segunda-feira, 13 de abril de 2015

Mercado, agora, baixa expectativa da Inflação do Brasil para 2015

Transformei em artigo o post script que foi efetuado no artigo econômico recente intitulado  "Curiosidade econômica da abril de 2015(...)". Vejam que após nosso artigo questionando como a inflação no Brasil poderia chegar a 8,2%, diante das diversas variáveis que pressionam a economia para baixo, o mercado apresenta sua baixa de expectativa.. confirme o modus operandi do mercado financeiro no Brasil que denunciamos e objetiva extorquir juros básicos do orçamento brasileiro. É assim que eles agem todos os anos.

Vejam uma análise da economia brasileira pelo FMI que está melhor do que o que se publica por aqui. Publicado no Valor Econômico. Acesse: http://www.valor.com.br/brasil/4001748/fmi-reduz-previsao-para-pib-do-brasil-mas-elogia-ajuste-fiscal

O artigo não diz, mas o FMI projeta inflação de 7% para o Brasil em 2015. Já nosso mercado que projetava 8,2% (rsrsrs) começou a baixar sua expectativa.. alguns dias após nosso artigo que já aponta que 8,2% de inflação este ano está difícil de acreditar.. acesse a alteração de expectativa de inflação pelo mercado, após nossa análise, em http://www.efe.com/efe/noticias/brasil/economia/mercado-financeiro-reduz-previs-infla-para-2015-brasil/3/2019/2585014

É uma grande palhaçada essa expectativa inflacionária pelo mercado no início de cada ano... tsc, tsc, tsc. Mas é importante que você veja isso.

Como sempre, aqui no Blog Perspectiva Crítica você não tem surpresas. Você tem informação coesa do início ao fim do ano. Sua vida fica mais previsível.. talvez mais monótona (rsrs), mas pelo menos você fica bem informado e na frente do que a grande mídia de mercado publica sobre fatos econômicos.

Continue assistindo... o mercado botou a expectativa nas alturas no início do ano para extorquir o máximo de juros básicos. Na candidatura do Aécio chegou-se a falar que eram necessários juros de 15%!!! Mas a inflação já parece arrefecer com 12,75% fixados no governo petista.. menos impacto recessivo, menos desemprego do que se o juros fosse a 15%... e esfriamento da inflação que o FMI projeta não superior a 7% no fim desse ano de 2015. Depois dizem que s Dilma enganou a população.. é brincadeira..

Vá assistindo o mercado baixar sua expectativa até fechar com a real inflação do fim do ano que será não superior a 7,5% (nossa expectativa) e pode até surpreender e ficar em 7% (expectativa do FMI) ou menos. Vamos ver..

Grande abraço.

p.s. de 16/04/2015 - Texto revisado.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

O fim do emprego e de direitos trabalhistas: Projeto de Lei 4330 e a regularização de tercerização

Sim, parece grave.. e é. Quem via integrantes da CUT criando problemas para a segurança na Câmara dos Deputados talvez não entendesse o que estava ocorrendo, até porque a grande mídia não deixou claro o que ocorre: a aprovação do Projeto de Lei 4330 que regulariza a terceirização pode extinguir milhões de empregos, a respectiva arrecadação para o INSS, direitos trabalhistas como férias, décimo terceiro, horas extras, e ainda acabar com empregos públicos em estatais. Como?

O projeto de Lei permite a terceirização de atividade-fim. Assim, uma estatal poderá, caso a lei seja sancionada como está sendo aprovada, contratar prestadora de serviço para prestar serviço de engenharia, por exemplo, ao invés de contratar engenheiros. E assim com economistas, advogados, administradores.. todos os trabalhadores formados em curso superior ou técnico. A Petrobrás poderá fazer isso agora. Empresas prestadoras de serviço tomarão os empregos públicos de estatais e você poderá não ver mais muitos concursos públicos para Petrobrás, BNDES, EMBRAPA, Banco do Brasil, CEF... qualquer estatal. A aprovação deste projeto é o apoderamento de todos estes empregos públicos que saem da esfera e do alcance do cidadão e ingressa no patrimônio das empresas e dos políticos.

Mas não é só isso.. pessoa física pode ser terceirizada. Aquilo que ocorre na prática com empregados bem remunerados de grandes empresas, que são obrigados a virarem Pessoa Jurídica para continuar sendo empregados, mas que ao fim do contrato poderia gerar uma ação trabalhista para compensar esse desvirtuamento da relação de emprego, agora estará legalizado. Para todos os trabalhadores. Pelo menos o projeto original permitia isso...

Assim, pergunto, por que uma empresa vai te contratar como empregado se pode te contratar como terceirizado? Como empregado ela tem que te dar férias, e remuneradas, respeitar licença médica, licença maternidade, licença paternidade, recolher tributos para o INSS, para o FGTS e tem de te pagar horas extras. Como terceirizado, não. Nada disso é problema da empresa contratante do trabalho terceirizado, ainda mais se for a tercerizaçao de trabalho individual de pessoa física.

Mas não é só isso. Também as empresas contratantes não vão mais ser responsáveis pelo recolhimento de contribuições previdenciárias e do FGTS.. ou seja, a garantia do recolhimento aos cofres públicos dos valores que são do trabalhador, seja para o caso de demissão sem justa causa ou qualquer causa de saque de FGTS, como compra de imóveis, ou mesmo a garantia do recolhimento de valores devidos à previdência que se reverterão na aposentadoria do trabalhador simplesmente diminui gravemente porque antes era garantida pela empresa que terceirizava o serviço do trabalhador e pela empresa contratante do serviço terceirizado, mas agora deverá ser cobrado somente da empresa prestadora do serviço que muitas vezes é muito menos sólida do que a empresa contratante. Exemplo: você é terceirizado da Petrobrás ou Vale ou qualquer empresa privada que não seja estatal? Após a aprovação do Projeto de Lei 4330, que ocorrerá nesta terça-feira, dia 08/04/2015, se sancionada, a Petrobrás e a Vale ou outra empresa contratante de serviço terceirizado não mais se responsabiliza pelo recolhimento do FGTS e contribuição previdenciária. Esses encargos deverão somente ser cobrados da empresa que terceiriza o seu serviço. Muitas são mais fracas e podem falir. Se não tiverem efetuado os recolhimentos.. adeus recolhimentos.. como a União, CEF e o INSS gerirão este problema? Não se sabe. Talvez se diga da ineficiência do Estado e haja mais venda de patrimônios públicos para fechar esse futuro rombo...

A regulamentação da terceirização não é um problema em si. Pode ocorrer e na verdade já existia através das legislações existentes e da jurisprudência. Mas isso não era bom para as empresas como poderia ser. Então a FIRJAN, FIESP, CNI (Confederação Nacional das Indústrias), CNC (Confedereção Nacional do Comércio) e todos seus filiados que pagam campanhas de políticos (financiamento privado de campanha política) conseguiram dizer que havia necessidade de regulamentação da terceirização e nela colocaram tudo o que queriam para acabar com a relação de emprego e com cargos públicos e empregos públicos. E conseguiram, pois empresas e bancos são mais organizados do que cidadãos.

Do jeito que está, a aprovação do Projeto de Lei 4330 e sua sanção pela presidente pode ser o fim do emprego no Brasil e de todos os direitos trabalhistas, pois eles estarão previstos, mas quase ninguém será empregado. Todos viraremos, ao menos de agora em diante, Pessoas Jurídicas ou integrantes de quadros de empresas que terceirizam serviço a empresas privadas, estatais e ao Estado. E não teremos mais, na prática, licença paternidade, licença maternidade, horas extras, férias remuneradas e nem licença médica.

Parabéns à FIRJAN, FIESP, CNI, FEBRABAN e Confederação Nacional do Comércio. Parabéns pelo eficiente lobby e pela ótima propaganda sobre necessidade de regulação da terceirização no Brasil, apresentada como solução para a eficiência do mercado de trabalho. Torcemos para que a prática não seja somente de degradação e precarização da relação de emprego e extinção, na prática, de garantias e direitos trabalhistas e previdenciários.. mas infelizmente parece que, se a sociedade nada fizer contra isso,  será somente isso o que ocorrerá. Talvez nem nos EUA a liberdade de explorar a mão-de-obra seja assim tão grande.

P.s.: Iremos ler com calma todo o projeto modificado para depois confirmar os prejuízos ao trabalhador, ou seja, você. Po enquanto, fique com a leitura complementar do seguinte artigo da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) em http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2015/04/entenda-o-que-diz-o-projeto-de-lei-da-terceirizacao

p.s.2: Acesse ainda nosso artigo anterior já alertando a sociedade sobre esse avanço sobre direitos trabalhistas pelas congregações de empresas: http://www.perspectivacritica.com.br/2013/08/gravissimo-relacao-de-emprego-e.html

p.s.3: Acesse a íntegra do Projeto de Lei 4330/2004 em http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=345129170B6DBAD16AD298AEB431A849.proposicoesWeb1?codteor=246979&filename=PL+4330/2004

p.s.4: Análise do Projeto de Lei 4330/2004 original. Os arigos 5º, 10 e 12 são os piores. O artigo 5 descaracteriza o que a jurisprudÊncia via como fraude à relação de emprego. A pessoa pode ficar 20 anos na mesma atividade que não gerará vínculo de emprego. É o fundamento básico para o fim do emprego. Artigo 10 decreta o fim da responsabilidade solidária entre contratante de serviço terceirizado e empresa contratada em relação a pagamentos de obrigações previdenciárias e FGTS, colocando em risco essa receita para a Adminstração Pública e para o usufruto do trabalhador quando precisar. É o fundamento básico para o risco de diminuição de recolhimento ao INSS e FGTS. O artigo 12 aplica a regra a estatais e toda a Adminstração Pública. Cria o link retórico e legal para o risco de fim de contratações de servidores públicos e empregados públicos, consoante o comentário final que se segue: Comentário Final: Neste original não há regra clara para a contratação de terceirização de pessoa física, diretamente. Também não há a regra de possibilidade de terceirização de atividade-fim. Com essas duas regras a mais, acabam o emprego clássico e suas garantias, além de cargos e empregos públicos, ou abre-se a porta para que isso ocorra em nossa sociedade, por mais que naõ seja implementado agora.

P.s. de 16/04/2015 - Texto revisado e ampliado.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Uma crise ainda não dimensionada: nova crise econômica mundial de petróleo à vista

Senhores, tirando a crise de 1929, de superprodução... quais outras crises mundiais graves tivemos? Grave, grave mesmo foram somente por causa de petróleo em 1971, 1973, 1979, 1981. As crises de México, Brasil, Rússia, depois Argentina e Venezuela.. foram pontuais, não mundiais. Depoisdas crises de 1929 e as de petróleo, a única crise mundial grave que ocorreu foi a recente crise financeira internacional imobiliária de 2008 até hoje. Alguns sustentam que acabou.. mas os reflexos em derrubar economias permanece até hoje em todo o mundo.

Então, vejam.. petróleo é algo gravíssimo. O preço normal do petróleo, em momento anterior à crise financiera internacional era de US$110,00 o barril Brent. Mas a guerra do petróleo, comentada por nós há poucos artigos, tendo como protagonista maior a Arábia Suadita, seguida dos EUA, e tendo como atores menores mas importantíssimos Irã, Venezuela, Rússia e pré-sal brasileiro, gerou uma desvalorização do barril que chegou em 16/03/2015, a US$52,00 o barril Brent e US$42,00 o barril de petróleo.

Ninguém está falando nisso. Mas isso é uma bomba. Sinifica que vários países que dependem dessas divisas não estão recebendo essas divisas com base em 110 dólares, mas com base em 52 dólares ou 42 dólares por barril. Nõa é só a Venezuela, Irã e Rússia que estão sendo prejudicados. A petrobrás está sendo prejudicada. A arrecadação do Estado do Rio de Janeiro, e, hoje, de mais 13 Estados estão sendo prejudicadas, pois depois da rodada de blocos de exploração no Norte e Nordeste, temos 14 Estados produtores e não somente 4 Estados, como antes dessa licitação de mais de 300 blocos de exploração.

Mas não é só o Brasil que está sendo prejudicado ou a Petrobrás. A Statoil norueguesa, a Exxon americana, a Shell, anglo-holandesa, a Total francesa, a AGIP italiana, todas as empresas e países que produzem e exportam petróleo estão sendo prejudicadas. E até onde vai esse prejuízo? Ninguém calcula. Como o movimento tem benefícios geo-políticos e geo-econômicos para os EUA (prejudica Venezuela, Irão, Rússia e o Pré-sal brasileiro) e até Europa (questão Rússia-Ucrânia), num primeiro momento, ninguém publica ou comenta. Mas a Arábia Saudita está, por tirania econômica, prejudicando o mundo inteiro. Se fosse o Irã, já estava invadida.

Prestem atenção a isto. Os movimentos de invasão, propaganda contra ou a favor, nõa são pelo bem da humanidade.. infelizmente.. antes fossem... a omissão informativa da grande mídia brasileira, que deveria estar informando sobre possíveis consequências dessa manipulação do preço internacional do petróleo para nossa economia e para a Petrobrás, nos atinge e atinge a Petrobrás.. mas pode se tornar em outro desastre econômico.

Os estoques mundiais estão ficando cheios de petróleo barato. Mas e então? O mercado de consumo aguenta quanto mais? O petróleo, se cair a menos de 47 dólares inviabiliza o pré-sal.. está resistindo acima de 50 dólares, o barril brent que é o padrão mundial.. mas a Arábia Saudita disse que não se importa que caia a 40 dólares... e aí? Cadê a defesa do livre mercado? Quem controlaria o dumping internacional que a Arábia Saudita está fazendo para ganhar market share? Em que medida a manipulação de uma reserva petrolífera com dimensões que tornam um país capaz de submeter o mundo é legítima?

É fácil ver o limite.. se a Arábia Saudita fosse o Irã ou a Venezuela ou a Rússia, os EUA estariam silentes? Você não passaria a conviver com propaganda contra a manipulação artificial do preço internacional do petróleo como o que ocorre hoje? Sim. Mas como é a Arábia Saudita, aliada dos EUA, você deverá sofrer quieto as consequências desta manipulação torpe e exclusiva por dinehirro e mais mercado para a Arábia Saudita, mesmo ao custo de famílias desempregadas, empresas de petróelo e seus lucrosd aos acionistas, e mesmo ao custo da desorganização financiera de Estados, países e Municípios em todo o mundo.

Quando a manipulação e efeitos negativos vêm de países de fora do eixo rico (EUA- Europa-Japão, incluindo o aliado Arábia Saudita) a propaganda é contra, os jornais são contra os reflexos dessa manipulação ou má conduta. Quando a manipulação vem de integrantes do eixo trilateral, do eixo rico, aí é tratado como consequência do livre mercado...

A omissão internacional nesta questão está criando um monstro que pode ser uma nova crise econômica com base na baixa artificial do preço do petróleo induzida e mantida pela Arábia Saudita sem qualquer intervenção moral ou real dos EUA.. tudo por interesses geo-políticos e geo-econômicos. Não é só falta de petróleo que causa crise.. super-oferta também pode criar. A crise de 1929 foi por super-oferta de produtos. Estamos tendo super-oferta de petróleo.

Vamos ver até onde isso vai.

O gigantesco potencial do mercado de seguros e do crescimento da economia: a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas

Tema totalmente renegado pela mídia de mercado. Você nunca, nunca vai ler isso em jornal nenhum da grande mídia. Só se for depois de ter sido publicado neste Blog, como vem ocorrendo, aliás.. rsrsrsrs.

Apesar de todo o chilique em torno da regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, o que é compreensível em relação a quem tem grandes fortunas, esconde-se nesse tema um dos maiores motivos e causas da diferença da economia norteamericana em relação à nossa. Mas ninguém escreve sobre isso.. mas nós vamos escrever.

Há muito tempo queríamos escrever sobre isso mas não foi possível. Esse é um dos poucos temas cuja falta de publicação nos incomodava.. e finalmente vamos abrir mais uma vez, como gostamos de crer.. rsrsrs, os seus olhos, os olhos do nosso estimado e seleto grupo de leitores, seguidores, comentaristas e críticos.

No Brasil, o imposto sobre herança (imposto sobre transmissão de bens causa mortis ou doação - ITCMD ou ITD) é de 4%, para qualquer patrimônio. Nos EUA varia de 3% a 77%, segundo site do Francisco Dornelles pesquisado por mim há alguns anos, quando ele era relator da reforma tributária. Na Alemanha é de 40%. Significa que Bill Gates, ao morrer, deverá pagar 77% de seus 60 bilhões de dólares para o Fisco norteamericano. Você acha que ele vai pagar isso assim? Rsrsrsrs. Não.

O dinheiro na mão do multimilionário ou bilionário muitas vezes pode ficar somente na condição de valor rentista, gerando renda financiera, sem produzir mais eficientemente para a sociedade. As sociedades mais maduras e com melhor assistência social adotam esta tributação diferenciada para os mais ricos. E qual é o resultado?

Nos EUA, em que o imposto sobre herança varia de 3% a 77%, os multimilionários e/ou bilionários têm de pagar até 77% de sua fortuna ao governo americano e, portanto, contratam seguro de vida pelo valor do imposto que terão de pagar. Assim seus familiares recebem o dinheiro pago de imposto via pagamento de seguro de vida, enquanto o governo americano recebe uma fortuna de imposto que pode se reverter em investimentos na economia e em serviços públicos. A economia, por sua vez, durante a vida desse bilionário, ganhou a parcela de seguro paga pelo bilionário, que se converterá, via companhia seguradora, em investimentos em letras de câmbio, alavancando investimentos na área privada, e também em títulos da dívida pública, beneficiando o giro econômico e o potencial produtivo do patrimônio do multimilionário e do bilionário, cujo valor estava somente na condição de poupança para renda pessoal do multimilionário/bilionário, parado no banco.

E também por isso explodiu a criação de fundações privadas entre multimilionários por lá nos EUA: você cria uma fundação para destacar patrimônio que iria para o Fisco. Assim dá emprego para parentes e salários (pro labore de cargos honoríficos), fazendo com que recebam algo de um patrimônio que iria para o Estado via imposto de herança. Mas isso cria um instrumento social que põe o valor a favor da sociedade e da economia, gerando empregos e serviços à sociedade. Gerando emprego, arrecadação e riqueza. Então, esse canal também está pouco explorado aqui.

Esse dinheiro que irriga a economia norteamericana também é um dos motivos de por lá haver uma quantidade de valores disponíveis no mercado muito maior do que aqui, o que baixa os juros cobrados pelos bancos ao consumidor e ao investidor, pois é melhor emprestar a baixo juros dinheiro que sobra do que o deixar parado sem essa remuneração por menor que seja.

O Brasil peca por não regulamentar o Imposto sobre Grandes Fortunas. Se bem feito, esse imposto pode catapultar a economia como nunca se viu. O dinheiro é do multimilionário e não temos nada contra isso. Somos totalmente a favor de ricos, milionários, multimilionários e bilionários. Queremos até vir a pertencer a esse grupo!! Rsrsrs. Mas como aumento de salário mínimo pode ter consequências inflacionárias em curto prazo, e concordamos em tirar esse dinheiro a mais dos pobres que o recebem para que a economia fique mais eficiente, também parece justo que concordemos em obrigar que parte de uma riqueza formidável e incomum tenha um incentivo para que seja direcionado à economia, criando mais investimento, emprego, riqueza e arrecadação ao Estado, pois isso torna mais eficiente a economia.. ou não?

O Brasil poderia até abrir mão do IGF e aumentar o imposto sobre herança. E mesmo que fosse para ficar a metade do que é na Alemanha ou metade do que é nos EUA. Assim, nossos ricos não se sentiriam atraídos a se mudar para um ou outro país em busca de fugir de impostos pagos aqui. E mesmo pagando cinco vezes mais do que pagam hoje a título de imposto de herança, digamos 20% de imposto sobre grandes fortunas, pagariam menos da metade do que se paga nos EUA e Alemanha, mas a economia receberia valores incalculáveis dos redirecionamentos de patrimônio e investimentos dos multimilionários e bilionários brasileiros.

O resultado seria um crescimeno astronômico do mercado de seguros no Brasil, aumento de investimento, criação de fundações privadas às mais diversas, criação de renda, riqueza, crescimento econômico e aumento de oferta de capital no mercado que poderia baixar muito os juros cobrados pelos bancos em empréstimos a investidores e consumidores.

Depois não se sabe porque os outros países são desenvolvidos.. dizem que é só a liberdade de mercado.. rsrsrsrs.. brincadeira.. só rindo.
P.s. de 19/05/2015 - Texto revisado.

Curiosidade econômica de abril de 2015: será que a inflação de 2015 será de 8,2% como prevê o mercado?

Estou muito curioso em relação ao real número da inflação neste ano. Que as previsões econômicas muitas vezes não se concretizam, isso todos nós sabemos. Mas é interessante que o mecanismo de previsão seja sempre o mesmo: previsão de inflação ascendente no início do ano, projetando uma alta inflacionária no fim do ano, inclusive com estouro da meta, o que ainda não ocorreu; e, à medida em que o ano vai passando, as expectativas de mercado vão baixando, até se encontrarem com o real número da inflação no fim do ano. Que trabalho fácil... carrega-se no início e depois vai se corrigindo lá na frente até chegar ao número real que se concretiza...

Mas o mais interessante é o porquê disso. Quando há aumento de expectativa de inflação há a necessidade de aumento da taxa de juros, a qual remunera regiamente o capital e os bancos. E falam que funcionalismo público é "estar nas tetas do governo".. rsrsrsrs.

Não negamos os mecanismos de pesos e contra-pesos de mercado, inclusive os instrumentos de política monetária, mas é importante denunciar esse modus operandi  do mercado para extorquir mais juros básicos. O que o orçamento gasta com juros básico é mais do que gasta com sáude e educação. É a principal despesa do governo. mas põe-se a culpa na inflação por isso, quando na verdade não é esse o problema. A forma como se ataca a inflação é o problema.

Na China, muito da inflação é controlada através de aumento de depósito compulsório. Com menos valores circulando, esfria-se a economia sem penalizar o orçamento. Mas isso diminui operações bancárias e lucro de bancos. Então, pode na China e não pode no Brasil. E somos assim. E ficamos assim.

O roteiro é conhecido. Todo início de ano tem pressão da inflação, pois as pessoas gastam mais no período de festas e porque na virada do ano vários contratos são reajustados, como escolas, material escolar e vários contratos, inclusive públicos (preços administrados). Também é o momento em que se precificam os contratos que sofrerão reajustes como pedágios, transporte público, planos de sáude. Então, nesse clima, joga-se a expectativa de inflação pelo mercado nas alturas.

O Banco Central deverá agir para arrefecer essa expectativa de mercado, mas não pode aumentar depósito compulsório, pois no Brasil só se pode combater inflção com aumento de juros. E assim, aumentam-se os juros básicos que hoje está estratosfericamente em 12,75%. Claro. Se você não bate na inflação por outro lado, só pode bater pelo lado do juros e ele terá de ser carregado.

E assim ficamos. Bancos felizes. Orçamento público com seu maior gasto aumentando. A culpa sendo colocada no governo e na inflação. Aí o governo é obrigado a cortar despesas.. mas não pode ser a despesa com juros, pois essa é automática e autolegitimada. Sem aumentar compulsório, o governo é obrigado a aumentar despesas com juros. Mas e o resultado?

Numa espiral negativa, aumento de juros leva a aumento de renda financeira. Isto faz com que consumidores deixem de comprar e poupem. As empresas também passam a investir em títulos da dívida pública, com bom retorno e menos risco do que investir  na produção.  E com menos produção e consumo a tendência é haver uma recessão. E é isso o que ocorre. É para onde vamos.

Mas aí, vejamos, o comum é que houvesse o reflexo de baixa da inflação e da perspectiva da inflação em algum momento. mas só vemos alta dessa expectativa. Aí é que aparece um descompasso. Se os juros estão altos; se as pessoas compram menos; se diminuiu o emprego; se as empresas investem menos, como a expectativa da inflação pode estar tão alta? O impacto do dólar e as saudáveis correções da política econômica (que foi boa para maner produção e emprego até hoje, ao nosso ver), retirando desonerações tributárias, corrigindo formas de se exercer direitos previdenciários e trabalhistas (correção e endurecimento de regras de concessão de benefícios), bem como aumentando a tarifa de luz, geram um ônus que pesa na conta, com certeza. Mas será que a inflação chegará a 8,2%?

Não se fala mais em racionamento de energia depois das últimas chuvas. Está previsto superávit comercial para o País esse ano em até 10 bilhões de dólares. Estão contratados investimentos estrangeiros diretos de até 58 bilhões de dólares. E os juros estratosféricos atraem muitos dólares para a nossa economia, o que, aliás, já até baixou a pressão altista do dólar que hoje está cotado a R$3,09, enquanto muitos disseram que explodiria para além de R$5,00, talvez até chegasse a R$7,00.. eu ouvi isso de pessoas que trabalham no mercado... naturalmente disse que achava um desvario, pois nossas condições econômicas e do mundo não pareciam legitimar câmbio acima de R$4,00...

Aí pergunto, com tantos dólares vindo, com o programa de investimentos governamentais e privados, inclusive em função de diversas concessões, com previsão de PIB recessivo em -1,01%.. como a inflação pode chegar a 8,2%? Imóveis baixando de preços.. aluguéis... isso pressiona para baixo a inflação também... mas a economia é dinâmica.. vamos ver... para quem quer ver aumento de inflação, tudo pode ser visto como motivo de aumento de inflação.. por exemplo.. a queda de preço de imóveis pode ser visto como liberação de poupança para consumo e, portanto aumento de consumo gera aumento de inflação... rsrsrsrs

A melhor medida de contenção de custeio seria adotar aumento de depósito compulsório, ao invés de aumento de taxa selic, ao mesmo passo em que fossem tomadas medidas que ampliassem o investimento na economia... mais concessões e agilização dos processos de concretização dessas concessões, se possível com desonerações na atividade de exportação e produção para exportação. Desoneração que reflete em perda de arrecadação previdenciária é criar um problema futuro, pois a previdência vai exigir lá na frente esses valores para pagar benefícios.

E o Brasil também peca por não regulamentar o Imposto sobre Grandes Fortunas. Se bem feito, esse imposto pode catapultar a economia como nunca se viu. Por quê? Porque, como acontece nos EUA, os superricos terminariam sendo obrigados a colocar valores para girar a economia para copensar o pagamento de Imposto sobre Grandes Fortunas. Nos EUA, em que o imposto sobre herança varia de 3% a 77%, os multimilionários e/ou bilionários têm de pagar até 77% de sua fortuna ao governo americano e, portanto, contratam seguro de vida pelo valor do imposto que terão de pagar. Assim seus familiares recebem o direito pago de imposto via pagamento de seguro de vida enquanto o govenro americano recebe uma fortuna de imposto que pode se reverter em investimentos na economia e em serviços públicos. A economia, po sua vez, durante a vida desse bilionário, ganhou a parcela de seguro paga pelo bilionário, que se converterá, via companhia seguradora, em investimentos em letras de câmbio, alavancando investimentos na área privada, e também em títulos da dívida pública, beneficiando o giro econômico e o potencial produtivo do patrimônio do multimilionário e do bilionário, cujo valor estava somente na condição de poupança para renda pessoal do multimilionário/bilionário, parado no banco.

E também por isso explodiu a criação de fundações privadas entre multimilionários por lá nos EUA: você cria uma fundação para destacar patrimônio que iria para o Fisco. Assim dá emprego para parentes e salários (pro labore de cargos honoríficos) fazendo com que recebam algo de um patrimônio que iria para o Estado via imposto de herança. Mas isso cria um instrumento social que põe o valor a favor da sociedade e da economia, gerando empregos e serviços à sociedade. Gerando emprego, arrecadação e riqueza. Então, esse canal também está pouco explorado aqui.

Mas isso fica para outro artigo. O importante é que se veja que o mercado superestima inflação, influencia a política monetária para ser somente através de aumento de juros, lucra com isso, e durante o ano vai adaptando para que a inflação real no fim do ano acabe batendo com a expectativa de mercado que foi alterada mensalmente durante o ano para que não sejam acusados de superestimarem a inflação, o que os faria perder legitimidade para realizar novas expectativas..

Denunciamos aqui esse procedimento do mercado. E temos muita curiosidade com a inflação final desse ano. A inflação desse ano poderá sim ir além da meta? Sim. Talvez. Mas cremos que seja difícil ir além de 7,5%, além de que pode ser ainda menor, em virtude do aspecto recessivo da economia, como consequência da política ciclópica de exclusivo aumento de juros para o controle inflacionário.

A ver.

p.s.: Acesse o artigo que prevê inflação em 8,2% esse ano em http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2015/04/mercado-financeiro-sobe-para-820-estimativa-de-inflacao-para-2015.html

p.s.2: Texto revisto e ampliado, inclusive com grande alteração do antepenúltimo parágrafo ("E o Brasil também peca..."), que estava com má redação.

p.s. de 13/04/2015 - Vejam uma análise da economia brasileira pelo FMI que está melhor do que o que se publica por aqui. Publicado no Valor Econômico. Acesse: http://www.valor.com.br/brasil/4001748/fmi-reduz-previsao-para-pib-do-brasil-mas-elogia-ajuste-fiscal
O artigo não diz, mas o FMI projeta inflação de 7% para o Brasil em 2015. Já nosso mercado que projetava 8,2% (rsrsrs) começou a baixar sua expectativa.. alguns dias após nosso artigo que já aponta que 8,2% de inflação este ano está difícil de acreditar.. acesse a alteração de expectativa de inflação pelo mercado, após nossa análise, em http://www.efe.com/efe/noticias/brasil/economia/mercado-financeiro-reduz-previs-infla-para-2015-brasil/3/2019/2585014
É uma grande palhaçada essa expectativa inflacionária pelo mercado no início de cada ano... tsc, tsc, tsc.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Crítica ao artigo "Privatizando na bacia das almas", de Sardenberg

É incrível.. e foi escrito. Sardenberg afirmou que a Petrobrás está sendo privatizada, mas que "chamam a operação de 'vender ativos' ou 'desinvestimento', mas o nome é privatização na forma mais clássica: alienar patrimônio para pagar dívidas e fazer caixa." Isto está escrito neste artigo ora criticado, no segundo parágrafo, publicado na página 18 da edição do Jornal O Globo de 02/04/2015. E ainda conlcui que como efetua essas vendas num período desfavorável par a empresa, em momentos de baixa do petróleo necessidade de fazer caixa, "privatizam na bacia das almas".

Quanto  essa afirmação não vamos nos delongar. Vender ativos é igual a privatizar?!?! Poucas atecnicidades foram escritas sem qualquer cerimônia. Privatizar não é vender ativo nem nunca foi. Privatizar é transferir para a área privada a operação, direção e gestão de, no caso, uma empresa estatal para a área privada. Essa transferência, no caso da Petrobrás ou outra estatal com ações em Bolsa de Valores, se daria através de transferência de controle acionário, normalmente através de venda em bloco de grupo de ações que desse esse poder de controle societário ao comprador do bloco de ações através de leilão.

Então, senhores e senhora.. como isso pode ser comparado à venda de ativos da Petrobrás que está sendo feita para gerar caixa para a empresa que passa por dificuldades por causa da débâcle do preço internacional do petróleo?  Não tem como.

A informação está errada de toda forma que se veja, a não ser para incentivar a privatização da Petrobrás, informando erroneamente que se tivesse sido feita antes, em momento de alta das ações, o retorno ao Estado teria sido maior. Mas isso parte de premissas e raciocínios totalmente errados e desinformativos e sofistas. Muito triste.

Primeiro: venda de ativos não é privatização, como já vimos.

Segundo: essa necessidade de venda que é real não pode ser tomada como privatização "no pior momento". O pior momento deriva de uma desorganização atual nos preços internacionais do petróleo por um embate geo-político-econômico que inclui Arábia Saudita, EUA, Venezuela, Rússia, Irã e o pré-sal no Brasil. Já está se escrevendo assumindo que o momento é ruim por conta de mera má-gestão da Petrobrás, quando a realidade não é essa.

Em suma, as vendas não ocorrem somente porque a estatal está mal por conta de má-gestão petista exclusivamente. As vendas ocorrem porque a Petrobrás teve de alavancar investimentos e, portanto, sua dívida, e num momento em que estourou a Operação lava-jato juntamente com uma guerra de preço de petróleo criada pela Arábia Saudita e EUA. A empresa continua lucrando mais de 20 bilhões de reais por ano, mas a necessidade de financiamento para investimentos gigantes por conta do pré-sal e sua obrigação de participar em 30% de todos os blocos, criaram uma situação de fragilidade financeira, que se tornou em problema concreto com a queda artificial do preço internacional do petróleo.

Assim, a solução para este momento foi vender ativos para fazer caixa. Não havia a opção anterior que o Sardenberg comentou. Sofisma puro e fraquíssimo. Não há privatização e nem ocorre em momento mal escolhido. É incrível como a matéria foi publicada. O apoio aos movimentos de privatização da Petrobrás que estrangeiros e a área privada nacional pretende não pode ser capaz de legitimar que inverdades sejam escritas com tanta impropriedade. Para quem acompanha o que ocorre no setor petrolífero o artigo é risível.

Fica aqui nossa crítica a este trágico artigo que não se sustenta de forma alguma que se vejam os fatos sobre os quais discorre.

E o embate que fez entre desenvolvimentistas e ortodoxos? A única incongruência que existe entre o feito antes e o que agora se faz está no discurso que se faz dele.

A ortodoxia não tem fim em si mesma. O desenvolvimentismo não tem fim em si mesmo. A diferença real é que o desenvolvimentismo está sempre insatisfeito com o avanço da economia abaixo de seu potencial. Para financistas ortodoxos a visão é mais conservadora: o crescimento econômico deve vir como uma consequência da normalidade de mercado, ou seja, controla-se a inflação e condições macroeconômicas e o crescimento deriva do equilíbrio desses elementos.

As duas visões na verdade são complementares. Mas ninguém vê assim. Cegam-se com as principiologias de uma e outra visão, executivos e técnicos são incumbidos de representar uma ou outra visão, consoante o interesse de seus grupos de interesse e relacionamento. Em seguida, partidos políticos e polítiocs encampam uma ou outra filosofia e ambos acham que degladiam pela verdade. Uma palhaçada.

A análise das duas abordagens dá mostra de que o desenvolvimentismo é melhor em economias não maduras, que precisam avançar mais rapidamente no aumento de renda per capita, produtividade, produção, pra diminuir desigualdade social a atingir bem econômico que outras economias maduras já alcançaram. A ortodoxia, os economicistas, monetaristas e financistas fazem mais sentido em economias maduras como as da Europa e EUA, em que o status quo econômico é bom e deve ser mais mantido do que avançado.

Ser desenvolvimentista não significa que se deva ser complacente com inflação, mas muitas vezes ela fica mais pressionada porque se privilegia medidas que impulsionam a economia. Mas ser ortodoxo não quer dizer que seja defensor de medidas recessivas, apesar de que normalmente como defendem antes de tudo a inflação, há uma tendência do ortodoxo em não pressionar a produção e deixar que ela se realize no ritmo do mercado que "funcionará bem enquanto os fundamentos econômicos forem mantidos bem".

Dessa forma, a política desenvolvimentista do governo continua. Mas se antes pôde pressionar a economia para não perder crescimento e aumento de renda, em algum momento os reflexos negativos da política desenvolvimentista devem ser corrigidos para depois se voltar à expansão do PIB. Não há´contradição. Só Sardenberg e outros cegos voluntários (e bem pagos) de mercado para sustentar isso.

Dizer que há contradição aí, que é apoiar uma lógica e retórica eleitoral contra o governo ao invés de informar a população sobre fatos econômicos, é o mesmo que dizer que a Europa liberar 1,1 trilhão de euros para puxar a economia vacilante é contraditório porque ela estava adotando medidas ortodoxas de austeridade. Ou que os EUA está sendo incongruente em parar de injetar bilhões de dólares na economia (quantitative easing) que fez durante toda a crise financeira desde 2008 e pensando em aumentar juros porque estava procedendo de uma forma e não pode proceder de outra quando as condições econômicas alteraram.

Culpar a adminstração da noss apolítica econômica de agora ter déficit fiscal e aumento de relação dívida/pib depois de injetar bilhões de reais para girar a economia é o mesmo que dizer que o risco de inflação nos EUA, depois das injeções de dinheiro público na economia, é ruim e foi uma evidência da desorganização da economia com as medidas econômicas anteriores.

Os países adotaram determinadas medidas para defender suas economias. Essas medidas têm reflexos. Quando os reflexos das medidas não são mais tão positivas em relação ao custo, há que se alterar as medidas. Isso não é mentira. Isso não é incongruente. Isso é ser responsável e manter-se a rédea e a condução da economia.

Mas os jornais vivem dos sustos, das surpresas, do melodrama econômico.. vendem suas novelas econômicas e partidárias, ao custo da desinformação do seu leitor. Triste.


quinta-feira, 2 de abril de 2015

A verdadeira guerra do petróleo atual: o que a grande mídia não conta para você

Para nós, meros mortais, o que está acontecendo à Petrobrás e seu preço de mercado é meramente um reflexo da incompetência do governo petista na sua administração, exigência absurda de operação exclusiva da Petrobrás no Pré-sal e controle do preço da gasolina que acabou abalando a credibilidade do mercado na capacidade da empresa de lucrar. É... mas não é bem assim. E a solução, como podemos ler pelas indicações diretas e indiretas nos nossos grandes jornais é a privatização, retorno ao regime de concessão para o pré-sal e exclusão da Petrobrás como operadora exclusiva do Pré-sal.

Hoje, 02/04/2015, o jornal O Globo está com uma ótima edição (em quantidade de informação, nõa em qualidade), especialmente dedicada ao tema do petróleo. Sardenberg, no artigo "Privatizando na bacia das almas", além de atacar o desenvolvimentismo, culpando-o pelos nossos males econômicos atuais, sustenta que "(...) a Petrobrás já está sendo privatizada, e isso  desde a época da Graça Foster". Segundo Sardenberg, "chamam a operação de 'vender ativos' ou 'desinvestimento', mas o nome é privatização na forma mais clássica: alienar patrimônio para pagar dívidas e fazer caixa."

E, não à toa, na página 21 da mesma edição, tem publicado o artigo intitulado "Projeto propõe que petroleira deixe de ser operadora exclusiva do pré-sal", em que expõe o problema de caixa da empresa Petrobrás, a pressão de investimento que é ser a operadora exclusiva e o projeto de lei do Senador José Serra (PSDB-SP) que "propõe retirar da Petrobrás a exigência de que a estatal seja operadora exclusiva dos campos de petróleo no pré-sal, como forma de fortalecer a empresa no cenário atual de crise."

O Blog nem é contra a proposta do Senador. Somos até a favor pelas razões que ele sustenta, como já exprimimos outras vezes. O índice de obrigatoriedade de operação nos blocos do pré-sal não deveria ser superior a 10%, infelizmente, porque como o parque exploratório é gigante, é muito dinheiro a ser levantado, o que realmente pressionou a Petrobrás. Mas isso não te informa sobre o que está acontecendo realmente no mundo do petróleo. Isso mascara o motivo pelo qual a Petrobrás está passando por problemas. e também não te informa sobre interesses estratégicos do país e de outros países na questão. Então vamos nós fazer isso por você, leitor, de novo.

Não foi somente má gestão ou aparelhamento da Petrobrás que está acabando com ela ou dificultando a sua vida. Duas coisas graves prejudicaram a Petrobrás: (1) Operação Lava-jato que expôs um vetor de corrupção muito grande, mas segundo Ricardo Semler e recente artigo sobre o tema, abaixo da média de 10% que ocorria desde os anos 70 (artigo "Nunca se roubou tão pouco", de 21/11/2014), o que abalou a imagem de higidez de negócios da empresa a partir da intensa publicação do caso e (2) a queda do preço internacional do petróleo, a partir de sua manipulação por acordo entre EUA e Arábia Saudita. Desses dois, o componente internacional é de longe o mais importante. Isso é o que não publicam e sobre isso falaremos.

A partir de uma necessidade de os EUA submeterem a Rússia aos efeitos dos embargos americanos e europeus, por conta da crise da Criméia (sua anexação) e da Ucrânia - sem entrar no mérito sobre o que ocorre ali, que tem a ver com a realocação estratégica de equipamentos de defesa e expansão da Europa, alertando a segurança russa (o Blog não toma partido nessa questão estrangeira) -, os EUA entraram em acordo com a Arábia Saudita sobre manter por bom tempo grande produção de petróleo, o que faria o preço do mesmo baixar, afetando drasticamente a economia russa, obrigando, em algum momento, a Rússia a recuar de sua postura na Ucrânia. Não interessa neste artigo se isso é bom ou ruim. Foque no problema do petróleo e da Petrobrás.

A Arábia Saudita concordou em praticar dumping internacional, contra todo o sistema de livre mercado de petróleo, com a bênção dos EUA, prejudicando toda a economia dos países que vendem petróleo, enfraquecendo os principais problemas norte-americanos: Venezuela, Irã e Rússia, ao mesmo tempo. A Arábia Saudita, assim, quebra a organização financeira de concorrentes, inviabiliza vários investimentos em prospecção, como o próprio pré-sal brasileiro e aparentemente até  a prospecção do petróleo não convencional de xisto, dos EUA, pois com preço baixo, as prospecções mais caras ficam inviabilizadas.

A Arábia Saudita pode fazer isso porque não é uma democracia. Assim, a perda grave de receita com a manipulação do preço do seu principal, senão único, bem público que gera a arrecadação do Estado não produz pressões populares porque o Erário é da família real e na Arábia Saudita as pessoas vivem praticamente como na Idade Média, sem grandes serviços públicos para a massa da população. Os que existem não deixarão de receber seus valores por serem pouquíssimo gasto para a arrecadação. Então, esse país pode ficar praticando sua tirania de preço de petróleo livremente e por tempo indefinido, aparentemente.

Os EUA ganham com o enfraquecimento de regimes que os hostiliza e que são por eles hostilizados (Venezuela, Rússia e Irã) e ainda pode pressionar para entrar no pré-sal... pronto, cheguei no Brasil.

Quero deixar claro algumas coisas: não somos contra a participação de empresas estrangeiras, mesmo americanas, na exploração petrolífera no Brasil. Empresa é empresa e governo é governo (apesar de que nos EUA praticamente se confunde o privado e o público, ainda mias em setor petrolífero). Empresa gera investimento. Investimento gera riqueza, renda, emprego, lucro e impostos. Nós somos a favor do livre mercado (regulado e fiscalizado) e da participação estrangeira em tantos setores econômicos quanto possíveis, desde que não extingam a produção e empresas nacionais do ramo e desde que haja reciprocidade para entrada de produtos, serviços e empresas brasileiras no país que aqui entra. Então somos a favor da participação dos americanos na exploração de petróleo brasileiro.

Mas somos contra a manipulação de preço internacional do petróleo, contra investimentos em movimentos políticos internos brasileiros como o que ocorre no Movimento Brasil Livre (segundo publicação da Folha de São Paulo) e contra modificações do sistema produtivo no Brasil para satisfazer interesses norte-americanos, pois isso muitas vezes prejudica o Brasil. Não se deve deixar de fazer algo só porque os americanos querem ou gostam. Isso é besteira. Mas entender o que ocorre no mundo e como repercute no Brasil para nos adaptarmos e escolhermos autonomamente opções que defendam melhor nosso interesse em um determinado contexto é estritamente necessário. Para isso precisamos das informações corretas e a grande mídia não está ajudando.

Os EUA, em paralelo com seus interesses na Ásia, têm na queda artificial do preço do petróleo um ótimo meio de prejudicar o sistema de partilha do pré-sal e a diminuição da participação da Petrobrás como operadora exclusiva do pré-sal e, assim, poder entrar tanto na operação quanto na exploração do pré-sal, da qual ficou de fora. Como operadora de pré-sal, uma empresa pode escolher prestadores de serviços e empregar pessoas. Se essa empresa fosse americana isso sairia da exclusividade da Petrobrás e perderíamos esses serviços e empregos para os americanos e aliados, como os próprios sauditas.

Nós fomos contra o sistema de partilha, pois o regime de concessão é mais livre, menos custoso à Petrobrás e ao Estado, mas temos de admitir que o sistema de partilha garante fatia grande de riqueza ao Estado e quando o risco de encontrar petróleo é baixo faz muito sentido. Noruega usa tal regime e outros países também. Na Arabia Saudita a certeza é tão grande que nem partilha se faz, mas contratos de exploração. Os exploradores são pagos pela exploração, mas todo petróleo é do Estado. Faz sentido. Quanto menor o risco, mais o Estado põe a mão. A riqueza do Estado se reverte, ou reverteria, em serviços públicos, então aumentar a participação do Estado quando possível parece ser responsável. O Pré-sal brasileiro, por exemplo, terá 75% de sua arrecadação destinada à Educação Pública e 25%, à Saúde Pública.

O mesmo se diga da operação exclusiva à base de 30% dos blocos do Pré-sal. Como se estima a necessidade de investimentos para retirar o petróleo do Pré-sal em 600 bilhões de dólares, 30% são 180 bilhões de dólares... pesado para a Petrobrás sozinha. Melhor que fosse 10%, mantendo operação exclusiva da Petrobrás. Pressionaria menos o seu caixa, mas deixaria um fiscal genuinamente brasileiro em cada bloco, inclusive escolhendo prestadores de serviços e mantendo empregos no Brasil para explorar o que é nosso.

Mas com os preços do petróleo tão baixos, os investimentos da Petrobrás que estavam super-focados no Pré-sal começam a ficar inviabilizados se o preço do petróleo ficar abaixo de 47 dólares o barril. Veja bem.. e a Arábia Saudita, por acaso, disse que pode mantê-lo em torno de 40 dólares!!! Que coincidência de preços, não?

Há, portanto, um conluio internacional entre americanos e sauditas que prejudica a saúde financeira da Petrobrás. Saiba disso. Se tivermos de alterar regime de exploração e de alterar a participação da Petrobrás, mesmo que americanos gostem e desejem e trabalhem para isso, que seja porque assim quisemos e entendemos interessante para o País e a Petrobrás em dado momento. Mas convém ver o que ocorre e que não é publicado. A Petrobrás ser estatal nos permite desenvolver várias politicas industriais, desenvolvermos tecnologia própria, inserir o país autonomamente no mundo e no mercado de petróleo, termos interesse estrangeiro sobre nós para podermos negociar questões de nossos interesses geo-políticos... e por isso querem privatizar a Petrobrás. Privatizá-la é quebrar uma perna do Brasil, pra quem vê que liberdade de mercado, infelizmente, é balela para pobre achar que está inserido na mesma realidade de europeus e americanos.

Mas a China sabe o que é a verdade sobre liberdade de mercado. E por isso está apoiando a Rússia e Brasil na sua produção de petróleo. Contratou com a Rússia fornecimento certo de petróleo por 30 anos e emprestou agora 3,5 bilhões de dólares à Petrobrás em troca de fornecimento de petróleo por dez anos (manchete econômica no Jornal O Globo de 02/04/2015 - "Um socorro da China - Sem acesso a mercado, Petrobras obtém US$3,5 de banco estatal chinês, Ações sobem 5%."). Os EUA estão possessos!! Estão sacrificando seus lucros e de suas empresas de petróleo e prejudicando a extração de petróleo não-convencional com múltiplos objetivos mas talvez nõa consiga todos eles, ao menos contra a Rússia e o Brasil.

O que a China ganha? Fortalece sua imagem e posição entre os BRICS e ainda mantém a competitividade no mercado internacional de Petróleo, impedindo que os EUA e a Arábia Saudita, fiéis aliados, aumentem seu domínio no mercado internacional de petróleo, commodity importantíssima para seu futuro crescimento econômico e do qual é dependente de importação. Esse mercado petrolífero na m~]ao de americano é a economia chinesa na mão americana. E assim segue o mercado "livre" internacional, com a Arábia vendendo abaixo do preço de mercado e com a China comprando acima do preço, além de EUA tristes e Petrobrás com preço de mercado depreciado..

Plagiando aquele velho programa da Rádio-Relógio: Você, sabia?

Então é triste ver as notícias publicadas da forma como são, sem nenhuma nota sobre a questão internacional que influencia o mercado de petróleo, o preço do petróleo e as finanças da Petrobrás, empresas de petróleo por todo o mundo e países produtores e consumidores de petróleo. A Petrobrás está mal por causa dessa guerra internacional de preço de petróleo. é o momento de apoiá-la e não acusá-la ou querer privatizá-la. Isso é ridículo, mal informado ou mal intencionado. Privatizar ou não, isso não muda a guerra de preços internacionais!! E ainda retira um player estratégico do Brasil para políticas industriais e fomento ao desenvolvimento nacional de forma mais autônoma.

Ainda há a versão de que o que ocorre é um embate entre a produção de petróleo da Arábia Saudita e a produção de petróleo de xisto dos EUA. Nós publicamos primeiramente esta versão. Mas como a produção de xisto é altamente nociva para os lençóis freáticos dos EUA (o processo de extração de petróleo de xisto inclui a injeção de toneladas de ácido em lençóis de água doce que está em vias de saturar em 2025) e há muita vantagem geopolítica para o governo dos EUA com o preço tão baixo (Venezuela, Irã, Rússia e Pré-sal do Brasil) o Blog Perspectiva Crítica acha difícil crer que é uma coincidência tão boa para os EUA. Mas essa parceria que admitimos que ocorra pode ter um limite, pois os prejuízos econômicos dos EUA estão sendo razoáveis.

Acesse os seguintes artigos:

Versão da aliança EUA - Arábia Saudita
Trecho escolhido:
"A insurgência liderada pelos sauditas reverteu a direção do mercado, colocou as ações globais em mergulho e causou pânico nos mercados de crédito. Enquanto o sistema financeiro se aproxima de uma nova crise, autoridades de Washington permanecem em silêncio, nunca soltando mais que um pio sobre a política saudita que pode ser descrita como um ato deliberado de terrorismo financeiro.
Por que? Por que Obama e companhia ficam calados enquanto os preços do petróleo desabam, uma indústria nacional é demolida e as ações caem de um precipício? Pode ser porque atuam em conjunto com os sauditas num grande jogo para aniquilar os inimigos da gloriosa New World Order?
Tudo indica que sim."
Acesse a íntegra em http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/mike-whitney-golpe-petroleo-dos-estados-unidos-visa-perpetuar-reciclagem-extorsionista-dolar.html



Versão do embate EUA x Arábia Saudita

Trecho:
"Os países mais afetados, como Irã, Rússia e Venezuela, suspeitam que a queda foi um esforço coordenado entre os sauditas e o seu aliado de longa data, os EUA, para enfraquecer a economia e a posição geopolítica de seus inimigos.
Mas a história da nova estratégia de petróleo da Arábia Saudita, segundo entrevistas com autoridades do Oriente Médio, dos EUA e da Europa, não é a da velha aliança. É uma história de crescente rivalidade, movida pelo que os sauditas consideram uma ameaça imposta pelas empresas de petróleo americanas, dizem essas autoridades.
A produção de petróleo de xisto no Texas e na Dakota do Norte elevou a oferta americana, substituindo as exportações de membros da Opep para os EUA, o que aumentou o volume excedente global.
A mensagem de outubro de Dossary sinalizava um desafio direto para as empresas de petróleo americanas, de que a monarquia árabe acredita que elas geraram o excesso de oferta ao usar as novas tecnologias de petróleo de xisto.
Autoridades sauditas estão convencidas de que não conseguem sozinhas elevar os preços com a nova enxurrada de petróleo disponível. Também concluíram que muitos outros membros da Opep se recusariam a promover cortes significativos, assim como grandes produtores não membros, como a Rússia e o México. Se a Arábia Saudita cortar a produção sozinha, os sauditas temem que outros produtores iriam ocupar esse espaço e roubariam fatias de mercado.
O ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, testou essa conclusão apenas 48 horas antes da decisão da Opep, de 27 de novembro de 2014, ao se reunir em Viena com ministros de outras grandes nações produtoras para sugerir um corte coordenado na produção. Como suspeitava, ele não conseguiu um acordo, disseram fontes a par da reunião. A opção foi deixar o preço cair para testar por quanto tempo, e em que nível, os EUA conseguem continuar extraindo petróleo de xisto."

Acesse a íntegra em https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2015/01/14/geopolitica-do-petroleo-arabia-saudita-eua-x-ira-russia-venezuela-ou-opep-x-eua/


Outros artigos:

Excelente artigo sobre a versão do embate ou consequência da política de dumping internacional:
http://www.infomoney.com.br/bloomberg/mercados/noticia/3804312/por-que-eua-vao-perder-guerra-precos-petroleo-avalia-leonid

Globo e Carta Capital estão juntas na informação do embate entre Arábia Saudita e EUA. O artigo da Carta Caital é mil vezes melhor do que o da globo. Veja você mesmo:

http://www.cartacapital.com.br/internacional/o-petroleo-despenca-e-a-arabia-saudita-sorri-3244.html

http://oglobo.globo.com/economia/em-busca-de-cota-de-mercado-arabia-saudita-reduz-precos-de-petroleo-para-clientes-de-asia-eua-14739481

Trecho do artigo da Carta Capital acima elencado:
"Está claro que a Arábia Saudita resolveu deixar arder um mercado em chamas. Encastelados em reservas gigantescas de petróleo e dólares e com a produção mais barata do mundo, os sauditas vão perder, mas menos do que seus rivais e até aliados. De quebra, vão ver alguns possíveis concorrentes saírem do mercado ou adiarem explorações consideradas demasiado caras, como no Ártico ou em águas profundas – caso do pré-sal da Petrobras, o que ajudar a explicar a queda nas ações da estatal brasileira.
O conforto saudita com a depreciação acelerada do petróleo é tão grande que, em 22 de dezembro, o ministro saudita do Petróleo, Ali al-Naimi, não colocou prazo para acabar com a estratégia de não interferir no mercado. Questionado pela CNN até quando seu governo manteria a produção constante, foi conciso: “para sempre”."