terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Arábia Saudita destrói a indústria petrolífera mundial no século XXI sob o manto da liberdade de mercado

Finalmente o Jornal Nacional, ontem, 18/01/2016, tocou no tema "Arábia Saudita baixa preço do petróleo mundial". De maneira minimalista abordou o tema, mas informou, o que os leitores do Blog Perspectiva Crítica já sabem desde abril de 2015, ou seja há mais de nove meses, que a Arábia Saudita está mantendo alta produção de petróleo para quebrar a indústria de petróleo norte americana a partir do xisto. E que nessa empreitada, está atingindo a exploração de petróleo do pré-sal, o que prejudica a Petrobrás, que chegou a apresentar a mais baixa cotação de suas ações na história, R$4,80, prejudicando ainda a receita de Municípios e Estado produtores de petróleo, prejuízo em tono de 30% no ano de 2015, e outras empresas e países produtores pelo mundo, como o próprio Irã e Venezuela. O Jornal Nacional não disse que também afeta a Noruega e EUA em demasia.. mas dirá.. rs.

Acesse as notícias publicadas por nós com 10 meses de antecedência ao Globo sobre o tema nos artigos abaixo

1 - A verdadeira guerra do petróleo atual: o que a grande mídia não conta para você

http://www.perspectivacritica.com.br/2015/04/a-verdadeira-guerra-do-petroleo-atual-o.html

02/04/2015

2 - Uma crise ainda não dimensionada: nova crise econômica mundial de petróleo à vista

http://www.perspectivacritica.com.br/2015/04/uma-crise-ainda-nao-dimensionada-nova.html

06/04/2015

Por que dizemos que a reportagem sobre o problema foi minimalista? Porque não deu a real dimensão do abuso que a Arábia Saudita perpetra contra o mundo, incluindo o Brasil. Observe, não só a Petrobrás sofre, mas todas as empresas petrolíferas do mundo estão amargando perdas na cotação de suas ações. Todas as empresas de petróleo estão se adaptando a esses preços que a Arábia Saudita impõe ao mundo. Milhares de pessoas em todo o mundo estão perdendo o emprego no setor petrolífero. E cadê a reportagem sobre isso? Nada. É claro que as perdas que o Irã, Rússia e a Venezuela têm com isso não moverá ninguém a se revoltar contra a MANIPULAÇÃO DE PREÇO DO PETRÓLEO PERPETRADA PELA ARÁBIA SAUDITA, mas também está afetando a França, Noruega e EUA, além de, é claro, o Brasil.

No Brasil, aliás, o prejuízo é maior porque a Petrobrás apostou muitas fichas no pré-sal e a US$35 o barril, a exploração do petróleo do pré-sal fica inviável!!! Observe o que digo.. inviável!!! Por isso tudo está paralisando.. não é a Operação Lava Jato, que teve consequências para a credibilidade da Petrobrás no mercado, mas é esse preço de petróleo muito baixo que está afundando a Petrobrás. Agora, eu te pergunto, se o mesmo poder de prejuízo mundial estivesse sendo exercido pela Rússia, com esses efeitos em todo o mundo, ou pelo Irã, como se rotularia a Rússia e o Irã? Com certeza de TERRORISTAS ECONÔMICOS!!!! E há diferença para o que a Arábia Saudita está fazendo? Não. Então a Arábia Saudita deveria estar sendo tratada como TERRORISTA ECONÔMICO MUNDIAL!!

Mas por que a Arábia Saudita não pode ser chamada de terrorista econômico mundial, mesmo destruindo o setor petrolífero mundial, prejudicando as ações de todas as empresas petrolíferas do mundo, diminuindo o lucro de empresas e a distribuição de dividendos de acionistas de empresas de petróleo por todo o mundo? Porque a Arábia Saudita é amiga, ainda, do sistema financeiro internacional e da geopolítica desenhada pelos EUA, Europa e Japão, os trilaterais. Afinal, sem a Arábia Saudita de aliado no Oriente Médio, que país pode ajudar os EUA na região que mais produz petróleo no mundo? Israel? Irã? Rsrsrs. Claro que não. Não há substituto para a Arábia Saudita e assim os EUA não iniciam a propaganda internacional de terrorismo que iniciaria se quem fizesse isso fosse o Irã ou Rússia ou Venezuela. Mas a consequência é a mesma: prejuízo das empresas petrolíferas pelo globo e dos acionistas, além de desemprego por todos esses países, incluindo o Brasil. Se você não vir isso, não posso fazer muita coisa por você.. rsrsrs.

Então é assim: se o manipulador de preços é Estado fora do eixo central do capitalismo mundial, ele é terrorista econômico mundial e deve sofrer embargo ou guerra; já se é integrante do eixo capitalista ou aliado, o que ele faz com seu poder econômico deve ser entendido como exercício regular de direito, segundo as regras de mercado livre. Entendeu? E você que perca emprego e suas empresas que fechem. Vamos ver até onde vai isso? Vai até o momento em que prejudicar a economia americana de forma grave. Por enquanto só afetou a produção de empresas de petróleo de xisto por lá. Mas as ações da americana Exxon caem, da anglo-holandesa Shell, da francesa Total, da empresa Statoil norueguesa e outras.. e em algum momento o mundo ocidental do centro do capitalismo irá gritar.. pena que o Brasiol gritando não tem esse efeito, não é mesmo? O que não impede de se colocar, também, toda a culpa nas costas do governo petista, o que é interessante de forma imediata para a mídia conservadora nacional. Mas mesmo assim, teve de publicar sobre a Arábia Saudita ontem.

O que fazer? Bem, devo reputar a solução ao meu amigo Bruno Potiguar, porque eu nem tinha me apercebido disso e ele quem disse: o correto seria adotar-se embargos econômicos contra a Arábia Saudita para ela parar de exercer seu poder incomensurável econômico na área de petróleo. E, pasme, para garantir a normalidade de mercado internacional de petróleo, portanto, será necessário se conter a liberdade da Arábia Saudita em manter a produção que queira, independente de a liberdade de mercado apregoada sugerir que isso não possa ser feito.

Isso seria legítimo? Limitar a Arábia Saudita? Bem, veja. A Arábia Saudita participa do mercado internacional de petróleo? Sim. Sob as mesmas condições do que os países democráticos? Não. Por que? Porque lá, apesar de não muito publicado, é uma ditadura. Seu povo não tem acesso a muito serviço público e o Erário Público é patrimônio da família que é ditadora. Não condeno a ditadura de lá. Estou analisando a Arábia Saudita como player de mercado de petróleo. Nas suas condições, a Arábia Saudita pode baixar o preço do petróleo o quanto quiser, pois o dinheiro é da família ditadora e não impacta em serviços públicos prestados ao povo saudita. Não é como aqui ou nos EUA, Noruega ou França em que se o preço do petróleo cai, a arrecadação estatal cai e menos serviço público é prestado ao cidadão que reclamará do governo.

Então, a condição política interna da Arábia Saudita a coloca em situação artificialmente favorável para manipular preços de petróleo em suas terras e no mercado internacional e por isso, sua liberdade excessiva deve ser contida. Daí seriam importantes os embargos econômicos que deveriam ser adotados contra aquele país. Não é perseguição política, são os fatos econômicos e até a defesa do equilíbrio e liberdade de mercado produtor e consumidor internacional.

Nós do Blog entendemos a Arábia Saudita. Ela quer duas coisas: acabar com a concorrência de petróleo de xisto americano (e assim vai o do pré-sal brasileiro também) e ainda enfraquecer o Irã, seu principal opositor no Oriente Médio. O Irã é xiita e a Arábia Saudita é sunita. Os EUA, ao tirarem Saddam Hussein, que era sunita, do poder do Iraque, entregou tal país aos xiitas, aliados ao Irã. E o Estado Islâmico, que é sunita, ataca as resistência xiitas... os EUA não tem facilitando a vida da Arábia Saudita no Oriente Médio. E ela tem que se manter na região. atacar o Irã impedindo que a recente retirada de embargos de venda de petróleo se transforme em grande arrecadação para o país xiita é uma opção imediata para a Arábia Saudita. Mas isso pode ao custo de toda a economia mundial?.

Então gente, o que estamos vendo e que não é publicado, é que a Arábia Saudita defende sua produção de petróleo, impedindo que a indústria de petróleo de xisto e do pré-sal saia do papel, ao mesmo tempo que que protege seus interesses políticos no Oriente Médio, mantendo o preço baixo para que o Irã, que voltou a vender petróleo recentemente, não possa se fortalecer e investir em armas e em seu setor militar e se fortaleça na região.

A questão é: isso é justo? Submeter toda a produção e indústria petrolífera e os Estados que dela dependem, milhões de empregos pelo mundo afora, é possível? Ter essa liberdade já que seu povo não tem serviço público e que a arrecadação do Estado Saudita é todo da família que rege a ditadura daquele país é justo? É justo para o jogo da liberdade de mercado? Entendemos que não. Entendemos que isto deve ser denunciado. E entendemos que a Arábia Saudita deve ser instada a alterar sua postura de manipular preços do mercado internacional ou sofrer embargos econômicos como um país terrorista econômico. Seu poder econômico, muito calcado na liberdade interna que sua situação política de ditadura lhe concede está prejudicando o avanço da indústria de petróleo com ganhos para todo o mercado internacional, os países produtores de petróleo e todos os seus habitantes. Claro que está fazendo a alegria de países importadores, mas de forma artificiosa, pois se o governo saudita fosse democrático e o Erário Público fosse do povo ao invés de ser da família ditadora, o povo saudita acabaria impedindo esta manipulação do preço do petróleo e a consequente perda de arrecadação e prestação de serviços públicos hoje inexistentes naquele país.

Por isso achamos que a publicação do Globo foi minimalista. Estamos incorretos?

P.S. de 22/01/2016 - Corroborando o teor do nosso artigo acima publicado, agência internacional de rating pretende baixar perspectivas de Estados produtores de petróleo, em virtude da baixa da cotação internacional do petróleo. Veja o trecho selecionado por nós na notícia publicada no Globo On Line, em 22/01/2016: "A S&P tem atualmente o Azerbaijão, Bahrein, Cazaquistão, Omã, Rússia e Arábia Saudita com perspectiva negativa em sua região que engloba Europa, Oriente Médio e África, e também Brasil e Venezuela, na América Latina. A Nigéria, outro gigante mercado emergente dependente de petróleo, tem perspectiva estável, mas a pressão tem aumentado em todos os lugares, conforme os governos locais veem as receitas desaparecerem devido aos baixos preços do petróleo." Veja o artigo na íntegra em http://oglobo.globo.com/economia/petroleo-e-energia/sp-pode-cortar-rating-de-paises-petroliferos-para-refletir-realidade-18521568

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Após campanha em redes sociais, Polícia Federal consegue manter investimentos nas investigações da Polícia Federal para 2016

Em mais um round a favor dos Blogs Sociais e da comunidade/sociedade através da internet, a Polícia Federal conseguiu manter todos os investimentos e despesas em investigações para o ano de 2016, a partir de um vídeo de um integrante da Cúpula da PF e do político Marcelo Itagiba que se tornou viral via rede Whatsapp.

Após o governo anunciar bloqueio de 156 milhões de reais em recursos par a PF, um integrante de cúpula da Polícia Federal, ainda não identificado pelo Blog Perspectiva Crítica, ao lado do político e integrante da Polícia Federal Marcelo Itagiba, fez um vídeo que se tornou viral na rede whatsapp em que denuncia o corte de verbas para 2016, o que colocaria em risco a continuidade das investigações da instituição federal de segurança no ano de 2016, inclusive no que pertine à Operação Lava Jato, a qual tem colacionado provas abundantes contra integrantes do governo e de seus partidos aliados no assalto à maior empresa do Brasil, a Petrobrás.

Após a denúncia, como foi noticiado ontem, dia, 07/01/2016, no programa oficial de rádio "A Hora do Brasil", o Ministro da Justiça afirmou que os valores destinados à Polícia Federal e à Polícia Rodoviária Federal estão garantidos integralmente para o ano de 2016. Inclusive foi afirmado pelo Ministro que em anos de queda em destino de verbas para o Ministério da Justiça, o orçamento das duas instituições de segurança da União vem aumentando anualmente, demonstrando realocação de verbas dentro do orçamento do Ministério, o qual cai anualmente em função de necessário contingenciamento em face da crise orçamentária e econômica.

Ponto para a Polícia Federal. O corte de verbas para a Polícia Federal seria um absurdo, eis que somente na Operação Lava Jato é previsto o retorno de R$10 bilhões de reais aos cofres públicos, fora todas as demais operações contra corrupção e desvios de verbas. O corte pretendido de R$156 milhões em 2016 do orçamento da PF seria antieconômico e até antimarketing do governo, eis que é sabido que a operação Lava jato e Zelotes têm afetado principalmente integrantes ou do governo ou der sua base aliada, o que denotaria compadrio com a malversação de verba pública e atos generalizados de corrupção em diversas áreas de governo e da máquina pública e empresas estatais, o que justamente as ações da Polícia Federal visam a desmantelar.

Mais um ponto para as Redes Sociais e Blogs Sociais, além, claro, da cúpula da Polícia Federal que pretendeu se defender via tais canais de comunicação que são mais acessíveis e livres do que a grande mídia.

CGU cassa 53 aposentadorias e demite entre 500 e 750 servidores federais em 2015

Importante colocar essas informações que não são propagandeadas pela grande mídia: a Controladoria Geral da União (CGU) cassou 53 aposentadorias e demitiu entre 500 e 750 servidores federais mancomunados com atos ilegais no ano de 2015.

Mas não é só isso. A CGU é responsável por fiscalizar 1,1 milhão de servidores do Executivo e inclusive irregularidades no Bolsa Família, que envolve mais de 14 milhões de registros. Anualmente são descredenciados entre 500 mil e 1,5 milhão de famílias do Programa Bolsa Família anualmente, que garante a renda per capita de R$77,00 ou dois dólares diários às famílias miseráveis brasileiras (hoje pode chegar a R$240,00 per capita por causa do valor do dólar em R$4,00, mas a adaptação de valores é lenta). Somente no ano de 2014 a CGU analisou dados referentes a 5,3 milhões de famílias e dessas apontou 664.166 como possivelmente incapazes de satisfazer as condições legais para permanecer no programa assistencial. Acesse: http://www.cgu.gov.br/noticias/2015/11/cgu-esclarece-informacoes-sobre-o-bolsa-familia

Mas quantos servidores há na CGU para fazer todo esse trabalho? Houve queda de 47% do contingente desde 2014 (este fato foi corrigido por indicação de Bruno Stern. Ver os comentários a este artigo abaixo e p.s. de 12/01/2016). É risível.

Enquanto não exigirmos que os órgãos de controle do Estado estejam altamente "aparelhados", contra o que dizem a guru Miriam Leitão e o guru Merval Pereira, não é possível garantir eficiência na fiscalização e gestão públicas.

O Blog Perspectiva Crítica requer mais investimento e mais estrutura nas Agências Reguladoras estaduais e federais, Ministério Público Federal e Estadual, Polícia Federal e Estadual, Tribunais de Contas da União, estaduais e municipais, Auditores- Fiscais e Poderes Judiciários, bem como em seus respectivos quadros de servidores.

Enquanto não reconhecermos o trabalho hercúleo desses servidores, será muito difícil debelar a malversação de verba e garantir eficiência na prestação e serviço público em todas as três esferas de governo.

É isso.

P.s.: Informação na "Hora do Brasil" de 08/01/2015 informa que foram 543 servidores federais exonerados em 2015 pela CGU, fora empresas estatais. E que foram mais de 5.100 servidores exonerados nos últimos 12 anos. Não informou quantos destes servidores eram de cargo efetivo, com estabilidade, e quantos eram de cargos em comissão, sem estabilidade. Apesar do termo exonerado dar a entender que se tratam de comissionados, o jornalismo não é técnico em termos legais e nunca é estritamente correto neste uso. Com certeza há servidores de cargo efetivo demitidos no contingente total informado, mesmo que os servidores estáveis possam sofrer muito menos pressão psicológica da parte de superiores hierárquicos, políticos e empresários corruptores e bem relacionados para efetuarem atos ilícitos contrários ao interesse público. As informações estão no Portal da Transparência do governo federal, ainda segundo a notícia dada via rádio.

P.s. de 12/01/2016 - Informamos erroneamente, na redação original do artigo, que a CGU possuía 43 servidores em 2016. Bruno Stern corrigiu a informação, informando que havia 1.116 servidores já em 2010. Nossa pesquisa para elucidar a contradição realmente apontou erro na informação original da redação. A CGU não tem 43 servidores. Em setembro de 2014 foi publicada informação na grande mídia de que havia 2.327 servidores na CGU e que houve redução de 47% do contingente da CGU. Daí o equívoco, cremos. Não eram 43 servidores, mas perda de 47% de contingente de servidores, gerando reclamações do Ministro da CGU, como regiamente publicado em jornais à época, de falta de funcionários e prejuízo ao trabalho de combate à corrupção pelo órgão público federal. Fica a correção e os agradecimentos ao amigo, arqui-debatedor, ombudsman oficioso e comentarista Bruno Stern. Rs. Sobre a última notícia sobre número de servidores da CGU na grande mídia, acessem http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/09/ministro-afirma-que-cgu-enfrenta-situacao-de-penuria-orcamentaria.html

P.s. de 26/01/2016 - Texto revisto e ampliado.

Apesar de em grave crise fiscal, o Estado do Rio de Janeiro tem 95 bilhões de reais a receber de sonegadores

É um absurdo. Enquanto o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro empresta ao Estado do Rio de Janeiro 6 bilhões de reais do Fundo Judiciário e o Município do Rio de Janeiro empresta 100 milhões de reais também parta ajudar o setor de Saúde do Estado, a Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro possui em andamento ou não 66 bilhões de reais em dívida ativa e um recente Comitê criado entre o Estado do RJ e o Ministério Público do Rio de Janeiro avalia ações para cobrar quatro mil grandes devedores do Estado que somam em torno de 27 bilhões de reais em tributos não pagos.

Ou seja, a crise pela qual o Estado passa é culpa exclusiva do Estado que não consegue efetuar a cobrança adequada dos devedores de tributos, dos sonegadores estaduais. E não só incompetência nessa área cria esse problema. Para piorar a situação, fato pouquissimamente publicado pela grande mídia, a interpenetração de interesses privados com interesses políticos vem criando vários empecilhos à cobrança de tributos das empresas privadas que sonegam em grande escala.

O Jornal o Globo on line publicou hoje artigo muito bom sobre o tema que nós, do Blog Perspectiva a Crítica, temos a obrigação de amplificar através de publicação, como ora fazemos. Acesse o artigo intitulado "Cerco aos Sonegadores" no endereço http://oglobo.globo.com/rio/cerco-aos-sonegadores-18432011

É sabido o fato de que na época do governo César Maia a dívida de empresas de ônibus em multas atrasadas de trânsito chegava a 16 milhões de reais. A não cobrança, naturalmente, além de prejudicar o Caixa Municipal, incentivava a bandalheira conhecida dos ônibus no trânsito, cientes, até então, seus motoristas e donos de que não sofreriam punição alguma. A fiscalização dos ônibus também era deficiente, feita por 40 servidores fiscais, enquanto deveriam ser ao menos entre 80 e cem fiscais. Tudo para não prejudicar as empresas e dificultar o trabalho do Fisco.

Agora parece que a participação de políticos do Estado do Rio de Janeiro em sociedade em empresas privadas ou mesmo a velha "doação de empresas a partidos políticos" estão criando coincidentes intervenções na máquina de cobrança de tributos do Estado que ora gera decisões favoráveis em massa para estas empresas, além de que, há um mês, houve bloqueio a acesso de dados de sonegadores e processos de cobrança de ICMS ao Ministério Público que apurava tais cobranças pela Secretaria de Estado de Fazenda, cujo Secretário é Julio Bueno e que, segundo o artigo, tentou readmitir o acesso, o que só conseguiu com alguma dificuldade.

Veja o trecho selecionado:

"Três distribuidoras de bebidas do Grupo Petrópolis — Leyroz, Praiamar e Imapi — acumulam um contencioso de mais de R$ 1 bilhão em créditos tributários, que estão desde 2013 na fila de julgamentos do Conselho de Contribuintes da Fazenda. Em contrapartida, entre 2010 e 2015, o grupo de cervejarias venceu cem recursos julgados pelo mesmo conselho.

O dono do Grupo Petrópolis é Walter Faria, nome influente na política estadual. Ele tem ações na Mineradora Tamoio, que conta entre os sócios com a Agrobilara, empresa do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jorge Picciani (PMDB). A Tamoio é a principal fornecedora de brita para as obras olímpicas. Nas eleições de 2012, a cervejaria doou para partidos e candidatos R$ 5 milhões, dos quais boa parte ficou com o PMDB. Faria é presença assídua no escritório da Agrobilara, na Barra. O local também é frequentado por Arnaldo Kardec da Costa, um dos principais executivos do grupo, que, nos últimos meses, esteve lá pelo menos dez vezes.

No dia 29 de maio, a Alerj aprovou emenda ao projeto de lei 425/15, autorizando o Executivo a firmar termo de ajuste de conduta tributária com devedores de ICMS. Empresas do Rio seriam autorizadas a fazer transferências internas de produtos, de estabelecimento para estabelecimento (com o mesmo CNPJ, mas duas inscrições estaduais diferentes), escolhendo o valor a ser tributado mais benéfico para elas. Se passasse, a proposta poderia resultar em grande perda de arrecadação. O governador Luiz Fernando Pezão vetou."

Naturalmente a decisão do STF, salvadora e benigna, que decretou ser inconstitucional a doação efetuada por empresas às campanhas de políticos ajudará muito o processo em fase inicial de distanciamento do interesse privado e a atuação da máquina pública, em benefício da sociedade, da justiça tributária e da justiça social, mas enquanto isso não ocorre, você, cidadão, pessoa física, e dono de empresas pequenas e sem poder para corromper ou cooptar políticos, deverá continuar a pagar integralmente seus tributos, enquanto as empresas gigantes que doam fortunas para partidos continuarão a sonegar, protegidas por políticos que patrocinam seus interesses, em prejuízo das finanças públicas, do pagamento de salário de servidores, da continuidade da prestação de serviços públicos de saúde e educação, continuarão atrasando seus pagamentos e aumentando os valores a receber do Estado do Rio de Janeiro a mais de 100 bilhões de reais.

Enquanto a sociedade não atacar o problema onde realmente ele está, ficará difícil reverter essa situação. Se o Estado não sofresse esse impedimento de cobrança de seus tributos, se o Judiciário combinasse com o Governo a tramitação mais rápida dos processos tributários, tanto os de Execução Fiscal quanto os de devolução de imposto pago a maior, se a promotoria que cuida de crimes tributários, se os fiscais tributários e as delegacias de crimes fazendários fossem melhor aparelhadas inclusive com mais servidores, promotores e Delegados, nada disso estaria acontecendo e o Estado, de Posse de pelo menos uns 50 bilhões dessa dívida atual, poderia até emprestar dinheiro para a União ao invés de assaltar o Fundo Judiciário e receber esmola do Município do Rio de Janeiro.

Essa é a verdade.

p.s.: Em tempo, Feliz Natal e Feliz Ano Novo!! As festas natalinas e de fim de ano além de dedicação à preparação do lançamento da segunda edição do Livro "Estado Conformacional" e do nosso segundo livro, este sobre uma coletânea dos principais artigos do Blog Perspectiva a Crítica, nos impediram de produzir mais informações durante Novembro e Dezembro. Estamos com algumas dívidas informativas mas que serão quitadas, inclusive com análises econômicas, sobre o processo de impeachment e muitas outras como a omissão do Governo Brasileiro em face dos atos antidemocráticos na Venezuela, a eleição da oposição na Argentina, a queda dos preços de imóveis, a criação de missão governamental para efetuar a pesquisa em humanos da "pílula azul da USP", a fosfoetanolamina após a grita nas Redes e Blogs Sociais e, at last, but not at least, o anúncio de proximidade da conclusão da linha de internet e comunicação entre o Brasil e Europa, independendo-nos da linha norte-americana e dificultando a espionagem daquele país sobre nossa comunicação pessoal, governamental e industrial. E tudo sempre sob a ótica do cidadão brasileiro. Como sempre, estamos juntos em 2016!

p.s. de 22/06/2016 - Mais informações sobre o sucesso do Grupo Petrópolis em não pagar impostos e obter, mesmo devendo ao Fisco Estadual, benesses de mais de R$600 milhões em http://oglobo.globo.com/brasil/empresas-ligadas-ao-grupo-petropolis-doaram-63-milhoes-18-partidos-desde-2010-19548665  

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Até o mercado pede que o Banco Central pare da aumentar juros, publica o Jornal O Globo

Com grande atraso em relação ao Blog Perspectiva Crítica, o mercado financeiro se junta ao coro de especialistas que pedem parada de aumento de juros Selic, por falta de potencialidade em diminuir inflação em proporção maior do que o risco de aumentar o problema do déficit fiscal. Esta notícia foi publicada hoje, 10/11/2015, no Jornal O Globo On Line, sob o título "Analistas pedem que BC pare de aumentar juro" e está acessível no sítio http://oglobo.globo.com/economia/analistas-pedem-que-bc-pare-de-elevar-juro-18006862

Esta notícia está diametralmente oposta ao que a Miriam Leitão publicou há menos de uma semana em sua coluna, quando disse que o Banco Central deveria aumentar juros para chegar o quanto antes na meta de inflação, mas que estava sem rumo porque não aumentou antes e, neste momento, enfrentava o problema de ter inflação sob momento de crise eco0nômica, o que o impediria de tomar a atitude que deveria (aumentar juros, lógico.. pois ela só vê isso..) por receio de prejudicar ainda mais a crise econômica por que passa o Brasil.

A notícia do jornal publicada hoje também está na mesma linha do Blog Perspectiva Crítica, quando afirma que o grande problema para a economia brasileira também é o fraco crescimento da economia chinesa.

Observem bem isso.. como pode o próprio mercado financeiro chegar ao ponto de dizer que os juros não devem mais ser aumentados pois não vale o custo/benefício?! É porque o juros chegou em ponto mais do que exorbitante. E por que o Banco Central não poderia ter chegado a essa conclusão antes? Por que o Banco Central, nossa "desautoridade econômica" é refém do mercado financeiro. O que o mercado falar o Banquinho Central vai lá e faz. Isso não é autoridade monetária; isso é fantoche monetário.

Há quantos anos afirmamos que somente aumento de juros não regulariza inflação de forma eficiente? Nossas posições não mudam, vejam.. ou são mais difíceis de sofrerem temperança porque são bem fundamentadas.. o discurso da mídia e do mercado é mais volátil..

Quem acompanha o Blog Perspectiva Crítica já sabia que a bolha imobiliária estouraria ou esvaziaria a partir de 2013... o que só foi manchete do Jornal O Globo há menos de dois meses. Quem acompanha este Blog já sabe que não é possível obter queda da inflação para o centro da meta esse ano ou no próximo sob pena de sacrificar demais o mercado produtivo e de trabalho brasileiro. Isso porque o tempo também é fator para que se arrefeça o impacto inflacionário da concentração de aumentos de energia elétrica, combustível, alimentos e tarifas administradas pelo governo desse ano de 2015.

Crescimento econômico também não virá sem as famílias diminuírem seus estoques de dívida recém contraída para pagamento de bens duráveis (imóveis e carros), pois até lá elas não terão muito dinheiro para comprar e consumir. Esse crescimento econômico mais forte também é difícil sem a Europa, EUA e China voltarem a crescer. Sem consumidores internos e externos, como a indústria vai produzir? Para quem?

Então, aumentar juros da dívida pública em um ambiente desses é uma imbecilidade monumental porque a inflação continua e só se piora o déficit fiscal, porque aumento de juros gera a aumento de despesas governamentais com o pagamento de mais juros a quem tem título da dívida pública.. mas se não baixa inflação, qual o benefício? Nenhum. Só o de enriquecer bancos.. mas os bancos não querem que o governo chegue a um ponto pré-falimentar.. já estão satisfeitos em receber 500 bilhões de reais anuais com a dívida pública e os juros em 14,25% ao ano... muito mais do que Turquia, Rússia, Ucrânia, Líbano e vários países em estado de guerra pagam.. ridículo..

Chegou-se a esse ponto.. os maiores beneficiários dessa imbecilidade do Banco Central de pagar o maior juros reais do mundo, na frente de países comunistas como a China e países em guerra ou com relação divida/pib maior do que todo o seu próprio PIB (EUA, Itália, Japão..), ou seja os bancos, chegaram ao ponto de pedirem para não receber mais aumentos de juros, porque seu cliente, o Brasil, a continuar assim, pode acabar ficando incapaz de pagar.. os bancos finalmente perceberam que não querem matar a galinha dos ovos de ouro.. agora, talvez, .. rsrs.. o banco central pare de aumentar juros.. e a Miriam Leitão, claro, exímia conhecedora de economia, dirá que o banco Central "não deve aumentar mais os juros".. é um verdadeiro circo.

Enquanto isso, a China, que controla inflação com depósito compulsório, tem inflação de 2,5% ao ano, juros de nem 5% ao ano e crescimento de 6% ao ano. Sem gerar mais despesas ao Tesouro chinês, a inflação é controlada na base no depósito compulsório, o qual é diminuído para as instituições que pegarem o valor liberado somente se aplicarem em atividades que o banco Chinês diz que merecem investimento, pois são atividades de maior risco e menor retorno, como construção de hidrelétricas, por exemplo. Se o banco não quiser investir nisso, não obtém a liberação do valor extra de depósito compulsório.. assim, para não deixar de ganhar um pouco mais, os bancos que atuam na China aceitam investir em atividades de longo prazo, de menor retorno e maior risco, como agricultura inclusive.

Mas aqui no Brasil, não.. os bancos sofrem depósito compulsório de 5,5% (1/4 do chinês), podem aplicar no que quiserem, recebem juros de 14,25% ao ano aplicando em título da dívida pública, gerando dívida de R$500 bilhões anuais ao nosso Tesouro e ainda não têm qualquer motivo ou estímulo para aplicar em obras ou atividades de longo prazo de retorno mais baixo.. essas atividades são 100% financiadas pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal ou BNDES... sempre o Tesouro ou estatais.. É ou não é imbecil a política monetária no Brasil?

A inflação mais baixa já está contratada para o ano que vem, gente.. a energia elétrica não aumentará 50% e nem o combustível.. também os alimentos podem não sofrer o impacto de 68% de aumento por causa de estiagem.. mas mexer com o clima já é mais difícil... então, o ano de 2015 foi o pior. Por isso, como sempre dissemos, não há menor motivo para aumento de juros. Se a inflação acumulada ficou alta ( aquela do retrovisor), a pra frente, que é a que interessa, está em arrefecimento grande, pois pode chegar à quase a metade a inflação de 2016 em relação à de 2015.

E nesse contexto, os próprios analistas do mercado finalmente pediram que o Banco Central pare de aumentar juros!!! Surreal!! Mas é verdade. Está publicado no Jornal O Globo e, agora, cremos, a ignorância, a subserviência e o exagero do Banco Central deverão diminuir... pelo menos isso. Ficamos intrigados de termos chegado ao ponto de o mercado financeiro se aliar à posição histórica do Blog Perspectiva Crítica contra o aumento abusivos de juros.. mas isso.. até isso aconteceu. Esperemos que os fantoches do Banco Central os ouçam, a bem das contas públicas e de uma retomada mais rápida do crescimento econômico e da criação de empregos no nosso país.

domingo, 8 de novembro de 2015

Energia Nuclear: Globo confirma posição deste Blog após quatro anos

Desde 18/04/2011, reforçando o tema novamente em 1º/06/2011, o Blog Perspectiva Crítica criticou artigos publicados na grande mídia e em especial no Jornal O Globo que eram contrários à produção de energia nuclear no Brasil. Os artigos que escrevemos podem ser acessados pelos endereços eletrônicos http://www.perspectivacritica.com.br/2011/04/politica-de-energia-nuclear-por.html e http://www.perspectivacritica.com.br/2011/06/diferenca-da-politica-nuclear-alema-e.html

Observem um trecho que eu selecionei de um dos nossos artigos e veja a diferença da abordagem da questão pela edição do Globo no editorial intitulado "Desafios Energéticos reforçam opção nuclear" (publicado em 08/11/2015, pg. 14):

"Hoje, 1º de junho de 2011, no Globo on line há o artigo intitulado "Usina nuclear: 'Não é bom para a Alemanha, não é bom para o Brasil', diz parlamentar alemã".

O artigo traz uma interessante entrevista com a Deputada Alemã do Partido Verde Sylvia Kotting-Uhl que vale a pena conferir no endereço:http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/06/01/usina-nuclear-nao-bom-para-alemanha-nao-bom-para-brasil-diz-parlamentar-alema-924582507.asp?nstrack=sid:1946803|met:100|cat:3226255|order:3#ixzz1O1ceAsos

Selcionei o seguinte trecho "a deputada alemã do Partido Verde Sylvia Kotting-Uhl diz que a decisão do governo de Berlim de fechar as usinas atômicas pode ter efeito também na exportação de tecnologia e de equipamento nuclear para o Brasil". Em seguida ela afirma que o seguro-crédito da operação para construção de Angra 3 não ocorrerá mais e que se energia nuclear não é boa para a Alemanha, não é boa para o Brasil. Também diz que a Alemanha substituirá a energia nuclear pela eólica e solar.

Gente, antes de enaltecer a ousada decisão do Governo Alemão e adotar essa decisão para o Brasil, de forma automática e impensada, como nossa mídia e nossos cientistas e políticos (que gostam de aplausos no exterior) tanto se esforçam por fazer, quero tecer algumas considerações." (trechos do artigo deste Blog intitulado "A diferença entre a política nuclear alemã e brasileira".)

Bem, como soe ocorrer, nossos leitores têm noção do problema nuclear sob a perspectiva brasileira de forma organizada e coesa desde o ano de 2011. Mas quem lê o Globo, rsrsrs, estará verificando essa mesma postura de forma clara somente em 2015, em vista de um problema empírico que é o atual problema de secas sucessivas, exigências ambientais que limitam a produção de energia hidrelétrica; e com um minus em relação aos nossos artigos: o artigo do Globo não fala que a opção nuclear ainda dá vantagem de criarmos uma demanda mínima por produção de urânio enriquecido no Brasil.

Ter oito usinas nucleares, a despeito do que os mais xiitas verdes possam dizer, vai muito além do simples equilíbrio entre demanda e oferta de energia elétrica. Teremos submarino nuclear em 4 anos. Não podemos ficar dependentes da importação de urânio enriquecido do Canadá para mantê-lo funcionando. A criação de oito usinas nucleares cria uma demanda mínima para termos um ciclo produtivo mínimo sustentável de combustível para o submarino e nos independermos do fornecimento estrangeiro desse combustível nuclear. Mas você acha que o benefício para aí? Não.

Criando uma mínima estrutura produtiva de urânio enriquecido podemos entrar em um mercado internacional de bilhões de dólares anuais vendendo este produto de alta tecnologia. Além disso, independeríamos todo o sistema privado e público de saúde da importação de material radioativo para que os exames de tomografia computadorizada nõa sejam suspensos como já o foram, quando o Canadá suspendeu a exportação desse material para o Brasil. Milhares de brasileiros ficaram sem poder fazer exames pára dar início ou continuidade de tratamento. E, como se isso fosse pouco, ainda criamos a possibilidade e estrutura mínima para avanços no desenvolvimento de tecnologia nuclear a bem do interesse nacional em qualquer área em que ela seja aplicável, inclusive na agricultura, área em que já é utilizada em alguns países no mundo de forma insipiente.

Então, ficamos lisonjeados em perceber que nossos leitores desde 2011 sabem de tudo isso e que esta postura firme em prol da criação de um mínimo de estrutura produtiva de energia elétrica nuclear, mesmo sem mencionar as diversas outras vantagens que acompanham essa produção elétrica, seja agora defendida de forma clara pela edição do Jornal O Globo, em 2015.

Não é o primeiro tema e nem será o último que tomamos posturas sobre temas sensíveis e informamos com segurança, coesão informativa e com antecedência em relação à grande mídia. É claro que a mídia deve publicar de tudo. Mas as boas posturas a serem apresentadas pelo Editorial da grande mídia não deveria ficar ao sabor do empirismo ou da moda e calor de um determinado momento vivido em sociedade. Da mídia espera-se a publicação de fatos de forma isenta e do editorial, posturas claras e que se sustentem no tempo.

Nós do Blog Perspectiva Crítica fazemos nossa parte.

p.s. de 09/11/2015 - Título corrigido: termo "após dois anos" foi corrigido para "após quatro anos".

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O grande risco do atual momento de crise: a janela histórica para o avanço da Reforma Liberal

Senhores e senhoras, vivemos nesse momento uma situação que eu vejo de risco, quando o centro financeiro nacional e internacional vê oportunidade. O risco é para pessoas, governo e empresas; a oportunidade é para o centro financeiro nacional e internacional.

Talvez poucos tenham visto o recente artigo no Jornal O Globo que comparou a situação das siderúrgicas com a situação dos bancos: siderúrgicas em prejuízo de R$1 bilhão a R$8 bilhões este ano... bancos como Bradesco e Itaú com lucros de R$13 bilhões a R$14 bilhões. E o artigo deixava claro qual a principal fonte desse lucro: títulos do tesouro brasileiro. Isso é um fato aleatório? São fatos desconexos? Não.

É bom que se diga: a crise vai passar senhores, com ou sem PT. Por quê? Por que a economia tem vida própria independente de Dilma e da Operação Lava Jato. O prejuízo à economia que o governo do PT poderia causar, bem como a Operação Lava Jato.. já ocorreu. Tenho amigos do mercado financeiro, inclusive no exterior, que disseram que ainda piora antes de melhorar.. mas eu pergunto.. piora quanto?

Qualquer um que acompanha a economia sabe que os movimentos positivos e negativos têm um ciclo.. um início e um fim.. e todos ficam analisando para ver quando se aproxima a tendência de inflexão desses movimentos.. parece que os números desse ano serão piores do que os do ano que vem, portanto, podemos já estar no ponto de inflexão em que a economia em baixa pode começar a apresentar alguns sinais de reversão.

O Jornal do Commercio publica bastante que as previsões dos empresários começa a melhorar. Por quê? Porque a crise já ceifou bastante e os estoques diminuíram.. portanto, somente a atividade para refazer estoques em 2016 já gerará uma melhora de quadro. Perderam-se 2 milhões de empregos? O Ipea disse que cada pessoa demitida pode gerar a procura por quatro empregos, pois as pessoas que não trabalhavam na casa têm de procurar emprego. Portanto, a demissão pode ser menor do que o número total de desempregados, o qual é feito com base no número dos que procuram emprego. As pessoas continuam pagando suas dívidas e o nível de endividamento está diminuindo. Isso pode liberar poupança à frente... mais de R$180 bilhões de reais em investimentos em infraestrutura já estão sendo contratados pelo governo com as concessões de rodovias, portos, ferrovias e aeroportos. Mas é claro que tudo melhoraria mais rápido se o crescimento dos EUA, Europa e China fossem mais vigorosos e o preço do petróleo e minério de ferro subissem.

Então, vejam, estamos muito longe do fim do mundo. Estamos mais perto de uma reorganização econômica. Mas nesse momento, aproveitando a crise econômica e política, as forças conservadoras no Brasil estão fazendo uma intensa propaganda de que é preciso dar forte impulso às "mudanças necessárias" e que isso salvaria o Brasil! Salvaria de quê? do Colapso econômico que propagandeiam, mas que não é de tal dimensão. Eles precisam conseguir implantar algo dessa mudança agora porque se as coisas melhorarem por si só no ano que vem, será a demonstração de que nossa economia é mais forte do que todos nós imaginamos e do que é publicado nos jornais.

Assim, com a evidente falta de credibilidade do governo e o elameamento da imagem do PT, por exclusiva culpa do próprio PT, vende-se a ideia de que tudo deve ser mudado. E o que é isso? É o que está publicado por Armínio Fraga no artigo "Resposta à altura da crise", a página 36 do Jornal O Globo de 13/09/2015 e em grande parte copiado pelo PMDB na sua proposta "Uma ponte para o futuro".

O Blog Perspectiva Crítica depois os analisará com calma para apresentar a análise para você, mas imediatamente podemos perceber que 25% de tais propostas interessam ao País e 75% da proposta interessam a bancos em prejuízo ao País, na nossa perspectiva e na perspectiva do cidadão e de empresas.

Observe que todo economista com quem converso admite que o controle da inflação não precisa ser feito exclusivamente por aumento de juros, mas nenhum programa sequer mencionou que a perda de R$500 bilhões de reais, no ano de 2015, com títulos de da dívida do tesouro nacional é um absurdo totalmente reversível. Nenhum programa falou em desenvolver a prestação de serviço público, mas somente em diminuir o Estado. As propostas de Armínio e do PMDB poderiam até ter sido escritas direto pelo FMI, observe, ou qualquer organismo financeiro internacional.

Levado a cabo, qualquer das propostas, seja a de Armínio Fraga, seja o do PMDB, nos levam mais próximo dos EUA do que dos europeus, e isso que estou falando é muito grave para a qualidade de vida do cidadão.. as consequências são como vinho e água, para quem analisa a qualidade real de vida nos EUA e a nórdica ou alemã ou francesa, por exemplo.

Não há mágica. Mas estão vendendo a ideia de que virar completamente a política em relação a direitos trabalhistas, previdenciários, servidores públicos, privatizar tudo, diminuir mais ainda o Estado brasileiro (sem nunca mencionar os 118 mil cargos em comissão, 26 mil dos quais só no Executivo Federal, perceba).. que isso solucionará tudo.. Não é verdade. Atrairá dinheiro, mas não solucionará magicamente nada.

A verdade é que a economia por si só está se corrigindo, corrigindo estoques, acertando preços.. muito menos do que deveria, mas está corrigindo preços.. se aqui fossem os EUA, os preços já teriam caído muito mais.. pois a concorrência lá é maior. Aqui ainda mantemos nossa economia mais fechada querendo defender nossos empresários.. o que não é ruim, mas o problema é se eles pretendem compartilhar conosco o bem que este impedimento de acesso aos nossos mercados pelos estrangeiros lhes traz de riqueza.

Também em nenhum dos programas, e inclusive há silêncio por parte do próprio PT e partidos de esquerda, está contemplado uma taxação de grandes fortunas, o que pode catapultar a economia enormemente. Nos EUA pode chegar a 77%? Na Alemanha e França, 40%? Porque não fazemos por 20% aqui? Seriam outros 100 bilhões anuais ou ao menos 20 bilhões? Mas não. Importante dizer que a catapultagem da economia via imposto sobre grandes fortunas ou aumento de imposto sobre herança para patrimônios superiores a 50 milhões de reais não se dá pela arrecadação, mas pela contratação de seguros de vida e criação de instituições e fundações privadas sem fins lucrativos, para os super ricos diminuírem o impacto de tais impostos sobre suas fortunas. Isso já foi tratado em artigo próprio neste Blog.

E por que não organizar as prestação de serviços públicos de forma mais eficiente? Criando cargos públicos de médicos federais, por exemplo, criando carreiras e organizando salários? Como o PT não defende a data-base para servidores públicos, se existe data-base para trabalhadores da área privada? Isso acabaria com 80% de todas as greves em todo o funcionalismo em todo o Brasil!! Mas não.

E a abertura de nossa economia? Alguém diz como seria? E os interesses estratégicos geo-políticos que temos com o Mercosul, Unasul, Brics, G-20... ninguém comenta? É só o quanto pode vir imediatamente de dinheiro o que interessa? E o projeto de nação independente e autônoma? Não.. nenhuma linha.

O Blog Perspectiva Crítica quer aqui denunciar que as propostas apresentadas por Armínio Fraga e pelo PMDB estão com a perspectiva muito economicista, imediatista e estão tentando criar um debate que nos alinha, somente, com os principados dos centros financeiros internacionais. Não temos nada contra a economia e bancos, muito pelo contrário. Mas não podem os centros financeiros internacionais implantarem a política do Brasil porque o resultado será exclusão, desigualdade e desassistência social.

Fazemos aqui nossa denúncia. Avanços econômicos sim, mas os juros que o Brasil pagam são incompatíveis com nossa economia, as agências de rating nos rebaixam mais rápido que o fazem com a Turquia, Rússia ou qualquer outro, sendo que esses países estão em locais deflagrados por guerras.. há um viés político nesses ratings e isso já foi denunciado por Joseph Stiglitz e Paul Krugman e nós aqui fazemos o mesmo.

O grande risco que corremos é que essa crise econômica aliada à crise política seja uma janela histórica para que os conservadores no Brasil, que seguem os centros financeiros internacionais, apropriem-se das naturais melhoras econômicas que já estão a caminho; que chantageiem o país, apresentando suas "saídas" para a crise, que nada mais são do que a implantação de toda a agenda liberal, e que se apoderem, com a sobrevinda da natural melhora de nossa economia, da imagem de que sabem o que fazem e que devem ser cegamente seguidos, apropriando-se da máquina política e econômica de nosso país.

Importante dizer ainda que se os juros básicos não fazem mais efeito no controle da inflação é porque, além do fato de que aumentar juros não fará a economia mundial deslanchar (rsrrs), o mercado financeiro já está bêbado com juros tão altos.. e só faz exigir mais.. o correto seria o aumento de depósito compulsório e menos juros Selic... mas isso diminuiria os lucros de bancos.. então, no Brasil não pode.

Devemos estar atentos e ter cuidado.

p.s.: Texto revisto e ampliado.