sábado, 13 de novembro de 2010

Sites de referência

Pessoal, um amigo meu sugeriu o acesso a alguns sites interessantes e que abordam ou sejam afins a nossos temas centrais de discussões, ou seja, política, economia e sociedade.

Assim, apresento a lista que ele me ofereceu:

http://www.transparencia.org.br
http://www.excelencias.org.br
http://www.fichalimpa.org.br
http://www.asclaras.org.br

Obrigado Felipe Conti.


Em seguida, aproveito o ensejo para apresentar outros sites importantes.


Tema bolha imobiliária:

www.bolhabrasilia.blogspot.com


Tema acompanhamento de investimentos e despesas governamentais:

www.contasabertas.uol.com.br


Tema Jornal Eletrônico de Alto Nível:

www.jornaldocommercio.com.br
http://diplomatique.uol.com.br/


Tema Defesa Nacional e Forças Armadas:

http://www.forcaaerea.com.br/


Tema História do Brasil e do Mundo:

www.revistadehistoria.com.br/


Abraços a todos

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Contra mapa eleitoral preconceituoso e sectarista

Um fato que me chamou a atenção logo após a eleição foi a Globo mostrar um mapa, apresentado pela Mônica Waldvogel, em que os Estados que votaram em Serra eram azuis e os que votaram em Lula eram vermelhos e ela falou em tom que eu, pessoalmente, entendi como quase de constatação e lamento: “parece que esta configuração veio para ficar”, como se fossem dois blocos opostos consolidados.

Ficava claro que a informação passada pelo mapa eleitoral era a de que havia e passava a se cristalizar um conflito de interesses entre os Estados do Centro-oeste, Sul e Sudeste (menos o Rio de Janeiro), tratados em bloco como eleitores de Serra, e os Estados do Norte, Nordeste mais o Rio de Janeiro, tratados em bloco como eleitores de Dilma. Ora isso é uma grande besteira e como toda generalização, preconceituosa, além de não ser construtivo para o sentimento de cidadania brasileira.

Alimentar sectarismos dentro da sociedade brasileira é um desserviço à Nação. E a informação ainda é falsa. Com certeza os eleitores em José Serra no Norte, Nordeste e Rio de Janeiro devem não ter se sentido representados pelo mapa eleitoral apresentado pela Globo. Suas opções, naquele mapa foram reduzidas a zero. Da mesma forma os eleitores de Dilma no Sudeste, Centro-oeste e Sul devem ter se sentido excluídos da “configuração (que) veio para ficar”.

Também é preconceituoso tentar defluir que deste “mapa eleitoral” pode ser constatado que os mais necessitados (pobres) se posicionam de um lado do Brasil e os autosuficientes e desenvolvidos (ricos) se posicionam de outro.

Observe: o Jornal da Globo publicou para o Rio de Janeiro a distribuição dos votos no Estado do Rio de Janeiro. Dilma ganhou no geral e em 52 cidades fluminenses, mas José Serra ganhou em 40 cidades do Estado do Rio de Janeiro, sendo muitos deles os mais pobres, como ocorreu no Município de Varre e Sai.

Se os “mais pobres” estão em bloco de um lado e os mais ricos estão em bloco do outro, como pode a cidade de Varre e Sai eleger majoritariamente Serra, o representante das elites, enquanto em Duque de Caxias, Nilópolis e Rio de Janeiro, as cidades mais ricas e mais educadas do Estado elegerem Dilma (parece que Niterói elegeu José Serra)?

Tenho certeza que isso aconteceu por todo o País. Não existe isso de pobre ou rico mais, gente, por favor. Isso só existe onde o País não apóia seus cidadãos, onde não há sentimento fortalecido de cidadania, onde não há igualdade de oportunidades e onde os cidadãos se sentem excluídos da sociedade. Isso é que não pode acontecer.

De resto, houve opção autônoma de cada cidadão brasileiro, de acordo com as informações a que teve acesso, o que na hipótese foi de péssima qualidade por culpa da campanha de Serra que baixou o nível e foi acompanhado pela grande mídia, atacando pessoalmente a candidata Dilma ao invés de discutirem projetos de governo.

Portanto, fica aqui meu desabafo e minha contundente posição contra esses “mapas” e informações sensacionalistas, sectaristas, simplistas que não contribuem para o debate político nem para o conhecimento nem para a análise do amadurecimento cívico nacional e muito menos para o fortalecimento da sensação de cidadania brasileira una.

A informação do Blog do José Roberto de Toledo, publicada no blog de Noblat é mais detalhada (http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/10/18/a-cor-do-voto-333383.asp), mas continua tratando das opções por percentuais entre ricos, educados, pobres, negros, brancos, etc... Podem fazer a descamação dos votos como quiserem, afinal tudo é informação; mas o que não podem é concluir e incentivar sectarismos na sociedade. Até porque percentual não é eleição em bloco. Como fica claro, se 79% da população de um bairro tradicional em São Paulo votou em Serra, 21% não votou. Será que eram só os pobres? Claro que não, pois em qualquer cidade a quantidade de cidadãos com menos posses é maior dos que com mais posses. A mentalidade é de toda a população do bairro ou que vota no bairro.

E se entre os mais educados 52% ficaram com Serra e 48% ficaram com Dilma, isso não quer dizer que os mais educados, em bloco, votaram em Dilma, apesar de esta ser a informação que se passa e se enaltece pela mídia. Significa somente que, dos brasileiros mais educados, 52% votaram em Serra e 48% votaram em Dilma. Todos brasileiros, com convicções próprias e que não podem ter seus votos e escolhas diminuídos pela maioria do grupo que integra em uma avaliação estatística.

Meu pedido é esse, não deixem essa idéia sectária e dicotômica de que pobres votaram em Dilma e ricos votaram em Serra, ou que os Estados ricos (menos o Rio de Janeiro) votaram em Serra e os Estados pobres mais o Rio de Janeiro votaram em Dilma. Não há blocos no Brasil, há múltiplas convicções e escolhas autônomas que, no fim, elegeram o nosso atual Presidente da República para governar todo o País e os nossos futuros em conjunto, sempre fiscalizados por nós, através do Legislativo, do Judiciário e mesmo pessoalmente, se, quando e como for necessário. O País é de todos e de cada um de nós, brasileiros.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ranking de Jornalistas X credibilidade de seus artigos

Pessoal,

hoje, 08 de novembro de 2010, acabei de ler na página 22 do Jornal O Globo a coluna do George Vidor intitulada "Só um porém". É um exemplo de artigo informativo que venho sempre tentado ressaltar e mostrar para todos ser o tipo de artigo magistral que deve ser adotado por todos os jornais e jornalistas a bem da informação adequada do leitor.

Um bom jornalista é profissional essencial para a informação da sociedade, para a ponderaçãos de fatos, questionamentos de problemas de Estado, da Sociedade, da Economia, do Meio-Ambiente, em fim é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade digna e inclusive para o desenvolvimento de nossas relações com o exterior e de política de segurança nacional.

Pessoas como o George Vidor podem salvar a empresa O Globo de se transformar na Carta Capital de direita, o que é bom para a empresa e muito melhor para nós todos, toda a sociedade e o Brasil.

Ao ler, portanto, este artigo, me dei conta de que deveria haver um ranking que fizesse justiça a esses profissionais essenciais à nossa sociedade e que deveria levar em consideração a congruência de seus argumentos e imparcialidade de seus julgamentos. Quem informa de maneira mais clara, imparcial e com o objetivo de informar ao invés de induzir, deveria ficar em primeiro lugar.

Assim, pelo que já li, vou fazer um ranking pessoal de quem considero os melhores/piores jornalistas que acompanho. Serão somente os jornalistas econômicos e políticos.

Ranking de credibilidade de jornalistas:


Grupo de Alto Nível de Credibilidade e Informação

1º lugar - Mauro Santayana (Jornal do Brasil) - Nunca li um artigo que pudesse criticar do Santayana. Seu conhecimento histórico e político é profundo e ele passa os fatos com isenção, argumentando prós e contras. Dá opinião, mas municia o leitor para que conclua por si mesmo.

2º lugar - Antônio Machado (Jornal do Commercio) - Domínio dos temas econômicos e políticos. Informa com imparcialidade. Pouquíssimas vezes discordei de suas opiniões, mas mesmo assim tinha sido passada a informação de forma a você poder fazer juízo próprio sobre o que foi escrito. A informação é de altíssima qualidade. Jornalista de total credibilidade. Pode ser lido de forma totalmente despreocupada.

3º lugar - George Vidor (Jornal O Globo) - Nunca li um artigo em que ele não tratasse o caso de forma imparcial. Nunca assiti ao programa de canal fechado "Conta Corrente", da GloboNews, em que ele não tenha feito perguntas e ponderações perfeitas e demonstrando domínio e imparcialidade. Ele assim como os outros dois acima citados são patrimônios do jornalismo brasileiro sério. Somente está em terceiro porque não escreve com mais freqüência, portanto, se expõe menos e não pude verificar a consistência e perseverança nesta imparcialidade que ele tão bem exerce em seus textos e participações televisivas. Vai acabar salvando o Globo de se tornar jornaleco sensalista inglês.

4º - Alon Feuerwerker (Jornal do Commercio) - Excelente jornalista. Aborda os temas nevrálgicos do momento na política e economia. Nunca li nenhum artigo seu com incongruência informativa ou de forma tendenciosa. Discordei poucas vezes de suas perspectivas. Dá para se notar que seu objetivo é informar imparcialmente. Mas, ao meu ver, quando informa não traz sempre os prós e contras. Está em quarto porque quando escreve, ao meu ver, já vem com o artigo pronto em um sentido. Não é indutivo, mas parece que poderia primeiro apresentar os dois lados da moeda sobre o que escreve, informando mais, para depois se posicionar. Mas seus artigos são ótimos e você pode ler sem quelquer armadura. É imparcial, informativo e inteligente.

4º- Flávia Oliveira (O Globo) - Empatada com Alon Feuerwerker está a Flávia. Objetiva, informativa e imparcial. Nunca li nada escrito que não fosse objetivo e informativo. Nunca li um artigo indutivo, por isso está no núcleo de primeira linha. Na verdade fiquei na dúvida em colocá-la em quinto, considerando que Alon normalmente tece considerações mais profundas e se expõe mais, portanto. Mas já li artigos um pouco mais elaborados por ela, que se apresenta, ao meu ver, como uma Ancelmo Gois (muito melhorada, claro) das colunas econômicas e gostei. Por isso o empate.


Grupo de Nível Médio de Credibilidade e Informação (semi-tendenciosos)

5º - Miriam Leitão (Jornal O Globo) - Tem domínio sobre o que escreve. É inteligente. Fico triste de constatar, porém, que pelo menos metade das vezes que escreve é tendenciosa e indutiva. Não quer dizer que seja de má-fé. Não constatei que seja tendenciosa por princípio. Acho que ela se convence de determinadas idéias e quando apresenta a informação, apesar de informar bem e te dar munição para acompanhar seu raciocínio, termina por defender tese e dando valor superdimensionado à parte da informação. Muitas vezes pude discordar de seus raciocínios. Admiro muito o fato de pinçar sempre temas essenciais e importantes em dado momento social. Mas erra na forma de passar a informação. Não pode ser lida, hoje e dia, sem atenção mínima.

6º - Carlos Alberto Sardenberg (Jornal O Globo) - Tem domínio sobre o que escreve ou fala, em especial economia, mas sofre do mal de apresentar alguns fatos sem a devida enfase aos dois lados da moeda. Fala em déficit da Previdência sem informar que a Previdência Pública tem duas contas distintas tratadas como se fosse a mesma(previdência e assistência social) e comparou o custo da previdência brasileira com de outros "países emergentes", sem mencionar que a China criou recentissimamente um arremedo de previdência social que paga 100 dólares por aposentado idoso, nem fazer considerações maiores sobre as diferentes situações de países que não podem ser comparados diretamente como fez em seu artigo "O Brasil diferente", pg. 06 de 04/11/2010. Ele se convence de determinada tese e apresenta, informando com fundamentos, mas não dando condições de questionarmos os fundamentos por omissão parcial de informação. Acaba induzindo a erro e não informa mais do que induz. Por eu ter notado que isso não ocorre de forma pré-concebida, mas porque ele acredita no que apresenta, está no Grupo de Nível Médio de Credibilidade e Informação, devendo ser lido com atenção mínima para evitar a indução. Muitas vezes concordei com ele em toda a sua explanação.

Grupo de Baixo Nivel de Credibilidade e de Informação

7º - Noblat - Melhorou muito de uns tempos para cá, mas é notório que é parcial. A informação já vem impregnada de vetor crítico no mal sentido. Sua crítica não pondera, ela ataca. Ataca informando parcialmente. Pode atacar o que quiser e quem quiser, mas tem que dar a informação total; jornalista profissional tem que dar ao leitor a ciência dos dois lados da moeda. Atua como advogado de uma informação e isso não é informativo. É totalmente indutivo. Está próximo do grupo de médio nivel, pois pouquíssimas vezes concordei com algo que escreveu de forma objetiva. Tem que ser lido com atenção máxima para não ser induzido.

8º - Diogo Mainard - Estilo Wagner Montes para ricos e classe média. Não há qualquer ponderação. Está ali para vociferar contra o Governo que seja de esquerda e toda e qualquer medida social e/ou governamental que não seja adotada nos EUA. Essa é a minha impressão. Não há problema nenhum em ser liberal. Não há problema nenhum em ser conservador. Mas jornalista não pode ser indutivo e esse senhor é o Mr. Indutivo. É bom para os leitores e ouvintes televisivos que querem vociferar contra medidas sociais e populares e não podem. Ele tem a função social de possibilitar esse desabafo desses leitores. Promove uma espécie de catarse ao leitor mais radical de direita que precisa ser ouvido ou fazer-se ouvir. Economiza dinheiro que esses leitores radicais gastariam em analistas. Mas para quem busca informação de qualidade, imparcial, objetiva, com a intenção de entender dinâmica social, prós e contras de medidas governamentais, nada encontrará aqui.

Assim, fecho a ainda pequena lista do primeiro ranking dos melhores e piores jornalistas que leio. São nove que acompanho e de quem posso falar, segundo minha perspectiva subjetiva, lógico. Acho que deveria fazer isso para premiar e incentivar nossos melhores jornalistas a continuarem com seu serviço à Nação Brasileira. De outra sorte, acho que para os que não ficaram melhor ranqueados, é interessante ponderar sobre a perspectiva que um leitor tem sobre o que escrevem. Dá a oportunidade de pensar sobre o que estão fazendo, a bem de todos, já que suas funções para mim são relevantíssimas para a nossa sociedade tanto como informadores quanto formadores de opinião de toda a sociedade.

Espero que um dia possa colocar todos na primeira linha. Todos no Grupo de Alto Nível de Credibilidade e Informação. E então somente debateremos estilo ou escolha de temas, assim como poderemos debater sobre o direcionamento de determinada opinião, mas sobre fundamentos claros e conhecidos por todos (uma antiga chefe, Maria Tereza Werneck Mello, de altíssimo nível intelectual, moral e profissional uma vez me disse para eu nunca mais esquecer: "Em opiniões Mário, podemos divergir; mas não sobre os fatos"). Se ao debatermos não se informa a totalidade dos fatos, com isenção, nunca poderemos concordar sobre as conclusões ou debatê-las em profundidade.

Mas quanto mais estrelas nesta constelação de primeiro nível, melhor informada estará nossa sociedade e mais rápido avançaremos para o nível de país desenvolvido, sustentável, com Previdência, Segurança, Saúde e Educação para todos os brasileiros. Mas isso (ascenção no nível de informação prestada) não depende de mim, mas deles mesmos.

p.s.: Só para deixar claro para todos o que é óbvio: não existe artigo 100% isento. Quem escreve tem suas convicções. Mas quem escreve para o público na qualidade de jornalista, ainda mais colunista econômico ou político, tem o dever de informar mais de uma perspectiva sobre o tema escolhido para que mesmo após a emissão de sua opinião o leitor possa concluir em um sentido ou outro por si mesmo. Para isso, só com informações que sejam antíteses uma da outra. Não sendo informação pura (ex. "Foi investido 100 milhões em trecho de estrada no Piauí"), optando o articulista em emitir opinião, deve mostrar que concluiu a partir de duas teses que se contrapõem. Trazer só uma e defendê-la é indutivo e não informativo.

p.s. de 27/06/2016 - Precisamos fazer um novo ranking. Desde que fizemos esse, a Miriam Leitão, por exemplo, melhorou muito sua abordagem, mas continua semi-tendenciosa porque defende mesmo um visão que entendemos parcial. No mesmo Nível podemos colocar o Merval Pereira, a nosso ver. Mas não poderíamos deixar de citar, o que sempre foi uma falha nesse ranking, o Elio Gaspari, como Jornalista do primeiro escalão de nível de credibilidade. Nunca pudemos discordar de suas notas e artigos, mesmo que algumas vezes tivéssemos uma perspectiva um pouco diferente em pouquíssimos temas. Exemplo dessa qualidade é este artigo cujo endereço eletrônico deixamos acessível aqui: http://oglobo.globo.com/brasil/a-desobediencia-do-andar-de-cima-19587081
De qualquer forma, já fica aqui nossa homenagem para esse gigate da comunicação social séria brasileira. Acrescentamos também ao alto nível de comunicação nacional o economista e articulista Delfim Neto. Ele não sabe economia.. ele é "o dono" dela. Rsrs. Não temos nem condições de refutá-lo no que ele escreve. Ele é professor nosso (mesmo que não saiba). Se ele elogia, deve-se ouvir. Se ele reclama, deve-se ouvir igualmente. Para nós, Delfim é gênio. Nunca vimos erros que pudéssemos apontar em seus argumentos. Ele, como Elio Gaspari e todos os da primeira linha de informação do ranking, nos parece ter total foco na boa-fé e verdade informativas quando discorre sobre os temas políticos e econômicos. Fica aqui nossa homenagem.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sobre eventual maquiagem de superávit fiscal brasileiro através de investimentos na Petrobrás

Pessoal,

há muito tempo estava querendo responder a dois artigos da Miriam Leitão em que ela faz uma confusão sobre investimento, despesa, orçamento fiscal e superávit primário para apresentar uma tese fraquíssima de que o Governo Federal fez uma tortuosa operação com investimentos na Petrobrás para mascarar os números de superávit fiscal brasileiro de 2010.

Felizmente, sortudo como sou, um amigo eleitor de Serra, muito inteligente e muito amigo meu, me obrigou a responder a um email dele justamente abordando este tema. Assim, enquanto não apresento considerações mais profundas sobre o tema, assim como pretendo responder ao artigo do Carlos Alberto Sardenberg do dia de hoje, 04/11/2010, na pg. 06 do Jornal O Globo, compartilho com vocês da resposta que enviei ao meu amigo, pois tanto as perguntas ou questões por ele postas como a minha resposta abordam de maneira muito útil temas afins sobre este fenomenal "equívoco" argumentativo da Miriam.

Naturalmente despersonalizei a comunicação e tentei corrigir digitações e o português coloquial.

Para contextualizá-los, eu havia mandado para um grupo de amigos um artigo do Jornal do Commercio que tratava o tema aumento de capital da Petrobrás, Orçamento Fiscal, Crescimento Econômico e Superávit Fiscal com muito mais isenção e propriedade do que outros jornais. Em resposta, meu amigo disse que o artigo somente contava fatos e não emitia opinião alguma, sendo certo que em qualquer outro país Lula seria preso pela enganação que fez com o caso de investimento na Petrobrás e falseamento dos números do superávit fiscal, transformando despesas em superávit fiscal, e que só faltaria agora, pela liberdade com que cria mentiras, transformar em "uma canetada" o "gasto" com servidores públicos em superávit também. Ele ainda disse que o pré-sal pode não dar em nada e que no fim o prejuízo sairá do bolso de contribuintes, sendo certo que já houve desvalorização do valor das ações da petrobrás.

Segue minha resposta:

"Amigão, fico feliz em poder contar com mais um amigo interessado em política e economia, além de alguns outros amigos com quem muito troco impressões.

Devo dizer que o tema que você suscita em especial, ou seja, maquiagem do superávit primário é muito importante. E foi vendido dessa forma exata como você coloca pela Míriam Leitão. Lembro bem da coluna e ia escrever demonstrando como estava errada a forma como ela explicou. Mas como não sou jornalista profissional, não tenho tempo de escrever tudo o que quero.

Primeiro, enfrentemos o teor da sua frase "a notícia do JC só relata o que aconteceu. Não dá opinião nenhuma."

Caro amigo, quem tem que ter opinião é você. O Jornal sério somente relata fatos dando informação suficiente para que você possa entender o que ocorre e conclua por si mesmo. Por isso digo que o JC é jornal honesto e verdadeiro. Não pode ser Carta Capital e não pode ser o Globo (como exemplo de isenção jornalística). Existem dois tipos de matérias: informativa e indutiva. A informativa é o santo graal do jornalismo. A indutiva é a que traz fatos com conotação pré-definida pelo jornalista. A verdade perde com a notícia indutiva. Para opinião há o espaço de opinião do Jornal (tecnicamente intitulado "Editorial"). Mesmo colunista deve ser informativo e nada indutivo. Ele dá a opinião dele, mas te municia de informações para que você conclua por si mesmo. Não é o que o Globo faz, nem a Miriam Leitão, muitas vezes. E esse foi um caso.

Segundo, Lula não transformou despesa na Petrobrás em investimento, nem despesa em superávit. Aumento de capital é ato social normal em uma S/A, amigo. E colocar capital em empresa não é despesa, meu caro, é investimento, pois não é compra de bem ou carro, é manter valores em um ativo (ações) que tem perspectiva de retorno e dá margem à participação nos lucros. Por isso foi sim investimento. Agora, todo investimento gera a despesa do valor correspondente, mas não é o mesmo que comprar um carro ou um lápis ou jogar o dinheiro fora, não é?

Agora veja, e isto que vou dizer é simples e fácil de entender e desmonta o argumento da Miriam que você diz sobre maquiagem de superavit: o Governo investiu dinheiro na petrobrás. Contabilmente aumento de capital da petrobrás é lançado como crédito do Governo nas contas da União, ou seja, débito da Petrobrás com a União. Mas o dinheiro saiu de alguma conta credora da União (por favor, não sou contador.. vocês entenderam o que eu disse, né? O dinheiro saiu de um ativo da união e foi para outro, sem ganho de valores contábeis). Portanto, o investimento do Governo na petrobrás por si só não gerou nada para a União, somente alteração de patrimônio de dinheiro para ações. O que gerou aumento de superavit via Petrobrás foi que toda a sociedade brasileira (e não bancos e instituições financeiras como você diz) e inclusive muitíssimos estrangeiros participaram do aumento de capital. Esse valor enorme ficou disponível para a Petrobrás e o Governo, como é sócio da Petrobrás em alto percentual, se beneficiou contabilmente desse investimento brasileiro e estrangeiro na Petrobrás. O pagamento de dividendos também aumentou para o governo porque sua participação aumentou na empresa. A melhora do superavit, portanto, não foi maquiada, mas é mera conseqüência de investimento da União e investimentos particulares nacionais e estrangeiros na Petrobrás. É simples assim. Ninguém é obrigado a investir, mas diante do futuro próspero da Petrobrás com o pré-sal ninguém quer diluir sua posição na empresa, ou quer aumentá-la.

Outra coisa, tranquilize-se quanto ao risco de inexistência de petróleo no pré-sal, meu camarada. Essa semana (veja no google) a BP (British Petroleum) confirmou que as reservas de Tupi, Iara e outra na Bacia de Campos foram subestimadas em 34%. Eu fui até contra a obrigatoriedade de a Petrobrás ser sócia de todos os poços do Pré-sal em 30%, porque isso obriga a empresa a investir em todos os poços, pressionando a contabilidade de riscos e custos futuros da empresa, o que gerou uma desvalorização, no início. Afinal são 600 bilhões de dólares de investimentos. Mas o sucesso do aumento de capital aliado aos valores disponibilizados pela CEF e BNDES já tornaram a equação viável, além da cessão pela União Federal de 5 bilhões de barris que está prestes a ocorrer via lei.

Em relação a gastança que a Miriam gosta de falar, sem dizer onde está a gastança, vou te passar uma grande técnica que em futuro artigo no blog tratarei: analise o orçamento fiscal e a relação dívida/Pib, somente isso. Nosso orçamento fiscal para esse ano, mesmo sem a Petrobrás, ficaria positivo entre 1,6% e 2,2%, no mínimo (o JC informa que seria 2.9% em artigo cujo link disponibilizo no fim do artigo). Positivo. NOs EUA vai fechar 10% negativo e na Inglaterra 15% negativo. E a relação dívida/PIB do Brasil é decrescente e está em 41% (informação da Revista Isto É de 03/11/2010). Os EUA está com dívida pública superior ao seu PIB, ou seja, já passaram de 100% e a Inglaterra está pior. Então, mais uma vez, estamos muito bem obrigado.

Agora, para fechar, procure a pg. 21 da edição do Jornal O Globo, seu preferido do coração, de 08/06/2010. Você verá que enquanto o Brasil dispõe de 1 servidor por cada 32 habitantes (1/32), a França dispõe de 1/12,5 e a Alemanha de 1/18. A inglaterra dispõe de 1/29. Portanto, nos países europeus o investimento em serviço público é pelo menos duas vezes maior do que no Brasil (parece que lá servidor público e serviço público são investimentos e não "gasto"). Agora pergunto: porque europeus (inclusive Irlanda, Hungria e pequenos países europeus) merecem duas a três vezes mais investimento em seus serviços públicos e o Brasil não? São cidadãos de melhor categoria do que nós? E mais uma: se nosso serviço público está defasado em relação ao europeu, inglês e inclusive o norte-americano (sim, eles tem mais servidores públicos em relação à população do que nós - 22% dos trabalhadores americanos são públicos e no Brasil somente 12% de todos os trabalhadores brasileiros é da área pública, incluindo na conta empregados de estatais e cargos em comissão), qual seria o melhor momento para desfazer essa diferença? Será que seria quando o orçamento fiscal estivesse positivo, com crescimento da economia (PIB) e com baixa relação dívida/PIB? Parece que sim.

Então, o que me diz, amigão? Conto contigo para levar este tipo de questionamento para o meu blog. Sem questionadores inteligentes o blog perde oportunidade de esclarecer dúvidas de muitas e muitas pessoas como as que você trouxe.

Abraço"


Como post script, devo dizer ainda que a Petrobrás teve de pagar pela participação nos blocos do pré-sal, gerando mais recursos para a União. O que é maquiagem? Maquiagem é o que a Enron americana fez (e quase todos os bancos americanos e europeus na crise de 2008): alterar fatos contábeis, contra as regras contábeis e contra a lei para encobrir a realidade. Todas as operações contábeis e de investimentos em relação à Petrobrás e à viabilização da exploração do pré-sal e as conseqüências disso sobre os valores destinados ao orçamento público, influenciando sobre o superávit foram legais, foram normais e foram transparentes. Não houve maquiagem alguma. Houve fatos e atos de uma sociedade de economia mista, investimento do Governo Federal e conseqüências naturais de toda essa movimentação (gigantesca por conta dos valores envolvidos) sobre o Orçamento e sobre o superávit fiscal. Jogar suspeita sobre uma coisa clara destas é um desserviço que mais uma vez o Globo faz questão de bancar. É impressionante. A leviandade dessas alegações é grave. E cria desinformação em massa.

Para verem uma notícia sobre este tema que é exemplo de artigo informativo, acessem:
http://www.jcom.com.br/noticia/128011/Com_capitalizacao_da_Petrobras_setor_publico_registra_maior_superavit_primario_da_serie_do_BC

POr último: por que posso dizer que para investir na Petrobrás foi usado dinheiro público e não houve aumento de dívida em relação a esta operação? Porque mesmo sem a operação de aumento de capital da Petrobrás, já existiria superávit fiscal primário. Saibam vocês que com todas as medidas anti-cíclicas adotadas pelo Governo Federal para evitar problemas no Brasil com a crise financeira mundial, incluindo investimento de 180 bilhões de reais no BNDES, para continuar a emprestar para empresas brasileiras, o investimento na Petrobrás, para aumentar a participação da União na empresa que estará em todos os poços do pré-sal e aumentar a fatia de lucros da União (e por conseqüência de toda a sociedade brasileira), mais as deosnerações tributárias (iof e ipi na compra e financiamento de carros, geladeiras, etc..), mais incentivo ao crédito para compra de imóveis e para consumo, não houve aumento da dívida total brasileira superior à ordem de 10%. Já os EUA mais do que duplicou sua dívida, assim como os europeus, Inglaterra e Japão. POrtanto, nosso custo de manutenção dos 15 milhões de empregos brasileiros, e da atividade econômica de todas as empresas pequenas, médias e grandes, saiu muito barato em relação ao estrangeiro. Medidas anti-cíclicas no exterior pode e aumento de endividamento público também, mas, curiosamente, aqui não pode. É ridículo.

abraços para todos

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Projeto Político do PSDB

Pessoal,

é difícil para nós brasileiros entendermos os programas políticos dos partidos, porque a maioria é legenda de aluguel, e os maiores fazem qualquer coisa para estar no poder (na verdade a história do País e a configuração de poder regional e de partidos leva a isso).

Mas, tirando o PMDB que tem programa simples e prático (estar no Poder), ainda é possível verificar dois programas reais e viáveis políticos: o do PSBD e o do PT.

O do PSDB, senhores, ao meu ver, é o do Estado Mínimo. Isso significa menos funcionários públicos, menor remuneração e investimento em serviços públicos executados diretamente pela Administração Pública.

O pressuposto autorizativo desta compreensão é o de que o Estado e sua Administração são ineficientes por natureza. Não acreditam em metas, fiscalização de serviços públicos e, muito principalmente, não estão dispostos a gastar o dinheiro público com isto. Segundo esta corrente, quanto menos dinheiro público puder ser arrecadado melhor, pois menos dinheiro público existirá para ser roubado pelos políticos e governantes.

Assim, a solução para um Brasil melhor seria diminuir ao máximo os impostos, diminuir os servidores públicos ao mínimo possível, acabar com as garantias de servidores públicos, privatizar e terceirizar todos os serviços públicos possíveis, pois a área privada seria mais eficiente (já que os empregados terceirizados teriam medo da demissão) e menos custosa aos cofres públicos. Por isso, pelo que soube, grande parte do serviço médico paulista é prestado por terceirizados ou cooperativados e as multas de trânsito são distribuídas por uma terceirizada. Sim, particulares autuando multas de trânsito. Parece que há algo em curso semelhante para a educação, ou embrionária ou efetivada na educação paulista.

Além disso, essa corrente político-filosófico-partidária também não acredita em investimento nas Forças Armadas (outra despesa desnecessária), já que não deveríamos rivalizar com as potências hoje dominantes. Por isso Fernando Henrique, inclusive, já disse que deveríamos seguir o que fazem a Austrália e o Canadá, ou seja, sermos tutelados pelos EUA em termos de defesa nacional.

Da mesma forma, assim como todo o funcionalismo público, o sistema de educação deveria ser privatizado, como FHC tentou ao instituir a Prova do MEC. Inicialmente ela aferiria o baixo nível das Universidades Públicas, que se fosse constatado, daria o argumento definitivo para a privatização. Mas não foi o que ocorreu, pois as notas médias das universidades públicas ficaram superiores às das universidades privadas.

Essa filosofia é americanófila. Não em sentido pejorativo, gente, mas por princípio. Esses senhores entendem que o modelo a ser seguido é o norte-americano. O problema é que a imagem de grande nação americana é um mito (Ex.: quem vai a hospital público tem que pagar uma conta altíssima e por isso a reforma da saúde feita por Obama, pois existiam 40 milhões de americanos sem acesso aos sitema de saúde público e sem planos de saúde; licença maternidade nos EUA é de três meses e sem salário; universidade é só pra rico, mesmo com ínfimas bolsas públicas). E o sistema americano político e educacional é elitista e não se aplica a nós. Assim como é uma ingenuidade achar que o tratamento de defesa nacional que os EUA dá ao Canadá e Austrália (de origens coloniais inglesas e integrantes da Comunidade Britânica de Nações) dará ao Brasil. Além disso, a economia americana é 7,5 vezes maior que a nossa, por isso pouco imposto gera muita arrecadação e achar emprego, mesmo sem diploma, é fácil aos mais pobres americanos (hoje com a crise não é tão fácil assim...).

Nós somos diferentes e por isso precisamos de algo diferente.

Somente com esse quadro eu já digo: fica difícil votar num projeto desses para o Brasil.

Primeiro, quem tem uma extensão territorial e rica como a nossa, cercado por 11 vizinhos, não pode deixar de ter política externa autônoma e investimento em Forças Armadas, sob pena de em breve ser subjulgado politicamente e ter que ceder riquezas e às vezes até território. Missões políticas estrangeiras ocorrem todos os dias espalhadas pelos povos indígenas da Amazônia brasileira (ver o livro Relações Perigosas Brasil-EUA - De Color a Lula - autor Moniz Bandeira) e de nossos vizinhos e nos fóruns mundiais o argumento de defesa do meio-ambiente é a isca para que, se não mostrarmos poder de administração e autonomia militar, possam "ajudar a administrar" nossos territórios virgens e por um acaso ricos (ver livro esgotado "A Trilateral", com uma maçã mordida representando o mundo dividido pelas nações ricas).

Segundo, temos poucos funcionários públicos por habitante (1 servidor/32 habitantes) em relação aos países europeus (França - 1/12,5, Alemanha - 1/18, Irlanda - 1/13), inclusive em relação à Inglaterra (1/29) e aos EUA (1/22 ou 1/25). E funcionário público presta serviço público. O serviço público atinge aos ricos e aos pobres, ou seja, beneficia ambos, mas é mais essencial aos pobres, que não têm tanto dinheiro para obter segurança, previdência, saúde e educação que os ricos e a classe média podem obter pagando. Por isso, serviço público é essencial a nós, brasileiros (também são tratados como essenciais pelos países mais desenvolvidos como França, Alemanha, Suécia, Noruega, Dinamarca e Inglaterra). E pergunto: se os países europeus têm em média duas vezes mais funcionários públicos por habitante (ver artigo do JOrnal O Globo, de 08/06/2010, pg. 21) do que o Brasil, sendo que têm menos pobres e têm economias menores (nós somos a 8ª economia mundial e há 30 países europeus), por que temos de dar menos atenção à nossa cidadania? Por que nossos cidadãos merecem menos atenção do Estado? O momento, senhores, é de investir nos serviços públicos e re-estruturá-los e não o contrário.

Ainda temos de dizer que privatização e terceirização de serviços públicos não é ruim, desde que não de empresas e serviços essenciais. Veja: por que é melhor médico público à cooperativa médica? Se o médico público errar, ele coloca em risco sua própria carreira pública e é fácil de ser encontrado, pois pertence a um quadro público de determinado estabelecimento público de saúde. Se o médico cooperativado errar, ele pode ser demitido e substituído, se ainda estiver em tal emprego. A empresa cooperativa continua ganhando a verba pública e você acha que foi atendido com a demissão, mas outro médico mal remunerado e pouco motivado entrará em seu lugar e nada mudou para você. O comprometimento do funcionário público, selecionado por concurso público, que desenvolve serviço essencial é maior, mas ele deve ser fiscalizado e cobrado. Além disso, o médico público ainda tem uma imagem a zelar, já que por integrar grandes centros médicos de massa e ser mais visado do que médicos particulares cooperativados, termina mais esxposto à sociedade e a sua fiscalização.

O mesmo acontece com multa de trânsito, por exemplo. Um guarda municipal quer multar quem ofende o trânsito. Ele se preocupa com a ofensa ao trânsito, assim como sua estabilidade em cargo público o capacita a somente curvar-se à persecução do interesse público no exercício de sua função. O particular que multa muitas vezes pode ter metas, já pensou? E se não atinge a meta? Seu emprego está em risco? Bem, ele é isento para lavrar multas de trânsito? Em São Paulo, como vimos, há prestação terceirizada de aplicação de multas de trânsito.

E o procedimento fiscal? Terceirizar? Saiba que já estão terceirizando a cobrança. Mas qual a isenção da averiguação da falta tributária que um particular pode oferecer?

Terceirização e privatização são instrumentos modernos de administração pública, mas tem que ser com responsabilidade e não pode ser tratado como panacéia ou única solução para perseguir qualidade do serviço público. É um caminho curto, mas atalhos e simplificações na vida muitas vezes dão dor de cabeça depois.

FHC parece que estava em reunião, antes do dia final de eleição, com estrangeiros versando sobre possibilidade de privatização do Banco do Brasil e Petrobrás, segundo soube. Achei que era mentira porque seria um tiro no pé do Serra, mas a amiga de uma amiga ligou para o hotel e confirmou que a reunião teria ocorrido. E a política de financiamento agrário? O Citibank (estatizado pelo Governo americano, aliás) vai emprestar para os nossos agricultores? E a política de ressurgimento da nossa indústria naval? A encomenda de plataformas e navios brasileiros virá da Shell ou Exxon?

E educação, pessoal, não é para preparar para o mercado de trabalho, exclusivamente. Educação é para formar seres humanos. E isso deve ser garantido a todos os cidadãos, ricos ou pobres, que queiram se desenvolver até esse grau. Por isso deve haver oferta de vagas públicas e ser ampliada essa oferta. Agora, formar cidadão tem custo e é de interesse de toda a sociedade.

Por fim, tributo na Suécia é altíssimo (65% de imposto de renda). Na Noruega e Finlância também. No Japão o imposto de renda é de 55%. E eles não reclamam de imposto (p.s.: Nos EUA, o imposto sobre herança é de 3% a 77% e aqui é de 4%). É porque têm serviço público e com mais que o dobro de servidores por habitante do que nós brasileiros. Portanto, hoje vejo que nosso problema não é imposto, mas qualidade e quantidade de serviço público. Vamos investir.

E mais, dinheiro público na contratação de funcionário não paga percentual para os políticos, como ocorre com as prestações de serviços por concessionárias e terceirizadas. Mas tenho certeza de que não seja isso que move a sede do PSDB e de muitos políticos por privatizações e terceirizações.

Por isso, acho que o projeto do PSDB para o Brasil hoje, é anacrônico. Não nos interessa.

Imagem da mídia brasileira após a eleição 2010

A vida não é o que queremos que seja. Ela é o que é. Acho que neste processo eleitoral algumas coisas ficaram claras: A grande mídia realmente não tem somente o interesse em informar, mas em induzir a compreensão do brasileiro. Mas a mídia não é feita somente de três grandes empresas jornalísticas (Globo, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo) e pudemos ter acesso a outras fontes de informação para formarmos nossa opinião sobre quem seria o melhor candidato. MEUS PARABÉNS AO JORNAL DO COMMERCIO E À REVISTA ISTO É, assim como aos inúmeros blogs e sítios eletrônicos políticos, econômicos e jornalístiscos que se multiplicam pelo País.

Essas eleições mostraram que existe mídia independente e honesta com seus leitores. Não vou falar de Carta Capital (que até conseguiu publicar na capa, antes da eleições, que o jornalista Amaury Jr confessou na PF ter contratado a quebra do sigilo fiscal de Serra para beneficiar Aécio!! Excelente!) porque é pró-governo, mas também é fonte (mesmo que parcial como O Globo, A Folha e O Estadão). Agora, o Jornal do Commercio e a Revista Isto É foram imparciais, a meu ver, dignificaram o jornalismo e aliviaram o espírito sofrido deste humilde blogueiro/blogger porque sem eles o meu trabalho comparativo ficava apenas na memória das realizações do governo Lula e na memória das trapalhadas e ineficiência administrativas dos governos psdbistas paulistas.

Mas a oposição ferrenha da grande mídia, que poderia ter declarado voto em Serra e ter sido mais honesta com seus leitores, é muito boa para que não fosse alimentado o mito personalístico de Lula (que entrou para a História do Brasil ao lado de Getúlio Vargas e Juscelino, ao meu ver) e assim nos mantém longe deste desvio democrático. No entanto, acho que neste intento exageraram um pouco.

Estou curioso para ver como se comportará a grande mídia durante o governo da Dilma... espero que seja para informar a população e vigiar excessos, mas que não seja para ficar insuflando o povo contra seu Presidente, pois manchará ainda mais a sua imagem desgastada nessas eleições.

Espero ainda que quando criticarem, apontem se há algum benefício nos atos que criticam, pois é muito difícil acreditar que atos políticos e administrativos sejam efetivados somente para prejudicar a sociedade brasileira. Acho que pela independência da vontade do eleitor, já deu pra perceber que é melhor a mídia exercer seu mister com independência e responsabilidade e não parcialidade e sensacionalismo. O povo brasileiro é crítico. Não nos tratem, inclusive aos mais pobres, como manipuláveis e acéfalos.

A independência da sociedade brasileira da grande mídia

Senhoras e senhores, amigos e leitores, fiquei muito feliz com o resultado dessas eleições.. não pela eleição da Dilma, exclusivamente, mas pela terceira demonstração do povo brasileiro de que apenas (e a palavra correta não seria apenas..) a maciça informação (na verdade desinformação) da grande mídia não é mais capaz de eleger um Presidente do Brasil.

Já foi assim um dia, como na eleição de 1989, em que um candidato totalmente desconhecido do Brasil, Fernando Collor de Mello, foi escolhido pela grande mídia (na verdade isso foi ótimo àquela época) e através de edições de programas de debates e da criação de um personagem (o caçador de marajás), elegeram Collor em detrimento de Lula, que à época ainda tinha uma aparência tosca, português muito ruim e idéias radicais para a sociedade brasileira.

Mas não mais. Quando não mais precisamos, graças a Deus. Estamos livres, ao meu ver, desta que se apresenta como a antiga Igreja Medieval, que tudo podia falar que era imediatamente recebido como certo e inquestionável... os donos da verdade e a quem se deve seguir de olhos cerrados.

A eleição de Dilma Roussef à Presidência da República em 2010 fecha, ao meu ver, a trilogia da independÊncia brasileira da grande mídia. O primeiro momento em que a grande mídia (grande mídia é diferente da mídia, pessoal, que é muito maior, corresponde a um sem número de mídias e mais honesta com o leitor) foi derrotada, todos lembram, foi em 2002 com a eleição de Lula à Presidência.

Naquela época, a grande mídia, Globo à frente, apoiava a todo custo a eleição de Serra para continuar o governo de FHC. As bancas internacionais apoiavam a continuidade do governo (crise financeira, estancaram valores para o Brasil, queda das bolsas, aumento astronômico do Risco-Brasil que chegou a 2.400 pontos ou 24 pontos percentuais acima do juros americano), atores globais (Regina Duarte à frente, como todos lembram e para a minha tristeza pessoal de ex-admirador da atriz), e a evidente chantagem ao povo brasileiro: ou Serra ou o fim do Brasil. Bem, como brasileiro não aceita chantagem, e às vista de um governo anterior ridículo (segundo mandato de FHC), além de propostas ótimas e mais amenas aos valores sociais brasileiros, elegemos Lula. Foi um momento de real independência da vontade do cidadão brasileiro (dentre ricos, integrantes da classe média e pobres, frise-se). Tudo e todos, muito dinheiro em propaganda contra, a grande mídia contra, mas Lula foi eleito.

O segundo momento de prova da independência do povo brasileiro em relação à vontade e aos interesses da grande mídia foi no plebiscito sobre o comércio e produção nacional de armas. A Globo contra, atores globais em propaganda contra a produção nacional de armas ("a favor da paz", como se a inexistência de armas produzidas autonomamente no Brasil levasse à paz...), propaganda maciça contra.. e o povo brasileiro manteve a produção autônoma brasileira de armas. Neste como no outro, as lógicas apresentadas ao povo são sofismas ("diga sim à paz"), que encobrem o tratamento adulto do tema, como o fato de que sem a produção de armas no Brasil, as forças de segurança nacional (Forças Armadas e toda a força policial) teriam de importar suas armas, o que seria um ato atentatório à nossa capacidade de defesa interna e externa. Mas o povo não se enganou.

E agora... depois de uma campanha difamatória sem precedentes contra a candidatura petista e contra a Dilma, depois de tanto empenho da Rede Globo e da grande mídia em não comparar os candidatos (a Isto É somente na edição de 3/11/2010 tece ampla comparação e analisa propostas inviáveis de Serra), o empenho da grande mídia em distorcer fatos (transformando indícios - Erenice - em fatos), explorar fatos (aborto, sem dizer que o Serra é a favor também) e inventar fatos (bolinha de papel ficou visível, mas a bobina de fita durex ninguém viu e não houve qualquer ferimento em Serra e houve grande estardalhaço da grande mídia), mesmo depois disso tudo, inclusive com a divulgação de uma pseudo-tendência ao autoritarismo (vejam só..), o povo brasileiro votou soberanamente e elegeu Dilma. Alguns eleitores de Serra ainda me diziam: "mas e se os EUA não deixarem a Dilma entrar na ONU pelo passado de guerrilheira?". Ora, a única resposta cabível foi a que o povo brasileiro deu nas urnas: o problema é deles, não condiciono meu voto a quem os EUA acham que pode ou não entrar em seu País. Eles que desrespeitem a soberania do nosso voto. Não somos nós que temos de nos adaptar às leis e vontades do exterior.

Fico feliz e parabenizo a todos os brasileiros, inclusive aos eleitores de Serra (que criaram o contraponto crítico ao governo), por termos chegado neste estágio de nossa democracia: a independência da grande mídia. Senhores, não se enganem, o dia em que a mídia não se restringir a informar, mas estiver ditando as verdades da sociedade, teremos perdido nossa liberdade porque não será o conjunto da sociedade que ditará os rumos do País, mas uma meia dúzia de empresas de mídia aliados a seus maiores clientes, naturalmente empresas privadas. Todos devem participar da sociedade ativamente, todos devem contribuir para formar as convicções sociais em prol do bem de todos os brasileiros e foi isso que o povo provou definitivamente que deve ser e que será.

Parabéns Brasil!