma da nação brasileira que a abolição não libertou." (http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2011/05/12/libertar-alma-negra-do-brasil-924446991.asp)
A seguir meus comentários, organizados para esta publicação.
"Fico preocupado com este tipo de texto que cultua uma diferença entre cidadãos brasileiros, diminui a história negra de resistência à escravidão e não ressalta que a escravidão foi terminada por brancos no Brasil. O grande problema é que normalmente quem se predispõe a escrever esse tema só o faz repetindo as teses de consciência negra que vigoram nos EUA. Mas a sociedade lá é realmente segregacionistas e não há paralelo conosco neste particular. A inclusão negra se dará com educação pública (aliás, de negros ou brancos pobres).
Quem quiser ter real noção sobre a história da escravidão no Brasil, sem adotar essas mentirosas e simplistas teorias de vitimização dos negros brasileiros, leia "Guia politicamente incorreto da história do Brasil", de um jornalista brasileiro, Leandro Narloch, editora Leya. Negros escravizaram negros na África muito antes de os brancos chegarem lá. Assim como brancos escravizavam brancos na Europa. Alimentar o maniqueísmo de brancos devedores e negros vítimas, no Brasil, é um atentado contra a história e repete os EUA aqui, em total dissonância com nossa realidade social, histórica e cultural.
Era comum, antes da abolição da escravatura no Brasil, o assassinato de feitores que abusavam do direito de punir os escravos. Os próprios escravos os matavam. E também era comum um escravo libertado, se tivesse oportunidade de ascenção social e econômica, comprar outros escravos negros. Há inventário de uma negra baiana liberta que libertou vinte escravos seus após sua morte. Vinte escravos somente quem era rico possuía. 80% dos proprietários de escravos tinham apenas um escravo e ambos, proprietário livre e escravo, trabalhavam juntos!! Leiam o livro que apontei acima e libertem-se das teses vitimizantes e de fundo segregacionista.
Esses dados que repasso a vocês mostra um lado cultural, referente a um estágio de nossa sociedade anterior ao momento abolicionista. Quero que vocês vejam o brasileiro descendente de negro sem vitimizá-lo. Quero que eles se vejam como pessoas cujos antepassados não foram coitadinhos nem se deixavam abusar sem revolta e tomada de atitudes. A estrutura social com escravidão existiu desde sempre e acabou recentemente e brancos e negros foram escravos em seus tempos e épocas.
Peço a todo brasileiro que se informe sobre nossa história. Se informe sobre a história e sociedade americana. Não é porque fazem movimentos sociais lá para tentarem resolver seus problemas sociais de uma sociedade doente, que devemos copiar isto aqui. Lá houve um grupo de negros, os Panteras Negras, que atacavam seu país porque sentiam exclusão efetiva cotidiana dos negros naquele país que nunca os aceitou a não ser quando começaram a fazer dinheiro. Aqui a história é totalmente diferente.
A sociedade americana é segragacionista por natureza. Estude-a como eu e você concluirá o mesmo. Eles são assim culturalmente, sem se darem conta. Winner e Loser. Branco e Negro. Rico e pobre. Nas faculdades há as frátrias ou irmandades que segregam os alunos. Se você é de uma turma ou irmandade, não pode se misturar com o de outra turma. Nerds e Mauricinhos e Patricinhas. Lá isto é sério e não há paralelo com o que temos aqui. Respeitem a história e a sociedade brasileira. Vejam a diferença entre Brasil e EUA. Não dá para copiar diretamente para cá.
Minha noiva é descendente de portugueses, italianos e tem uma bisavó negra. Se você a visse nunca advinharia que há contribuição negra genética. Minha amiga de trabalho é loira de olhos azuis e a avó é negra como ônix. Daqui a pouco vão discriminar os brancos descendentes de negros sem saber. A filha dessa minha amiga é loira de olho azul também. Isso é uma irresponsabilidade. Mas líderes sociais, políticos e de ONGs ganham votos e apoio com isso....
Vocês não entendem que nos EUA é muitíssimo difícil um branco namorar uma mulata ou negra. Aqui quem resiste a uma mulata?!?! Sendo bonita, para a percepção do homem brasileiro, não interessa se é branca, negra ou mulata!! Todo mundo sabe disso. Agora há uma dívida social com negros pobres como há com brancos pobres. A todos deve ser dado acesso à educação pública de qualidade e possibilidade de formação superior e técnica a todos que assim quiserem. Isso é resgate de cidadania.
E por fim, digo o mesmo em relação aos homens negros. Quando eu era adolescente, no bairro da Tijuca, um dos caras que ficava com as mulheres mais gatas das festas, era um garoto negro, de quem não lembro o nome. O cara era respeitado e admirado por todos nós, conhecidos ou não por ele. As meninas mais gatas, loiras, morenas, de olhos claros ou não, ficavam com o cara. Então não me venham com esse "racismo brasileiro". Não é compatível com a minha experiência pessoal. Tenho vários amigos negros e de sucesso.
Me desculpem, mas eu trabalho com brasileiros que são negros ou mulatos que são meus amigos e tenho amigos pessoais negros ou mulatos. Fico fulo quando toca-se nesse assunto como se eles tivessem um passado histórico de que devam se envergonhar. São inteligentes, brasileiros como também os são os descendentes de europeus e de japoneses e chineses. Nós estamos fazendo nossa história. Nós somos um povo só. Se há negros e mulatos pobres, também há os brancos. Temos de cuidar de todos."
Acho muito grave este tema e acho que esta exploração da teoria da vitimização de negros e de outras minorias (homossexuais, ciganos, judeus, e outras) é prejudicial para o sentimento de cidadania, para a construção do sentimento de cidadania brasileira. Há o mero transplante de problemas e soluções da sociedade norte-americana para a nossa, não resolvendo os problemas reais de nossa sociedade e plantando a semente da segregação, da desagregação social, exercitando a prática e o incentivo de pensamentos por setores sociais, em separado do todo, ao invés de trabalharmos a coesão de todos, pensando os problemas sociais de forma ampla. Assim, institui-se a segragação a contrario senso, da seguinte forma: protejo e pego o que é meu e o que a sociedade me deve... você, diferente de mim, que faça o mesmo. Isso é um absurdo.
p.s. 13/05/2011 21:39h: Duas pessoas leram este artigo antes de eu adaptar o texto. Está agora adaptado e revisto.
p.s.: Espero que esta tese da vitimização negra perca cada vez mais força, ante a verdade. Isso é bom para quem quer votos de desinformados, de brasileiros que acreditam na sua culpa histórica ou na culpa histórica do Estado. O Estado é o que a sociedade é. Os tempos mudam. O que sobra, com o passar dos tempos, são problemas sociais que devem ser resolvidos. E incentivar o segregacionismo social ou tratamentos diferenciados com base em cor, sexo ou religião não ajuda na coesão social. Em respeito aos negros, à nossa sociedade e à história do Brasil, meu futuro filho, que será descendente de negro, ouvirá a história verdadeira, sem vitimização e será educado para conseguir as coisas e não esperar cotas raciais. Quem quiser descobrir a verdade, sugiro a leitura de três livros: "O Abolicionismo", de Joaquim Nabuco, branco, rico e proprietário de escravos que lutou pelo abolicionismo; "O Escravo nos Anúncios de Jornais Brasileiros no Século XIX", de Gilberto Freire, informando crueldades com os escravos, mas porque eles se rebelavam, portanto eram guerreiros e não gado; e "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil" de Leandro Narloch, com informações sobre índios e negros que te darão uma outra idéia da realidade, menos romântica, sem vítimas, mais verdadeira e com base em documentos e fatos e não na história da carochinha. Brasileiro é brasileiro, seja índio, branco, negro, mulato, descendente de negro, de asiático ou de europeu. Problema de brasileiro deve ser encarado junto com o de todos os demais brasileiros em condição sócio-econômica idêntica e não com base em cor, opção de sexo, altura, peso ou religião.
p.s. veja também o artigo sobre a ineficiência do combate à discriminação através do atual sistema de cotas em http://perspectivakritica.blogspot.com/2011/04/o-abuso-social-e-politico-em.html
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